segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Dono de ônibus que transportou golpistas é ligado a Carla Zambelli e filiado ao Republicanos

Bolsonarista, Maurício Nogueira disputou o cargo de deputado estadual em 2022 pelo Republicanos, porém não foi eleito

Mauricio e Zambelli Reprodução/Facebook

O dono de um dos ônibus que levou manifestantes golpistas para os atos do dia 8 de janeiro em Brasília é um empresário bolsonarista ligado à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Natural de Franca, São Paulo, Maurício Nogueira concorreu ao cargo de deputado estadual no estado pelo Republicanos nas últimas eleições.


Durante a campanha, ele publicou em suas redes sociais imagens de eventos em conjunto com Zambelli, além de santinhos ao lado da deputada bolsonarista. Ele recebeu R$ 45.335 do fundo partidário do Republicanos para concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), mas teve apenas pouco mais de cinco mil votos.

O empresário é dono da Nogueira Turismo, proprietária de um dos veículos que são alvos da ação de busca e apreensão do ministro Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Em sua declaração de bens entregue ao TSE em 2022, Nogueira omitiu ser dono da empresa. Além disso, ele não detalhou os gastos de sua campanha com os recursos do fundo partidário.



Nogueira exibe ainda em suas redes sociais fotos com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro astronauta Marcos Pontes, eleito senador em São Paulo. Porém, a maioria das imagens é com Zambelli, deputada que é alvo de investigação no STF por apoiar atos antidemocráticos.

“Lealdade acima de tudo. Estamos Juntos nessa, Carla Zambelli", escreveu Maurício Nogueira numa publicação.

O GLOBO entrou em contato com Nogueira para questioná-lo sobre o transporte de golpistas, porém ele afirmou que estava em trânsito e não poderia responder. Após desligar a ligação ele não retornou mais aos pedidos da reportagem.


Segundo publicou a "Agência Publica", Nogueira é fundador do grupo do Conservadores da Alta Mogiana. No ano passado, ele foi um dos organizadores de um evento com figuras do bolsonarismo como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o atual governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o atual secretário de Segurança Pública de São Paulo, Capitão Derrite, a médica Nise Yamaguchi e o deputado federal eleito Gustavo Gayer (PL-GO).

Mauricio em foto ao lado de Bolsonaro — Foto: Reprodução

No último domingo Alexandre de Moraes determinou a apreensão e bloqueio de todos os ônibus identificados pela Polícia Federal "que trouxeram os terroristas para o Distrito Federal".

"Os proprietários deverão ser identificados e ouvidos em 48 (quarenta e oito) horas, apresentando a relação e identificação de todos os passageiros, dos contratantes do transporte”, diz a decisão do ministro.

Outros casos

Além de Nogueira, outros donos de veículos que transportaram golpistas para Brasília possuem vínculos com golpistas. Um deles é o empresário Izaul Moraes de Souza, que tem contratos de mais de R$ 43 mil com o governo Jair Bolsonaro (PL). Em suas redes sociais, Ele faz ainda postagens se dizendo bolsonarista e com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Souza também recebeu oito parcelas do Auxílio Emergencial, totalizando R$ 3,9 mil, além de dez parcelas do Auxílio Brasil, totalizando R$1.900, segundo o Portal da Transparência. O GLOBO tentou contato com o empresário, mas não obteve retorno.

Outro exemplo é o vereador do município de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, Adriano Bressan, do PTB, que também é dono de uma das empresas de transporte que levaram pessoas ao ato que terminou com a invasão e a depredação dos prédios dos Três Poderes. Cabo eleitoral de Bolsonaro durante a campanha presidencial, Bressan nega que tenha participado ou apoiado os atos, e afirma apenas ter prestado serviços a pessoas que não conhece.

O Globo

ALEXANDRE DE MORAES
CARLA ZAMBELLI
STF

O caso Von Richthofen, o Rodoanel, Serra e Alckmin

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008


O jornal Brasil de Fato, levanta um assunto indigesto para os tucanos e que a imprensa demo-tucana tenta abafar: a origem da fortuna de Manfred Von Richthofen, assassinado pela filha Suzane Von Richthofen, junto com os irmãos Cravinhos.

