segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Genoino: ‘Não vou para prisão de cabeça baixa’

À espera do veredicto do STF, o ex-presidente do PT José Genoino deixou impressionado um colega de partido que foi à casa dele para prestar solidariedade. O correligionário imaginara que encontraria um amigo abatido. Deu-se o oposto.


Ante a perspectiva de ser sentenciado à pena de prisão, Genoino disse ao companheiro: “Não vou para a cadeia de cabeça baixa.” Considera que, na hipótese de confirmação do pior cenário, será vítima de uma “punição injusta.”

Por quê? “Não corrompi ninguém e não enriqueci”, afirmou Genoino. A conversa ocorreu antes do cateterismo a que o ex-deputado submeteu-se há seis dias. O exame afastou o risco de uma receada cirurgia cardíaca.

Para desassossego do interlocutor, a suspeita de complicações coronanianas não havia apartado Genoíno do vício do fumo. Atravessou quase toda a conversa com o cigarro entre os dedos.

O julgamento do mensalão será retomado nesta segunda (24). O revisor Ricardo Lewandowski dará sequência à leitura do pedaço do seu voto que trata dos políticos e prepostos que receberam dinheiro das valerianas arcas.

Estima-se que Lewandowski concluirá o voto apenas na sessão de quarta (26), empurrando a manifestação dos demais ministros para quinta (27). Vencida essa etapa, o Supremo se debruçará sobre a segunda ‘fatia’ desse capítulo do processo.

Envolve Genoino, José Dirceu e Delúbio Soares. São acusados de corrupção ativa. Pesa contra os três também a acusação de formação de quadrilha. Mas essa imputação só será julgada noutro capítulo.

No caso de Genoino, a defesa suspenta que ele não respondia pelas finanças do PT na época em que presidia a legenda. Cuidava de política, não de dinheiro. Nessa versão, o caixa era da responsabilidade do então tesoureiro Delúbio. Porém…

Genoino assinou como avalista um dos empréstimos do Banco Rural que o STF já tachou de “fictício”. Sustenta-se na peça acusatória da Procuradoria da República que ele tinha plena ciência da origem fraudulenta e do destino criminoso das verbas.

Ex-guerrilheiro do PCdoB no Araguaia, Genoino foi preso em abril de 1972. Sob a ditadura militar, puxou cinco anos de cana. Orgulha-se desse pedaço de sua biografia. Confirmando-se o revés no STF, pode retornar ao cárcere por motivos menos ideológicos e nada dignificantes.

by - Josias de Souza

Aqui é tudo alegria: quem ganha 291 reais por mês virou classe média

Se o caro leitor não puder almoçar seu arroz com feijão, salada, bife e sobremesa, resolva o problema com uma folha de alface, duas ervilhas e um grão de milho. Pode não ser satisfatório, mas o caro leitor não deixou de almoçar.

Se o caro leitor ganha muito pouco e está abaixo da linha da pobreza, resolva o problema com as estatísticas do governo federal: de acordo com a Secretaria de Assuntos Estratégicos da presidente Dilma Rousseff, quem ganha mais de 291 reais por mês integra a classe média.

Assim foi possível fazer com que 35 milhões de brasileiros se alçassem à classe média nos dez anos de governo petista.

É simples assim: uma pessoa não precisa ganhar mais de dez reais por dia para entrar na classe média. Um casal que ganhe, em conjunto, 582 reais por mês será também de classe média.

Pronto: no Brasil, só é pobre quem quer.

Mas há limites para ser de classe média. Quem ganhar a partir de 1.019,10 reais por mês será de classe alta. A história de achar que classe alta é coisa para Eike Batista está errada: neste país em que se plantando tudo dá (especialmente notícias), até professor, mesmo ganhando o que ganha, pertence à classe alta.

O pessoal que tem recursos para comprar deputado mensaleiro, dar carona de jatinho a quem toma decisões sobre concorrências, fotografar a esposa usando sapatos de sola vermelha, esse nem chega a ter classificação.

Político corrupto, dos que trocam apoios por Ministérios, está tão alto que a verdade se restabelece sozinha: este não tem classe, nem categoria.

