sábado, 6 de abril de 2013

Cetesb avalia danos ambientais após vazamento de óleo em São Sebastião


6/04/2013 16h47 - Atualizado em 06/04/2013 18h33


Órgão não descarta possível punição à Petrobras por conta do incidente.
Técnicos acompanham contenção e retirada do material desde sexta-feira.

  • São Sebastião pede que banhistas evitem nove praias da cidade (Foto: Reginaldo Pupo/ Estadão Conteúdo)
Equipes tentam conter óleo nas águas entre as praias Porto Grande e Deserta, em São Sebastião, no litoral de São Paulo. (Foto: Reginaldo Pupo/ Estadão Conteúdo)
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) enviou neste sábado (6) uma equipe de emergência a São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, para avaliar possíveis danos ambientais provocados por um vazamento de óleo de uma das redes do píer do Terminal Aquaviário Almirante Barroso (Tebar) da Petrobras. A Cetesb monitora os trabalhos desde o fim da tarde de sexta-feira (5), quando foi registrado o problema.

A equipe de emergência enviada ao município acompanha os trabalhos de contenção e remoção do óleo, mas ainda não deve definir um tipo de penalidade à Petrobras. Após a finalização do trabalho, a empresa deve fazer um relatório sobre o que aconteceu e somente a partir daí a Cetesb irá definir uma possível punição, que pode ser tanto uma advertência quanto uma multa.
Arte - Praias atingidas por vazamento de óleo em São Sebastião (Foto: Editoria de Arte/ G1)
Por meio de assessoria de imprensa, o órgão disse que o vazamento aconteceu em decorrência de um problema em uma linha de abastecimento, entre o píer e o navio. O óleo que vazou é um combustível de navio, denominado 'Marine Fuel'.
No início da tarde deste sábado, a Prefeitura de São Sebastião orientou que banhistas evitem nove praias da região central e da costa norte da cidade. As praias que devem ser evitadas, de acordo com a administração municipal, são: Porto Grande, Deserta, Pontal da Cruz, Arrastão, Portal da Olaria, São Francisco, Figueira, Cigarras e Enseada. As manchas de óleo estão sendo monitoradas e estão se deslocando no sentido norte.
Vazamento
O vazamento de óleo foi detectado pela Transpetro por volta das 17h50 de sexta-feira (5) e comunicado à Cetesb  às 18h.  Desde então a empresa realiza ações de contenção e remoção das manchas.

O vazamento já foi controlado, mas é preciso remover as manchas de óleo que se espalharam pela orla. Foram lançadas barreiras de contenção e estão sendo utilizados helicópteros na identificação de eventuais manchas de óleo que possam ter escapado desses limites.
De acordo com a Capitania dos Portos, não há indícios de que o vazamento tenha afetado as condições de balneabilidade das praias da região e ainda não se sabe a quantidade exata de óleo que vazou, mas estima que o vazamento não seja de grandes proporções. "Aparentemente o vazamento é pequeno. Vai de uma extensão desde o centro da cidade até o bairro São Francisco. Esse trecho, por terra, tem cerca de cinco quilômetros, mas o que há no mar são pequenas manchas de óleo espalhadas nessa extensão", explicou ao G1 o capitão de fragata Alexandre Motta de Sousa, delegado da Capitania dos Portos.

O delegado da Capitania dos Portos também afirmou que as condições climáticas ajudam o trabalho para remoção do óleo. "Desde o contato com o água já há um prejuízo ao meio ambiente, mas agora é preciso concentrar as atenções para retirar o óleo o quanto antes. E o clima hoje está ajudando, tornando mais fácil remover as manchas", afirmou.
vazamento oleo São Sebastião (Foto: Jorge Mesquita/Estadão Conteúdo)Técnicos fazem trabalho de contenção no litoral de
SP. (Foto: Jorge Mesquita/Estadão Conteúdo)
Outro lado
Por meio de nota, a Transpetro informou que as causas do incidente estão sendo apuradas e que profissionais estão trabalhando para retirar o óleo do mar. Veja a íntegra da nota abaixo:

