8 de agosto de 2014
Marcelo Nakagawa é professor do Insper
Todos os pais são diferentes, mas almejam a mesma coisa para seus filhos: Que tenham sucesso no futuro. Mas cada um tenta fazer isso de um jeito.
Tem pai que já determina o futuro do filho, implícito ou explicitamente. Boa parte dos pais querem oferecer a melhor educação possível com um único objetivo: aumentar as chances de que se filho passe em uma boa faculdade e, por isso, tenha maiores chances de conseguir um bom emprego.
Pelo menos era isso que William Knight queria quando bancou os estudos do seu filho até que conseguisse seu MBA na Universidade de Stanford. O sonho do pai era que seu filho trabalhasse em algum escritório de contabilidade da cidade pois aquilo trazia status entre os seus amigos. Por isso, quando Philip, seu filho, disse que iria abrir um negócio, no início, William achou que era alguma pegadinha, pois já tinha discutido qual carreira seu filho seguiria. Só na terceira vez que Philip disse que seria empreendedor seu pai ficou sério e disse que estava muito aborrecido por ter feito tantos investimentos em vão. Phil Knight fundou a Nike.
Tem pai que quer que seu filho siga a tradição da família. George Walton Sr. tinha feito de tudo para que seu filho assumisse o negócio de venda de materiais de escritório da família na pequena cidade de Modesto (Califórnia, Estados Unidos). Estava prestes a conseguir isso quando seu filho, apaixonado por automóveis, sofreu um grave acidente automobilístico que o marcou profundamente sobre a importância da vida e de vive-la intensamente. E o negócio da família estava longe de representar isso. George Jr, o filho, largou tudo e foi estudar cinema, mesmo que seu pai achasse que passaria fome pois viveria de “arte”. George Jr. fundou uma produtora de filmes que batizou com o nome da família: LucasFilm.
Tem pai que é o exemplo. Steve adorava ficar com seu pai adotivo, Paul, pois aprendia muitas coisas. Aprendia a mexer no motor do carro, a consertar eletrodomésticos e sobre como casas eram construídas. Mas o que o marcou profundamente ocorreu quando ambos estavam construindo um armário e Paul tinha a preocupação em usar a melhor madeira em todas as partes do móvel: “Se você é um carpinteiro e está fazendo um belo armário com gavetas, não vai usar um pedaço de madeira inferior na parte de trás só porque as pessoas não o enxergarão, pois ele estará virado para a parede. Você sabe que está lá e, então, usará um pedaço de madeira bonito ali. Para você dormir bem à noite, a qualidade deve ser levada até o fim” – explicou ao filho, Steve Jobs.
Tem pai que é professor. Ensinam coisas que acham que serão importantes no futuro mesmo que não dominem totalmente o assunto. O dentista Edward Zuckerberg era fascinado pelo mundo da computação e por isso ensinou seu filho Mark a programar. Quando o filho, aos 11 anos, superou o pai em conhecimentos de programação, Edward não teve dúvidas, contratou um professor particular. Seu filho, Mark Zuckerberg fundou o Facebook.
E tem pai que quer que seus filhos não sigam seus caminhos, mas que os construam. Assim, quando William Sr. ouviu que seu filho Trey largaria a faculdade em Harvard e voltaria para sua cidade natal para criar uma empresa de computação, ele e sua esposa o apoiaram incondicionalmente, mesmo que seus conhecidos dissessem que era insano largar uma faculdade como aquela. Trey era o apelido de William Gates III, mais conhecido como Bill Gates, co-fundador da Microsoft.
No fundo, todos os pais são iguais e almejam a mesma coisa para seus filhos: Que tenham sucesso no futuro. Sonhamos com o que o filho será no futuro, que façam um pouco do que fazemos, que sigam nossos exemplos, que aprendam o que ensinamos e que usem tudo isso para construírem seus próprios caminhos. E o filho não precisa ser nenhum super-herói moderno para sermos super pais já que o mais importante é caminho e não a chegada.
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