quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Leandro Boldrini - O Mentor


Leandro Boldrini - O Mentor.

Ouça o pedido de ajuda que Leandro faz a uma rádio para descobrir o paradeiro  de Bernardo:



Nenhum telefone de uso pessoal foi dado para o locutor, por quê? O interesse maior  seria localizar o garoto ou manter a privacidade?
No programa "Repórter Record Investigação de 07/07/14, o vídeo de uma festa na escola em 13/08/13, mostra Leandro e Bernardo juntos. Entretanto, durante toda a exposição do vídeo, Leandro não troca uma palavra com seu filho. Enquanto as outras crianças felizes, abraçam seus pais, Bernardo está de pé de costas para o pai e este sentado, ambos sérios. Na hora da apresentação no palco, enquanto todos os alunos fazem uma declaração de amor para seus pais. Bernardo homenageia todos os pais. 
Leandro diz que amava o filho e segundo seu advogado de defesa, Jáder Marques, ele pescava com o filho, ia a jogos de futebol com o filho, passeava com ele. Fatos e fotos dementem versão.

OBS = Assim que eu conseguir acesso ao vídeo integral de 07/07/14, vou postá-lo neste blog. Por enquanto podem acessar os links abaixo do R7, que mostram trechos dos fatos em questão:



https://www.youtube.com/watch?v=pU7hYmd7o9c


Arquivo Pessoal
   
http://noticias.r7.com/reporter-record-investigacao/videos/reporter-record-investigacao-tem-acesso-ao-inquerito-da-morte-da-mae-de-bernardo-04072014


Leandro Boldrini - A História


A Frieza

Conforme denúncia do Ministério Público de Três Passos, Leandro é o mentor e patrocinador da morte de seu filho Bernardo Uglione Boldrini, de apenas 11 anos.

Aos 11 anos de idade (a mesma de Bernardo), Leandro Boldrini foi internado para ser operado de uma varicocele (dilatação anormal dos testículos) na cidade de Ijuí, Rio Grande do Sul. Caçula de três irmãos, Leandro é natural de Campo Novo, cidade com população aproximada de 7.000 habitantes, município predominantemente agrícola. Devido a esse acontecimento e sem maiores perspectivas de progresso, a não ser trabalhar na lavoura, o jovem Leandro decidiu já naquele momento que queria ser médico. O sonho de virar doutor foi integralmente apoiado pela família, inclusive financeiro, para o custeio dos estudos em escola particular, o Colégio Ipiranga, o mesmo de Bernardo, em Três Passos, além de uma van que ele utilizava diariamente.
- Não lembro uma vez que o velho (Irildo Boldrini) tenha se estressado com ele.E o velho é linha dura, sempre pelo lado certo das coisas. Mas nunca faltou afeto. Para minha mãe então era um bebê. Ela vivia controlando o que ele comia, os remédios que tomava, sempre o protegia de tudo. - conta o irmão Paulo Boldrini, 52 anos.

- A promotora Dinamárcia afirmou em entrevista coletiva do Ministério Público em 15/05/14, que uma testemunha teria relatado a polícia, um comentário da avó paterna de Bernardo, Amélia Rebelato, que não adiantava procurar pelo menino, pois ele já devia estar morto. E que seria uma benção encontrá-lo morto, porque o menino iria incomodar muito o Leandro ainda, detalhou a avó.
Amélia Rebelato, diz que Leandro "não merecia" estar preso. Em entrevista ao repórter Eduardo Matos, da Rádio Gaúcha, de Campo Novo, onde mora, ela disse que esteve na casa do médico dias após o desaparecimento de Bernardo e na oportunidade, Leandro teria dito: - "estou tranquilo, não devo nada".
Em seguida, ele apontando para a mulher Graciele, teria falado que ela ia "sofrer muito" e que iriam colocá-la em uma "caixinha".

Aprovado em 3° lugar na UFSM, Leandro gostava de mexer em cadáveres e nos churrascos de família, ele explicava sobre dissecação e manipulação dos órgãos dos animais. Foi nessa época, em Santa Maria, que ele conheceu Odilaine Uglione e que viria a ser mãe do seu primeiro filho Bernardo. Após a formatura em 1999, o casal retorna para Campo Novo e pouco depois se mudam para Passo Fundo, onde Leandro faria especialização. Bernardo nasceu um ano depois de casados. A comunidade de Três Passos, tinham-no em conta de grande profissional, abnegado, único cirurgião na cidade, possuía uma clínica de cirurgia, associado a Graciele, além de ser o diretor técnico do Hospital de Caridade de onde foi demitido, após a morte do filho. Era considerado um "workaholic".

Mantinha uma relação conflituosa com Odilaine  e em 2010, após um tempo de má convivência, ofensas mútuas e incidentes registrados em delegacia, ele pediu o divórcio.
Em 09/02/2010, Odilaine entra na clínica e supostamente comete suicídio, versão até hoje contestada pela família, que pede a reabertura do inquérito:
- Ela não ia suicidar, ela tinha medo de morrer - diz a mãe, Jussara Uglione. Na época, Bernardo tinha sete anos, a partir daí se tornou um menino triste, apático, que não gostava de comentar sobre a morte da mãe. 

Leandro garantiu que tudo mudaria na sua vida, mas apenas um mês depois da morte da esposa, assumiu publicamente seu romance com a enfermeira Graciele Ugulini que ele havia conhecido em um posto de saúde, próximo de Três Passos e ela logo passou a morar com os dois, na casa que também era de Odilaine. Graciele já trabalhava em sua clínica e foi um dos motivos de Odilaine, intempestivamente, entrar no consultório naquele fatídico dia de fevereiro para confrontar o marido sobre o caso, pois os dois ainda eram casados. Sobre Graciele:
-  Eu disse, cuidado, vai devagar, tu és novo, vai ter gente querendo te explorar, enrolar e iludir. Ele disse que sabia  o que estava fazendo, que ela era uma pessoa decente e que eles se conheciam "faz tempo". - relata o irmão Paulo Boldrini.

O patrimônio de Boldrini, atualmente, está estimado em 3 milhões. Somente a casa em que a família morava vale cerca de 700 mil. Ele ainda tem uma casa de campo, um Veloster, uma caminhonete Mitsubishi e sua renda mensal chegaria a 80 mil.
O médico não poupava tempo e esforço para acumular fortuna, enquanto o filho perambulava pelas ruas de Três Passo, faminto e sem um real no bolso. Graciele disse à Edelvânia: - " Temos (eu e Leandro) que nos desfazer dele, senão quanto tiver 18 anos vai nos tirar tudo".


