domingo, 15 de julho de 2012

Para os que têm nojo do Lula


Os candidatos fazem suas contas a partir da PUBLICIDADE.
A PUBLICIDADE faz as contas a partira das ESTATÍSTICAS.
Se 51% das pessoas anulam os votos TODOS SABERÃO QUE 51% vão ir CONTRA TUDO QUE FIZEREM, NÃO VÃO COMPRAR NADA DELES, NÃO VÃO APOIAR E VÃO CONTRA ELES SEMPRE QUE PUDEREM.
No sistema eleitoral corruPTo que temos ANULAR significa que ANULAMOS ÊLES.
Já que vocês não têm uma ideia de concordar com um partido hegemônico LIBERAL então resta apenas dizer NÃO.
É certo que não vai mudar nada, mas nada do que vocês propõem tampouco vai mudar qualquer coisa
A verdade é que vocês não querem mudar nada ou vocês também perderão a sua "utilidade" em produzir o "voto útil", em divulgar a noção do voto "no menos ruim" e assim, produzir uma identidade do povo com o que está aí, pois, afinal, "não dá para mudar nada mesmo", então, "vota no menos ruim" ou "vota no trabalhador" porque "não tem opção melhor".
ANULAR O VOTO É DIZER NÃO porque é TUDO o que podemos fazer NA URNA.
Antes da URNA temos a responsabilidade de fazer uma PROPOSTA ALTERNATIVA ao que está aí.
Eu tenho.
Precisamos fundar um PARTIDO LIBERAL BRASILIANO - PLB, para reunir os LIBERAIS e os que não sejam contra os LIBERAIS. Precisamos de uma PARTIDO LIBERAL que seja hegemônico no campo do LIBERALISMO e onde as pessoas que concordam com a mudança na direção do LIBERALISMO possam se reunir para produzir uma MUDANÇA.
Precisamos fazer o Foro Liberal para se contrapor ao Foro de São Paulo e produzir as propostas e a MILITÂNCIA LIBERAL em contra-ponto ao marxismo, mas não porque sejamos um mero contra-ponto, e sim porque somos LIBERAIS e isto significa que prezamos as LIBERDADES E OS DIREITOS INDIVIDUAIS ACIMA DE TUDO.
Então, VOTA NULO ATÉ VOCÊ PODER TER SEU PARTIDO E VOCÊ CONCORRER.
Ou você FAZ ou alguém FAZ POR VOCÊ, mas você não ganha nada com isto.
ANULAR O VOTO É UMA ATITUDE, é a única possível no momento da eleição e a construção de uma alternativa é um trabalho de tempo integral para o tempo ENTRE AS ELEIÇÕES.
Renovo o convite para participar da mudança em

by Marcio Carneiro

Bem assim. by Deise


PF afirma em relatório que Delta deu dinheiro a Perillo para liberar faturas no governo de Goiás



Há 17 dias, o Núcleo de Inteligência da Polícia Federal enviou à Procuradoria Geral da República um relatório confidencial de 73 páginas. Adornado com 169 diálogos captados por meio de grampos telefônicos, o documento estabelece vínculos monetários entre a construtora Delta e o governador tucano de Goiás Marconi Perillo. No meio do caminho, como elo de ligação entre as partes, aparece o pós-bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Deve-se a divulgação do conteúdo da peça da PF aos repórteres Diego Escostecguy, Murilo Ramos e Marcelo Rocha. A tróica informa que, de acordo com os achados da PF, a Delta firmou um compromisso com Perillo: para receber faturas emitidas contra o governo de Goiás, a empreiteira dava dinheiro ao governador. A nebulosa operação de venda da casa de Perillo num condomínio chique de Goiânia fez parte do acerto.

A íntegra da notícia pode ser lida aqui. Em essência, revela que, guiando-se pelos indícios colecionados ao longo da Operação Monte Carlo, a PF chegou a cinco conclusões:

1. Assim que assumiu o governo de Goiás, no ano passado, Perillo e a Delta fecharam, segundo a expressão da PF, um “compromisso”. Coisa intermediada por Cachoeira. Para que a Delta recebesse em dia o que o governo de Goiás lhe devia, teria de pagar Perillo.