O assassinato e a disputa pela herança, acabou por revelar contas na Suíça, abrir investigações sobre um amplo esquema de corrupção no DERSA (órgão responsável pelo Rodoanel paulista), e com forte suspeita de que parte desse dinheiro tenha financiado uma versão 2002 de caixa-2 tucano.

Aprofundar as investigações pode desvendar elo de ligação com governos e campanhas tucanas

"... O que a grande mídia e os tucanos escondem – mas que acaba sempre vazando – o que se comenta por toda parte, e com claros e fortes indícios de ser verdade, é que o cerco e a proteção que envolvem a senhorita Suzane desde o primeiro momento resultam de uma forte ação de personagens ligados ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Na verdade, essa proteção a senhorita Suzane, visaria esconder o real móvel do crime, que se entrelaça com o modo tucano de fazer política, com a probidade tucana."

Indícios levam a suspeita de desvios de dinheiro no Rodoanel para servir ao caixa-2 tucano em 2002 para campanhas de Serra à presidente e Alckmin à governador.

"De acordo com diversos comentaristas e fontes, o engenheiro Manfred Von Richthofen, pai da senhorita Suzane, e na época do crime diretor da empresa pública estadual (SP) DERSA – Desenvolvimento Rodoviário S.A., era um dos reponsáveis pelo caixa 2 das campanhas pela reeleição do então governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, e pela eleição do senhor José Serra – também tucano – que disputava com o petista Luiz Inácio Lula da Silva a Presidência da República naquele ano (2002).

Parte do dinheiro que engrossava o milionário caixa 2 tucano teria origem em falcatruas e desvios de verbas destinadas à construção do Rodoanel Mário Covas. Segundo apurou o Ministério Público, o senhor Manfred tinha um patrimônio de R$ 2 milhões, muito superior ao que poderia ter acumulado, considerando que seu salário no DERSA era de R$ 11 mil. Além disso, o senhor Von Richthofen enviava dinheiro para uma conta na Suíça que o Ministério Público “desconfia” estar em nome do senhor Von Richthofen e de sua filha, senhorita Suzane. Ou seja, o móvel do crime perpetrado pela filha contra os pais seria exatamente o dinheiro do caixa 2 tucano que estaria depositado nessa conta."

Alexandre diz que Carla Zambelli tenta 'desestabilizar as instituições' e nega desbloquear perfis da deputada


Presidente do Tribunal Superior Eleitoral também impôs multa de R$ 20 mil para novas publicações contra a Justiça Eleitoral e o Estado Democrático de Direito


BLOGBlog do Fausto Macedo
Por Rayssa Motta
05/12/2022 | 16h59

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, negou desbloquear as redes sociais da deputada Carla Zambelli (PL-SP). Ela teve os perfis no Facebook, Twitter, Instagram, Youtube, Telegram, TikTok, Gettr, Whatsapp e LinkedIn suspensos por espalhar ataques infundados ao processo eleitoral.


A decisão publicada nesta segunda-feira, 5, cita o vídeo em que a deputada incita generais das Forças Armadas a não reconhecerem o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A gravação foi divulgada em perfis apócrifos nas redes sociais na semana passada, quando as contas de Carla Zambelli já estavam bloqueadas.

Moraes disse que, mesmo sem as redes sociais, a deputada "insiste em incentivar atos antidemocráticos em apologia ao crime contra à democracia" e usa os seguidores para espalhar informações falsas.

"Por essa razão, não há como ser deferida a pretensão de reativação das redes sociais da requerente porque a finalidade dela é de desestabilizar as instituições e pugnar por ato criminoso, atitude que passa ao largo do direito que invoca de utilização das referidas redes para comunicação com seus eleitores", diz um trecho da decisão.

Perfis de Carla Zambelli nas redes sociais estão suspensos por ordem do presidente do TSE. Foto: Dida Sampaio/Estadão 

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, negou desbloquear as redes sociais da deputada Carla Zambelli (PL-SP). Ela teve os perfis no Facebook, Twitter, Instagram, Youtube, Telegram, TikTok, Gettr, Whatsapp e LinkedIn suspensos por espalhar ataques infundados ao processo eleitoral. 

