Área delimitada pela vigilância abrange 15 quadras. Empresa responsável pela contaminação não teve o nome divulgado, mas já foi notificada e tem até o fim do mês para apresentar uma análise detalhada da extensão do dano causado.
Por Zete Padilha, RBS TV
10/12/2018
Parte do solo de um bairro de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, está contaminado por metais pesados, conforme a Vigilância Sanitária do município. A área delimitada abrange 15 quadras do bairro Niterói, que tem quase 40 mil habitantes. O local vai da Rua Fernando Ferrari até a BR-116, e da Rua Alegrete até a Rua Minas Gerais.
A primeira suspeita de vazamento de resíduos químicos de uma empresa no bairro Niterói aconteceu há quase um ano. Mas segundo a Secretaria do Meio Ambeite da cidade, a investigação é demorada. Por isso, só agora com base nos laudos é de que foi comprovada a contaminação que atingiu não apenas o solo, mas também o lençol freático.
"O próximo passo é uma investigação detalhada para saber a extensão dessa contaminação. Então, até que saiam esses resultados, a gente precisa tomar as precauções como se fosse sempre o pior cenário", afirma a bióloga da Secretaria do Meio Ambiente de Canoas Nade Coimbra.
A empresa responsável pela contaminação não teve o nome divulgado, mas segundo a Secretaria do Meio Ambiente do município, já foi notificada, e tem até o fim do mês para apresentar uma análise detalhada da extensão do dano causado. Também não está descartado a participação de outras empresas na contaminação do bairro.
"A partir dessa análise detalhada, vai ser feito uma análise de risco. A partir dessa etapa, aí o trabalho é encaminhado para a Fepam [Fundação Estadual de Proteção Ambiental] que vai então avaliar a necessidade de remediação da área e quais são os danos para população e os cuidados que ela vai ter", explica Nade.
Até lá, a Vigilância orienta que os moradores não usem água de poço artesiano, nem para os animais, evitem o consumo de frutas e hortaliças produzidas na área considerada de risco e não façam escavações.
Um dos metais encontrados no solo é o cromo, considerado de alto risco para a saúde. As casas que tem água canalizada pela Corsan não foram atingidas. Este abastecimento é considerado seguro.
A dona de casa Marilete Silveira já estava desconfiada. Ela achou que tinha algo errado na pequena horta que cultiva em casa.
"Nós começamos a notar que murchava, estava podre. Eu dizia 'mãe, mas não pode apodrecer uma coisa que recém plantamos'. Não chegava a ficar pronto, já detonava", afirma Marilete.
Com a notícia de que o solo da área onde mora pode estar contaminado, ela não teve dúvidas. Na manhã desta segunda-feira (10), os pés de feijão, abóbora e pepino foram todos arrancados.
"Não tem como fazer mais nada", afirma a dona de casa.
O susto também ocorreu na casa do autônomo Marcos Pacheco. Ele tem poço artesiano, mas desde as primeiras notícias de contaminação, só usa água mineral.
"Há uma preocupacao grande, gostaria de fazer uma análise porque não sei o que vem no futuro dessa água", afirma.
Área delimitada pela Vigilância abrange 15 quadras do bairro Niterói — Foto: Reprodução/RBS TV