domingo, 10 de agosto de 2014

A farsa da CPI, quadro a quadro

A chegada da caneta com a câmera à sala de reuniões, a combinação para entregar as perguntas dos parlamentares aos investigados, os cuidados para não ser pegos em flagrante e atender à ordem “lá de cima”. Em quase vinte minutos, o vídeo conta a história de uma tenebrosa transação para enganar o Congresso, desmoralizar a CPI e ludibriar a opinião pública

Daniel Pereira, Adriano Ceolin e Hugo Marques
A presidente da Petrobras, Graça Foster, durante audiência conjunta no Senado em Brasília, na manhã desta terça-feira (15), para prestar esclarecimentos sobre denúncias envolvendo a estatal
A presidente da Petrobras, Graça Foster, durante audiência conjunta no Senado em Brasília, na manhã desta terça-feira (15), para prestar esclarecimentos sobre denúncias envolvendo a estatal (Givaldo Barbosa /Agência O Globo/VEJA)
Na edição passada, VEJA revelou uma fraude perpetrada por funcionários graduados da Presidência da República e da Petrobras, em parceria com a liderança do PT no Senado, para desmoralizar a CPI que investiga a empresa e engambelar a opinião pública. Documentada em um vídeo com cerca de vinte minutos de duração (que pode ser visto na íntegra abaixo), a trapaça funcionava da seguinte forma: os investigados recebiam as perguntas dos senadores com antecedência e eram treinados para responder a elas, a fim de evitar que entrassem em contradição ou dessem pistas capazes de impulsionar a apuração de denúncias de corrupção na companhia. Pegos de surpresa e sem poderem negar o conteú­do do vídeo, os governistas trataram de interpretá-lo a seu favor. O relator da CPI da Petrobras no Senado, José Pimentel (PT-CE), negou a existência de armação entre investigadores e investigados. Funcionários do Planalto admitiram a parceria com a Petrobras e os parlamentares, mas sustentaram que ela foi feita em benefício do bom funcionamento dos trabalhos da CPI, e não para fraudá-la. Paulo Bernardo, ministro das Comunicações, saiu-se com a tese de que a combinação de depoimentos em CPIs “vem desde Pedro Álvares Cabral”. Seria, portanto, um trabalho corriqueiro, normal. Normal não é. É crime. Pode até ser prática antiga, ninguém sabe, mas esta é a primeira vez que a malandragem vem a público em som e imagens.
Integrante da base governista, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) afirmou que, durante a CPI dos Correios, os investigados jamais receberam as perguntas previamente nem foram ajudados pela equipe técnica da comissão nas respostas. Por um simples motivo: para avançar, uma apuração precisa surpreender seus alvos e for­çá-los a revelar aquilo que querem esconder, justamente o contrário da meta perseguida pela fraude governista. “Uma investigação de verdade pressupõe pegar o investigado de surpresa”, disse Serraglio. “Como falar em investigação se já se sabe tudo o que será perguntado e respondido. Imagine um promotor ou um delegado alertando o investigado sobre quais questionamentos serão feitos a ele. Isso é ridículo.” A indignação do deputado é plenamente justificada. Ele conhece o poder depurador que uma CPI bem conduzida pode ter na vida política brasileira. Serraglio, que é advogado, foi relator da CPI dos Correios, que investigou o mensalão e cujo relatório final serviu de prova para a cassação de deputados e a prisão de petistas, como o ex-ministro José Dirceu. Se durante a CPI dos Correios houvesse distribuição de gabarito e acordo clandestino entre investigadores e investigados, o marqueteiro Duda Mendonça dificilmente teria admitido que recebera no exterior, via caixa dois, o pagamento pelos serviços prestados à campanha presidencial de Lula em 2002. Outras confissões também seriam contidas nos bastidores. “A CPI dos Correios fez com que o pessoal se blindasse. Desde então, houve um desvirtuamento das CPIs. Não adianta nada a Constituição garantir à minoria o direito de investigar se a maioria se acha no direito de fechar as portas para a investigação”, declarou Serraglio. Escaldado pelos resultados da CPI dos Correios, o ex-presidente Lula sempre ordenou ao PT que tratorasse as comissões parlamentares seguintes. Foi assim com a CPI do Cachoeira e com a CPI da Petrobras de 2009. Em abril deste ano, Lula mandou o PT “ir para cima” da nova CPI da Petrobras. Missão dada, missão cumprida.
Graça Foster, presidente da Petrobras, e Sergio Gabrielli, seu antecessor no cargo, receberam o gabarito antes de prestar depoimento. Um dos envolvidos contou a VEJA que o chefe do escritório da companhia em Brasília, José Eduardo Barrocas, que dizia falar em nome de Graça, fez saber a Marcos Rogério de Souza, secretário parlamentar do bloco governista no Senado, que não seriam toleradas perguntas sobre os contratos firmados entre a Petrobras e uma empresa do marido dela, Colin Vaughan Foster. Graça foi inquirida durante três horas e, efetivamente, nenhuma pergunta a respeito do marido foi formulada. Isso é disciplina partidária. Isso é intolerável em uma democracia.
O vídeo revela quem eram os autores dos questionamentos, os beneficiários da trama e até a preocupação com a forma de consumar a fraude. Durante a reunião, houve um debate sobre qual seria o melhor meio para encaminhar o gabarito aos investigados e como evitar que a imprensa descobrisse a presença de Nestor Cerveró nas dependências da Petrobras horas antes de seu depoimento. Ex-diretor da área internacional da companhia, Cerveró era o principal motivo de preocupação do governo porque tinha sido acusado por Dilma de elaborar o parecer que embasou a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, operação que resultou em prejuízo bilionário. Demitido e sacrificado em público, Cerveró insinuou constranger a presidente no depoimento aos senadores. “Qual o acesso mais discreto aqui pra ele (Cerveró)? Não tem muita alternativa, não, né?”, indaga Leonan Calderaro Filho, do departamento jurídico da Petrobras. “O antes é que eu acho perigoso”, responde José Eduardo Barrocas, chefe do escritório da empresa em Brasília. Se tivesse sido uma operação normal, não haveria preocupação em encontrar “alternativas” para conseguir um “acesso mais discreto” a Cerveró. Se tivesse sido um jogo limpo, não haveria por que o “antes” ser “perigoso”. Em processos republicanos, o antes, o durante e o depois não oferecem perigo a seus autores. O processo que o vídeo obtido por VEJA revela é uma tenebrosa transação feita longe dos olhos do povo, da polícia e da Justiça com o objetivo de fraudar o funcionamento da Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado e, de resto, desmoralizar essa instância investigativa que já colocou um presidente para fora do Palácio do Planalto (Fernando Collor), saneou o processo orçamentário no Legislativo (CPI dos Anões do Orçamento) e mandou para a penitenciária da Papuda a cúpula do partido no poder (CPI dos Correios). Desmoralizar as CPIs só interessa a corruptos contumazes.
A seguir, assista ao vídeo na íntegra.http://youtu.be/uy_Si98ieW0

