quarta-feira, 30 de novembro de 2011











Imagino ser a opinião do cronista. Por ser interessante postei. by Deise


Enviado por Janer @ 8:09 PM


Por outro lado, o conceito de infidelidade, tanto o expresso pela jornalista como o aceito pela psicanalista, é falso. Infidelidade não é ter relações com terceiros. Infidelidade é esconder essas relações do parceiro. Sempre fui polígamo e jamais me considerei infiel. Nunca escondi de minha mulher ou de minhas amigas minhas relações outras. Não se trata de apresentar um relatório detalhado, nada disso. Basta que a parceira – ou o parceiro – saiba que tais relações existem. Acho muito difícil, neste nosso mundo contemporâneo, manter relações monógamas. Difícil mas não impossível. Conheço algumas. Mas se contá-las nos dedos, me sobra um monte de dedos.

Mas o melhor – ou pior, conforme a ótica – vem adiante. A entrevistadora quer saber se a monogamia é uma experiência tão real quanto a traição. Responde o psicanalista:

As duas formas são construções sociais. O capitalismo trivializou a paixão, fez com que as pessoas se desiludissem em relação ao amor. Isso leva a pensar que as relações sexuais são algo que se compra no mercado só para levar a vida adiante. O capitalismo tenta dissuadir a criação de vínculos reais. E valoriza demais o prazer. E, para a psicanálise, o prazer é sempre um problema. Qualquer pessoa que te venda um prazer fácil está mentindo. Se o que queremos é prazer profundo, com troca entre pessoas, ele será difícil, cheio de conflitos.

Quando alguém condena o capitalismo, ipso facto está afirmando que na outra sociedade – a socialista – as coisas seriam diferentes. A deduzir-se de suas palavras, o amor só existe no mundo socialista. Como se no mundo socialista não houvesse sexo pago. O capitalismo tenta dissuadir a criação de vínculos reais? Mas que vínculos reais existiam no mundo socialista, que priorizava os vínculos com essa entidade abstrata, o Estado? O capitalismo valoriza demais o prazer? Ora, quem não valoriza o prazer? E, afinal, que há de mal em valorizar o prazer? Se para a psicanálise o prazer é um problema, este problema é dos psicanalistas. Phillips conclui suas sandices com uma chave de ouro: “se o que queremos é prazer profundo, com troca entre pessoas, ele será difícil, cheio de conflitos”.

Desde quando o tal de prazer profundo é difícil, cheio de conflitos? E por que há de ser difícil, cheio de conflitos? Adam Phillips é a mais viva demonstração de que, para um psicanalista, toda pessoa tem conflitos. Até mesmo quem tem prazeres profundos. Você está bem consigo mesmo? Não pode ser. Você deve estar cheio de conflitos. Ou então a psicanálise não teria sentido.

A entrevistadora quer saber “do que precisamos, afinal?”
De boas histórias que nos ajudem a viver. As únicas verdades úteis são as que nos ajudam a viver. Num relacionamento, o que você precisa é criar uma história na qual se sinta vivo com a outra pessoa.

Hoje, temos mais opções para criar essa história?

Não sei. A cultura liberal oferece mais escolhas do que havia antes. Mas o capitalismo cria a ilusão de que temos muitas escolhas, quando na verdade temos muito poucas.


Devo ser alguma espécie de monstro moral. Nunca precisei de boas histórias que me ajudassem a viver. Precisei, isto sim, de trabalho, de amigos e amigas. É o que dá algum sentido à vida, a esta vida que em si não tem sentido algum. Não consigo entender o conceito de verdades úteis. Verdade é verdade, seja útil ou inútil. Nunca precisei criar histórias para sentir-me vivo com outra pessoa. A outra pessoa me bastava, sem precisar de qualquer história.

Quanto a afirmar que no capitalismo temos poucas escolhas, isto é bobagem que nem merece ser comentada. No capitalismo, as escolhas são tantas que chegam a atordoar os pobres de espírito. Espanta ver a Folha dar tanto espaço a quem profere tantas bobagens.

PS - Falar nisso, trouxe de Paris dois livros sobre o embuste. Le Crépuscule d’une idole – l’affabulation freudienne, de Michel Onfray, e Le Livre noir de la psychanalyse – vivre, penser et aller mieux sans Freud, de vários autores, coordenados por Catherine Meyer. Provavelmente voltarei ao assunto. 


Ou não.

 

