sexta-feira, 1 de abril de 2022

Para sempre, Bebel: reclusa, Djenane Machado, atriz, morreu aos 70 anos


Atriz que deu vida a Bebel de A grande família, Djenane Machado criou carreira forte nos anos de 1970

Ricardo Daehn
postado em 30/03/2022 

(crédito: Reproducao)

Dividida entre o mundo das vedetes e explosões de sucesso na televisão dos anos de 1970, a atriz Djenane Machado teve a notícia da morte, aos 70 anos, divulgada ontem (29/03). Ela não teve filhos e tinha por companhia uma cuidadora, numa rotina pacata no Bairro Peixoto (Rio de Janeiro). No currículo, a atriz teve por destaque a participação no seriado A grande família, no qual viveu Bebel, na primeira temporada da atração da Rede Globo. Desde a morte do famoso pai, o produtor de teatro de revista Carlos Machado, em 1992, Djenane estava afastada dos palcos. Ela não teve a causa da morte confirmada.

Filha da figurinista Gisela Machado, a atriz colheu grandes parcerias cômicas, como em O primeiro amor (1972), novela na qual foi afirmada a parceria entre Paulo José e Flávio Migliaccio, que, respectivamente, viveram Shazam e Xerife. Outro ponto alto de Djenane foi ao lado do personagem de Lima Duarte, em Espelho mágico (1977). Um dos marcos nos palco veio em 1974, com Hip hip Rio. O pai, Carlos Machado, por vezes, intercedeu na carreira da filha que, pela vida, teve muitos episódios de altos e baixos gerados por dependência química. Quem tentou ajudá-la foi a amiga e estrela de cinema Odete Lara. O cinema trouxe relativa estabilidade, quando ela despontou em A penúltima donzela (1969), comédia feita ao lado de Adriana Prieto. Outros momentos de brilho vieram com Já não se faz amor como antigamente (1976) e dois títulos sob direção dos artistas renomados Paulo Thiago (Águia na cabeça, 1984) e Ruy Guerra (Ópera do malandro, adaptada em 1985). No filme ela viveu a prostituta Shirley Paquete.

Até o último sucesso na Rede Globo, com Ciranda de pedra (1981), baseada em texto de Lygia Fagundes Telles, e estrelada por Eva Wilma, Djenane seguia lembrada pela personagem, criada em 1973, Bebel, que, futuramente, seria encarnada por Guta Stresser. Curiosamente, para justificar a troca de atriz do papel (foi substituída por Maria Cristina Nunes), o seriado em torno do subúrbio nacional colocou o personagem de Agostinho (o marido) acreditando, firmemente, na versão de que a mulher teria feito uma plástica.

No terreno das novelas, Djenane coletou sucessos com Véu de noiva (1969), sob direção de Daniel Filho, ao lado da estrela do folhetim de Janete Clair, Regina Duarte. Djenane esteve presente na novela de estreia de Dias Gomes, A ponte dos suspiros, em que viveu a personagem Branca, na trama estrelada por Carlos Alberto. Com o mesmo ator, que dividiu o sucesso em Passo dos ventos (1968), obra de Janete Clair, Djenane estaria, ao lado de Renée de Vielmond, na novela Novo amor (1986), da extinta Rede Manchete. Na mesma emissora, a atriz deu fim à carreira na novela Tudo ou nada (1986), junto com Eizângela e Othon Bastos.

Antes de participar de Assim na Terra como no céu, atração da Rede Globo assinada por Dias Gomes, em 1970, Djenane acompanhou a relação de amor dos personagens de Glória Menezes e Tarcísio Meira, na dramática Rosa rebelde (1969), em que deu vida à Conchita. Entre os pontos altos de Djenane Machado estão a novela das dez O cafona (1971) e ainda o estrondo de Mário Prata, com a novela das sete Estúpido cupido (1976). Na primeira, de Bráulio Pedroso, Djenane eternizou a hippie Lucinha Esparadrapo, em núcleo que trazia Marco Nanini e Ary Fontoura. Ela dava vida a uma escritora escalada por escrever um roteiro radical para uma atração de cinema nacional. Já na novela estrelada por Françoise Forton, e que ficou marcada pela transição do mundo preto e branco para as produções coloridas da Globo, Djenane era a paixão do tímido Caniço (João Carlos Barroso). A personagem Glorinha era filha do delegado (Mauro Mendonça), e escrevia um diário, mantido em segredo.