Como a caneta espiã chegou à sala

  • 00:00 a 00:30
    Uma funcionária da sede da Petrobras em Brasília pega um calhamaço de documentos e avisa a um colega, a quem chama de Dudu, que está indo entregar o material a Bruno Ferreira, advogado da estatal. Bruno estava em reunião em outra sala. Foi o próprio advogado quem pediu à funcionária que levasse o material até ele. A caneta-gravador está junto com os papéis. E já em funcionamento.
  • 00:31 a 02:26
    A funcionária caminha pelos corredores do prédio da Petrobras em Brasília. A caneta está ligada. A mulher se dirige para a sala onde Bruno Ferreira estava reunido com o chefe do escritório brasiliense da Petrobras, José Eduardo Barrocas, e o coordenador do departamento jurídico, Leonan Calderaro Filho. Bruno Ferreira estava aguardando a funcionária à porta.
  • 02:27 a 02:39
    A funcionária chega à sala onde Bruno está. Ele recebe das mãos dela os papéis — e a caneta-gravador, ligada. “Dá uma conferida se era esse arquivo... Eu tô vendo aqui falando da história do Gabrielli, aí... Só que é no fnal que vêm as perguntas, né?”, diz a moça. “Obrigado, querida”, responde Bruno.

A fraude se desenrola

  • 02:40 a 03:55
    Bruno volta para a reunião. A caneta é manuseada o tempo todo por ele. Por isso, na maior parte do tempo as imagens são trêmulas. O áudio, porém, é captado com clareza. Barrocas está ao telefone tratando da visita de um grupo de parlamentares a uma refinaria que está sendo construída no Maranhão. Enquanto isso, Bruno e Calderaro folheiam os papéis. Eles conversam sobre as perguntas.
  • 05:00 a 07:10
    Barrocas sai do telefone e passa a conversar com Bruno e Calderaro sobre o assunto da ligação. É interrompido pelo telefone celular. E diz para a pessoa do outro lado da linha que não podia falar porque estava atarefado com assuntos relativos à CPI: “Ô Cristina, me dá um tempo aí. Eu tô com a CPI aqui nas minhas costas que tá danado”. Em seguida, retoma a conversa com Bruno e Calderaro.
  • 07:11 a 07:47
    O grupo passa a falar da CPI. Eles estavam comparando as perguntas que seriam feitas a Cerveró com as que haviam sido feitas ao ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli, ouvido na véspera pela comissão. “E aí, o que você está achando aí?”, pergunta Barrocas. “Na verdade, estão repetindo bastante as perguntas em relação ao Gabrielli”, afirma Bruno. “Bastante, bastante pergunta repetida, assim como para a Graça vão repetir também”, diz Barrocas.
  • 07:48 a 08:30
    Barrocas revela a origem das perguntas preparadas para o depoimento de Cerveró e expõe a fraude: “Eu perguntei da onde, quem é o autor dessas perguntas. Oitenta por cento é o Marcos Rogério (assessor da liderança do governo no Senado). Ele é o responsável por isso aí. Ele disse hoje que o Carlos Hetzel (assessor da liderança do PT) fez alguma coisa, o Paulo Argenta (assessor da Presidência da República) fez outras”, relata Barrocas.