A Transpetro informa que, por volta das 17h50 desta sexta-feira (05/04), foi detectado um vazamento de combustível marítimo no píer do Terminal Almirante Barroso (Tebar), em São Sebastião (SP). Imediatamente, equipes de contingência foram acionadas e, durante toda a noite e a madrugada, atuaram na contenção do vazamento e na remoção do produto. No local da ocorrência, no entorno do píer, o processo de limpeza esta sendo concluído.
Na manhã deste sábado, os profissionais mobilizados pela Transpetro continuam trabalhando para retirar o óleo que se desprendeu da área atingida e alcançou as praias Deserta, Pontal da Cruz, Ponta do Lavapés e Portal da Olaria, em São Sebastião.
A Transpetro disponibilizou todos os recursos necessários para remover o produto. Neste momento, são 27 embarcações e cerca de 300 pessoas mobilizadas na região.
As causas do incidente estão sendo apuradas. O órgão ambiental foi comunicado e os técnicos acompanham os trabalhos de limpeza.
Primeiro caso
Em 6 de setembro do ano passado, uma carreta da Petrobras tombou na SP-55 (Rodovia Doutor Manuel Hipólito Rego)  e provocou o vazamento de 15 mil litros de óleo diesel. O material chegou ao córrego Canto do Moreira, situado no lado sul da praia de Maresias, também em São Sebastião. O problema interditou um trecho de 800 metros quadrados da praia para os trabalhos de remoção do óleo.

Cinco dias depois do acidente, a Petrobras e a Cooperativa de Transportes Rodoviários do ABC foram multadas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) em R$ 92.218,44, cada uma. O valor da multa correspondia a 5.001 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo
by G1
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Ministro conclui revisão, e acórdão do mensalão deve sair semana que vem


06/04/2013 09h34 - Atualizado em 06/04/2013 09h34


Celso de Mello concluiu revisão de voto escrito e deve liberar segunda (6).
Com isso, STF publicará documento que permitirá que réus recorram.


Ministro Celso de Mello STF (Foto: Carlos Humberto/SCO/STF)Celso de Mello foi o último ministro do STF a concluir
revisão do voto do mensalão (Foto: Carlos Humberto
/ SCO / STF)
O ministro do Supremo Tribunal Federal(STF) Celso de Mello terminou na noite de sexta-feira (5) a revisão do voto escrito e dos debates ocorridos durante o julgamento do processo do mensalão, realizado no segundo semestre do ano passado e que terminou com 25 condenados e 12 absolvidos. Ele só deve liberar o documento para a Secretaria do tribunal na tarde de segunda (8).
Depois disso, o Supremo deve levar até três dias para publicar o acórdão do julgamento, que é o documento que resume as principais decisões tomadas. A expectativa é de que a publicação seja feita até o fim da próxima semana. É somente a partir do acórdão que começa a contar o prazo de cinco dias para a apresentação de recursos.
Desde o começo da semana, o Supremo aguardava somente o voto de Celso de Mello, decano da corte (ministro com mais tempo de atuação). Ele não participou das sessões de julgamento de quarta (3) e quinta (4) para concluir a revisão do voto.
Na manhã de sexta, o presidente do STF e relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, afirmou que o acórdão saírá em breve, após participar de uma Aula Magna na Universidade de Brasília, para marcar a retomada do ano letivo. "Deve sair nos próximos dias. Sair sai, né, tem que sair."
Pelo regimento do STF, o prazo para publicação do acórdão - de 60 dias depois do julgamento sem considerar o recesso - terminou no dia 1º de abril. O presidente do STF poderia determinar a publicação do documento sem que todos os ministros entregassem seus votos, mas decidiu esperar todos revisarem.
O atraso do acórdão não traz prejuízos ao processo, mas quanto mais tempo demorar para o documento ser publicado, mais tempo levará para o fim do processo. No caso do mensalão, o Supremo decidiu que os condenados só poderão ser presos após o trânsito em julgado da ação, quando não couber mais nenhum recurso.
Questionamentos dos réus

Condenados durante o julgamento tentam, por meio de diversos pedidos ao STF nos últimos dias, obter mais prazo para apresentação de recursos após a publicação do acórdão. Eles queriam que o tempo para recorrer aumentasse de 5 dias para até 30 dias em razão do tamanho do processo. Joaquim Barbosa negou vários pedidos e acabou não levando a decisão para o plenário, como advogados queriam.
A defesa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu chegou a entrar com pedido de urgência para adiar a publicação do acórdão, mas Barbosa não analisou. Em razão disso, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que defende um ex-dirigente do Banco Rural, entrou com uma reclamação no STF contra Barbosa por suposta "omissão". A ação está com a ministra Rosa Weber, que consultou Joaquim Barbosa sobre o caso e ainda não deu decisão.
Recursos a serem apresentados