A decisão cita o vídeo em que a deputada incita generais das Forças Armadas a não reconhecerem o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A gravação foi divulgada em perfis apócrifos nas redes sociais na semana passada, quando as contas de Carla Zambelli já estavam bloqueadas. Moraes disse que, mesmo sem as redes sociais, a deputada "insiste em incentivar atos antidemocráticos em apologia ao crime contra à democracia" e usa os seguidores para espalhar informações falsas. "Por essa razão, não há como ser deferida a pretensão de reativação das redes sociais da requerente porque a finalidade dela é de desestabilizar as instituições e pugnar por ato criminoso, atitude que passa ao largo do direito que invoca de utilização das referidas redes para comunicação com seus eleitores", diz um trecho da decisão. 

O ministro também impôs multa de R$ 20 mil para novas publicações contra a Justiça Eleitoral e o Estado Democrático de Direito. Moraes disse que o dinheiro deve ser descontado de "forma compulsória" dos salários pagos pela Câmara dos Deputados. O presidente do TSE também pediu providências do Ministério Público Eleitoral (MPE) sobre a "recalcitrância da deputada no fomento à apologia ao crime com manifestação de fraude ao processo eleitoral e, por via de consequência, de rompimento da ordem constitucional e do Estado de Direito". Moraes ainda compartilhou os autos do processo com o chamado inquérito das fake news em curso no Supremo Tribunal Federal (STF).

O ministro também impôs multa de R$ 20 mil para novas publicações contra a Justiça Eleitoral e o Estado Democrático de Direito. Moraes disse que o dinheiro deve ser descontado de "forma compulsória" dos salários pagos pela Câmara dos Deputados.

O presidente do TSE também pediu providências do Ministério Público Eleitoral (MPE) sobre a "recalcitrância da deputada no fomento à apologia ao crime com manifestação de fraude ao processo eleitoral e, por via de consequência, de rompimento da ordem constitucional e do Estado de Direito".

Moraes ainda compartilhou os autos do processo com o chamado inquérito das fake news em curso no Supremo Tribunal Federal (STF).

Greenhalgh cita pai de Suzane Richthofen, morto em São Paulo, como caixa dois do PSDB


17.07.2008 

Paulo Franco
DE SÃO PAULO


As denúncias de corrupção envolvendo contratos bilionários da Alstom com empresas públicas do Estado de São Paulo aparecem nas escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal (PF) no relatório da operação Satiagraha. O engenheiro da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) Manfred von Richtofen, assassinado pela filha em 2002, é citado como um dos responsáveis por arrecadar fundos desviados desses contratos.

A suspeita foi levantada pelo ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh em uma conversa interceptada pela PF com um Homem Não Identificado (HNI) no dia 9 de maio de 2008 às 14h57. Em um dos trechos, o homem que conversa com Greenhalgh chega a colocar em dúvida a candidatura Alckmin à prefeitura de São Paulo por causa das relações com Richthofen e os contratos com a empresa francesa.

GREENHALG: E o diz que esse assunto, o menino lá não me explicou, mas diz que esse assunto ALSTOM? Bate no… tem implicação com o assunto CRISTIANE VON RICHTHOFFEN…. aquela mulher… aquela…

HNI: aquela menina que matou o Pai lá…

GREENHALG: É…

HNI: Ué como?

GREENHALG: Não sei, diz que tem implicação com a história dela, porque o pai trabalhava no metrô…. no DERSA? O pai dela…. o que morreu, parece que era caixa do PSDB, é um puta de um rolo, é uma novela esse assunto aí, mas eu não me inteirei sobre isso não…
HNI: (inaudível) vai acabar a candidatura do ALCKMIN…. ou não né, é uma ação e tanto, vamos…

GREENHALG: É, vamos acompanhar isso aí…

Na Assembléia Legislativa de São Paulo, a bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) cita um dos contratos firmados entre a Dersa e a Alstom como parte do que acredita ser a fonte para o caixa 2 tucano em São Paulo.