A ajuda a Cerveró

  • 08:31 a 10:47
    Barrocas quer saber quais advogados o departamento jurídico da Petrobras mobilizaria para acompanhar o depoimento de Cerveró à CPI, no dia seguinte. O grupo continua falando das estratégias para o depoimento.
  • 10:48 a 12:50
    A exemplo das perguntas, outros detalhes do depoimento haviam sido previamente acertados. “Me pediram para falar para o Cerveró não fazer apresentação. O Marcos Rogério falou: ‘Vocês têm como falar para o Cerveró para ele não fazer a apresentação? Para entrar direto no assunto...’”, diz Barrocas.
  • 12:51 a 13:37
    Aqui a prova da combinação. O advogado Bruno Ferreira consulta o chefe Barrocas sobre as orientações que deveriam ser dadas a Cerveró. Uma reunião com o ex-diretor estava marcada para aquele dia, também na sede da Petrobras em Brasília. “Barrocas, qual a estratégia em termos de orientação ao Cerveró?”, perguntou. “A gente vai prestar o apoio possível”, diz Calderaro.
  • 13:38 a 14:10
    O nome do senador petista Delcídio Amaral (MS) aparece na trama. Amigo de Cerveró, Delcídio fora escolhido como um dos canais de comunicação com o ex-diretor. “Como nós soubemos que a gente não podia fazer contato com ele (Cerveró), o pessoal do Senado pediu pro Delcídio fazer. Aí ao Delcídio eu falei: é o seguinte, compacta aí. Chamaram ele, deram curso pra ele, media training...” Calderaro reforça: “Ontem a tarde toda. E o Jurídico da Petrobras do lado”. “O pessoal não queria fcar de conversa com ele. Nós pedimos ao Delcídio pra conversar com ele”, afrma Barrocas.

O medo de serem descobertos

  • 14:11 a 14:46
    O grupo passa a discutir a forma mais segura de enviar à sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, as perguntas a Cerveró. “Vou passar pro Salles (Jorge Salles Neto, assessor direto de Graça Foster), pra ele...”, diz Barrocas. (...) As do Gabrielli eu digitalizei e passei pra Graça. Por quê? Porque eu não sabia que aquilo era o ‘gabarito’, vamos chamar assim. Eu achei que o Dutra (o petista José Eduardo Dutra, também ex-presidente e atual diretor da Petrobras) tinha trazido aquilo pra ele (e dito), como em escola: ‘Estuda aí’. Depois que eu vi que era o gabarito”, relata Barrocas.
  • 14:58 a 17:48
    Os funcionários da Petrobras estão preocupados com o sigilo. “Qual o acesso mais discreto aqui pra ele (Cerveró)? Não tem muita alternativa, não, né?”, indaga Calderaro. É o próprio Barrocas quem defne a gravidade da situação: “O antes é que eu acho perigoso”. “A questão do preparo, né?”, engata Calderaro. “Não tem como, só tem uma entrada aqui”, lembra Calderaro.

A ordem de cima

  • 17:49 a 19:25
    Na última parte da reunião, o grupo narra que houve uma ação para afastar o advogado de Cerveró. “O pessoal deu uns toques nele que o advogado dele estava atrapalhando”, diz Barrocas. O advogado de Cerveró havia ameaçado envolver mais gente no escândalo de Pasadena. Era, portanto, uma voz dissonante do enredo que estava sendo montado. O vídeo termina com os advogados falando de como operacionalizar a orientação “lá de cima”. 
  • by Veja