quinta-feira, 31 de março de 2022

A cruel história da menina que não pôde ser resgatada


Por: Thobias Furtado
Postado em: março 17, 2022


Em 1985, na Colômbia, a erupção do vulcão Nevado del Ruiz causou uma grande tragédia, enterrando na lama uma pequena localidade de Armero, de 50 mil habitantes, localizada aproximadamente quatro horas da capital do país Bogotá.

As consequências desse grande desastre foram enormes e estima-se que mais de 25 mil pessoas morreram na tragédia. No entanto, a nível mundial, uma história marcou aquele acontecimento: uma menina de 13 anos foi, quase, completamente soterrada pelos rejeitos da erupção, deixando de fora apenas a cabeça e os braços. O fotógrafo francês, Frank Fournier foi responsável pela fotografia da menina que correu o mundo.
A cruel história da menina que não pôde ser resgatada, veja suas últimas palavras 9

A mais marcante vítima desta tragédia foi a menina Omayra Sánchez, que vivia naquela localidade junto com seus pais e uma tia. No meio da madrugada, a família foi surpreendida por toda aquela lama e os dejetos invadiram sua casa, o pai e a tia não resistiram e faleceram na hora. A menina acabou encontrando uma fenda onde ela pode respirar, sendo encontrada horas depois por uma equipe voluntária de resgate. Quando eles chegaram ela estava apenas com o nariz de fora, mas os voluntários conseguiram libertar a pequena da cintura para cima.

Porém a agonia de Omayra estava apenas começando e a equipe constatou que não era possível resgatar ela dali, pois uma quantidade grande de concreto havia esmagado suas duas pernas. A equipe de salvamento também descartou a possibilidade de uma amputação já que ela estava muito debilitada e não iria resistir ao procedimento.A cruel história da menina que não pôde ser resgatada, veja suas últimas palavras 10

As equipes de jornalismo ficaram sabendo do que estava acontecendo e rapidamente foram até o local, onde registraram as quase 60 horas de agonia da menina Omayra, que aparentemente estava calma e esperançosa em ser resgatada. Depois de 3 dias de sofrimento, a menina começou a pedir doces e refrigerante, parecendo que estava se despedindo de sua vida.

As últimas palavras de menina foram: uma despedida da mãe e um sussurro de adeus. A morte de Omayra comoveu o mundo todo e até hoje é recordada em vários eventos, como a tragédia recente em Petrópolis. As causas da morte dela foram em decorrência de gangrena, hipotermia e um colapso pulmonar. A menina morreu 3 horas após ter sido fotografada.

Após críticas de gigantes digitais, entidades defendem PL das Fake News



Redação Portal Imprensa | 29/03/2022 17:59

Após Facebook e Google posicionarem-se contra o projeto de lei 2630/2020, conhecido como PL das Fake News, alegando que o texto ameaça a internet livre, nesta segunda-feira (28) mais de 40 entidades representativas de veículos de comunicação brasileiros, incluindo a Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner), divulgaram uma carta apoiando a proposta legislativa.

As entidades signatárias integram a Coalizão Liberdade com Responsabilidade. Além de criticarem a resistência de gigantes da tecnologia à proposta, elas solicitam à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal celeridade na deliberação do projeto que visa combater a desinformação.

Recentemente o presidente do Google no Brasil, Fabio Coelho, criticou o PL das Fake News por exigir abertura de informações sobre os sistemas das plataformas de internet, por prever o pagamento de uso de conteúdo jornalístico e pelas regras sobre o uso de dados dos usuários para publicidade online.
Crédito: Reprodução

Entidades que integram a Coalizão Liberdade com Responsabilidade: apoio ao PL das Fake News
Sobre a remuneração do conteúdo jornalístico, Coelho sustenta que o projeto pode obrigar as plataformas a pagar qualquer site que alegue que sua produção se enquadra nesse conceito. Outro problema apontado é beneficiar grandes grupos de mídia em detrimento de veículos jornalísticos menores. Ademais, Coelho afirma que "as ferramentas de busca acabarão conectando os usuários a menos notícias locais e a um número menor e menos variado de fontes."