Exato. E digo por experiência própria, pois minha primeira consulta foi aos 16 anos. Pergunto-me até hoje o porquê fui a um psiquiatra aos 16 anos... Lembro que foi brilhante a ideia de uma meia irmã mais velha, que incutiu na cabeça da mãe que eu precisava. E lá fui eu, uma vez que ninguém era para discutir tal ordem. E conheci o Psiquiatra Nelson Pierini. Eu já trabalhava e duas vezes por semana ganhava à tarde para ir ao Nelson. Ele me abriu portas é verdade. Da mesma forma que me apresentou o meu melhor amigo por anos. O Diazepan Ad. Nao existe mais. E eu descobri a "delícia" da anestesia. E depois que misturado com álcool ficava melhor ainda... E aos 40 anos entrei numa Sala de Narcóticos Anônimos, para me livrar daquilo e conhecer a recuperação. Mas voltando às consultas. Devo a ele também meu diagnóstico de NEURÓTICA, graças a Deus. Caso contrário seria “PSICÓTICA”. Considerando as duas únicas opções, fico com a primeira, e agradeço todos os dias. Pois aos 16 anos, qualquer tipo de psicose seria perfeitamente detectável, ainda mais nos anos de 77...Era um dos melhores. E acabei brigando com meu psiquiatra, e me dei alta tempos depois. Depois deles vieram outros. E se foram 20 anos. O penúltimo me disse que eu jamais surtaria, pois não tinha o perfil. Pela minha história eu já teria surtado (este sempre foi meus único medos: morrer sem minha sanidade e sem meus dentes naturais). E o último eu perguntei que linha ele seguia. Ele me respondeu: a do trem. Depois parei de ir à consultórios, quando ele me disse que eu só surtarei talvez, um dia em que a realidade seja tão feia para mim, tão triste, que vou procurar algum lugar bom para ficar. Que eu surtaria, por um motivo que qualquer pessoa também surtaria. Dei-me finalmente alta dos consultórios de psiquiatras e psicólogos, embora continue achando uma benção. Mas não posso deixar de concordar com muitas bobagens que ouvimos. E ai eu discuto com eles e bato pé e digo que nao é assim. Ou seja, ir à um psiquiatra, é para usar medicação. Um psicólogo faz contigo terapia e nela está 50min de falaçada tua, e 10 de feedback. Acabas aprendendo a te ouvir. E com os anos basta apenas que aprendas a ouvir teu dialogo interno. Psicanalistas realmente tem o hábito, defeito ou qualidade de colocar pai e mãe no meio de tudo. Especialmente a mãe, cuja coitada é a escolhida. E nao tem realmente nada a ver. Meus pais jamais foram responsáveis por minhas escolhas, fizeram seu trabalho e nunca tive desejo erótico em relação a nenhum dos dois. Com minha independência pensante aos 16 anos, aprendi cedo a amar o coração e a alma. Não o corpo. Exatamente. Tinha ciúmes do coração e da alma de meus parceiros. Dela que não sinto cheiro, não abraço nem faço fricção. Morria de medo de perder o coração do meu então amado. Criei um caos: não consegui faze-lo ver que ele só tinha uma vida e que deveríamos tirar dela o tudo que pudéssemos. Ele por sua vez (talvez por ser homem...) entendia como eu nao ama-lo, uma vez que não tinha ciúmes. Eu tinha. Do que considerava mais precioso nele. Não ficamos juntos e outros vieram e eu sempre fiel à fórumla que jamais me arrependi de acreditar , como jamais me arrependi das escolhas que fiz. Neste momento começo a me arrepender de algumas. Mas aos 50 anos, eu tenho no mínimo mais 40 para passar a limpo o rascunho. by Deise

 



PSICANALISTA, MARXISTA E, NATURALMENTE, BURRO

Por Janer Cristaldo

Pior que um psicanalista, só um psicanalista marxista. Verdade que as duas doutrinas são incompatíveis. Mas nestes dias que me foram dados viver, em que há católicos-marxistas, publicitários de esquerda, médicos espíritas e professores universitários que acreditam em Deus – e pior, orientam teses -, nada mais me espanta.

Em entrevista à Folha de São Paulo, o psicanalista britânico Adam Phillips não pede licença para proferir bobagens.
Folha - Em Monogamia, o senhor diz que não há nada mais escandaloso do que um casamento feliz. Por quê?

Adam Phillips - O que amamos e odiamos num casamento feliz é ver nossos primeiros desejos e medos acontecendo na vida real. Toda criança começa seu desenvolvimento em uma relação monogâmica, com a mãe. E a maioria passa os primeiros 11, 15 anos da vida muito conectada a mãe e ao pai. É uma espécie de monogamia bissexual. Crescer é passar da necessidade de ter só uma pessoa para a necessidade de ter duas (mãe e pai) e a necessidade e a capacidade de se relacionar com várias.


Cá entre nós, que tem a ver relação com pai e mãe com monogamia bissexual? Como bom herdeiro de Freud, Philips não consegue escapar à tese idiota de que toda relação de um filho ou filha com os pais está eivada de sexualidade. Não existe psicanálise sem o complexo de Édipo ou Electra. É um dogma tão fundamental para a doutrina como a virgindade de Maria para a Igreja. A repórter pergunta então se, diante das dificuldades da monogamia, a solução não seria a infidelidade.

Adam Phillips - Sim. E pode dar certo, mas sempre com conflito. Todo mundo tem ciúme sexual, ninguém suporta dividir seu parceiro de sexo. Alguns dizem que suportam, mas é impossível. Se amamos e desejamos alguém, não queremos dividi-lo com outros.

Parece que o celebrado psicanalista nasceu lá pelo século XIX. Até pode ser que ninguém suporte dividir seu parceiro de sexo, mas a verdade é que todo mundo – ou pelo menos uma significativa maioria – acaba dividindo. As mulheres até podem se manter mais ou menos – mas não muito – fiéis, mas os varões sempre acabam pulando a cerca. Leia tudo. Beba na fonte.

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