O futuro da Guarda Compartilhada - PLC 117/2013

Está em tramitação no Senado o Projeto de Lei da Câmara 117/2013 que trata da Guarda Compartilhada. Este PLC passou pela Câmara comoProjeto de Lei 1009/2011, de autoria do Deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e tramitou por 36 meses até ser aprovado e enviado ao Senado, em dezembro de 2013, e tem por objetivo clarear a aplicação da Guarda Compartilhada.
A Lei 11698/2008 alterou o texto do Art. 1584 do Código Civil, dando a seguinte redação para o § 2º: "Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, será aplicada, sempre que possível, a guarda compartilhada." [grifo próprio]
Ou seja, o texto diz que em caso de litígio, SERÁ aplicada a Guarda Compartilhada. A expressão sempre que possível referia-se a capacidade psicológica, financeira e emocional de criar a criança, a habilitação do genitor em participar da vida e do desenvolvimento do filho, nada tendo a ver com o tipo de relacionamento entre os ex-cônjuges.
Porém, a imensa maioria dos Magistrados, muitas vezes apoiados no conceito de Jurisprudência consolidada, aplicam os conceitos oriundos do Código Civil de 1917. Este Código Civil considerava a "guarda natural da mãe" como princípio de partida e a colocava na posição de vítima, o que era um fato concreto da época onde a mulher não podia trabalhar, era submissa a situação do então marido e ser mãe solteira era feio perante a sociedade, e colocava o pai como obrigado apenas a manutenção/sustento dos filhos, o que é compreensível com o que recém foi dito e pelo fato de muitos filhos bastardos serem relegados a própria sorte. Essas decisões eram compreensíveis para a sociedade do início do século XX.
É descabido que os Magistrados atrelem a Guarda Compartilhada a harmonia de relações entre o ex-casal. Se os genitores recorreram ao Judiciário para definição da Guarda é óbvio que estão em litígio, que não há relação harmoniosa entre os pais, e para evitar que um dos genitores seja relegado a uma posição secundária e que o genitor guardião na Guarda Unilateral faça Alienação Parental, deveria ser imposta a Guarda Compartilhada. Se houvesse harmonia entre os genitores, o processo judicial não teria existido, ocorria apenas uma audiência para que fosse homologado o acordo.
Hoje em dia, temos uma situação muito diferente da situação da sociedade de 1917. Muitos pais querem ser presentes na vida dos seus filhos, querem ter a convivência com seus filhos independentes da relação que tenham com os ex-cônjuges. Na posição das mães, muitas delas trabalham e tem a plena capacidade de sustentar a casa e suas despesas, a mulher não está mais na posição de vítima.
O raciocínio pode ser muito simples, quando os genitores eram casados, a criança tinha direito a presença de pai e mãe na sua vida, por que razão quando os pais se separam é atrelada a esta a separação da criança de um dos genitores? É isso que a guarda unilateral trás de concreto para a vida da criança.
O fim da relação dos cônjuges não deve levar ao fim da relação entre pais e filhos.
O projeto de Lei do Deputado Arnaldo alterou o texto do artigo 1584 doCC, clareando a ideia escrita do § 2º com o seguinte texto: "Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistradoque não deseja a guarda do menor." [grifo próprio]
Vejam bem, após todos os trâmites do PL na Câmara, ficou estabelecido que sempre que houver desacordo entre os genitores, deverá ser aplicada a Guarda Compartilhada e a expressão "sempre que possível" foi substituída pelo texto da sua definição tonando-o mais técnico e com menores possibilidade de interpretação pessoal do Magistrado. Como seria pernicioso para a criança a convivência obrigatória com alguém que não lhe daria a menor importância e a consideraria um fardo, o legislador deixou a brecha, ao final do artigo, para que o genitor que não desejasse a guarda abrisse mão da mesma com a obrigatoriedade da declaração de sua vontade e constância nos autos do processo.
Ao dar seu início de tramitação pelo Senado, após 3 meses de análise pela Relatora da CHD - Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, Senadora Ângela Portela (PT-RR), foi proposta a seguinte alteração no texto do Projeto de Lei enviado e debatido pela Câmara.
O texto proposto pela Relatora altera o Art. 1583 do CC com a alteração do texto do § 2º introduzindo o seguinte texto: "A guarda unilateral,concedida quando restar comprovada a impossibilidade de que seja estabelecida a guarda compartilhada, será atribuída ao genitor que revele melhores condições para exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para propiciar aos filhos os seguintes fatores:" [grifo próprio]
Agradecemos a rápida análise da Senadora, que tanto foi solicitada por pais de todo o Brasil, via e-mail, telegrama ou outro meio qualquer, dada a importância do tema e ao número de brasileiros que são afetados por isso.
Porém, o perigo da expressão "comprovada a impossibilidade", introduzida pela proposta, reside na possibilidade de ela ser interpretada da mesma forma que foi a expressão "sempre que possível", ou seja, voltarmos ao ponto em que o Juiz poderá decidir que a Guarda Compartilhada pode ser negada porque não há harmonia entre os genitores. Não ficou clara com base em que será comprovada essa impossibilidade.
Essa "singela" alteração trouxe um imenso temor a tantos pais que lutam pelo direito dos filhos, e deles mesmos, de terem uma convivência intensa e de serem efetivamente participativos na criação dos seus filhos. Àqueles que não querem ser participativos, que ainda vivem com o pensamento do século início do século XX, basta declarar ao juiz que não quer, irá constar nos autos do processo, e a guarda unilateral será estabelecida como sempre foi. O que antes existia sobre a guarda unilateral continuará a existir, o PL da Câmara não extingue a Guarda Unilateral.
Fica a reflexão para os pais, optantes pela guarda compartilhada ou pela unilateral, quando o casamento existia ou se ele existisse, a criança teria o prazer de ter pai e mãe presentes em sua vida. Por que razão a criança deve ser apartada de um dos genitores por uma decisão dos adultos em acabar com a relação? Um ser que não participou de nenhuma das decisões, seja o começo ou o fim da relação, será penalizado pela ausência de um dos genitores.
Esperamos, ainda com esperanças de que a Criança volte a ser o centro da ação, que a Guarda Compartilhada independa da situação harmônica de convívio entre os genitores já que a Lei os obriga a decidirem de forma conjunta o futuro da criança e que as modificações voltem a deixar clara a intenção do Legislador de 2008 ao criar a Lei da Guarda Compartilhada.

"Empresa cria primeiro sorvete do mundo com capacidade de brilhar no escuro". Não me perguntem a utilidade disso,que sinceramente, nao tenho a mínima. Na verdade, ODIAREI, ir ao cinema, e me defrontar com um monte de débi & lóides, ILUMINANDO a sala de projeção, com bolas de sorvetes.

Uma empresa criou o primeiro sorvete do mundo que tem a capacidade de brilhar no escuro. Ele foi testado em uma sessão de cinema, fazendo com que as pessoas ficassem surpresas ao perceberem que a guloseima iluminava o ambiente.

As pessoas receberam o sorvete inventivo no Vue Cinema em Leicester Square, antes de uma exibição de filme de Simon Pegg, “O fim do mundo”.
A sobremesa congelada futurista foi desenvolvida para Wall Ice Cream, através dos designers Bompas e Parr Foods.
O sorvete parece um Corneto comum, no entanto, logo que as luzes se apagam, ele se mostra luminoso e diferente.
Empresa cria sorvete que brilhar no escuro
Empresa desenvolveu sorvete com capacidade de brilhar no escuro, e testou sobremesa em cinema.
Apesar do fato de celulares serem proibidos nas salas de cinema por conta do barulho e iluminação, a criadora da sobremesa garante que o sorvete não causará o mesmo problema.
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Fonte: Daily Mail

O Último Discurso , de Charles Chaplin (1940)




            Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.

            Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

            O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.  A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

           
 A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

            Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

            Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

            É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

            Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!