Testemunha Chave



Testemunha-chave do caso Bernardo Boldrini, de 11 anos, morto no Rio Grande do Sul em abril, afirma, em entrevista exclusiva ao Domingo Espetacular, ter ouvido da madrasta do garoto planos para matá-lo.

Leandro Boldrini, pai de Bernardo, e Graciele Ugulini, madrasta, são acusados de assassinar o menino. Também são réus: Edelvânia Wirganovicz, que admitiu participação na morte, e Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia.
Sandra Cavalheiro, a testemunha-chave, não conheceu Bernardo, nem o pai do garoto. Ela, porém, foi amiga de Graciele e conta o que ouviu da madrasta antes do assassinato.
— [Graciele] disse assim: ‘Esse guri, para parar de incomodar, só embaixo da terra’. E eu: ‘Está louca, guria? Como assim?’ Daí ela: ‘Como o pai dele diz, ou é no fundo de um poço, ou embaixo da terra’.
Ela contou que, depois de quatro anos sem contato, Graciele a procurou no fim de janeiro. A conversa girou em torno de um único tema: o ódio que a madrasta e o pai nutriam por Bernardo.
— Ela falava que ‘aquele guri’ era um psicopata, um demônio, que corria com faca atrás do pai, atrás dela. [Disse] que teve que colocar câmera no quarto da menina [a meia-irmã de Bernardo, filha de Graciele], pois ele ia matar a criança, a filhinha dela. E que era isso aí: era um psicopata.
Graciele teria revelado à amiga os planos do casal para matar Bernardo.
— Ela e o Leandro queriam ver essa criança morta. Como ele dizia, no fundo de um poço ou embaixo da terra. Ela disse isso com essas palavras. E eu fiquei apavorada. Falei: ‘Está louca, guria? Não é assim, procura um psicólogo”. Ela disse ‘Os psiquiatras largaram mão dessa criança’. E eu: “E a vó materna?’. Ela: ‘Ah, depois que ela viu que é um psicopata, ela também não quer saber’. Foi isso.
Sandra diz que só não denunciou o casal porque não acreditou nas ameaças. Mas, depois do crime, procurou a polícia voluntariamente.
O Domingo Espetacular também conversou com Marlise Cecília Renz, técnica de enfermagem que relata o sumiço de ampolas no local onde o casal trabalhava.
— Se sumir de uma em uma, talvez a gente não perceba, né? Mas, naquele dia, eu vi porque foram várias. Inclusive a gente teve que pegar outras para poder fazer os exames daquele dia.
A suspeita é que Bernardo tenha sido assassinado com uma injeção letal.


A Trama

- Leandro tinha o domínio do fato. A decisão da morte de Bernardo foi dele. A prova existe! - sintetiza a promotora Dinamárcia em coletiva à Imprensa. Leandro não só desejou a morte do filho como autorizou atos para que isso acontecesse. Ele manipulou Graciele para que ela matasse Bernardo, inclusive essa é a opinião de pessoas da própria família:

Veja o diálogo entre Sérgio, padrasto de Graciele e uma mulher que ele chama de Magali:

Sérgio - " Nada me faz pensar diferente. Até pelas cinco, seis vezes que eu convivi com o Leandro, ajudando na procura do Bernardo..."
Magali - " Leva a crer e ter certeza..."
Sérgio - " Que o mentor ideológico é ele. Eu não tenho dúvida disso ".
Magali - " Com certeza".
Sérgio - " E ele vai acabar saindo. Ela inocentou ele, né, no depoimento ".
Magali - " Isso eu não entendi porquê ".
Sérgio - "Acho que é jogo dos advogados".
Magali - " Mas tu viu que a delegada tem certeza do envolvimento dele. Alguma coisa ela tem que ter".
Sérgio - " Mas a certeza que ela tem, eu também tenho ".

Em outro áudio, Sérgio discute com o filho Leonardo sobre a carta que Graciele enviou, inocentando o marido. Segundo o padrasto, os advogados realizaram um reunião para discutir estratégias. Ele ( Sérgio volta a reafirmar o envolvimento de Leandro no homicídio:

Veja o diálogo entre Sérgio e o filho:

Leonardo - " Ô pai, mas o Leandro tem a ver, né? "
Sérgio -  " Claro, mas ela (Graciele) mandou uma carta para a Simone inocentando ele. Mas os advogados se reuniram para ver uma estratégia pra ele sair de tudo, né, e ela fica pagando lá, e depois dá um jeito.
Leonardo - " Vai ficar 10 ano, né?
Sérgio - " Não fica 10. Fica 5, 6 anos. Porque vai, cada dia trabalhado, 3 dias trabalhados, desconta 1.
Leonardo - "É, então, se fica 10 anos, vai descontando, fica 7.
Sérgio - " Aí, fica 7, né?
Leonardo - " Depois, mais o bom comportamento, e tal, vai pro semiaberto ".


Irmã de Graciele diz que Leandro fez " lavagem cerebral "na mulher:
veja o diálogo entre Simone e uma amiga não identificada:

Mulher não identificada - " Ele pilhou a Keli...
Simone - " Não, a Keli não é assim. A gente conhece a nossa irmã. "
Mulher não identificada - " Ele enlouqueceu ela, Simone, como deve ter enlouquecido a Odilaine. Não sei... uma lavagem cerebral. Ele deve ter enlouquecido ela como enlouqueceu a outra.
Simone = " É."

Na coletiva à Imprensa, a Promotora estava acompanhada de Marcelo Dornelles, Subprocurador Geral de Justiça para assuntos institucionais. O anúncio sobre a denúncia foi acompanhada pela Delegada de Polícia de Três Passo, responsável pela apuração do caso. - "Desde o início, do desaparecimento de Bernardo, Leandro se mostrou muito sereno. O casal até parecia satisfeito. Eles vinham na delegacia todo dia e a atitude da madrasta era de alegria - completa a Delegada.
Uma série de elementos ainda colocam o pai dentro do caso.Leandro ligou para a Rádio Farroupilha, narrando o desaparecimento do filho: falou de Bernardo no tempo passado, em nenhum momento chamou o menino de filho e também não deu o telefone pessoal, quando solicitado pelo locutor. Ao ser perguntado sobre qual telefone, as pessoas deveriam ligar, ele simplesmente deu o telefone público da polícia, possivelmente porque não estava nem aí com o desaparecimento do filho e segundo porque não queria ser incomodado.