Os recursos contra condenações no STF, os chamados embargos, são de dois tipos: os embargos de declaração e os embargos infringentes.
Os embargos de declaração podem ser apresentados pelos 25 condenados e servem para questionar contradições ou omissões no acórdão, não modificando a decisão. Os réus terão até cinco dias, contados a partir da publicação da decisão, para apresentá-los.
Tanto as defesas dos condenados podem questionar eventuais omissões no acórdão, como a Procuradoria Geral da República pode recorrer de questões relativas a absolvições ou para pedir aumento de penas. Os absolvidos também podem pedir para que o documento deixe claro a inocência, em vez de apenas indicar que não havia provas.
Os embargos infringentes são um recurso exclusivo da defesa previsto no regimento interno do STF para aqueles réus que, embora condenados, obtiveram ao menos quatro votos favoráveis. Servem para questionar pontos específicos da decisão e, se aceitos, uma condenação pode vir a ser revertida. Há dúvidas sobre se os recursos são válidos, uma vez que não são previstos em lei. O tema deve ser debatido em plenário pelos ministros.
Doze réus do processo foram condenados com quatro votos favoráveis em um dos crimes aos quais respondiam: João Paulo Cunha, João Cláudio Genú e Breno Fischberg (lavagem de dinheiro); José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Marcos Valério, Simone Vasconcelos, Kátia Rabello, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz e José Roberto Salgado (formação de quadrilha)
.by G1

Pyongyang transfere mísseis balísticos para o mar do Japão


4.04.2013, 17:56, hora de Moscou


Coreia do norte, Missil balistico Musudan, Coreia do SUl, Pentagono
Musudan
Фото: EPA

A situação na península da Coreia continua a se agravar. Segundo os serviços secretos estadunidenses e sul-coreanos, a Coreia do Norte está a transferir mísseis balísticos Musudanpara a sua costa leste.



Hoje foi divulgado um comunicado do Estado-Maior General do Exército Popular da Coreia onde é declarado que Pyongyang está preparado para responder às ameaças dos EUA “com modernos mísseis nucleares ofensivos”. A operação das Forças Armadas “já foi aprovada”, refere o comunicado.

Alguns peritos de Seul consideram que a deslocação dos mísseis não passa de mais uma jogada de Pyongyang. Na realidade poderá ser apenas um míssil e o seu lançamento será comemorativo. Em meados de abril, a Coreia do Norte comemora tradicionalmente a festividade mais importante do país, mais um aniversário do nascimento do fundador da república, Kim Il-sung.

Já o Pentágono está a levar a sério a transferência de mísseis. “Só podemos errar uma vez e eu não quero vir a ser o ministro da Defesa dos EUA que cometeu esse erro”, declarou na véspera o responsável pelo Pentágono, Chuck Hagel, na Universidade Nacional da Defesa de Fort Lesley J. McNair:

“Eles agora têm armas nucleares, eles agora têm meios para o seu transporte. Eles estão a reforçar a sua retórica militarista e algumas das suas ações das últimas semanas representam uma ameaça clara e direta aos nossos aliados: a Coreia do Sul e o Japão. Eles também proferiram uma ameaça direta e inequívoca contra nós e contra as nossas bases na ilha de Guam.”

Os sistemas de mísseis do tipo Musudan têm um alcance de cerca de 3 mil quilômetros. Eles podem atingir alvos nos territórios da Coreia do Sul e do vizinho Japão. Não é de excluir que eles possam estar em condições de atingir a ilha de Guam no Oceano Pacífico. Em 2009, a Coreia do Norte produziu até 50 desses dispositivos que foram apresentados em outubro de 2010 numa parada militar em Pyongyang. Os peritos militares, no entanto, dizem que esses sistemas ainda não completamente desenvolvidos e que foram pouco testados.

Os EUA, no entanto, irão instalar na ilha de Guam, durante as próximas duas semanas, um sistema móvel de defesa antimísseis THAAD. Para a Coreia do Sul já foram enviados dois contratorpedeiros equipados com mísseis antiaéreos. Os EUA também enviaram para a Coreia do Sul um batalhão independente de defesa química, biológica e nuclear que tinha sido retirado em 2004.

