Atriz que deu vida a Bebel de A grande família, Djenane Machado criou carreira forte nos anos de 1970
Ricardo Daehn
postado em 30/03/2022
(crédito: Reproducao)
Dividida entre o mundo das vedetes e explosões de sucesso na televisão dos anos de 1970, a atriz Djenane Machado teve a notícia da morte, aos 70 anos, divulgada ontem (29/03). Ela não teve filhos e tinha por companhia uma cuidadora, numa rotina pacata no Bairro Peixoto (Rio de Janeiro). No currículo, a atriz teve por destaque a participação no seriado A grande família, no qual viveu Bebel, na primeira temporada da atração da Rede Globo. Desde a morte do famoso pai, o produtor de teatro de revista Carlos Machado, em 1992, Djenane estava afastada dos palcos. Ela não teve a causa da morte confirmada.
Filha da figurinista Gisela Machado, a atriz colheu grandes parcerias cômicas, como em O primeiro amor (1972), novela na qual foi afirmada a parceria entre Paulo José e Flávio Migliaccio, que, respectivamente, viveram Shazam e Xerife. Outro ponto alto de Djenane foi ao lado do personagem de Lima Duarte, em Espelho mágico (1977). Um dos marcos nos palco veio em 1974, com Hip hip Rio. O pai, Carlos Machado, por vezes, intercedeu na carreira da filha que, pela vida, teve muitos episódios de altos e baixos gerados por dependência química. Quem tentou ajudá-la foi a amiga e estrela de cinema Odete Lara. O cinema trouxe relativa estabilidade, quando ela despontou em A penúltima donzela (1969), comédia feita ao lado de Adriana Prieto. Outros momentos de brilho vieram com Já não se faz amor como antigamente (1976) e dois títulos sob direção dos artistas renomados Paulo Thiago (Águia na cabeça, 1984) e Ruy Guerra (Ópera do malandro, adaptada em 1985). No filme ela viveu a prostituta Shirley Paquete.
Até o último sucesso na Rede Globo, com Ciranda de pedra (1981), baseada em texto de Lygia Fagundes Telles, e estrelada por Eva Wilma, Djenane seguia lembrada pela personagem, criada em 1973, Bebel, que, futuramente, seria encarnada por Guta Stresser. Curiosamente, para justificar a troca de atriz do papel (foi substituída por Maria Cristina Nunes), o seriado em torno do subúrbio nacional colocou o personagem de Agostinho (o marido) acreditando, firmemente, na versão de que a mulher teria feito uma plástica.
No terreno das novelas, Djenane coletou sucessos com Véu de noiva (1969), sob direção de Daniel Filho, ao lado da estrela do folhetim de Janete Clair, Regina Duarte. Djenane esteve presente na novela de estreia de Dias Gomes, A ponte dos suspiros, em que viveu a personagem Branca, na trama estrelada por Carlos Alberto. Com o mesmo ator, que dividiu o sucesso em Passo dos ventos (1968), obra de Janete Clair, Djenane estaria, ao lado de Renée de Vielmond, na novela Novo amor (1986), da extinta Rede Manchete. Na mesma emissora, a atriz deu fim à carreira na novela Tudo ou nada (1986), junto com Eizângela e Othon Bastos.
Antes de participar de Assim na Terra como no céu, atração da Rede Globo assinada por Dias Gomes, em 1970, Djenane acompanhou a relação de amor dos personagens de Glória Menezes e Tarcísio Meira, na dramática Rosa rebelde (1969), em que deu vida à Conchita. Entre os pontos altos de Djenane Machado estão a novela das dez O cafona (1971) e ainda o estrondo de Mário Prata, com a novela das sete Estúpido cupido (1976). Na primeira, de Bráulio Pedroso, Djenane eternizou a hippie Lucinha Esparadrapo, em núcleo que trazia Marco Nanini e Ary Fontoura. Ela dava vida a uma escritora escalada por escrever um roteiro radical para uma atração de cinema nacional. Já na novela estrelada por Françoise Forton, e que ficou marcada pela transição do mundo preto e branco para as produções coloridas da Globo, Djenane era a paixão do tímido Caniço (João Carlos Barroso). A personagem Glorinha era filha do delegado (Mauro Mendonça), e escrevia um diário, mantido em segredo.