Pai extremamente desleixado, não tinha o costume de procurar o filho, quando este ficava na casa de amigos ou colegas. Para ele tanto fazia se Bernardo ficasse 2,3 ou 15 dias fora de casa. A combinação era que Bernardo, de onde estivesse, mantivesse contato. Estranhamente, já na sexta-feira, dia do desaparecimento, ele começou a ligar para o celular do filho e no domingo, começou a procurá-lo por diversos locais na cidade, já na tentativa de forjar um falso álibi. A TV Band teve acesso aos horários das chamadas de Leandro para o filho: sexta-feira,  04/04/14 às 21:25 hs., dia do desaparecimento, sábado, 05/04/14, às 18:30 hs. e no domingo fez mais duas ligações. Leandro sabia por Graciele, conforme depoimento dado à polícia, que o menino ia passar o fim de semana na casa do amigo Lucas Mïller, mas ele não cogitou de ligar para a casa da família para indagar do filho.

OBSERVE = Um dia depois da queixa do desaparecimento de Bernardo, a Polícia vasculhou a casa da família e naquele dia não havia chave ou controle no estojo do garoto. Mas misteriosamente, dois dias depois, quando a Polícia, voltou com um mandado de busca e apreensão, a chave e o controle reapareceram no estojo.

No dia 06/04/14, sabendo que o seu plano de matar o filho tinha dado certo e que Bernardo já estava enterrado em uma cova vertical de 66 cm de profundidade numa mata fechada, à beira do Rio Mico em Frederico Westphalen, Leandro Boldrini vai com a desfaçatez de um criminoso na Delegacia de Polícia de Três Passos e comunica o desaparecimento do menino. Ele faz um boletim de ocorrência com uma informação que ele sabia ser falsa. Um engodo para fazer a Polícia, O ministério Público e o Conselho Tutelar procurar por Bernardo.

Celestino Ambrósio Schimidt, amigo de Leandro Boldrini, surpreendeu-se com sua frieza. Leandro disse temer naquele dia que "ele", Bernardo, estivesse morto e que tivessem escondido o "cadáver" no freezer e que hoje sumir com um corpo é muito fácil. Celestino disse que Leandro sabia que o menino não tinha fugido, que ele era muito medroso e tinha medo da noite. Bernardo permaneceu 10 dias e 10 noites, sozinho, sem ninguém a lhe velar, enterrado numa cova rasa numa mata densa, ele que tinha tanto medo do escuro e da solidão. Leandro ainda brincou com Celestino perguntando se este não queria comprar órgãos, pois diziam que ele, (Leandro Boldrini) tinha matado Bernardo para vender seus órgãos.

Uma testemunha que não quer revelar o nome por medo de represálias, diz ter visto Leandro Boldrini entrar cantarolando no Hospital na 2ª feira, terceiro  dia do desaparecimento do filho e outra testemunha ainda disse que ao sugerir a confecção de cartazes para ajudar na localização do menino, ela ainda teve que pedir desculpas ao médico pela ideia, tamanha a sua frieza.
- Nós temos declaração de uma pessoa que trabalha na casa de Leandro que escutou mais de uma vez o Leandro e a Graciele falando que se fulano ou sicrano estivessem falando mal deles - "a gente paga para matar".
- É claro que nós só temos a lamentar uma omissão verificada com parte de pessoas que depois contribuíram - diz a Promotora Dinamárcia.

- Eu informei primeiro a madrasta que a gente tinha encontrado o corpo e ela foi extremamente fria, não demonstrou tristeza alguma. Fui falar com o pai e ele não esboçou reação nenhuma. Diante da situação, o pai foi o mais frio. O plano foi arquitetado antes, isso eu não tenho dúvida - relata a Delegada Caroline Bamberg.




A Denúncia

Denunciado pelo Ministério Público:

Leandro Boldrini: atuou no crime de homicídio e ocultação de cadáver como Mentor juntamente com Graciele Ugulini. Ele também auxiliou na compra do medicamento Midazolam em comprimidos, fornecendo a receita azul para Edelvânia Wirganovicz (ela pessoalmente apanhou a receita no consultório dele), conforme depoimento da secretária Andressa Wagner. Ele nega que a assinatura da receita é dele, mas em uma carta sua escrita de dentro da Penitenciária de Charqueadas, as assinaturas são idênticas. Leandro Boldrini e Graciele Ugulini arquitetaram o plano, assim como a história para que tal crime ficasse impune. Ele responderá também por falsidade ideológica por ter registrado um boletim de ocorrência com informação falsa, já que segundo o Ministério Público, ele sabia da localização do filho.

Graciele Ugulini: mentora e executora do delito de homicídio, bem como da ocultação do cadáver.

Edelvânia Wirganovicz: executora do delito de homicídio e da ocultação do cadáver.

Evandro Wirganovicz: irmão de Edelvânia Wirganovicz. Envolvimento no homicídio e ocultação do cadáver.

Qualificadoras (agravantes) do crime:

Motivo torpe: uma vez que Leandro e Graciele não queriam partilhar com Bernardo os bens deixados pela mãe da criança.

Motivo fútil: já que Bernardo era filho do casamento anterior de Leandro, ele representava "um estorvo" para a nova unidade estabelecida entre o pai e sua madrasta, conforme a denúncia.

Emprego de veneno: segundo o Ministério Público, os acusados ministraram superdosagem do medicamento Midazolam a Bernardo.


Dissimulação e recurso que dificultou a defesa da vítima: Bernardo, sem condições de saber das intenções homicidas, foi conduzido até Frederico Westphalen e recebeu superdosagem, via oral e intravenosa, do medicamento.

A PRISÃO


PARA A POLÍCIA, DOIS DOS RESPONSÁVEIS PELA MORTE DE BERNARDO MORAVAM COM ELE: O PAI E A MADRASTA.

Depoimento de Boldrini à polícia no dia 16 de abril:

"Estou envolvido nisso, estou envolvido?"

Clínica de Boldrini tinha Midazolam:

No começo do depoimento, a Polícia Civil quis saber que tipo de medicamentos Leandro Boldrini usava na sua clínica particular de cirurgia e a função de Graciele Ugulini, mulher dele, no local. Havia a suspeita de que Bernardo tivesse sido morto com a aplicação de uma injeção letal. Mais tarde, a perícia comprovou que um dos medicamentos usados no crime foi o Midazolam, um sedativo para endoscopia. Ele era usado na clínica de Boldrini:                                                                                          
"Relata que os medicamentos utilizados para realização do precedimento endoscópico existentes na sala do interrogado são: Midazolam, substância líquida injetável em ampolas de 5 ml, injetável na veia, com a função metabólica com sedação consciente. 'Faz a pessoa esquecer que entrou numa sala de exame'. (...) Que a função da Keli era a lavagem e a desinfecção dos aparelhos, o que demorava cerca de 20 minutos entre cada procedimento. Que eventualmente a Keli procedia na aplicação dos medicamentos." 