A Coreia do Norte, entretanto, anunciou que se está preparando para retirar os 53 mil trabalhadores norte-coreanos da zona econômica livre fronteiriça de Kaesong. Desde ontem, o acesso dos especialistas sul-coreanos a zona está impedido. Essa medida irá apenas agravar os problemas econômicos da Coreia do Norte, declarou no dia 3 de abril a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano Victoria Nuland:

“Não é a primeira vez que a Coreia do Norte declara a interdição do acesso dos colaboradores sul-coreanos ao complexo industrial de Kaesong. Essas proibições têm sempre e em primeiro lugar resultado em prejuízos para a própria Coreia do Norte, cortando a entrada adicional de meios financeiros na sua economia. Especialmente se considerarmos a grande quantidade de norte-coreanos que lá trabalha. Nós consideramos que isso vai levar ao aumento do isolamento do país.”

Pyongyang iniciou a recuperação de um reator no centro nuclear de Yongbyon cuja exploração poderá ser iniciada dentro de várias semanas, muito mais cedo que o esperado. O reator, com capacidade para produzir plutônio para fins militares, foi parado em 2007, segundo um acordo celebrado entre a Coreia do Norte e a comunidade internacional. De acordo com informações norte-americanas, em Yongbyon estão armazenados pelo menos 8 mil varetas de combustível. Essa quantidade de material é suficiente para fabricar oito ogivas nucleares.

by http://portuguese.ruvr.ru

Coreia do Norte pode lançar míssil Musudan em 15 de abril


5.04.2013, 15:57, hora de Moscou

Coreia do Norte, Musudan, míssil, teste, lançamento
AFP

A deslocação de mísseis balísticos Musudan para a costa leste da Coreia do Norte explica-se, provavelmente, pela necessidade de fazer testes e não pela intenção de realizar um ataque, afirma o canal de televisão CNN, citando fontes estadunidenses bem informadas.

Atualmente, os EUA estão tentando detetar a plataforma de lançamento camuflada ou lançadores, revelou a fonte. Segundo dados disponíveis, os Estados Unidos estão preocupados com o fato de o lançamento ser inevitavelmente efetuado em direção ao Japão.
Segundo o diretor do programa de não proliferação no Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres, Mark Fitzpatrick, olançamento poderá ser dedicado ao aniversário do fundador da Coreia do Norte, Kim Il-sung, celebrado em 15 de abril.

Mistério da morte de Berezovsky continua sem respostas







mortes, Reino Unido, política, Kremlin
EPA

Talvez não saibam quem foi Boris Berezovsky. Este homem acaba de morrer em Londres e continuamos sem saber se se suicidou ou se alguém o assassinou. Digamos que Boris Berezovsky foi uma das figuras mais ricas e influentes da Rússia antes do atual presidente Vladimir Putin chegar ao poder.



Oligarca, grande mestre de jogos políticos, "fazedor de presidentes", "padrinho do Kremlin", "Rasputin do Kremlin", "encarnação do Mal" – estes são apenas alguns dos apelidos que ele ganhou nas últimas décadas.

A sua morte caiu como uma bomba na Rússia e na Grã-Bretanha. O maior inimigo do atual presidente russo morreu, mas a polêmica sobre o que realmente aconteceu na manhã do último dia 23 de março, nos arredores de Londres, onde vivia exilado, continua dia após dia: são várias as versões da sua morte e poucas as informações fornecidas pela polícia britânica.

Uma vida excepcional

Boris Berezovsky, de origem judaica, conseguiu, durante a presidência de Yeltsin, nos anos 90, ditar as suas regras do jogo quer na Rússia, quer nos países pós-soviéticos. Ele foi um dos primeiros capitalistas russos a fazer uma enorme fortuna com a promiscuidade entre a política e os negócios. São muitos os que dizem que Boris Yeltsin só conseguiu ser reeleito em 1996 graças ao oligarca. Também teria sido precisamente ele quem sugeriu o atual presidente russo como "sucessor" de Yeltsin. No fim dos anos 90, Boris Berezovsky era um dos maiores magnatas da mídia na CEI e sabia que o controle da imprensa lhe trazia dinheiro e poder.