2. O primeiro acerto envolveu a casa onde Perillo morava. Ele queria vender o imóvel e receber uma “diferença” de R$ 500 mil. Embora tenham regateado os valores, Cachoeira e a Delta toparam. Os pagamentos viriam por meio de cheques de laranjas, em três parcelas.

3. Perillo recebeu os cheques do esquema Cachoeira-Delta. Os pagamentos foram feitos entre março e maio do ano passado. O dinheiro fazia o seguinte caminho: saía das contas da Delta, passava por empresas fantasmas de Cachoeira e, só depois, chegava a Perillo. Na sequência, o governo de Goiás pagava as faturas à Delta.

4. A Delta entregou a um assessor de Perillo a “diferença” de R$ 500 mil embutida no valor da casa.

5. A direção nacional da Delta tinha conhecimento do acerto e autorizou os pagamentos.

Procurada, a Delta alegou desconhecer os elos de sua filial no Centro-Oeste com a turma de Cachoeira. Em nota, escreveu: “Empresas de construção civil que atuam no setor público, como a Delta, precisam zelar e velar pelo recebimento pontual e em dia dos compromissos assumidos a fim de não ocorrer solução de descontinuidade nas obras”. Acrescentou que tem prestado esclarecimentos necessários aos órgãos instituídos.

Perillo absteve-se de comentar os detalhes contidos no document da PF. Também emitiu uma nota. No texto, diz que “prestou, por meses a fio, todos os esclarecimentos solicitados pela imprensa, pela sociedade e pela CPI”. Criticou o deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da CPI do Cachoeira. Disse que o deputado quer transformar a CPI numa “comissão de investigação do governador Marconi Perillo”.

Acrescentou que, “no exaustivo crivo a que foi submetido, nenhum fato se encontrou que possa desabonar sua biografia de cidadão ou de homem público. Ao contrário, a Receita Federal, por exemplo, emitiu nota técnica na qual atesta que o patrimônio do governador é compatível com seus rendimentos.”

Portanto, finaliza a nota “o governador Marconi Perillo informa que, considerando já devidamente esclarecidos os assuntos de fato relevantes, não se pronunciará mais a respeito de questões atinentes a sua vida privada, reservando essa providência, como é natural, unicamente para os assuntos relacionados a suas atividades como governador do Estado.” Integrantes da CPI já falam em reconvocar o governador.

by blog do Josias de Souza

Parem tudo! Parem as eleições! Parem o mundo!



Segundo a imprensa local, os presidentes nacionais dos partidos PT e PMDB, decidiram como prioridade nacional a eleição de Lúdio Cabral (PT), que tem vice do PMDB, à prefeitura de Cuiabá.
Vocês sabem né? Cuiabá é uma cidade estratégica, tem zilhões de eleitores, incrível poder financeiro, políticos influentes em todo o país. Imaginem vocês, Cuiabá terá até VLT.
Francamente! Ou Rui Falcão, presidente do PT, mentiu (o que não é difícil acontecer) e Ludio acreditou. Ou a assessoria de Ludio mentiu para a imprensa e a imprensa simpática e vislumbrando uma candidatura que tem o vice um representante do governo estadual, quis acreditar.


(Na imagem, manchetes de alguns dos principais sites de MT)


by Prosa e Politica

Por que a imagem da vagina provoca horror? Diante da origem do mundo, ela deu um grito



Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de um romance - Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). E codiretora de dois documentários: Uma História Severina e Gretchen Filme Estrada. elianebrum@uol.com.br
@brumelianebrum (Foto: ÉPOCA)

Muitos anos atrás, não sei precisar quantos, deparei-me com o quadro A origem do mundo (L’Origine du Monde, 1866) e me encantei. Nele, o francês Gustave Courbet pinta uma vagina. Cheguei a ela desavisada e fui tomada por uma sensação profunda de beleza. Forte o suficiente para sonhar, deste então, com a compra de uma reprodução, um plano sempre adiado. Quando passei a trabalhar em casa, há dois anos, desejei ainda mais ter o quadro na parede do meu escritório, onde reúno tudo aquilo que me apaixona em um pequeno universo perfeito e só meu. No último aniversário, em maio, meu marido me deu a reprodução de presente. Só na semana passada, porém, o quadro chegou da vidraçaria onde fez escala para receber moldura. Então, algo inusitado aconteceu.