A última visita de Bernardo à clínica:

Em seguida, Boldrini contou aos investigadores que Bernardo foi procurá-lo pela última vez na sua clínica no dia 2 ou 3 de abril e que o menino foi tratado de maneira ríspida pela madrasta:                   Pelo que lembra, no início das consultas, Bernardo chegou ao consultório do interrogado com um livro sobre anti-algas. Após a saída de Bernardo, chegou ao consultório a Keli, que ainda indagou o interrogado sobre o que Bernardo estava fazendo ali, 'meio discutiu comigo', 'porque esse guri vem aqui te atrapalhar'. Disse isso em tom um pouco mais ríspido. Keli disse ao interrogado que o lugar de Bernardo não era ali, ele tinha que estar em casa."


4 de abril, a morte de Bernardo:

No dia em que Bernardo foi levado pela madrasta Graciele Ugulini e a assistente social Edelvania Wirganovicz para Frederico Westphalen, onde ganharia uma televisão de presente, Leandro Boldrini disse que ficou trabalhando e foi comunicado pela companheira de que o menino iria dormir na casa de um amiguinho. O médico frisou que a relação familiar estava melhorando:                                          "Na sala de endoscopia, por volta das 10h, a Keli disse ao interrogado: - "'eu vou dar um pulo em Frederico para comprar uma televisão, em duas horas vou lá e volto". Disse que o 'guri' tava muito contente, 'comeu e repetiu a comida'. Esse fato chamou a atenção do interrogado, que acreditou que as coisas estavam engrenando, tavam dando certo. Que ficou no hospital até por volta das 20 hs. Perguntou pelo Bernardo e Keli contou que estava dando banho na Maria (Valentina, filha do casal), quando ela ouviu barulho nas escadas e perguntou 'é você Bernardo?' e ele respondeu 'sim, tô indo no Lucas'. Keli então disse 'mas teu pai disse que não era para sair' e Bernardo disse 'o pai sabe que eu posso sair final de semana'. Que na sexta-feira do dia 4 ligou uma vez para o telefone celular do Bernardo, ocasião em que caiu direto na caixa de mensagem. Que ligava para Bernardo para saber onde ele estava e não se preocupou com o fato do Bernardo não ter atendido o telefone." 


5 de abril, dia seguinte à morte:

Boldrini salientou que novamente tentou falar com o filho por telefone, mas o menino não respondeu. Ele já estava morto:                                                                                               "Sábado de manhã foi para o hospital e Keli o acompanhou. Diz que não ligou para Bernardo de manhã e pelo que lembra, no início da noite de sábado, ligou para o telefone celular do Bernardo, dando da mesma forma na caixa postal. Que ligou para o Bernardo porque era costume o Bernardo ligar para o interrogado, e como ele não tinha ligado, o interrogado pensou 'deve estar com o telefone desligado lá no amiguinho'. Que sábado à tarde ficou em casa e tudo transcorreu normalmente. E sábado à noite foram para Três de Maio ( para uma balada em casa noturna).


6 de abril, o domingo do "sumiço":

Leandro Boldrini falou à polícia que se propôs a esperar a volta do filho até as 19 hs. Só então ele começou a se preocupar com o desaparecimento de Bernardo:                             "Por volta das 16 hs., passou a ligar para o celular do Bernardo, e continuava direto na caixa postal. Se propôs a esperar até as 19 hs. e caso Bernardo não aparecesse, iria buscá-lo e ficou esperando, ele sempre chega. Perguntado pela autoridade policial acerca das ligações efetuadas pelo interrogado para o celular do Bernardo no período de 4 de abril a 6 de abril, respondeu que foram feitas por iniciativa do interrogado e em nenhum momento Keli pediu. (...) Que após procurar o Bernardo como já relatado em seus depoimentos anteriores, foi de livre vontade, como obrigação de pai, registrar o Boletim de Ocorrência. Que desde o dia 4 de abril até a prisão não notou nenhuma alteração no comportamento da Keli. Salienta que ela ajudou a procurar o Bernardo pela cidade, pelos matos, em Tenente Portela, por tudo. Que em casa os assuntos cogitados eram de possível sequestro, sumiço por conta própria e homicídio, sendo que essa possibilidade o interrogado imaginava como muito pequena." 

"Estou envolvido nisso? Estou?" 

O médico estava na Delegacia Regional de Três Passos quando tomou conhecimento da morte do filho. O inquérito salienta que ele "não externou nenhuma reação" e ficou preocupado em saber se tinha envolvimento com a morte de Bernardo:                                 "Quando tomou conhecimento de que Bernardo estava morto, não externou nenhuma reação. Acredita que seja devido a um medicamento que toma. Que minutos depois conversou com a Keli, que também já estava presa, e ela dizia 'não sei, não sei', e o interrogado perguntou 'eu tô envolvido nisso, eu tô envolvido nisso', ao que Keli respondeu 'não'. Indagou Keli, perguntando se aconteceu alguma coisa com o menino. 'Keli disse sim, então o interrogado desmoronou'. Não entende porque tanta barbárie, era só se separar, que ela fosse criar a Maria e eu ficava com o guri, sempre apoiando ela e a Maria. (...) Keli controlava a conta da empresa, e a conta da pessoa física do interrogado ele próprio o faz, mas Keli tinha acesso a ela e caso fizesse alguma movimentação expressiva, o interrogado seria informado pelo Banco do Brasil através de mensagem para seu celular. Na semana em que aconteceu o desaparecimento de Bernardo o interrogado não constatou ou recebeu alguma mensagem do banco. (...) No momento em que foi informado da sua prisão, não estava entendendo o que estava acontecendo, queria colaborar, queria saber qual era a situação."


Bernardo era "uma semente do mal":

No final do depoimento, Leandro Boldrini afirmou aos policiais que a madrasta odiava Bernardo e que considerava o garoto "uma semente do mal":                                                   "Perguntado qual a motivação da Keli em ter cometido o crime contra Bernardo, o interrogado diz que ela tinha ódio do 'guri', e esclareceu que esse ódio se manifestava nos 'arranca' que dava entre os dois, eis que o Bernardo não aceitava 'não'. Que Keli, enquanto estava sozinha com o interrogado, se referia ao Bernardo dizendo que 'ele era uma semente do mal', 'que ele não tinha puxado em nada pelo interrogado, tudo por aquela louca da mãe dele que tinha se matado' (referindo-se a Odilaine Uglione, mãe do menino que cometeu suicídio em 2010). Que perguntado se tinha conhecimento que Keli tentou asfixiar o Bernardo com o travesseiro, o interrogado diz que não tinha conhecimento deste fato: 'nunca o Bernardo me contou".