Só que, em 2000, o atual presidente russo iniciou uma guerra aos oligarcas. Boris Berezovsky, tal como muitos outros, fugiu para Londres, onde obteve o estatuto de refugiado político, se tornando no maior crítico e inimigo do Kremlin.

A sua morte tem provocado inúmeras especulações.

Antes de analisar as versões sobre as causas da morte, vejamos alguns fatos sobre o que aconteceu nesse dia e alguns dias antes.

Uma morte insólita

O empresário foi encontrado morto no sábado de manhã às 9:30 na mansão de Ascot onde vivia, pertencente à sua ex-mulher, no banheiro, que estava fechado por dentro. Segundo a polícia, não havia sinais de violência e Berezovsky tinha um pedaço de tecido à volta do pescoço, havendo outro pedaço na haste do chuveiro. A única testemunha foi o guarda-costas, um ex-veterano da Mossad, que encontrou o corpo por volta das 15:00, altura em que chegou à casa. Todos os outros guarda-costas haviam sido dispensados por Berozovsky algumas semanas antes. Não havia qualquer carta de despedida, não tendo a polícia encontrado vestígios de quaisquer pessoas estranhas em casa. A câmera de vigilância do local também não registrou ninguém suspeito a sair ou entrar na casa. Segundo diversas fontes, o oligarca estaria deprimido por ter perdido recentemente diversos processos judiciais e teria dificuldades financeiras.

Tudo aponta para uma tese de suicídio. Mas teria sido isso mesmo que aconteceu?

O mais interessante nisto tudo é que, logo a seguir à morte, as autoridades russas anunciaram que Boris Berezovsky teria, há alguns meses, escrito uma carta a Vladimir Putin, onde se desculpava pelos erros antigos e pedia autorização para regressar à Rússia.

Embora a última namorada do oligarca, Katerina Sabirova, de 23 anos, tenha confirmado o envio da carta, o assessor de imprensa do presidente russo, Dmitri Peskov, já disse que a esta nunca será publicada, o que leva muitos a pôr em dúvida a sua existência.

A própria filha de Berezovsky, Lisa, nega veementemente que o pai tenha escrito tal carta, "porque isso seria totalmente o contrário do que ele fez a vida toda. Seria a última coisa que ele faria".

Suicídio ou assassinato?


Digamos que a opinião pública se divide em dois campos: os que acreditam no seu suicídio e os que julgam que possa ter sido assassinado.

Há até quem diga que o oligarca possa ter repetido o destino de Alexander Litvinenko, alegadamente morto com polônio radioativo por alguém ligado aos serviços secretos russos.

A ideia principal que pretendemos tratar é que Boris Berezovsky nem se suicidou nem foi assassinado. O oligarca pode ter encenado a sua morte, com o conhecimento dos serviços secretos ingleses, porque era a única saída vantajosa para ele.

Todos os elementos do enorme puzzle que a imprensa russa e inglesa nos faz chegar diariamente desde sábado se conjugam para este final lógico: só uma morte encenada está psicologicamente de acordo com a personalidade de Berezovsky e com os seus atos nas últimas semanas. Afirmando-se "cansado", só uma "morte" encenada lhe permitiria resolver todos os seus problemas jurídicos, financeiros e o deixaria viver em paz.

Vejamos os fatos que se conjugam com uma morte


 encenada e não se conjugam com as outras versões.

Primeiro, de acordo com a última namorada, Ekaterina Sabirova, ele nunca falou de suicídio mas disse um dia: "Imagina, se eu deixar de existir, todos os problemas desaparecerão logo". Mesmo assim, ela afirma que não entendeu estas palavras como desejo de suicídio. Para além disso, todos os amigos e pessoas próximas, conhecendo-o bem, são unânimes em não acreditar que se tenha suicidado. Na véspera ele passou o dia a falar ao telefone, combinou com Ekaterina encontrar-se com ela em Tel-Aviv, deu indicações para marcação de hotel, conversações de negócios, etc.

Nessas conversas telefônicas, os amigos afirmam ouvir um Berezovsky enérgico, cheio de entusiasmo, com planos para o futuro.

Boris Berezovsky teve pelo menos dois encontros com jornalistas nos últimos dias antes da "morte", o que não é compatível com uma pessoa com depressão grave. Na última, apenas algumas horas antes de "morrer", ele afirma-se cansado da política e diz que gostaria de voltar ao país de origem. Parece pois, que não desejava continuar o seu combate contra a Rússia.