Em 2002, Manfred Albert von Richthofen, aparece como executor de um contrato no valor de R$ 22 milhões entre a estatal paulista e a fabricante francesa para fornecimento e instalação de equipamentos eletromecânicos do sistema de ventilação em túneis do trecho oeste do Rodoanel.

Ainda segundo o PT, o contrato foi aditado várias vezes e teve seu valor multiplicado nos anos em que esteve em vigor. O partido de oposição na assembléia paulista diz ainda que o assassinato do engenheiro pela filha Suzane Von Richthofen e os irmão cravinhos, revelou uma fortuna em contas na suíça.

Elas fariam, segundo o PT, parte de um grande esquema de corrupção envolvendo a Dersa e a Alstom para arrecadar fundos para as campanhas de Alckmin ao governo do Estado e José Serra à presidência nas eleições de 2002.

O departamento de imprensa da estatal afirma que desconhece as denúncias e não se pronunciou sobre o caso. Mesma posição foi adotada pela assessoria do ex-governador, que se diz surpresa com as informações. A assessoria da Casa Civil de Serra não retornou os contatos do Congresso em Foco.

Preocupação tucana

As conversas interceptadas pela PF também sugerem que as relações da Alstom com o metrô paulista também preocupam o PSDB em São Paulo. Ainda no diálogo entre Greenhalg e um Homem Não Identificado, o ex-parlamentar diz ter informações sobre o assunto:

HNI: LUIZ e esse negócio da Alstom? Em SÃO PAULO? Você tem acompanhado essa história do metro [sic] ….

GREENHALGH: a informação que eu tenho, com acompanhado de longe eu tenho um ex-cunhado… é engenheiro lá…

HNI: Tá…

GREENHALGH: Certo, que por coincidência jantou comigo ontem, e disse que o metrô treme com esse assunto…

HNI: Treme com esse assunto, é a informação que a gente teve também….

GREENHALGH: Treme…

HNI: Treme porque é a princípio tem aquela história né, tem um povo que ta lá há 20 anos, vai afastando aquela confusão lá do buraco… tirou trocou… todo mundo né, mas nesse retorno dele QUÉRCIA… esse acordo né dando uma volta, porque o cara que estava lá… aquele cara… é o a coisa complicada mesmo viu amigo….

O ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia, foi citado na conversa em referência ao apoio do PMDB à candidatura de Gilberto Kassab (DEM) para a prefeitura de São Paulo. Kassab é aliado do atual governador José Serra e, segundo especulam Greenhalgh e seu interlocutor na conversa, o acordo poderia representar a volta de antigos funcionários do metrô ligados a Quércia.

Sem sucesso

O PT bem que tentou, mas não consegui emplacar uma CPI na Alesp para apurar as denúncias de pagamento de propina pela Alstom para fechar contratos com empresas públicas do estado. Os parlamentares governistas em São Paulo usam as mesmas estratégias dos petistas em Brasília para barrar investigações 

Segundo o jornal norte-americano Wall Street Journal, que trouxe o assunto à tona, a Alstom liberou US$ 6,8 milhões, na forma de suborno, para obter um contrato de US$ 45 milhões com o Metrô de São Paulo. O caso é investigado por autoridades suíças, francesas e brasileiras, mas corre em segredo de Justiça.

Procurada pelo Congresso em Foco, assessoria de Greenhalg não pôde colocar o ex-deputado em contato com a reportagem. Em nota divulgada à imprensa, ele afirma que foi “contratado por Daniel Dantas para prestar serviços como advogado, profissão que exerce há mais de 30 anos”. “Minha atuação nesse caso, portanto, é a de advogado”, continua o texto.

Greenhalgh também contesta a divulgação de conversas telefônicas, dizendo que ferem os sigilos profissional, pessoal e do inquérito policial. 
15/10/2013 

Zaniboni, diretor entre 99 e 2003, chegou a ter 836 mil dólares no exterior.
Defesa nega propina e diz que ex-funcionário recebeu por consultorias.

Do G1 São Paulo

Documentos do Ministério Público suíço aos quais o Jornal Nacional teve acesso mostram que um ex-diretor da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), durante governos do PSDB, recebeu 800 mil dólares em uma conta na Suíça. Segundo as investigações, parte do dinheiro se refere ao pagamento de propina feito em nome da empresa francesa Alstom. Assista à reportagem no vídeo ao lado.