OBSERVAÇÃOGraciele Ugulini como boa enfermeira que era, deveria saber que para gerar uma criança é necessária a participação de duas pessoas de sexos distintos. Quando ela diz que Bernardo era uma "semente do mal" ela atribui a culpa do gênio do menino somente à sua mãe Odilaine. Tamanha era a fúria de Graciele contra Bernardo que ela usava de todos os artifícios para atacar o garoto, falando coisas até sem pensar. Acrescentado o fato de que Leandro Boldrini sabia do ódio que ela nutria por Bernardo e aproveitou-se disso para decretar a morte do próprio filho.



LEANDRO BOLDRINI SE RECUSOU A PASSAR PELO DETECTOR DE MENTIRA DA POLÍCIA E CONTRATOU UM TÉCNICO PARTICULAR PARA LHE APLICAR O TESTE.




(clique no link acima para ouvir trechos do depoimento de Leandro Boldrini pelo detector de mentira/Matéria do Fantástico/Globo.)
O médico Leandro Boldrini, réu pela morte do filho Bernardo, de 11 anos, depôs na tarde desta quinta-feira (28/05/14) sob a análise de um detector de mentiras, conforme autorizado pela justiça e após se recusar a passar pelo teste da Polícia. O advogado de defesa do pai da criança, Jader Marques, afirmou ao G1 que não acompanhou o depoimento e apenas conduziu Boldrini até a sala em que as perguntas seriam feitas pelo perito que realizou o exame. De acordo com ele, a informação preliminar é de que o laudo deve ser entregue na próxima sexta-feira (30/05/14). Ao todo foram feitas cerca de 40 questionamentos ao médico na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC) durante duas horas, aplicadas por Mauro Nadvorny, técnico no uso do polígrafo, tendo feito o teste, conforme o mesmo, gratuitamente.

De acordo com o Tribunal de Justiça, a solicitação foi feita pelo advogado Jader Marques, defensor de Boldrini. O Ministério Público Estadual (MP) concordou, fato levado em consideração na decisão judicial. No pedido protocolado na Justiça, a proposta do defensor era submeter o cliente ao teste para verificar a veracidade das informações prestadas:

- "Procurava conversar mais com o Bernardo, dar atenção para ele. Enfim, ter um contato mais próximo, uma aproximação maior com ele" - afirmou Leandro Boldrini.
- "Verdade." - diz o detector de mentiras, oferecido ao médico de graça pelo perito Mauro Nadvorny.

- "Agressões verbais existiam, mas nunca presenciei agressão física" - Leandro Boldrini.
- "Verdade." - confirma o mesmo detector.

Isso é sério mesmo?

Mauro Nadvorny: - "Leandro de acordo com o resultado, é inocente.
Fantástico: - "O senhor não tem dúvidas disso?"
Mauro Nadvorny: - " Com relação ao resultado, nenhuma. (Fonte: G1).
OBS:  Em seu blog, o dr. Mauro Nadvorny defende o dr. Leandro Boldrini.

- " Esse  detector é facilmente enganável, porque, a pessoa pode se preparar para as perguntas e para as respostas. Portanto, quando vem da defesa, normalmente nós entendemos que eles já sabem que vai ser um fator positivo." - destaca Marcelo Dornelles, subprocurador-geral de Justiça do Rio Grande do Sul.Matéria disponível em g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/caso-bernardo.

- " Não tem essa possibilidade, porque o sistema é todo baseado na leitura cerebral, na leitura do pensamento" - afirmou o investigador Demétrio Peixoto, a respeito do polígrafo. Isso é sério mesmo? Matéria disponível em g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/caso-bernardo.

 --"A verdade é que o mentiroso convicto, o cara-de-pau, pode ter uma chance maior de enganar a engenhoca do que uma pessoa honesta, mas extremamente nervosa". Disponível em:<super-abril.com.br/mentiras-detector>.

OBSERVAÇÃO: A entrevista de Leandro Boldrini ao Jornal Zero Hora é recheada de incoerências (veja abaixo na íntegra), e isso, quando talvez ele devesse estar muito preocupado em "como" responder às questões. Todas as perguntas feitas por Zero Hora  tiveram como conteúdo, as indagações mais essenciais, portanto, as perguntas simuladas pelo técnico do polígrafo devem ter alcançado o mesmo nível.
Que espécie de aparelho é esse, que apresenta divergências, berrantes? Graças a Deus, que a Justiça não leva esse teste em consideração.
O Ministério Público entendeu que a entrevista sendo realizada em ambiente fechado, perguntas e respostas podem ter sido concordadas entre os interessados e portanto, não possui nenhum valor legal para o caso de Bernardo Uglione Boldrini, assim como causa estranheza o tom de voz do médico: frio,  impessoal e inalterado durante todo o discurso.

 POLÍGRAFO

Publicado em: 01/04/2014 - 14:12. Fonte: Mundo Estranho.

Também conhecido como polígrafo, o detector de mentiras é composto por um conjunto de sensores que medem o ritmo da respiração, a pressão sanguínea, os batimentos cardíacos e o suor na ponta dos dedos da pessoa examinada. O funcionamento do aparelho se baseia na teoria de que essas reações do organismo se alteram quando medimos. Os antigos polígrafos tinham agulhas móveis que rabiscavam traços numa folha de papel. Hoje o resultado é mostrado direto numa tela de computador. Mas não basta você comprar um polígrafo e sair por aí interrogando as pessoas. O teste só vale se for feito por um examinador treinado, que saiba conduzir um interrogatório específico, cheio de armadilhas. Por ser tão subjetivo, o teste é muito contestado. “A prática do polígrafo é tão científica quanto a de ler o futuro em folhas de chá ou nas entranhas de gansos”, afirma o psicofisiologista John J. Furedy, da Universidade de Toronto, no Canadá.
Nos tribunais, o teste nunca é aceito como prova definitiva e já foi demonstrado que muitas pessoas não passam nele, mesmo dizendo a verdade.

As armas do teste:

Um computador mostra as variações no corpo.


Computador:
Convertidas em sinais digitais, as várias medições transformam-se em gráficos na tela de um computador. Cada cor corresponde a uma das três variáveis.

Pneumógrafos:
Dois tubos de borracha cheios de ar passam em volta do tronco do examinado. Qualquer mudança na respiração ou no movimento dos pulmões é detectada.

Galvanômetros:
Presos na ponta dos dedos da mão, esses sensores metálicos medem a condutividade elétrica da pele. A umidade produzida pelo suor nos dedos aumenta essa condutividade.