Publicidade digital

Por sua vez, a carta da Coalizão Liberdade com Responsabilidade afirma que, diferentemente do propagado por gigantes digitais, o projeto não acabará com a publicidade digital. "Pelo contrário, aumentará a transparência sobre anúncios e impulsionamentos, que muitas vezes financiam a desinformação e discursos de ódio.”

Sobre as críticas de que o projeto vai dificultar que pequenos comerciantes façam anúncios em plataformas digitais, a carta alega que o PL "garante que serviços e pequenos negócios prestados em associação com as plataformas não sejam alvejados pela concorrência desleal ou pelo abuso do poder econômico no tratamento de dados”.

No que diz respeito ao pagamento de conteúdo jornalístico, a carta admite que é necessário aprofundar as discussões.

“O projeto não esgota o tema, mas abre a necessidade da sua regulamentação após nova e específica discussão. A coalizão entende desde já que devem ser alcançados pela remuneração todos os que produzem de forma regular e profissional conteúdo de imprensa original e que mantenham endereço físico e editor responsável no país”.

Relator do projeto, o deputado federal Orlando Silva denunciou recentemente uma ação do Facebook e do Google para interferir no debate público sobre o PL das Fake News. “Estão chantageando pequenos comerciantes e até a mídia alternativa”, escreveu ele.

Veja abaixo íntegra da Carta da Coalizão

PL 2630/20, a vez da verdade

A COALIZÃO LIBERDADE COM RESPONSABILIDADE, aliança que congrega 43 entidades nacionais e estaduais de comunicação do país, vem manifestar apoio à aprovação do PL 2630/2020, solicitando à Câmara dos Deputados, na pessoa do seu presidente, deputado Arthur Lira, e ao Senado Federal, na pessoa do presidente Rodrigo Pacheco, prioridade na deliberação do chamado “PL das Fake News”.

Recentemente, veio a público uma versão de texto que avança em pontos relevantes sobre a proposta legislativa do grupo de trabalho criado exclusivamente para tratar do tema. A nova versão reflete a maturidade do PL 2630/2020, que está pronto para apreciação no plenário da Câmara dos Deputados.

É de esperar que as gigantes de tecnologia resistam a qualquer tipo de regulação, um comportamento que se repete em todos os países que discutem regramentos para essa indústria. A Europa, por exemplo, está bastante avançada com o seu Digital Markets Act, assim como o Canadá quanto à remuneração de conteúdo jornalístico, que já é uma realidade na França e Austrália.

As grandes plataformas são empresas responsáveis por moldar novas formas de as pessoas trabalharem, se comunicarem, comprarem, venderem e consumirem produtos e serviços. É justamente diante da essencialidade desses serviços e do poder de mercado digital que a regulação se impõe. E o PL 2630/2020 é a resposta, por intermédio de um texto amplamente debatido no Congresso brasileiro.

Observe-se que a lei determina importantes obrigações de transparência, fundamentais tanto para os usuários se protegerem de abusos das grandes plataformas quanto para as autoridades fiscalizadoras.

Assim, diferentemente do propagado por gigantes digitais, o projeto não acabará com a publicidade digital. Pelo contrário, aumentará a transparência sobre anúncios e impulsionamentos, que muitas vezes financiam a desinformação e discursos de ódio.

É uma clara desinformação, aliás, afirmar que o projeto vedaria a publicidade ou serviços digitais. O texto, na realidade, garante que serviços e pequenos negócios prestados em associação com as plataformas não sejam alvejados pela concorrência desleal ou pelo abuso do poder econômico no tratamento de dados.