Ouvi um grito:

- É o fim do mundo!

Eu estava no quarto e saí correndo, alarmada, para ver o que tinha acontecido. Encontrei Emilia, a mulher que limpa nossa casa uma vez por semana, com o rosto tomado por um vermelho sanguíneo, diante de A origem do mundo, que, ainda sem lugar na parede, jazia encostado em um armário.

- É o fim do mundo! – gritava ela, descontrolada. – Nunca pensei ver algo assim na minha vida! Eliane, que coisa horrível!

Meio atordoada, eu repetia: “Não é o fim do mundo, é o começo!”. E depois, sem saber mais o que fazer para acalmá-la, me saí com essa estupidez: “É arte!”. Como se, por ser “arte”, ela tivesse de ter uma reação mais controlada, quando é exatamente o oposto que se espera. Beirando o desespero diante do desespero dela que eu não conseguia aplacar, apelei: “Mas, Emilia, metade da humanidade tem vagina – e a humanidade inteira saiu de uma vagina! Por que você acha feio?”.

O fato é que, para Emilia, era o fim do mundo – e não o começo. Tentei fazer piada, mas percebi que a perturbação não viraria graça. A questão para ela era séria – e ela só não pedia demissão porque trabalha há 12 anos comigo e temos um vínculo forte. Naquele dia, Emilia despediu-se incomodada e passei a temer que talvez ela não suporte olhar para o quadro a cada quinta-feira.
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Por que Emilia, uma mulher adulta, que me conta histórias escabrosas da vida real, se horrorizou com a visão de uma vagina? Por que eu me encantei com a visão de uma vagina? Quando vivo uma experiência de transcendência, em geral eu não quero saber sobre a história da pintura que a produziu, porque temo perder aquilo que é só meu, a sensação única, pessoal e íntima que tive com aquela obra. É uma escolha possivelmente besta, mas faz sentido para mim. Por isso, eu quase nada sabia sobre “A origem do mundo”, para além do fato de que eu a adorava. Só no ano passado, ao ler um pequeno livro sobre um dos grandes nomes da história da psicanálise, o francês Jacques Lacan, soube que ele foi o último dono da pintura. Nos anos 90, sua família doou o quadro para o Museu D’Orsay, em Paris, onde está desde então.

Graças ao estranhamento de Emilia, transtornada que foi pela experiência artística quando se preparava para passar o pano no chão, fui levada a um percurso inesperado. Descobri que A origem do mundo causa escândalo desde que foi pintada. E agora quem está horrorizada sou eu, mas pela ausência de horror em mim diante do quadro. Por quê? Por que eu não sinto horror? O que há de errado comigo que não sinto horror?, cheguei a me perguntar. De repente, nossas posições, a minha e a de Emilia diante do quadro, inverteram-se. Eu, que não compreendia o horror dela, passei a suspeitar do meu não horror.

Eis uma breve trajetória da obra. A origem do mundo foi encomendada a Courbet, um pintor do realismo, por um diplomata turco chamado Khalil-Bey. Colecionador de imagens eróticas, ele pediu um nu feminino retratado de forma crua. E Courbet lhe entregou um par de coxas abertas, de onde despontava uma vagina após o ato sexual. A obra teria sido instalada no luxuoso banheiro do milionário, atrás de uma cortina que só se abria para revelar o proibido para uns poucos escolhidos. Khalil-Bey teria perdido a pintura em uma dívida de jogo, momento em que a tela passa a viver uma série de peripécias.