Charles Chaplin

Obs: O filme inteiro, NAO CONSIGO POSTAR.
 Acusa, "nenhuma URL encontrada".
Coloco aqui o endereço que leva ao video inteiro.




sábado, 9 de agosto de 2014

JBS-Friboi é condenada em R$ 300 mil por servir comida estragada e contaminada com larvas a funcionários


Imagem: Reprodução/Bhaz
O Grupo JBS, maior processador de carnes do mundo, detentor da marca Friboi, foi condenado em segunda instância a pagar uma indenização de R$ 300 mil por danos morais, após ser acusado pelo Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso de servir comida contaminada com larvas de moscas a funcionários.






Veja também:

Mário Couto pede que Lula explique como seu filho se tornou um dos mais prósperos empresários do Brasil


O caso ocorreu em 2012, em um frigorífico da empresa na cidade de Juína (MT).


Além de servir comida estragada, a empresa também foi acusada de colocar a saúde dos trabalhadores em risco ao não controlar vazamentos de gás de amônia, que é tóxico, nas câmaras de refrigeração da unidade.

A Procuradoria pedia indenização de R$ 2,3 milhões, valor que foi acatado pelo juiz de primeira instância. A empresa recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho em Mato Grosso, que reduziu a pena a R$ 300 mil.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a JBS afirmou que não comenta processos em andamento.

Tanto a empresa quanto o Ministério Público ainda podem recorrer da decisão.

by Gazeta Social

Se reprisar num debate na TV o palavrório sem pé nem cabeça sobre a CPI dos Farsantes, a mulher que fala dilmês vai abreviar o naufrágio do barco sem rumo


Encerrada a sabatina promovida nesta quarta-feira pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a programação foi em frente com a sequência de cinco perguntas a Dilma Rousseff formuladas por jornalistas escolhidos por sorteio. A presidente pareceu pouco à vontade com a primeira, que tratou de questões econômicas. Pareceu mais tranquila com as três seguintes, que versaram sobre assuntos agrícolas. A quinta e última quis saber o que tinha a dizer a entrevistada sobre o envolvimento de servidores do Palácio do Planalto na trama forjada para reduzir a CPI da Petrobras a uma ação entre comparsas infiltrados no Congresso e no governo.
Antes que a pergunta chegasse ao fim, a fisionomia de Dilma avisou que o copo até aqui de cólera começara a transbordar. O palavrórioreproduzido pelo site de VEJA permite contemplar a erupção retórica que sacudiu a cabeça que preside o país há mais de três anos e meio. Em poucos segundos, o neurônio solitário enriqueceu a paisagem do Brasil Maravilha com outro monumento à maluquice construído apenas com vogais e consoantes. Confira:

“Vou te falar uma coisa. Acho extraordinário. Primeiro porque o Palácio do Planalto não é expert em petróleo e gás. O expert em petróleo e gás é a Petrobras. Eu queria saber se você pode me informar quem elabora perguntas sobre petróleo e gás para a oposição também. Muito obrigada. Não é o Palácio do Planalto nem nenhuma sede de nenhum partido. Quem sabe das perguntas sobre petróleo e gás só tem um lugar. Pergunta só tem um lugar no Brasil. Eu diria vários lugares no Brasil: a Petrobras e todas as empresas de petróleo e gás.  Você sabe que há uma simetria de informação entre nós, mortais, e o setor de petróleo. É um setor altamente oligopolizado, extremamente complexo tecnicamente. Acho estarrecedor que seja necessário alguém de fora da Petrobras formular perguntas para ela”.
Reveja sem pressa a catarata de frases sem pé nem cabeça. É inútil chamar o intérprete: o dilmês primitivo não tem tradução em língua de gente. É inútil chamar o psiquiatra: cérebro baldio não tem conserto. Tampouco adianta chamar o marqueteiro: nem o maior dos tribunos poderá decorar o que será dito necessariamente de improviso. É impossível, portanto, impedir que Dilma Rousseff protagonize derrapagens semelhantes à ocorrida há poucas horas.
Imagine a presidente, no meio do debate na TV, reincidindo num falatório tão alucinado quanto o produzido neste 6 de agosto. Em vez de comentar por 1 minuto o que acabou de ouvir, como estabelecem as regras dos duelos do gênero, o adversário da candidata ao segundo mandato deve confessar que não entendeu nada, doar os 60 segundos à  adversária e pedir-lhe que use esse tempo para tentar explicar o que quis dizer. Isso bastará para consumar o naufrágio do barco pilotado por uma navegante sem rumo.
by Augusto Nunes
Veja

Homem morre na Inglaterra após cigarro eletrônico explodir

PA

Um britânico morreu durante um incêndio provocado pela explosão de um cigarro eletrônico. O fogo teria atingido o tubo de oxigênio que a vítima usava, informou nesta sexta-feira o Corpo de Bombeiros de Merseyside, na Inglaterra.

O homem, de 62 anos, cujo nome não foi revelado, foi encontrado morto na sala de estar de casa em Wallasey, no noroeste do país.

Segundo os bombeiros, o pequeno incêndio se extinguiu sozinho antes de a equipe chegar à casa da vítima. A causa exata da morte ainda não foi divulgada. Um inquérito foi aberto pelas autoridades locais.

Alerta

Segundo um porta-voz do Corpo de Bombeiros, "uma investigação inicial sobre as causas do incêndio identificaram que um cigarro eletrônico que estava carregando no quarto explodiu. O objeto pegou fogo e incendiou um tubo de oxigênio que talvez estivesse sendo usado pela vítima".