O PL 2630 também cria mecanismos de maior transparência na moderação de conteúdos e busca atacar condutas hoje ocultas que atuam de forma coordenada em rede para intoxicar o debate público e distorcer a realidade. A lei também não impõe regras ou códigos de condutas, que, de forma acertada, permanecem sendo de autoria das big techs.

Por fim, outro tema que merece ser tratado com transparência é a justa remuneração do conteúdo jornalístico profissional, que vem a ser a mais legítima e natural barreira contra a desinformação. Conteúdos de veículos de imprensa são insumo primordial para serviços digitais essenciais. Sem jornalismo, inexiste democracia e, no seu vácuo, florescem as fake news.

O projeto não esgota o tema, mas abre a necessidade da sua regulamentação após nova e específica discussão. A coalizão entende desde já que devem ser alcançados pela remuneração todos os que produzem de forma regular e profissional conteúdo de imprensa original e que mantenham endereço físico e editor responsável no país.

Há muito se fala em sociedade da informação e do conhecimento e dos caminhos para persegui-la. Certamente, não há caminho fora da Estado de Direito e do respeito às leis. É dever da democracia lutar pela sua preservação. E todo e qualquer Estado soberano, como é a finalidade do PL 2630, tem por objetivo garantir que o respeito às regras e à civilidade sejam aplicados a todos, indistintamente de sua natureza.

ABI e FENAJ repudiam postura da Wikipédia em classificar alguns veículos jornalísticos como “fontes não confiáveis”


Redação | 31/03/2022 07:53

As associações de imprensa ABI e FENAJ se manifestaram diante da decisão da Wikipédia Brasil de classificar portais e sites jornalísticos como “fontes não confiáveis” de informação. A lista produzida pela empresa inclui a própria wikipédia como fonte não confiável.
Este tipo de listagem já foi feito em outros países, está disponível em oito línguas, e inclui sites e blogs jornalísticos internacionais na lista classificatória, apontando os motivos específicos para cada caso. A explicação no topo da página brasileira para tal inclusão é a de que trata-se de uma lista de fontes que os editores da Wikipédia geralmente consideram não confiáveis para a elaboração de artigos.

Crédito:Reprodução




O presidente da ABI, Paulo Jeronimo, pergunta em nota “Afinal, por que critérios a Wikipedia chegou a essa conclusão?” E prossegue: “a ABI reafirma, ainda, seu compromisso com a mais ampla liberdade de informação e com a importância da diversidade de pontos de vista num regime democrático.Isso é ainda mais importante num pais como o Brasil, marcado por monopólios e oligopólios na área da comunicação. Por fim, manifestamos a expectativa de que o Wikipedia reconheça seu equívoco e volte atrás em sua decisão”.

A listagem do dia 31 de março inclui cinco veículos brasileiros: Brasil 247, Brasil Paralelo, Diário do Centro do Mundo, Jovem Pan e Revista Oeste.

Veja o comunicado da FENAJ na íntegra:

“Diante de fatos recentes protagonizados pela Wikipédia, que passou a taxar veículos de comunicação brasileiros como “fonte não confiável”, a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) vem a público afirmar, categoricamente, que a enciclopédia digital não tem legitimidade para avaliar, julgar e rotular os conteúdos jornalísticos produzidos por qualquer tipo de mídia.

O Jornalismo é uma atividade complexa, que exige, além do conhecimento técnico e teórico, também comprometimento ético. Como atividade desempenhada por jornalistas, empregados de grandes, médias e pequenas empresas, independentes ou ainda reunidos em coletivos, o Jornalismo – como todas as atividades humanas – está sujeito a erros, mas a sua avaliação é complexa e deve se dar a partir de critérios objetivos e transparentes. E isso é o que tem feito os observatórios de mídia, que avaliam trabalhos específicos e apontam as falhas cometidas.

A Wikipédia, que tem todos os seus conteúdos elaborados de forma colaborativa e, portanto, sem responsáveis diretos, tem contribuído, desde sua criação, para a popularização de informações. A enciclopédia decidiu no passado – não se sabe de quem é a decisão – classificar os seus próprios artigos em categorias que vão de “bons” a “artigos vitais”. No presente, passou a rotular veículos jornalísticos, sem informar quais critérios são utilizados, quais veículos são analisados, quais os períodos de análise, quais as evidências encontradas para o emprego do adjetivo “não confiável”, qual porcentagem do conteúdo jornalístico enquadra-se nas evidências encontradas e quem são os responsáveis pela avaliação de cada veículo.