A informação sobre o suposto pagamento de propina a um funcionário da CPTM foi publicada nesta terça-feira (15) pelo jornal “O Estado de S. Paulo”. O Jornal Nacional teve acesso, com exclusividade , aos documentos do Ministério Público que apontam como o suspeito João Roberto Zaniboni, que foi diretor da companhia estatal entre 99 e 2003. Neste periodo, o estado foi governado por Mário Covas e Geraldo Alckmin, ambos do PSDB.A defesa de Zaniboni alega que ele não recebeu propina e que os depósitos recebidos no exterior vieram do pagamento de consultorias prestadas. 


Em imagem de agosto de 2013, João RobertoZaniboni, ex-diretor da CPTM, chega para depor
no Ministério Público, em São Paulo (SP).(Foto: Arquivo/Eduardo Knapp/Folhapress)

O nome do ex-funcionário da CPTM aparece em um pedido de cooperação internacional feito pelo Ministério Público da Suíça ao procurador da República Rodrigo de Grandis, em 21 de fevereiro de 2011.

Até aquele momento, segundo os promotores suíços, havia uma suspeita de que empresas do grupo francês Alstom, com a cumplicidade de cidadãos brasileiros, tivessem pagado propina a funcionários públicos para obter contratos da companhia de trens.

Segundo os investigadores suíços, a Alstom fez pagamentos a titulo de comissão a duas empresas com sede no Uruguai, GHT e Gantown. As investigadores apontaram que os donos das empresas eram Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira, que já tiveram seus nomes mencionados em outra investigação: a da formação de um suposto cartel para obras do metrô e compras de trens.

ENTENDA O CASO ALSTOM

INVESTIGAÇÃO NO EXTERIOR
Em 2007, o Ministério Público de Paris abriu investigação contra a Alstom para apurar suspeita de pagamento de subornos para conseguir contratos no exterior, principalmente na América do Sul e na Ásia.Em maio de 2008, a justiça da Suíça confirmou a abertura de investigação sobre os supostos subornos.

INQUÉRITO NO BRASIL
Investigação da PF apurou suspeitas de pagamento de propina para funcionários do governo paulista, sobretudo a partir de 1998.

SUSPEITAS
PF diz ter localizado indícios de que houve suborno para obter contratos com a estatal de energia, CPTM e Metrô.

INDICIAMENTO
Agosto de 2012 - Onze pessoas foram indiciadas. Denúncia à Justiça não foi feita pelo MPF, que apontou precisar de mais dados. Foram apontados os crimes de formação de quadrilha, evasão de divisas, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

QUEBRA DE SIGILO

27 de agosto de 2013 - Justiça Federal pediu quebra de sigilo fiscal e bancário de todos os indiciados. Além disso, pediu ajuda da embaixada francesa para localizar dois suspeitos de comandar o esquema.

Os promotores suíços, então, rastrearam as movimentações de contas de Arthur e Sérgio Teixeira, na Suíça. E descobriram transferências feitas por eles para João Roberto Zaniboni.

Arthur Teixeira depositou 103,5 mil dólares em maio de 2000. Sérgio Teixeira fez outro depósito de 113.373 dólares, em dezembro do mesmo ano.

No período de setembro de 99 a dezembro de 2002, passaram pela conta de João Roberto Zaniboni, na Suíça, 836 mil dolares. Além das transferências feitas por Sérgio e Arthur, os promotores identificaram depositos suspeitos de duas empresas: Goldrate Corporation e Lespan. O MP suíço não identificou nem a razão dos depósitos nem quem são os donos dessas empresas.

Sobre os depósitos feitos por Arthur e Sérgio teixeira, a promotoria é taxativa: trata-se de pagamento de propina para que a Alstom conseguisse contratos de fornecimento de vagões. Em 2007, João Roberto Zaniboni transferiu a maior parte dos 800 mil dólares para uma conta da filha, em Nova York.