O quadro teve vários donos e, ao que parece, todos o escondiam atrás de uma cortina ou de uma outra pintura. Na II Guerra Mundial, algumas versões afirmam que chegou a ser confiscado pelos nazistas do aristocrata húngaro ao qual pertencia. Em seguida, passou uma temporada nas mãos do Exército Vermelho. Até que, após uma acidentada jornada, em 1954 foi comprado por Lacan e instalado na sua famosa casa de campo.

Até mesmo Lacan, um personagem pródigo em excentricidades e sempre disposto a chocar as suscetibilidades alheias, ocultava o quadro com uma outra pintura, encomendada ao pintor surrealista André Masson com esse objetivo. Como uma porta de correr, esse “véu” retratava uma vagina tão abstrata que só um olhar atento a adivinhava. Apenas visitantes especiais ganhavam o direito de desvelar e acessar a vagina “real”. Segundo Elisabeth Roudinesco, a biógrafa mais notória de Lacan, o psicanalista gostava de surpreender os amigos deslocando o painel. Anunciava então “A origem do mundo”, com a seguinte declaração: “O falo está dentro do quadro”. Boa parte dos intelectuais apresentados à tela ficava, como Emilia, bastante incomodada.

Por quê?

Que há algo perturbador no órgão sexual feminino não há dúvida. Até nomeá-lo é um problema. Vagina, como tenho usado aqui, parece excessivamente médico-científico. É como pegar a língua com luvas cirúrgicas. Boceta ou xoxota ou afins soa vulgar e, conforme o interlocutor, pejorativo. É a língua lambuzada pelo desejo sexual – e, por consequência, também pela repressão. Não há distanciamento, muito menos neutralidade possível nessa nomeação. É uma zona cinzenta, entregue a turbulências, e a palavra torna-se ainda mais insuficiente para nomear o que Courbet chamou de “A origem do mundo”. Para Lacan, “o sexo da mulher é impossível de representar, dizer e nomear” – uma das razões pelas quais teria comprado o quadro.

Em busca de respostas para o horror de Emilia, que, por oposição, revela o meu não horror, naveguei por algumas interpretações do quadro – e da perturbação gerada por ele. Jorge Coli, historiador, crítico de arte e autor de um livro sobre Courbet para a editora francesa Hazon, assim comentou sobre A origem do Mundo, em um artigo publicado em 2007: “Parece-me a radicalização do processo de transformar a mulher em um objeto orgânico, pois ele esconde a cabeça (pensante) e os braços e pernas (elementos da ação). Vemos a ponta do seio e, sobretudo, o sexo”. Coli assinala que uma das questões do século XIX era a ameaça do desejo contida no feminino. Inerte, entregue à contemplação, a mulher não ameaçaria.

Em algumas manifestações escandalizadas, o fato de Courbet ter “reduzido” a mulher a um pedaço da anatomia foi considerado uma afronta. Uma mulher sem cabeça, sem braços, sem história. A pintura chegou a ser definida pelo escritor e fotógrafo francês Maxime Du Camp como um “lixo digno de ilustrar as obras do Marquês de Sade”. Análises mais psicanalíticas explicam o horror de quem olha pela castração. Diante do espectador, entre as coxas abertas da mulher se revelaria a ferida aberta, a falta, a impossibilidade de ser completo. As mulheres se horrorizariam pela constatação da castração, os homens pelo temor a ela. Se alguns olhares produzem pistas, outros reforçam apenas o incômodo que a obra produzia.

O efeito do quadro já foi tentado em fotografias de mulheres, em geral prostitutas, colocadas na mesma posição, mas o resultado revelou-se diverso. Ao transpor para a fotografia, não é mais a imagem de Courbet, mas outra. Até que, em 1989, uma artista francesa, Orlan, fez algo marcante – e com grande potencial para gerar polêmica – a partir da obra original. Ela reproduziu a pintura trocando a vagina por um pênis – ou a boceta por um caralho. E chamou-a de A origem da guerra. Olhar para essa imagem causa um estranhamento, especialmente porque a posição, deitada de costas, é muito mais íntima da mulher do que do homem. O pênis, no caso, se oferece ereto ao olhar, mas a partir de um corpo na horizontal, entregue.

