Documento entregue por Monica Moura
REPRODUÇÃO
A empresária Monica Moura, delatora da Operação Lava Jato, entregou ao Ministério Público Federal um registro com as imagens do e-mail que diz ter usado para trocar mensagens com a ex-presidente Dilma Rousseff. As fotografias estão em uma Ata Notarial lavrada em 13 de julho de 2016 no 1º Tabelionato Giovannetti em Curitiba.
Monica afirmou em delação premiada que criou "no computador da presidente" uma conta de e-mail com nome e dados fictícios, com senha compartilhada entre as duas e o ex-assessor de Dilma Giles Azevedo.
Monica é casada com o publicitário João Santana. O casal de marqueteiros fez as campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014). Eles foram presos na Operação Lava Jato e fecharam acordo de delação premiada para se livrar da cadeia.
Segundo a delatora, ela e a então presidente combinaram que, se houvesse notícia sobre avanço da Lava Jato em relação ao casal, o aviso seria feito através desse e-mail. As mensagens escritas pela presidente ficariam na caixa de rascunhos do e-mail, para não circularem, e Mônica acessaria a conta de onde estivesse.
A solicitação do registro das imagens foi feita, segundo o documento, por Felipe Pedrotti Cadori. Na Ata Notarial, o funcionário do Tabelionato afirma que às 15 horas e 14 minutos, acessei o sítio "http://www.gmail.com", e, após o solicitante efetuar login com usuário e senha, acessei referido e-mail, registrando a rotina sugerida na forma a seguir, do que dou fé.
Do documento constam três imagens. Em uma delas, há um rascunho de e-mail "2606iolanda@gmail.com" com uma mensagem de 22 de fev: "Vamos visitar nosso amigo querido amanha. Espero não ter nenhum espetáculo nos esperando. Acho que pode nos ajudar nisso, né?".
Monica Moura declarou em papel assinado de próprio punho e entregue à Procuradoria-Geral da República que a senha de acesso ao e-mail 2606iolanda era iolanda47'.
Segundo ela, foi Dilma quem sugeriu o nome Iolanda em alusão à mulher do ex-presidente Costa e Silva - um dos generais da ditadura. Ainda segundo a delatora, 47 é o ano de nascimento da petista.
"Para preservar a existência da conta de e-mail, enquanto a colaboradora se encontrava presa, a senha de acesso foi trocada para "lice1984", que permanece até hoje", afirmou.
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Endereço "2606iolanda@gmail.com" teria sido escolhido pela própria ex-presidente
12/05/2017 | 16:20 Atualizado 17:29
AE
Endereço "2606iolanda@gmail.com" teria sido escolhido pela própria ex-presidente | Foto: Paulo Lisboa / Brazil Photo Press / Folhapress / CP Memória
A empresária Monica Moura, delatora da Operação Lava Jato, entregou ao Ministério Público Federal um registro com as imagens do e-mail que diz ter usado para trocar mensagens com a ex-presidente Dilma Rousseff. As fotografias estão em uma Ata Notarial lavrada em 13 de julho de 2016 no 1º Tabelionato Giovannetti em Curitiba. Monica afirmou em delação premiada que criou "no computador da presidente" uma conta de e-mail com nome e dados fictícios, com senha compartilhada entre as duas e o ex-assessor de Dilma, Giles Azevedo.
Monica é casada com o publicitário João Santana. O casal de marqueteiros fez as campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014). Eles foram presos na Operação Lava Jato e fecharam acordo de delação premiada para se livrar da cadeia. Segundo a delatora, ela e a então presidente combinaram que, se houvesse notícia sobre avanço da Lava Jato em relação ao casal, o aviso seria feito através desse e-mail. As mensagens escritas pela presidente ficariam na caixa de rascunhos do e-mail, para não circularem, e Mônica acessaria a conta de onde estivesse.
A solicitação do registro das imagens foi feita, segundo o documento, por Felipe Pedrotti Cadori. Na Ata Notarial, o funcionário do Tabelionato afirma que "às 15 horas e 14 minutos, acessei o sítio 'http://www.gmail.com', e, após o solicitante efetuar login com usuário e senha, acessei referido e-mail, registrando a rotina sugerida na forma a seguir, do que dou fé".
Do documento constam três imagens. Em uma delas, há um rascunho de e-mail "2606iolanda@gmail.com" com uma mensagem de 22 de fev: "Vamos visitar nosso amigo querido amanha. Espero não ter nenhum espetáculo nos esperando. Acho que pode nos ajudar nisso, né?". Monica Moura declarou em papel assinado de próprio punho e entregue à Procuradoria-Geral da República que a senha de acesso ao e-mail 2606iolanda era iolanda47'.
Questionada pelos procuradores sobre o motivo do nome Iolanda ser escolhido para batizar a conta de e-mail, Mônica afirmou: “Ela (Dilma) que criou. A gente ficou pensando, tem de botar o nome de alguém e ela falou no nome da mulher do presidente Costa e Silva. Ela que inventou o nome Iolanda e a gente criou esse e-mail”.
De acordo com a delatora, a comunicação com Dilma era feita de forma “cifrada” para tratar dos avanços da Operação Lava Jato, já que a petista teria ressaltado que a comunicação não poderia ser por telefone.
As mensagens entre as duas teria sido trocada na área de rascunho dos e-mails, sem que os textos fossem efetivamente enviados. De acordo com Mônica, as mensagens eram “metafóricas”.
Em seu depoimento, a delatora contou detalhes da comunicação com a Dilma. Quando a então presidente tivesse alguma coisa pra falar ao casal de marqueteiros, acionaria o assessor Anderson Dornelles ou o seu ex-chefe de gabinete Giles Azevedo, que enviariam um recado “bem besta” à empresária pelo aplicativo WhatsApp.
“Algo bem assim, tipo ‘Está passando um filme muito legal, você tem de ver’, ‘Descobri um vinho maravilhoso, vocês precisam provar’. Quando eu recebia um recadinho assim, eu abria esse e-mail. Eu apagava tudo, eu tinha o maior cuidado”, contou a delatora.
“E criamos uma senha na época era “eu não sei o que 47”, que 47 é o ano em que ela (Dilma) nasceu”, afirmou a empresária. Dilma nasceu em 14 de dezembro de 1947.
Defesa
Em nota enviada à imprensa na quinta-feira após o STF liberar o sigilo da delação do casal, a assessoria de Dilma Rousseff disse que João Santana e Mônica Moura “prestaram falso testemunho e faltaram com a verdade em seus depoimentos, provavelmente pressionados pelas ameaças dos investigadores”. “Apesar de tudo, a presidente eleita acredita na Justiça e sabe que a verdade virá à tona e será restabelecida”, afirma a nota.