Defesa nega recebimento de propina
O advogado de Zaniboni disse que os depósitos feitos por Artur e Sergio Teixeira foram por serviços prestados de consultoria antes dele asumir o cargo na CPTM. Informou ainda que a conta foi abastecida ao longo dos anos pelo próprio Zaniboni com recursos de outras consultorias para outros clientes.

Sobre as contas no exterior, o advogado de Zanbioni informou que a conta na Suíça foi encerrada em 2007 e os recursos transferidos para Nova York, em nome da filha dele. Esta conta, por sua vez, foi encerrada este ano e o dinheiro transferido para o brasil, depois de declarado à Receita Federal.

Alston diz desconhecer transações
A Alston declarou que desconhece as transações mencionadas e que está colaborando com as autoridades nas investigações. A assessoria de imprensa da CPTM informou que ainda não foi notificada pelo Ministério Público sobre os fatos descritos pela reportagem. E que, se for o caso, tomará as ações pertinentes com relação a funcionários ou ex-funcionários.

Em nota, o PSDB afirmou que as providências necessárias para apuração do caso já estão sendo tomadas pelo governador Geraldo Alckmin e que o partido reitera sua confiança nas medidas adotadas.

Quebra de sigilo
A Justiça Federal de São Paulo determinou a quebra do sigilo bancário e fiscal de 11 pessoas investigadas em um suposto esquema de propinas da Alstom para funcionários públicos. A empresa francesa é suspeita de pagar para obter benefícios em contratos. O objetivo da quebra de sigilo é apontar se os suspeitos têm conta no exterior.

O Ministério Publico Federal (MPF) investiga negociações suspeitas ocorridas entre a empresa e o governo paulista, sobretudo a partir de 1998, quando o estado era governado por Mário Covas, do PSDB. O primeiro resultado das investigações foi o indiciamento de 11 pessoas investigadas, inclusive secretários de estado à época (veja reportagem do Jornal Nacional).

A quebra do sigilo autorizada pela Justiça abrange o período de 1997 a 2000. A informação foi divulgada na manhã desta segunda-feira (30) pelo site do jornal "O Estado de S. Paulo". A decisão da Justiça é de 27 de agosto e foi endereçada tanto à Receita Federal quanto ao Banco Central.

De acordo com a decisão judicial, foi determinada a quebra do sigilo também das empresas vinculadas aos investigados.

Em outro pedido, a Justiça Federal solicitou à Embaixada da França no Brasil informações sobre dois suspeitos de comandar o pagamento de propinas pelo grupo Alstom: Phillippe Jaffré e Pierre Chazot. Há suspeitas de que Jaffré tenha morrido e, neste caso, o magistrado pede que a morte seja informada.

Suspeita de pagamentos
Os pagamentos de propina teriam ocorrido para viabilizar contratos em diversas áreas, de acordo com investigação da Polícia Federal. Há suspeita de atuação em obras nas áreas de transportes, energia e abastecimento entre 1998 a 2001.

Um dos contratos suspeitos foi firmado com a então estatal de energia do estado, a EPTE. De acordo com o inquérito da Polícia Federal (PF), a irregularidade ocorreu porque a companhia obteve um crédito no banco francês Société Générale, de R$ 72,7 milhões, para adquirir equipamentos do grupo Alstom.

A PF ressalta que a contratação do crédito milionário foi feita sem licitação. E só foi possível porque a Alstom montou esquema de suborno para recompensar funcionários públicos pela aprovação do contrato.

De acordo com a PF, o esquema de pagamento usava pessoas com empresas no exterior que recebiam recursos do grupo Alstom "para depois repassá-los aos beneficiários finais, servidores públicos do governo do Estado de São Paulo, no primeiro semestre de 1998".

Segundo investigações da Polícia Federal, a Alstom pagava empresas no Uruguai e no Brasil por serviços de consultoria. Essas empresas repassavam o dinheiro da propina, por meio de doleiros e contas bancárias na Suíça, Luxemburgo, Liechtenstein e Nova York.

À época, o estado era governado por Mário Covas. Uma das contas, segundo o inquérito, era de Jorge Fagali Neto, ex-diretor financeiro dos Correios e ex-presidente do Metrô. A PF diz que naquela época, "embora fosse diretor financeiro dos Correios, há evidências de que ele tinha livre trânsito por todas as secretarias de estado".