Myles Plat, comandante do Corpo de Bombeiros local, acrescentou que "a sindicância para apurar as causas do incêndio continua, mas nesse momento acreditamos que o carregador que estava sendo usado talvez não fosse o original de fábrica".

"Recomendamos às pessoas que sempre usem o equipamento original de fábrica e em linha com as instruções do fabricante. Também lembramos que tais objetos não devem ser deixados carregando de um dia para o outro ou abandonados ligados em uma corrente elétrica por um longo período. Além disso, não misture partes de diferentes cigarros eletrônicos", afirmou Plat.

Desde janeiro, nove incêndios envolvendo cigarros eletrônicos foram registrados em Merseyside.

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Em evento evangélico, Dilma cita salmo "Feliz a nação cujo Deus é o Senhor"

Ao começar a fala para um público de 5 mil pessoas, a presidente garantiu que o Estado brasileiro é laico

08/08/2014 | 15h42
Em evento evangélico, Dilma cita salmo "Feliz a nação cujo Deus é o Senhor" Ichiro Guerra/Divulgação
Esta é a segunda vez em uma semana que a presidente se encontra com o público evangélicoFoto: Ichiro Guerra / Divulgação
A presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), participou de uma cerimônia religiosa na manhã desta sexta-feira, e, apesar de abrir a sua fala garantindo que o "Estado brasileiro é um Estado laico", fez citações de orações e falou em nome de Deus em alguns momentos do discurso.
– Todos os dirigentes desse país dependem do voto do povo e da graça de Deus, eu também – disse para um público de 5 mil pessoas, durante Congresso Nacional de Mulheres das Assembleias de Deus Ministério de Madureira, no Brás, região central da capital paulista.
A presidente citou por duas vezes um salmo de David: "Feliz a nação cujo Deus é o Senhor". Durante sua fala, Dilma foi aplaudida 18 vezes e, ao final do culto, recebeu uma bênção da plateia e muitos aplausos.
Presidente destaca importância da Assembleia de Deus
Dilma reconheceu a importância do trabalho feito pelas assembleias de Deus e destacou que nenhum governo consegue fazer sozinho tudo que precisa ser feito.
– Fizemos nossa parte, graças a Deus. Mas nesses primeiros quatro anos, vimos que um trabalho em parceria é muito mais forte. Nenhum governo, sozinho, sem essas entidades, essas instituições, com é o caso da Ciben, sem vocês nós não fazemos sozinhos o trabalho – afirmou, sob aplausos.
– Reconheço a autoridade e a qualidade do trabalho prestado ao longo dos 103 anos da igreja evangélica Assembleia de Deus, em todos os Estados, em todos os rincões, nas partes mais isoladas, nas periferias das grandes cidades, no interior – completou.
Segundo a presidente, o trabalho da igreja tem ajudado a reconstruir histórias de vida e a devolver esperança "aos carentes, aos mais necessitados e aos excluídos".
Após a fala de Dilma, o líder da igreja, bispo Manoel Ferreira, usou um bordão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para agradecer a presença de Dilma:
– Nunca ouvi antes, na história deste País, o presidente reconhecer o trabalho das Assembleias de Deus. Nem o Lula, que é meu amigo – afirmou.
O bispo disse ter ficado muito satisfeito com as palavras de Dilma. O bispo-presidente Samuel Ferreira também elogiou Dilma e disse que "se sentiu gente" com as palavras da presidente.
– Dilma, nós lhe respeitamos, mas mais do que isso: nós lhe amamos – afirmou Samuel, pedindo que as palmas para a presidente fossem ainda mais fortes.
Esta é a segunda vez em uma semana que a presidente se encontra com o público evangélico, que soma hoje mais de 40 milhões de pessoas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na quinta-feira passada, Dilma participou da inauguração do Templo de Salomão, complexo religioso construído no mesmo bairro pela Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), com capacidade para receber até 10 mil fiéis.
by Zero Hora

"Anitta já nasceu como produto", diz psiquiatra que estuda o consumismo


09/08/2014 


Ana Beatriz Barbosa Silva - psiquiatra estudou o consumismo a fundo (Foto: Divulgação)

