segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Trump pode ser bom para economia dos EUA, afirma FMI

Diretora do FMI, Christine Lagarde destaca que os investimentos em infraestrutura e as reformas são o ponto forte do governo de Trump




A diretora do FMI, Christine Lagarde, destacou que os planos de Trump para investimento em infraestrutura e reforma fiscal podem ter um impacto positivo no país. (Carlos Barria/Reuters)

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse neste domingo que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode ser bom para economia americana no curto prazo, embora o aumento das taxas de juros e o fortalecimento do dólar devam desafiar o comércio global.
Lagarde afirmou que os planos de Trump para investimentos adicionais nos EUA em infraestrutura e suas prováveis reformas fiscais impulsionarão a economia americana. Entretanto, Lagarde reconheceu que as políticas de Trump provavelmente causarão uma pressão nos mercados internacionais.
“Esse é um aperto que vai ser difícil na economia global e para as quais as economias têm de se preparar”, disse Lagarde durante um evento da Cúpula Mundial de Governo em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
by Veja

Coreia do Norte considera lançamento de míssil um sucesso

Agência Central de Notícias da Coreia do Norte" ("KCNA") afirmou 

que o dirigente norte-coreano Kim Jong-un esteve presente no lançamento



Kim Jong-un comemora teste com míssil (KCNA/Reuters)

A Coreia do Norte considerou um sucesso o lançamento do míssil balístico de médio alcance que caiu no Mar do Japão, segundo a imprensa estatal desse país, informação publicada pela agência sul-coreana “Yonhap”.

A “Agência Central de Notícias da Coreia do Norte” (“KCNA”) afirmou que no domingo foi testado com sucesso o sistema estratégico Pukguksong-2, acrescentando que o dirigente norte-coreano Kim Jong-un esteve presente no lançamento.

O teste balístico realizado pelo regime de Pyongyang no começo da manhã foi seu primeiro lançamento de um míssil desde outubro do ano passado e se tornou também a primeira provocação militar do regime de Kim Jong-un desde que Donald Trump assumiu o governo dos Estados Unidos em janeiro deste ano.

(Com Agência EFE)

Tribunal dos EUA mantém suspensão de decreto anti-imigração

"Nos vemos no tribunal. A segurança da nossa nação está em jogo!", tuitou o presidente americano após o anúncio do resultado

Por Da redação



Manifestantes protestam no lado de fora do Terminal 4 do Aeroporto Internacional John F. Kennedy, contra o decreto do presidente Donald Trump para barrar a entrada de cidadãos de sete países muçulmanos nos Estados Unidos - 28/01/2017 (Stephanie Keith/Getty Images/AFP)

Um tribunal federal de apelações dos Estados Unidos manteve por unanimidade nesta quinta-feira a suspensão temporária do decreto do presidente americano, Donald Trump, de restringir a entrada nos EUA de viajantes de sete países de maioria muçulmana.
Em resposta, o presidente afirmou por meio de sua conta no Twitter: “Nos vemos no tribunal. A segurança da nossa nação está em jogo!”
A decisão do 9º Tribunal de Apelações dos Estados Unidos ocorre após contestação dos Estados de Washington e Minnesota ao decreto. A Suprema Corte dos EUA determinará o resultado final do caso.
by Veja

Heineken fecha compra da Brasil Kirin por € 664 milhões

     Compra vai criar a segunda maior              cervejaria brasileira

Heineken: marcas compradas incluem a Schin, a Baden Baden e a Eisenbahn (Akos Stiller/Bloomberg)
Londres – A holandesa Heineken anunciou hoje que fechou a compra da Brasil Kirin Holding S.A., por 664 milhões de euros (US$ 704 milhões), num negócio que a transformará na maior segunda cervejaria do Brasil.
A Heineken vai adquirir a Brasil Kirin da japonesa Kirin, que fabrica a cerveja da marca e uma série de produtos farmacêuticos e químicos. A expectativa é que o acordo seja concluído ainda no primeiro semestre deste ano.
O montante a ser desembolsado estima o valor da empresa em 1,025 bilhão de euros. Em 2015, a Brasil Kirin tinha participação de 9% no mercado brasileiro de cervejas, segundo comunicado da Heineken.
As marcas de cerveja da Brasil Kirin incluem Schin, Baden Baden e Eisenbahn.
No mês passado, Heineken e Kirin já haviam confirmado que estavam em negociações.
Fonte: Dow Jones Newswires.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

“Sou feliz só por preguiça. A infelicidade dá uma trabalheira pior que doença”