A Polícia Federal afirma ainda que Jorge Fagali Neto "integrou o esquema de distribuição de valores para agentes públicos paulistas que ele mantinha conta não declarada no exterior e que ocultou a origem de valores recebidos em virtude de pagamento de propinas, também no exterior". Por isso, ele foi um dos indiciados.

Outra empresa no exterior apontada pela polícia como usada na lavagem do dinheiro da propina foi a MCA Uruguay, que aparece no documento do Ministério Público Federal com quatro transações no valor de US$ 1 milhão e com demonstrativos de transferência. O dono da MCA, Romeu Pinto Junior, confessou à Polícia Federal ter servido de intermediário do pagamento de propinas a funcionários públicos paulistas a mando da Alstom e por meio da MCA".

Secretários
Em suas investigações apresentadas ao MPF, a Polícia Federal afirmou que Andrea Matarazzo, como secretário de energia e presidente do conselho administrativo da EPTE, tinha o pleno conhecimento de tudo. A investigação cita o depoimento do então presidente da EPTE, Henrique Fingermann. Ele declarou que o secretário Andrea Matarazzo tinha conhecimento de todos os procedimentos que levaram à assinatura do contrato de crédito com o banco Société Générale.

A Polícia Federal afirma que há indícios de que Matarazzo tenha se beneficiado juntamente com o partido político, o PSDB, das vantagens indevidas arquitetadas pelo grupo Alstom. E usa isso como argumento para indiciá-lo por corrupção passiva.

A Polícia Federal indiciou os dois ex-secretários e mais nove pessoas em agosto de 2012. O inquérito foi encaminhado para o Ministério Público Federal (MPF), mas a denúncia ficou parada porque o MPF considerou que era necessário obter mais informações sobre o caso.

Após o indiciamento, o advogado que representa a estatal EPTE, Pedro Iokoi, afirma que não conseguiu ter acesso ao inquérito da PF e que o crime prescreveu. O Ministério Público Federal considera que o crime de lavagem de dinheiro ainda não prescreveu.

O que dizem os suspeitos
Na ocasião em que o caso foi revelado, Andrea Matarazzo qualificou como um "disparate" ter seu nome ligado a supostos favorecimentos e disse que, no período em que foi secretário, não teve conhecimento, não discutiu nem assinou qualquer aditivo ou contrato que esteja sendo investigado.

Ele afirmou ainda que as atas das reuniões podem comprovar o fato. O ex-secretário de energia acrescentou que é com muita indignação e repulsa que vê o seu nome envolvido nas denúncias.

Segundo o ex-diretor dos Correios Jorge Fagali Neto, o Ministério Público nunca atribuiu a ele qualquer ato de violação à lei penal e que não interferiu em nenhuma das empresas citadas, nem celebrou contratos com a Alstom ou Siemens.

A empresa MCA Uruguay e o então presidente da EPTE, Henrique Fingermann, não foram localizados.

À época, em nota, o PSDB declarou que repudia veementemente a tentativa de alguns setores de envolver, sem provas, o partido e seus quadros em casos de corrupção. O PSDB disse ainda que não compactua com a corrupção e espera que os casos sejam investigados e, se houver responsáveis, que eles sejam punidos.

Histórico no exterior
Em 7 de novembro de 2007, o Ministério Público de Paris abriu uma investigação contra a Alstom para apurar suspeita de pagamento de subornos para conseguir contratos no exterior, principalmente na América do Sul e na Ásia.

A justiça francesa foi alertada sobre o assunto em maio de 2007 pelas autoridades suíças, que descobriram em 2004 movimentações de fundos de "empresas fantasma" do grupo, através de um pequeno banco de Zurique.

Em maio de 2008, a justiça da Suíça confirmou a abertura de uma investigação sobre os supostos subornos da Alstom.

O pagamento a políticos brasileiros para viabilizar contratos teria sido feito através de uma empresa sediada no Uruguai. Comprovantes de transferência bancária mostram que a Alston transferiu US$ 550 mil para a empresa uruguaia Aranza.

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