Você é consumista? Se sim, relaxe; é como a maioria da população. É o que afirma a psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa Silva, que se tornou fenômeno editorial com a série 'Mentes', com mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos no Brasil. Na próxima semana, ela lança Mentes Consumistas - Do Consumismo à Compulsão por Compras (Ed. Principium). "Eu mesma fui consumista até os 35 anos sem saber. Mas de 38 para cá (ela tem 49) minha vida começou a ficar boa. Hoje teria condição de gastar muito mais, mas tenho prazer em dizer não independente do preço", afirma Ana que acredita que algumas grifes não vão gostar muito do que ela escreveu. "É porque abordo uma nova maneira de consumir".
Compramos porque queremos ou porque somos induzidos?
Tentei entender como funciona o cérebro para que possamos comprar porque queremos, pelas nossas próprias memórias e não por manipulação. Enquanto houver o consumismo desenfreado, nunca vai haver igualdade social. Abordo o consumo saudável, consciente. Hoje em dia ninguém pode parar de trabalhar às 17h, bater um papinho no Ibirapuera e ouvir o Bolero de Ravel. Parte dessa energia foi transformada em ansiedade; o prazer foi todo para as compras.
Qual a diferença entre consumo e compulsão?
Consumir é preciso para viver, mas viver para consumir pode ser uma das maneiras mais eficazes de transformar a vida numa morte existencial. Se você não tem dívidas, não é consumista, mas sua vida está paralisada por causa disso, você é um viciado, exatamente como um drogado. Existe gente que tira etiqueta das roupas, deixa as coisas na mala do carro e camufla objetos no armário, ou seja, o prazer está no ato de comprar, não de usar.
Tem exemplos de produtos criados pelo marketing?
As concessionárias de carros adotam aquele cheiro do carro novo, as lojas puxam pelo olfato, porque é uma das coisas mais primitivas e descontroladas que a gente tem. As marcas estão se sofisticando e vendendo aromatizante por estação. É tudo pensado, mas é tudo um grande jogo de ilusão. Você sonha e nós vendemos o sonho para você. Essa cantora Anitta já nasceu como produto. Daqui a um ano ela não estará vendendo mais nada e vai entrar numa depressão profunda. Tenho certeza de que ela não tem nem noção de que é um produto. Agora uma cantora que conseguiu enfrentar a coisa do produto com dignidade foi Marisa Monte. Ela mostrou o que é fazer um produto raro, desejado, e que não tem toda hora. De dois em dois anos, no máximo, ela volta com seu reinado e a gente ama. Para sobreviver tem que se reinventar, que recriar, vintage é para Madonna, diva não fica velha, fica vintage.
O que causa a compulsão?
Dois aspectos: um perfil impulsivo, em que a pessoa busca o prazer quase de forma repetitiva e faz coisas para se sentir bem de forma imediata; e o obsessivo, em que ela faz a compra, tem o prazer e quer repetir. Outra coisa é que o povo de marketing sabe tudo de neurociência e tenta sempre suprir as necessidades sociais dentro de um sistema econômico. Somos impelidos a comprar, caso contrário, nos sentimos como se estivéssemos fora do contexto de beleza, poder e prazer.
A compulsão tem cura?
É uma doença silenciosa e, quando o problema explode, vários parentes já quitaram as suas dívidas. Os doentes têm uma disfunção e temos que reajustar em sessões. Bioquimicamente, eles estão com deficiência de alguma substância. Para repô-las, existem dois tipos de medicamento para diminuir os pensamentos obsessivos e a impulsividade. Costumo dizer que o primeiro cartão de crédito você nunca esquece, mas eu faço o paciente entregar todos e levo um tesourão simbólico para cortá-los. Os maridos adoram. No fim, aquela mesma pessoa chega ao consultório de calça jeans e camiseta, linda de doer. Fica leve. Existe elegância na simplicidade.
Qual o futuro da nova geração de consumistas?
Tenho muita esperança na nova geração que já cresceu com smart phones e têm um cabedal de informação. Nunca o capitalismo teve tanto dinheiro no mundo. A última crise não foi por falta de capital, mas de ética. Está tudo ficando acessível e vamos satisfazer essa ansiedade que causa o consumismo como? Conversei com economistas americanos que me falaram sobre 'capital espiritual', que é chegar numa hora em que materialmente vamos estar tão nutridos que buscaremos algo que o dinheiro não compra. Vamos ter uma evolução para o altruísmo. Hoje nos Estados Unidos tem gente investindo em grandes resorts para pessoas discutirem o sentido da vida, o que faz bem para a alma. O próprio Bill Gates está erradicando hepatite na África. Chegará a um ponto que as pessoas têm que dar um sentido à vida e se reinventar, porque as pessoas estão ficando enfadonhas.
Vamos passar por uma revolução em 10 anos que quero estar sentada para ver. As grandes grifes vão sacar e vender um produto eterno. Eles vão entender que o próximo desejo será mais do que material, um produto que não é descartável, tipo o pretinho básico da Chanel, que será eterno. A gente vai consumir por um conceito, comprar por um objetivo, para ter uma identidade que a grife está criando comigo e me ajudando e me reinventar.

Em 16 anos, poluição do ar matará até 256 mil no Estado de SP Projeção feita para SP alerta que 59 mil mortes ocorrerão somente na capital