Por Mia Couto -

Sou feliz só por preguiça. A infelicidade dá uma trabalheira pior que doença: é preciso entrar e sair dela, afastar os que nos querem consolar, aceitar pêsames por uma porção da alma que nem chegou a falecer. – Levanta, ó dono das preguiças. É o mando de minha vizinha, a mulata Dona Luarmina. Eu respondo: -Preguiçoso? Eu ando é a embranquecer as palmas das mãos. -Conversa de malandro… – Sabe uma coisa, Dona Luarmina? O trabalho é que escureceu o pobre do preto. E, afora isso, eu só presto é para viver… Ela ri com aquele modo apagado dela. A gorda Luarmina sorri só para dar rosto à tristeza. – Você, Zeca Perpétuo, até parece mulher… – Mulher, eu? – Sim, mulher é que senta em esteira. Você é o único homem que eu vi sentar na esteira. – Que quer vizinha? Cadeira não dá jeito para dormir. Ela se afasta, pesada como pelicano, abanando a cabeça. Minha vizinha reclama não haver homem com miolo tão miúdo como eu. Diz que nunca viu pescador deixar escapar tanta maré:

– Mas você, Zeca: é que nem faz ideia da vida. – A vida, Dona Luarmina? A vida é tão simples que ninguém a entende. É como dizia meu avô Celestiano sobre pensarmos Deus ou não Deus…

Além disso, pensar traz muita pedra e pouco caminho. Por isso eu, um reformado do mar o que me resta fazer? Dispensado de pescar, me dispenso de pensar. Aprendi nos muitos anos de pescaria: o tempo anda por ondas. A gente tem é que ficar levezinho e sempre apanha boleia numa dessas ondeações. – Não é verdade, Dona Luarmina? A senhora sabe essas línguas da nossa gente. Me diga, minha Dona: qual é a palavra para dizer futuro? Sim, como se diz futuro? Não se diz, na língua deste lugar de África. Sim, porque futuro é uma coisa que existindo nunca chega a haver. Então eu me suficiento do actual presente. E basta. – Só eu quero é ser um homem bom, Dona. – Você é mas é um aldrabom.

A gorda mulata não quer amolecer conversa. E tem razão, sendo minha vizinha desde há tanto. Ela chegou ao bairro depois da morte de meus pais, quando herdei a velha casa da família. Nessa altura, eu ainda pescava em longas viagens, semanas de ausência nos bancos de Sofala. Nem notava a existência de Luarmina. Também ela, logo que desembarcou, se internou na Missão, em estágio para freira. Ficou enclausurada nessas penumbras onde se murmura conversa com Deus. Só uns anos mais tarde ela saiu dessa reclusão. E se instalou na casa que os padres lhe destinaram, bem junto à minha morada. Luarmina costureirava, era seu sustento. Nos primeiros tempos, ela continuava sem se dar às vistas. Só as mulheres que entravam em seus domínios é que lhe davam conta. No resto, me chegavam apenas os perfumes de sua sombra. Um dia o padre Nunes me falou de Luarmina, seus brumosos passados. O pai era um grego, um desses pescadores que arrumou rede em costas de Moçambique, do lado de 1á da baía de S. Vicente. Já se antigamentara há muito. A mãe morreu pouco tempo depois. Dizem que de desgosto. Não devido da viuvez, mas por causa da beleza da filha. Ao que parece, Luarmina endoidava os homens graúdos que abutreavam em redor da casa. A senhora maldizia a perfeição de sua filha. Diz-se que, enlouquecida, certa noite intentou de golpear o rosto de Luarmina. Só para a esfeiar e, assim, afastar os candidatos.



Depois da morte da mãe, enviaram Luarmina para o lado de cá, para ela se amoldar na Missão, entregue a reza e crucifixo. Havia que arrumar a moça por fora, engomá-la por dentro. E foi assim que ela se dedicou a linhas, agulhas e dedais. Até se transferir para sua actual moradia, nos arredores de minha existência.

Só bem depois de me retirar das pescarias é que dei por mim a encostar desejos na vizinha. Comecei por cartas, mensagens à distância. À custa de minhas insistências namoradeiras Luarmina já aprendera as mil defesas. Ela sempre me desfazia os favores, negando-se. – Me deixa sossegada, Zeca. Não vê que eu já não desengomo lençol? – Que ideia, Dona vizinha? Quem lhe disse que eu tinha essa intenção? Todavia, ela tem razão. Minhas visitas são para lhe caçar um descuido na existência beliscar-lhe uma ternura. Só sonho sempre o mesmo: me embrulhar com ela, arrastado por essa grande onda que nos faz inexistir. Ela resiste, mas eu volto sempre ao lugar dela. – Dona Luarmina, o que é isso? Parece ficou mesmo freira. Um dia, quando o amor lhe chegar, você nem o vai reconhecer… – Deixe-me, Zeca. Eu sou velha, só preciso é um ombro.

Confirmando esse atestado de inutensílio, ela esfrega os joelhos como se fossem eles os culpados do seu cansaço. As pernas dela da maneira como incham, dificultam as vias do sangue. Lhe icebergam os pés, a gente toca e são blocos de gelo. E ela sempre se queixa. Um dia aproveitei para me oferecer: – Quer que lhe aqueça os pés? Arrepiando expectativa, ela até aceitou. Até eu fiquei assim, meio desfisgado, o coração atropelando o peito. – Me aquece, Zeca? – Sim, aqueço mas… pela parte de dentro.


Excerto do livro “Mar Me Quer“.

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