A classe média (de verdade) paga a conta.
by - Carlos Brickmann

Imperdível: Lula e Dilma tecendo loas ao mensaleiro João Paulo Cunho, condenado à cadeia pelo STF como corrupto




A maneira Petralha de governar


Mensalão: a hora do chefe da quadrilha se aproxima

Ex-ministro da Casa Civil afirma que não há provas contra ele; os autos, entretanto, demonstram o papel do petista na engrenagem do esquema


José Dirceu, o chefe da quadrilha do mensalão

José Dirceu, o chefe da quadrilha do mensalão
"A atuação voluntária e consciente do ex ministro José Dirceu no esquema garantiu às instituições financeiras, empresas privadas e terceiros envolvidos que nada lhes aconteceria, como de fato não aconteceu até a eclosão do escândalo"
O julgamento do processo do mensalão está perto de encerrar o seu segundo mês. À medida em que o Supremo Tribunal Federal (STF) se aproxima do núcleo central da denúncia, ficam cada vez mais claras as digitais do homem que o Ministério Público Federal aponta como chefe da engrenagem de corrupção: José Dirceu.
O petista passou os últimos sete anos dizendo que não há provas do seu envolvimento com o mensalão. Alega que só foi denunciado por razões políticas, repisando a fastidiosa fábula de que o mensalão foi uma tentativa de golpe contra o governo Lula. Mas o discurso, macaqueado por petistas Brasil afora, se desmancha a cada sessão do julgamento no Supremo. E a hora de Dirceu se aproxima no tribunal.
Na derradeira tentativa de escapar da cassação, Dirceu usou a tribuna da Câmara para alardear que não tinha influência na máquina petista: "Não participei das decisões da direção nacional do PT, da Executiva, não era membro. A sede do PT nacional em Brasília e em São Paulo têm paredes, telefones, assessores, funcionários, seguranças, motoristas. Vossas Excelências me conhecem e sabem que, se tivesse participado de tais atos, teria decidido, teria deliberado, todos saberiam da minha participação. Não vou assumir o que não fiz! Não vou". 
Mas a verdade é que o todo-poderoso ministro da Casa Civil de Lula era, sim, a figura mais influente dentro da máquina partidária - inclusive porque era o homem mais importante da corrente que dominava o partido, o Campo Majoritário. Centralizador, não ignorava as operações financeiras temerárias realizadas com o esforço da dupla Delúbio Soares e Marcos Valério. Também exercia um rigoroso controle das atividades do governo. Encarregava-se da articulação política com o Congresso, a razão para o advento do esquema de compra de votos. 
Além disso, o aval de Dirceu às instituições financeiras envolvidas na denúncia foi essencial para a montagem do mensalão - Delúbio Soares, sozinho, não tinha garantias a oferecer. É o que diz a Procuradoria-Geral da República: "A atuação voluntária e consciente do ex ministro José Dirceu no esquema garantiu às instituições financeiras, empresas privadas e terceiros envolvidos que nada lhes aconteceria, como de fato não aconteceu até a eclosão do escândalo, e também que seriam beneficiados pelo governo federal em assuntos de seu interesse econômico, como de fato ocorreu".
Mas não é só a influência de Dirceu e a chamada teoria do domínio do fato que apontam para a culpa do petista. Há outros elementos concretos ligando o petista à quadrilha - a despeito do que brada o réu.
Favores - Maria Ângela Saragoça é ex-mulher do petista. Mantém até hoje uma estreita ligação com José Dirceu. Em 2003, ela tinha objetivos: queria um emprego, vender seu apartamento e arranjar algum dinheiro emprestado para comprar um imóvel novo. Conseguiu os três por meio da intermediação de Marcos Valério: Maria Ângela passou a trabalhar no Departamento de Recursos Humanos do Banco BMG. Rogério Tolentino, sócio de do publicitário e também réu no processo, comprou o apartamento sem vê-lo. O Banco Rural liberou um empréstimo de 42 000 reais sem demora.  
Dirceu também se reuniu duas vezes com a cúpula do Banco Rural. Em uma delas, tratou da liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco - operação com potencial para auferir um ganho bilionário ao banco que ajudou a alimentar, com empréstimos fraudulentos, o valerioduto. E quem agendou as reuniões? Marcos Valério. O ministro ainda se encontrou com a direção do BMG em fevereiro de 2003. Três dias antes, o banco havia repassado 2,4 milhões de reais ao valerioduto. Cinco dias depois, foram outros 12,2 milhões. Quem levou Guimarães à Casa Civil? Marcos Valério.
Segundo o Ministério Público Federal, Dirceu também enviou Valério e Tolentino até a Portugal Telecom para negociar a obtenção de 8 milhões de euros para o pagamento de uma dívida do PT. O petista, por outro lado, esteve presente nas negociações do grupo português para adquirir a Telemig. A negociação com o grupo lusitano fracassou. Antes disso, entretanto, Dirceu ainda recebeu Miguel Horta, presidente da Portugal Telecom, na Casa Civil. Marcos Valério participou do encontro. 
Os ministros do Supremo Tribunal Federal devem analisar as acusações contra Dirceu em duas semanas. Os fatos colocam o petista no cenário do crime, ao lado dos outros integrantes da quadrilha.
by - Gabriel Castro

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