É instigante, desde que a provocação não seja reduzida a um feminismo indigente, banalizado pela crença pueril do “a mulher gera a vida, o homem a morte”. A intenção de Orlan, segundo Roudinesco, era bem mais refinada. Ela “pretendia desmascarar o que a pintura dissimulava, realizando uma fusão da ‘coisa’ irrepresentável com seu fetiche negado”. Reivindicava então a “imprecisão do gênero e da identidade” que marca o nosso tempo, anunciando, por sua vez: “Sou um homem e uma mulher”.

O que se pode afirmar é que Courbet revelou o que está sempre coberto, oculto, escondido. No Carnaval brasileiro, por exemplo, como lembra a psicanalista Maria Cristina Poli em um artigo interessante sobre o feminino, tudo é exposto – e até superexposto – do corpo da mulher, menos a vagina. Mas a força do quadro não está só no “mostrar”. Há algo de incapturável e único na forma como Courbet mostrou o “imostrável”, já que a transposição da imagem para a fotografia não causa o mesmo efeito. E o que é?

Não sei.

A vagina pintada por Courbet é peluda como não vemos mais nos dias de hoje. A depilação quase total do sexo feminino tornou-se um popular produto de exportação do Brasil. Tanto que virou um dos significados da palavra “Brazilian” no renomado Dicionário Oxford: "Estilo de depilação no qual quase todos os pelos pubianos da mulher são retirados, permanecendo apenas uma pequena faixa central”. Pelo visto, a partir dos trópicos supostamente liberados e sexualizados, a vagina depilada virou um clássico contemporâneo.

Este é um ponto interessante. Ao primeiro olhar, a extração dos pelos serviria para revelar mais a vagina, mas me parece que este é mais um daqueles casos, bem pródigos na nossa época, em que se mostra para ocultar – a superexposição que ofusca e cega. A vagina sem pelos é uma vagina flagelada – e arrancar os pelos com cera é mesmo um flagelo. É também uma vagina infantilizada pela força. E é ainda uma vagina esterilizada, já que vale a pena lembrar que no passado recente essa depilação agressiva só acontecia nos hospitais para, supostamente, facilitar o parto. “Se não depilo totalmente, me sinto suja”, disse-me uma amiga. Suja?

Em janeiro de 2000, a atriz Vera Fischer exibiu sua vagina peluda em um ensaio fotográfico da revista Playboy. Causou furor. Falou-se na “Mata Atlântica”, na “Amazônia”, na “selva” onde sempre é perigoso penetrar. Havia algo de poderoso e incontrolável na vagina em estado “natural” de Vera Fischer, e a polêmica se fez. Era uma mulher não domesticada ali. Uma mulher adulta.

Não me parece – e nunca saberemos se tenho razão – que, se Courbet tivesse pintado uma vagina careca, ela teria causado tanto o horror de Emilia quanto o êxtase em mim. A vagina pintada por Courbet é uma vagina que revela. Mas o quê?

Não sei. A maravilha da arte é que ela nos transtorna sem a menor intenção de nos dar respostas – muito menos caminhos a seguir. A arte é sempre labiríntica. Não há sentimentos “certos” ou “errados” diante da expressão artística, há sentimentos apenas. Movimentos. Que nos levam por aí, aqui. É em respeito a essa ideia que decidi não colocar nenhuma imagem do quadro aqui, nem mesmo um link – ou um atalho – para a imagem na internet. A busca da origem do mundo é pessoal e intransferível. Assim como a decisão de buscá-la.

A obra de Courbet sempre foi oculta por uma outra pintura. Ou cortina. Exceto agora, que a exibição no museu deu a ela uma espécie de salvo-conduto, por ser ali “o lugar certo”. De algum modo, até então, a vagina mais famosa da História da Arte fora coberta por um véu – além do véu representado pela própria pintura.

Decidi não cobrir minha reprodução de A origem do mundo com uma burca. Vamos ver o que acontece.

by Eliane Brum

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