Medidor de pressão:
Semelhante ao dos médicos, mede a pressão sanguínea e os batimentos cardíacos:

– A maior parte dos testes trabalha com três tipos de pergunta: as relevantes, as irrelevantes e as de controle. As irrelevantes, como “você tomou café da manhã?”, são apenas para confundir e dar ritmo ao teste.
– As perguntas relevantes são as que o examinador quer realmente investigar. Um exemplo, no caso de uma empresa testando seus empregados, seria: “Você está entregando informações confidenciais para o concorrente?”
3 – O segredo está nas perguntas de controle. São perguntas que praticamente ninguém poderia responder “não” sem mentir, como: “Você já teve atração sexual por alguém casado?” O examinador tenta levar o examinado a mentir para medir suas reações.
4 – Se as alterações na respiração, transpiração etc. forem maiores nas perguntas de controle do que nas relevantes, o examinado passa no teste. Se forem maiores nas perguntas relevantes, não passa.
5 – Neste segundo caso, o examinador faz um interrogatório pós-teste, em que confronta o examinado, mostra o resultado do polígrafo e tenta colocá-lo contra a parede. O objetivo é obter uma confissão, pois o teste não tem valor jurídico.
6 – Organizações como a americana Anti-Polygraph ensinam truques para driblar o teste. O segredo é identificar as perguntas de controle e, ao mentir nelas, provocar alterações mais fortes no organismo. Como? Mordendo discretamente a língua ou respirando um pouco mais rápido, por exemplo.


A PRISÃO DE LEANDRO BOLDRINI.


Após a prisão preventiva de 14/04/14, Leandro Boldrini foi levado para uma cela na penitenciária de alta segurança em Charqueadas, mal pintada de branco, com cama, mesa e pia de concreto e um canto de pátio cercado de grades e macegas sem sombra para sentar. Ele está recolhido à triagem  para presos de mau comportamento ou que correm risco nas galerias. Passa a maior parte do tempo lendo publicações sobre medicina e romances retirados da biblioteca ou levados pelo primo, o advogado Andrigo Rebelato. Substituiu o bisturi por pincel e pinta as paredes da cela para passar o tempo.Ainda não recebeu a visita de parentes.
De acordo com o irmão Paulo Boldrini: -"estou querendo ir, mas ainda não foi possível. O pai e a mãe estão sofrendo muito, o velho tem problemas de pressão alta, já foi hospitalizado duas vezes. Somos três filhos e o Leandro é o nenê da casa. Ano passado fizemos uma churrascada de ovelha para ele. Imagine o que tem sentido.
Por questões de segurança, são servidas ao médico as mesmas refeições dos guardas da PASC. A medida evita que apenados que preparam os alimentos para as galerias misturem veneno ou cacos de vidro na comida de Boldrini, pois autores de crimes contra crianças despertam ódio entre os presos. No presídio, a refeição de Leandro resume-se em um café em caneca plástica acompanhado de pão com manteiga e o cirurgião tem que estar de pé à 7 horas se quiser tomá-lo. O almoço, servido em prato de plástico, em geral é composto de arroz, feijão, salada e um pedaço de carne, quase sempre é carne moída e o prato tem que estar limpo antes das 16 horas, quando é servida a janta.
Toda a higiene é feita dentro da própria cela. Não tem direito a TV ou rádio. Tem direito ao banho de sol por duas horas, sozinho e num pátio de 20 metros quadrados. (Diário de Santa Maria de 29/05/14).


ENQUANTO AGUARDA JULGAMENTO.


 DEPOIMENTO DE LEANDRO BOLDRINI AO JORNAL ZERO HORA:

"Eu vivo um pesadelo acordado", diz Leandro Boldrini em entrevista.

Pai de Bernardo falou a ZH na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).  Por Adriana Irion 07/06/2014 | 12h31 - Jornal Zero Hora.

Preso em cela isolada, cirurgião diz ter insônia no cárcere. O cirugião Leandro Boldrini, 39 anos, nega ser o mentor da morte do filho,Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos. Com o olhar parado, quase sem expressão, 10 quilos mais magro do que quando foi preso, em 14 de abril, diz estar vivendo um pesadelo acordado.

Mesmo com doses de Rivotril, sofre de insônia na cela que ocupa no setor de triagem da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). À noite, ocupa o tempo lendo romances, suspense, psicologia e auto-ajuda. Quatro dias por semana, as mãos de pele clara que nos últimos 10 anos conduziram o bisturi em cirurgias no Hospital de Três Passos empunham pincel: ele trabalha pintando as paredes de uma sala da prisão.
— É bom para ocupar o tempo — diz.Isolado do contato com outros presos para sua própria segurança — já que crimes envolvendo crianças são especialmente refutados por criminosos —, ele também toma horas diárias de sol no pátio da prisão. Boldrini não demonstra emoções e admite não saber fazer isso: fala da morte do filho, de trabalho, de família, sempre no mesmo tom. Mesmo quando diz que jamais perdoará a mulher, Graciele Ugulini, acusada de assassinar Bernardo, a fala é diplomática, sem indignação.
Na última quinta-feira, durante duas horas, Zero Hora conversou com Boldrini na Pasc. Na presença do seu advogado, Jader Marques, o médico não hesitou nas respostas. Chegou a afirmar que sua personalidade e jeito de ser contribuíram para a tragédia. Confira trechos da entrevista:

Qual seu envolvimento com o sumiço e a morte de seu filho Bernardo?
Não tenho nenhum envolvimento. A última imagem que tenho dele é daquela sexta-feira (4 de abril) em que ele estava feliz, contente porque ia ganhar uma televisão. Essa televisão, provavelmente, tinha sido prometida para ele pela Graciele, tanto que ele tinha contado para os coleguinhas da escola que ia ganhar. Não tenho envolvimento. Achei que as coisas estavam melhorando depois daquela entrevista com o juiz e a promotora para ver a questão do Bernardo. Pensei: as coisas estão melhorando, o guri está faceiro, a coisa está indo bem, se desenvolvendo de uma maneira para dar certo. Era o que eu queria, que todo mundo esperava, que o Bernardo...O que ele foi pedir lá, mais carinho, mais atenção, enfim, isso aí estava dando resultado prático.
Ele ia ganhar a TV ou um aquário. A polícia disse que ele saiu com a Graciele porque acreditava que buscaria o aquário que tanto queria.
É difícil precisar se foi por causa da TV ou do aquário, mas o Bernardo estava contente, alegre, eufórico, repetiu o almoço, gostou do peixe. Era uma somação de coisas, era o aquário que ele ia ganhar, era a TV. Uma criança de 11 anos é fácil de manipular.
Contradição: Leandro Boldrini percebeu um dia antes da morte de Bernardo que as coisas finalmente estavam engrenando. Conforme relato de testemunhas, naquele dia, 03/04/14, uma quinta-feira, reinou na casa uma paz anormal. Tudo o que era proibido ao garoto foi liberado. E o juiz tinha dado um prazo de 90 dias para que a situação de Bernardo melhorasse. Para Bernardo, depois da audiência, as coisas só pioraram. Testemunhas dizem que ele passou a andar com roupas sujas e reclamando de fome.
A polícia e o Ministério Público acreditam ter elementos fortes contra o senhor.
O que eles apresentaram são coisas que não têm como me incriminar. O principal é a receita (receita assinada por Boldrini com Midazolam prescrito em nome de Edelvânia Wirganovicz, outra suspeita de participação na morte de Bernardo. A perícia detectou presença do medicamento no corpo do garoto) e essa receita foi roubada do meu consultório, não foi preenchida por mim, não conheço essa Edelvânia, nunca atendi ela, nunca prescrevi medicação Midazolam para ela.
Contradição: A própria secretária do médico na época, em depoimento à Justiça, afirma que Edelvânia Wirganovicz foi em pessoa ao consultório apanhar a receita quando foi feita uma receita, especificamente para ela. Edelvânia também esteve no consultório na época do desaparecimento de Bernardo.Na carta  assinada pelo médico  de 11/09/2014, solicitando providências do juiz no sentido de se preservar a memória de Bernardo, a grafia das duas assinaturas são idênticas. E ampolas de Midazolam sumiram da clínica de Leandro Boldrini, conforme atesta a enfermeira que trabalhou com ele, Marlise Cecília Renz. O médico nunca questionou esse sumiço.

O senhor tinha receitas assinadas em branco?
Às vezes, a secretária dizia: "Dr, vai vir o seu João trocar a receita". Eu assinava, mas era específica para uma pessoa. Não é que eu deixava no consultório 20 receitas assinadas. Não. Isso é bem controlado.
OBSERVAÇÃO: Notem bem: "especificamente". Leandro sabia para quem estava assinando as receitas. A secretária do médico confirma isso. Conforme depoimento de Andressa Wagner, existiam receitas carimbadas mas não assinadas. Quando o médico não conseguia preenchê-las, ele dava ordem à secretária para concluir o preenchimento. Em hipótese alguma, ele tinha desconhecimento a quem era destinada a receita.
O senhor nunca tinha visto ou falado com a Edelvânia, que confessou o crime e indicou onde estava o corpo de seu filho?
Não. Ouvi falar dela um tempo atrás, que elas (Edelvânia e a mulher de Boldrini, Graciele Ugulini) eram colegas em Frederico Westphalen na coordenadoria de saúde. Isso eu ouvi da Kelly, que eram amigas. Só ouvi. Pessoalmente, eu não a conhecia.
Contradição:  Além de conhecer Edelvânia Wirganovicz muito bem, conhecia também o irmão dela, Evandro Wirganovicz, pois ambos haviam trabalhado juntos, em um hospital. Edelvânia disse em depoimento à Polícia que ficou anos sem ter contato com Graciele Ugulini, sendo esse contato reatado dois meses antes da morte de Bernardo, quando a madrasta a usou para por fim à vida do menino. Quando Leandro foi preso, a única frase que ele conseguiu dizer à mulher na delegacia  foi: "Estou envolvido nisso, estou?" Algum tempo depois, já presos, Graciele tentou um contato com ele, mas foi impedida pela Polícia. Em que parte da história, Leandro tomou conhecimento da existência de Edelvânia?
Depois do desaparecimento de Bernardo, ela não esteve em seu consultório ou sua casa?
Não, só vi ela na prisão (quando os três suspeitos foram presos em Três Passos).
Contradição: Com relação à amiga do casal, Edelvania Wirganovicz, também suspeita do crime, Andressa Wagner, ex-secretária de Leandro Boldrini, em depoimento em 08/09/14, disse que após ver a imagem dela na TV e nas redes sociais, lembrou que era a mulher que esteve na clínica durante o período em que o menino era considerado desaparecido. “Não deu para perceber nada (que tivessem cometido um crime)”, comentou. Em relação a receita médica assinada pelo pai Leandro Boldrini, autorizando a compra da substância Midazolan, apreendida pela polícia e usada como prova do crime, a ex-secretária informou que o documento estava designado a um paciente e uma outra receita à assistente social. Edelvânia era amiga íntima de Graciele Ugulini e Leandro Boldrini não Conhecia Edelvânia Wirganovicz? Evandro Wirganovicz chegou a trabalhar com ele em um hospital e Leandro Boldrini não conhecia nenhum membro da família Wirganovicz?
O senhor não percebeu nada diferente no comportamento de sua mulher, Graciele, depois do desaparecimento do seu filho?
Ela se manteve totalmente dissimulada, não esboçando reação nenhuma. Era uma face dela que eu não conhecia, apesar de a gente ter convivido por quatro anos, um comportamento de frieza, como se nada tivesse acontecido. Não conhecia esse lado dela.
Contradição: A mãe do acusado disse ter estado em sua casa na época dos fatos e que este alegava não ter nada a ver com o assunto e que quanto à Graciele, eles iriam colocá-la numa "caixinha". O que ele estava querendo dizer com isso? Ele não convivia com Graciele há 4 anos: Leandro Boldrini convivia com Graciele há mais ou menos 6 anos. Na época em que Odilaine morreu, fevereiro de 2010, o próprio Boldrini confessou ao irmão que Conhecia Graciele há muito tempo. Graciele chegou até a comentar com a própria secretária do médico que conhecia matadores para desaparecer com o menino. Se ela não estava preocupada que Leandro soubesse, evidente que ele também não se importava com o filho.