A tese de assassinato, seja por alguém ligado aos serviços secretos, seja por algum dos seus inúmeros inimigos no meio empresarial, não encontra nada concreto que a suporte: a polícia britânica, depois de detalhada investigação do local, afirmou não haver sinais de violência e não apresentou quaisquer dados ou provas compatíveis com assassinato.

Alguns meses antes da "morte", entre outubro de 2012 e março deste ano, a companhia de investimento Salford Capital Partners liquidou as empresas offshore de Boris Berezovsky, o que pode ter proporcionado ao oligarca 300 milhões de dólares. Este fato não é muito compatível com a tese de suicídio devido a dificuldades financeiras.

Berezovsky tinha de fato problemas nos tribunais ingleses: ele não chegou a entregar aos investigadores britânicos as suas declarações sobre o processo de Alexander Litvinenko, morto em Londres em 2006 e seu antigo colaborador. Neste processo devia ser analisada a sua implicação na morte de Litvinenko. O juiz havia recomendado que Berezovsky entregasse as suas declarações por escrito até ao dia 22 de março. No dia seguinte, Berezovsky "morreu". Convenhamos que a "morte" foi uma forma muito oportuna de resolver o problema.

Relações com os serviços secretos ingleses

Eram do conhecimento público as relações estreitas de Berezovsky com os serviços secretos ingleses. Ora estes não teriam interesse na morte do oligarca, nem o deixariam facilmente regressar à Rússia, uma vez que ele dispunha de muita informação confidencial sobre diversas figuras da atual elite política e empresarial russa, bem como sobre muitos processos ocorridos durante as "revoluções de veludo" na CEI, que ele financiou. Pelo contrário, foram as autoridades inglesas que há alguns anos lhe deram uma nova identidade (Platon Lebedev), pela qual é conhecido nos tribunais ingleses e com base na qual chegou a visitar a Geórgia e outros países da CEI, não obstante a Rússia fazer tudo para a sua extradição. Seria difícil ao MI-6 simular a morte de Berezovky, proporcionar-lhe uma nova identidade em troca de informação sensível sobre a Rússia? Não seria naturalmente difícil, bem como "orientar" a investigação da polícia britânica no sentido pretendido.

Onde está a foto?

O argumento mais curioso desta versão é o comportamento lacônico e contraditório da polícia inglesa: NÃO há ainda qualquer foto do falecido, as autoridades não falam com os jornalistas, remetendo-os para breves informações no site da entidade.

Ao que tudo indica, Boris Berezovsky, considerado culpado de fraude na Rússia e condenado à revelia a muitos anos de prisão, pode até ter escrito alguma carta ao presidente russo mas quase de certeza que não lhe pediu perdão porque sabia o que o esperava se voltasse a Moscou. Como escreveu um jornalista, "só idiotas podem acreditar no arrependimento de Bererzovsky". Não julgo que serviços secretos russos tenham tido ligação à sua "morte", uma vez que a atividade política do empresário em Londres tinha diminuído ultimamente e já não representava perigo para Moscou, especialmente depois de ter perdido em Londres um grande processo judicial contra Roman Abramovich. Berezovsky tinha até declarado a sua desilusão com os políticos ocidentais, que não entenderam as suas ações para "desmascarar Putin" e continuavam a apertar a mão ao presidente russo.

Por fim, Berezovsky tinha uma característica que muitos sublinham: ele era (ou é) um jogador nato, fazia as suas combinações financeiras e políticas não por desejo de dinheiro e poder mas porque gostava do jogo. Nunca poderia ele ter reconhecido o seu fracasso. Num dos últimos programas da TV russa sobre a sua "morte", programa no qual aliás também participou Andrei Lugovoi, alegado autor de envenenamento de Alexander Litvinenko, há um adjetivo aplicado a Berezovsky que é repetido por quase todos os intervenientes: grande mistificador.

Há poucos dias, a filha mais velha de Berezovsky, Lisa, disse em Londres, onde também reside, estar certa de que o pai "deixou algumas surpresas, que deixarão todos estupefatos".

O grande mistificador pode ter simulado a sua morte como a última cartada de um jogador cansado, mas não vencido.

by http://portuguese.ruvr.ru
4.04.2013, 15:27, hora de Moscou

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