São Paulo - A poluição atmosférica vai matar até 256 mil pessoas nos próximos 16 anos no Estado. Nesse período, a concentração de material particulado no ar ainda provocará a internação de 1 milhão de pessoas, e um gasto público estimado em mais de R$ 1,5 bilhão, de acordo com projeção inédita do Instituto Saúde e Sustentabilidade, realizada por pesquisadores da USP. A estimativa prevê que ao menos 25% das mortes, ou 59 mil, ocorram na capital paulista.
Os resultados indicam que, no atual cenário, a poluição pode matar até seis vezes mais do que a aids ou três vezes mais do que acidentes de trânsito e câncer de mama. A população de risco, ou seja, as pessoas que já sofrem com doenças circulatórias, respiratórias e do coração, serão as mais afetadas, assim como crianças com menos de 5 anos que têm infecção nas vias aéreas ou pneumonia.
Entre as causas mais prováveis de mortes provocadas pela poluição, o câncer poderá ser o responsável por quase 30 mil casos até 2030 em todos os municípios de São Paulo. Asma, bronquite e outras doenças respiratórias extremamente agravadas pela poluição podem representar outros 93 mil óbitos, já contando a estimativa de crianças atingidas no período.
Doutora em Patologia pela Faculdade de Medicina da USP e uma das autoras da pesquisa, Evangelina Vormittag afirma que a magnitude dos resultados obtidos pela projeção, que tem como base dados de 2011, comprova a necessidade de o poder público implementar medidas mais rigorosas para o controle da poluição do ar. Nessa lista estão formas alternativas de energia, incentivo ao transporte não poluente, como bicicleta e ônibus elétrico, redução do número de carros em circulação e obrigatoriedade de veículos a diesel utilizarem filtros em seus escapamentos.
O programa de instalação de faixas exclusivas de ônibus e de ciclovias na capital, desenvolvido pelo prefeito Fernando Haddad (PT), é indicado como bom exemplo, ainda que os resultados para a saúde pública não estejam mensurados.
Padrões. A chave para reduzir os efeitos provocados pelo material particulado – nome dado ao conjunto de poluentes soltos no ar, como poeira e fumaça – ainda passa, na análise da professora Evangelina Vormittag, por uma revisão nos padrões adotados pelo governo brasileiro para medir a poluição do ar. "O nosso padrão é baixo em relação ao adotado pelos demais países. É por isso que, constantemente, os índices de qualidade do ar divulgados pelos órgãos ambientais são considerados bons”, diz.
Para efeito de comparação, o padrão diário aceito pelo Brasil é de 150 microgramas por metro cúbico. Enquanto isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece índice máximo de 50 microgramas por metro cúbico. "É o triplo, uma diferença muito grande, que precisa ser reduzida”, afirma Evangelina. Para a pesquisadora, apesar de ousada, a meta de seguir a recomendação da OMS deve ser almejada. "Temos de estabelecer uma forma de chegar a esse patamar. Para isso, é necessário estabelecer prazos, divididos em etapas. ”A mudança está em discussão no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Se adotada, não apenas a capital poderia ser beneficiada, mas diversas outras cidades em situação crítica no Estado. Ao contrário do que se imagina, São Paulo não lidera o ranking paulista de poluição atmosférica, segundo levantamento do instituto. O topo da lista é ocupado por Cubatão, seguida por Osasco, Araçatuba, Guarulhos e Paulínia. A capital aparece na 11.ª posição.

Gravações comprovam: CPI da Petrobras foi uma grande farsa


A CPI da Petrobras foi criada com o objetivo de não pegar os corruptos. Ainda assim, o governo e a liderança do PT no Senado decidiram não correr riscos e montaram uma fraude que consistia em passar antes aos investigadores as perguntas que lhes seriam feitas pelos senadores. A trama foi gravada em vídeo.
Hugo Marques

Era tudo farsa. Mas começou parecendo que, dessa vez, seria mesmo para valer. Em março deste ano, os parlamentares tiveram um surto de grandeza institucional. Acostumados a uma posição de subserviência em relação ao Palácio do Planalto, eles aprovaram convites e convocações para que dez ministros prestassem esclarecimentos sobre programas oficiais e denúncias de irregularidades. Além disso, começaram a colher as assinaturas necessárias para a instalação de uma CPI destinada a investigar os contratos da Petrobras. Ventos tardios, mas benfazejos, finalmente sopravam na Praça dos Três Poderes, com deputados e senadores dispostos a exercer uma de suas prerrogativas mais nobres: fiscalizar o governo. O ponto alto dessa agenda renovadora era a promessa de escrutinar contratos firmados pela Petrobras, que desempenha o papel de carro-chefe dos investimentos públicos no país. Na pauta, estavam a suspeita de pagamento de propina a servidores da empresa e o prejuízo bilionário decorrente da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, operação que jogou a presidente Dilma Rousseff numa crise política sem precedentes em seu mandato. O embate estava desenhado. O Legislativo, quem diria, esquadrinharia o Executivo. Pena que tudo não passou de encenação.     
VEJA teve acesso a um vídeo que revela a extensão da fraude. O que se vê e ouve na gravação é uma conjuração do tipo que, nunca se sabe, pode ter existido em outros momentos de nossa castigada história republicana. Mas é a primeira vez que uma delas vem a público com tudo o que representa de desprezo pela opinião pública, menosprezo dos representantes do povo no Parlamento e frontal atentado à verdade. Com vinte minutos de duração, o vídeo mostra uma reunião entre o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas, o advogado da empresa Bruno Ferreira e um terceiro personagem ainda desconhecido.
A decupagem do vídeo mostra que, espantosamente, o encontro foi registrado por alguém que participava da reunião ou estava na sala enquanto ela ocorria. VEJA descobriu que a gravação foi feita com uma caneta dotada de uma microcâmera. A existência da reunião e seus participantes foram confirmados pelos repórteres da revista por outros meios — mas a intenção da pessoa que fez a gravação e a razão pela qual tornou público seu conteúdo permanecem um mistério. Quem assiste ao vídeo do começo ao fim — ele acaba abruptamente, como se a bateria do aparelho tivesse se esgotado — percebe claramente o que está sendo tramado naquela sala. E o que está sendo tramado é, simplesmente, uma fraude caracterizada pela ousadia de obter dos parlamentares da CPI da Petrobras as perguntas que eles fariam aos investigados e, de posse delas, treiná-los para responder a elas. Barrocas revela no vídeo que até um “gabarito” foi distribuído para impedir que houvesse contradições nos depoimentos. Um escárnio. Um teatro.    
Geraldo Magela/Ag. SenadoJosé Eduardo Barrocas
TEATRO: Parecia uma encenação — e era mesmo. As perguntas que seriam feitas pelos parlamentares ao ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli foram enviadas a ele antes do depoimento por José Eduardo Barrocas, chefe do escritório da estatal em Brasília, que aparece no detalhe da foto

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