A crítica ao Jornalismo é importante; a crítica aos veículos de mídia é necessária, mas deve se dar de forma responsável, criteriosa e transparente. Simplesmente rotular alguns veículos de mídia como “fonte não confiável” comprova que a Wikipédia continua sendo ela própria uma fonte não confiável, requerendo de seus usuários a confirmação das informações em fontes seguras.

Brasília, 30 de março de 2022.

Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ.”

quarta-feira, 30 de março de 2022

"O humor escroto e livre entre os democráticos estadunidenses com bandeirinha da Ucrânia na lapela, mas agora, acompanhado de agressão física proporcional e ao vivo no seu maior showzinho internacional".

 




Texto de autoria de Gamba Junior.
O humor escroto e livre entre os democráticos estadunidenses com bandeirinha da Ucrânia na lapela, mas agora, acompanhado de agressão física proporcional e ao vivo no seu maior showzinho internacional.
Esse show traduz muitos vícios naturalizados sobre a cultura dos EUA como: a ostentação de vestidos milionários e joias da Tiffany; num mapa histórico da exclusão racial estrutural de sua cultura onde avanços do tamanho de uma acerola precisam de uma centrifuga do tamanho de um estádio de futebol; o estilo cafona que consegue produzir pastiche até quando a referência é a própria produção do país e, o que sempre chamou minha atenção, um humor muitas vezes horrendo, pérfido, politicamente incorreto e deselegante.
Ontem; parece que tivemos um conjunto particular de evidências desses subterrâneos. O humorista Chris Rock, que já foi apresentador do evento, é totalmente representativo do estilo inconveniente de humor que já descrevemos. Ele tem também um histórico com o casal Will Smith e Jada Pinkett. Em 2016, o casal assumiu uma postura política junto com vários outros atores negros de boicotar o Oscar por uma de suas características estruturais citadas acima: o racismo.
Pois bem, o humorista OPORTUNISTA, embora negro, serviu de capitão-do-mato da organização do evento e SATIRIZOU O MOVIMENTO DE PROTESTO HUMILHANDO O CASAL. Mencionou que Jada Pinkett boicotar o Oscar era como ele boicotar as calcinhas de Rihanna - lugar para onde janais foi convidado. A atitude foi desmerecer o ativismo fazendo piada justo com o tema do movimento - não indicação de negros - e ainda usando o imaginário de “looser” tão típico da cultura que excluiu e, ao mesmo tempo, culpabiliza as vítimas do grupo social que o comediante “esqueceu” que representava.
É óbvio, que o confronto direto entre o engajamento político do casal e o entreguismo do vendido apresentador, colocou um atrito público e histórico entre os três. Algo que Chris Rock confirmou em 2018 fazendo agora piada envolvendo a família toda de Will Smith. MOSTRANDO QUE O COMEDIANTE SEGUIRIA USANDO O PRIVILÉGIO DAQUELE PALCO PARA O QUE ELE ACOLHE TÃO BEM: escrotidão.
Pois bem, com todo esse histórico grave e absurdo. O comediante em 2022, no seu único insert no evento, faz piada sobre a falta de cabelo de Jada Pinkett. Alopecia que é fruto de uma doença autoimune com a qual a atriz tem se envolvido publicamente em uma campanha de esclarecimento e exposição de seu problema que silenciosamente atinge muitas mulheres. O que dizer disso?!?!?!
Se fosse uma piada feita por alguém muito amigo e próximo ao casal, mas que surtou por dizer algo assim, já mereceria uma defesa pública. Porém, feito por um antigo inimigo e desafeto ideológico e comportamental, se aproveitando de um local privilegiado (a posse unidirecional do microfone), tudo é insuportavelmente violento e cruel.
Ou seja, diante destes antecedentes históricos - do humorista com o casal, do Oscar com o mau gosto, da hipocrisia bem vestida e da trajetória de uma nação-império injusta com tantos grupos dentro e fora de suas fronteiras -, o tapa de Will Smith foi legítima defesa. Defesa branda para tudo que se sucedia.
