Notícias do Dia Exonerado, ex-diretor de prisões de SC teme por sua segurança
05/11/2009
O ex-diretor do Departamento de Administração Prisional de Santa Catarina (Deap), Hudson Queiroz, afirma ter sido vítima de uma "retaliação" por parte dos delegados da Polícia Civil. Ele pediu exoneração do cargo nesta quarta-feira após as denúncias de tortura em presídios do Estado, exibidas no último domingo no programa Fantástico.
Queiroz foi ouvido por deputados da Comissão de Segurança Pública e de Direitos e Garantias Fundamentais na Assembléia Legislativa. Ele fez declarações contundentes, afirmou ter sido vítima de "ódio e retaliações" e ainda disse temer por sua segurança. Seu principal alvo foi o delegado Renato Hendges, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) catarinense. "Eu posso ser vítima tanto de bandidos quanto de agentes do Estado, é bom antecipar isso", disse aos parlamentares. "Tenho receio por mim e medo que armem algo contra meus filhos. Sou vítima do ódio que está imperando no delegado Renato Hendges".
A operação no presídio de São Pedro de Alcântara, o maior do Estado, foi realizada no início de 2008. Segundo o próprio Queiroz, agentes prisionais e policiais militares foram ofendidos e atingidos com água quente, urina e fios elétricos ligados a chuveiros.
As denúncias e imagens veiculadas abriram uma grande crise na segurança pública catarinense. Além da saída de Hudson e do bate boca com delegados de polícia, parlamentares ainda tentam instaurar uma CPI da Assembleia Legislativa. A situação já vinha bastante tensa há cerca de um mês, quando detentos foram retirados das delegacias e colocados diante do Centro de Triagem de Florianópolis, à espera de vagas.
Para Queiroz, a atitude estava vinculada a reivindicações salariais dos delegados. Por outro lado, Hendges argumentou que o fato estaria desvirtuando o assunto, que é a "tortura de presos". "O que nós fizemos em relação à transferência de presos da Central de Triagem foi cumprir uma sentença judicial, uma vez que as celas do local estavam interditadas e teríamos que pagar uma multa de R$ 10 mil por dia se mantivéssemos a situação", afirmou o policial.
No fim da tarde, os secretários de Segurança Pública, Roberto Benedet, e de Justiça, Justiniano Pedroso, estiveram na Assembleia e prestaram esclarecimentos aos deputados. Ambos defenderam o trabalho do ex-diretor do Deap, citaram números sobre o sistema prisional e se mostraram contrários à criação de uma CPI. "Não há motivos para uma CPI, já que existe um inquérito policial acontecendo. Todas as questões serão respondidas", disse Benedet. "Os fatos estão sendo investigados e não ficarão impunes".
O caso é investigado também pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, que determinou a abertura de procedimento regimental para acompanhar a denúncia relativa às torturas.
Fonte: Terra