É óbvio que a burguesia que deve ter rido da piada de 2016 e de 2018, achou o ator “deselegante” hoje. É natural que os engajados cirandeiros que não riram das piadas por terem entendido na época que se tratava de algo indigesto achem, que, no entanto, agressão física não é resposta. É óbvio que quem não sabe desse percurso diga logo que o Will Smith foi selvagem. É esperado que os comentaristas da Globo, digam o que disseram: “Mas esse é o Chris Rock em estado puro.” Ou “Achei ele um pouco desequilibrado”.
Não me importa nada o que é o Chris Rock em estado puro. Eu achei ele até muito pouco desequilibrado. Eu acho a cena uma justa defesa contra discurso violento de ódio recheado de um passado de preconceito racial, de classe, meritocrático e anti-ativismo.
Sobre um homem negro nos EUA, que tem apoiado um filho homossexual que usa roupas femininas e uma filha que defende poliamor já dá para imaginar o quanto foi vítima há anos de todo o expurgo preconceituoso dessa nação que elegeu Trump. Durante os últimos anos, as tensões para uma família como a de Smith só aumentaram com ascensão do fascismo tão explicitamente à presidência. Assim, o tapa foi muito bem dado com todo esse background!
Não vai deixar marcas no dia seguinte, não gerou lesão alguma, e é, por isso,
uma agressão de “salão” que uma mulher poderia dar no homem que lhe assedia com uma frase escrota ou humilhante. Entenderíamos ou não a resposta de uma mulher assediada? Por que não o tapa de Will Smith assediado?
A data que deveria ser de uma celebração profissional, cafona, mas celebração, é destruída por algo que não posso nem chamar de piada. Um soco na forma de palavras. E por alguém que no seu próprio critério meritocrático périfido, naquela noite, era nada comparado ao ator que agredia. Talvez, por isso, se comportasse como um lambe-botas da organização que já não gostava do ator premiado por ter promovido o boicote e agora deve o odiar por estragar mais uma vez a fina camada de verniz artificial que cobre a cerimônia.
Will, obrigado por furar a bolha. Sou solidário a sua dor e a sua reação. E a toda essa gente anestesiada diante do fascismo e que acha que devemos seguir elegantes respondendo a barbárie produzida ou não por eles com muita passividade e apatia, tanto quanto as que vemos nos olhos deles com horror, fica meu total desprezo.
Me lembrei do cuspe de Jean Wyllys na cara de quem tinha feito de tudo naquela câmara dos deputados. Havia homenageado torturadores pelo horror sentido pelos torturados, prometido estupro, sugerido porrada a homossexuais e nada havia acontecido legalmente com ele.
Foi o bom mocismo de muita gente diante do cuspe de Jean, que elegeu esse mesmo "homem" a presidência com votos nulos.
Há um momento em que dar um tapa ou cuspir na cara de um fascista tolerado e empoderado pela sociedade em uma época onde as pessoas s e chocam com cancelamentos e se satisfazem com notas de repúdio, é tão justo quanto necessário. Que nós, violentados há tantos séculos diariamente, mostremos que se retornarmos a violência cotidiana que sofremos na mesma escala, vocês não aguentariam. Pois, quando fazemos em uma proporção mil vezes menor vocês já se chocam dessa forma puritana e cinica. O que diriam se fôssemos de fato proporcionais com o gesto que vocês introjetaram como “normal” ou “em estado puro” mas que não passa de violência hedionda?!
Nem consigo imaginar. Já fui Incapaz de imaginar esse tapa na formalidade controlada e afetada do Oscar. Quanto mais se Will tivesse sido proporcional. Will foi elegante, comedido e fundamental. Só nos cabe dizer o que disse Anthony Hopkins no final do evento : “Will disse tudo!!”.
Obrigado, Will.

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