Graciele lhe pediu dinheiro naquela semana? O senhor notou movimentação diferente na conta? (A investigação comprovou que Graciele pagou R$ 6 mil a Edelvânia dias antes de Bernardo ser morto, informação também confirmada por Edelvânia em depoimento).
Não. Na conta do Banco do Brasil qualquer movimentação expressiva vem por mensagem para o meu celular. Tanto que a compra da TV naquela sexta veio para o meu celular, com a mensagem de R$ 1,4 mil. Uma quantidade pouca de dinheiro sempre tinha em casa (há um cofre na casa), do movimento do consultório. Tinha uma conta da pessoa jurídica, da clínica. Não circulava muito dinheiro, mas sempre entrava uma coisa ou outra, e ela tinha acesso com cartão.
Contradição: Era Graciele quem cuidava das finanças do casal, ela tinha acesso a conta dele com cartão. Ele não menciona se ela tinha conta pessoal e nem sobre as contas originadas em Frederico Westphalen (extintor de carro, ferramentas, soda cáustica). Apareceu no seu celular a compra da TV e não apareceu a compra do extintor? Graciele não tinha por quê esconder dele a compra do extintor, além de que Edelvânia não iria custear do seu bolso gastos alheios. "Uma quantidade pouca de dinheiro e ela tinha acesso com o cartão": donde se conclui que ele sabia sim dessa movimentação. A Polícia aguarda resposta do banco sobre movimentação bancária do casal (início de 2014). Depois disso nada mais foi falado a respeito. Sérgio da Silva Rolim de Moura confirma que Graciele não possuía patrimônio próprio. Mas depois que prestou depoimento à Polícia em 22/04/14, ela andou se desfazendo de alguns bens em Santo Augusto a favor da irmã, assim como Leandro Boldrini e ele até ter todos os seus bens bloqueados pela Justiça em finais de abril de 2014. (fonte: G1) 

O senhor saiu da cidade no sábado, dia 5 de abril, para ir a uma festa. Não pensou em falar com seu filho na casa de amigos, ver se estava tudo bem? Foi natural viajar sem contato com ele?
Foi uma coisa natural. Eu tinha informação de que ele estava na casa do Lucas, tentei fazer uma ligação do meu celular para o dele, mas não se completou. O Bernardo carregava o celular no USB do computador, ele tinha perdido o carregador dele. Às vezes, ou ele deixava o celular em casa sem bateria ou estava com ele, mas também sem bateria. Nesse sábado, fazia um mês que eu estava trabalhando no sobreaviso (no hospital de Três Passos).
Contradição: Leandro nunca ligava para o filho, a combinação entre ambos era que Bernardo devesse ligar em caso de necessidade. Fazia um mês que ele não ligava para o filho, então resolveu ligar quatro vezes, antes de chegar à casa do amigo de Bernardo? Cadê o comprometimento feito ao Juiz? Sérgio, padrasto de Graciele, confirma que naquele sábado, 05/04/14, dia seguinte ao desaparecimento de Bernardo, Leandro Boldrini chegou "angustiado e embrigado" da festa noturna em que ele e a mulher foram na cidade vizinha de Três Rios.

Na investigação, a polícia aponta que o senhor comentou, ao procurar Bernardo, que ele tinha saído sem celular, e que mesmo sabendo disso o senhor afirma que tentou contato com ele por telefone.
Eu não sabia. Se isso foi dito, foi aleatório. Ele poderia ter levado, como poderia não ter levado. Podia ter deixado dentro da mochila descarregado. A gente sempre tinha uma comunicação, quase que diária. Como ele estudava cedo, meu celular despertava 6h45min, eu via que o Bernardo não estava se mexendo para ir para escola, eu mesmo do meu ligava para ele. Tinha esse contato. Por isso, liguei para ele na própria sexta, no sábado, domingo. Ele sabia ligar a cobrar para mim, era comum esse contato.
Contradição: Conforme informação de testemunhas que atendiam o menino Bernardo, muitas vezes estas tinham que despertar o menino para a escola. E novamente: não era costume de Leandro ligar para o filho. E por quê ele ligou para o filho já no primeiro dia do seu desaparecimento? O celular de Bernardo desapareceu e o pai comenta com três testemunhas que o menino se encontrava sem o aparelho. 

A partir de depoimentos, a polícia concluiu que o senhor nunca procurava Bernardo nem buscava na casa dos amigos. Por que o senhor foi procurá-lo na casa do amigo no domingo, dia 6?
O trato era de que 18h, 19h ele tinha que estar em casa, pois tinha aula cedo na segunda. Bernardo tinha saído sexta-feira de casa. Eu disse: se o Bernardo não chegar, vou buscá-lo, já estava me preocupando com isso desde o meio-dia. Fiquei esperando até que decidi passar no hospital e ir na casa do Lucas (segundo versão de Graciele, Bernardo teria ido passar o final de semana na casa do amigo Lucas). Saí do hospital reto e fui no restaurante do pai do Lucas. Já teve vezes em que o Lucas e o Bernardo ficavam no restaurante, que fica a uma quadra do hospital. Então fui lá perguntar pelo Bernardo.
Contradição: Testemunha: "Por incrível que pareça, ele (Leandro) foi primeiro no restaurante, onde meu marido trabalha, nunca o Bernardo ficava no restaurante conosco né, a gente ia almoçar no sábado de meio dia só e ele foi lá buscar, depois ele veio em casa para ver se ele (Bernardo), se realmente não estava, isso era uma sete e pouco...(do domingo/06/04/14, Bernardo já se encontrava desaparecido desde a tarde de 04/04/14). MP: "A senhora estranhou isso"? Testemunha: "Com certeza, nunca tinha vindo".

O senhor não se preocupava com o fato de Bernardo passar dias fora de casa? Passar 10, 15 dias na casa de outras famílias?
Isso nunca aconteceu. O máximo que ele podia ficar era esse período de sexta até domingo de tarde. Dia de semana eu não deixava. Nos Petry (casal amigo de Bernardo), uma vez que eu fui fazer um curso de cirurgia em Curitiba, ele chegou a ficar uma semana. Ele ficou na casa da Ju Petry por escolha dele. Mas não que eu não me preocupasse.
Contradição:   Veja texto de um dos e-mails do advogado Marlon Taborda ao Conselho Tutelar de Três Passos:

O senhor foi procurado pelo Conselho Tutelar e teria resistido a ter o acompanhamento. Segundo conselheiros, o senhor disse que criaria seu filho do seu jeito.
A primeira vez, o conselho me abordou de uma maneira, falando coisas que não tinha como eu ter feito. Eu tinha tido uma operação urológica, e a conselheira tutelar veio dizer que o Bernardo relatou ter visto cenas adultas, de sexo. Tinha feito uma cirurgia, não podia ser. Isso é inverídico. Ele viu uma cena de namoro e interpretou mal, da forma dele e relatou ao conselho. Houve outra abordagem em que veio o conselheiro e uma assistente social. A assistente social foi bem grosseira, chegou com o tom de voz exaltado. Eu perdi a paciência.
Contradição: Leandro Boldrini quando criança, fez um operação relacionada aos testículos (varicocele) e segundo os parentes, era a sua principal motivação para querer ser médico. Bernardo alega ter visto cenas de fazer bebês na linguagem de criança, referindo-se ao pai e madrasta. Ele estava muito indignado e não consta dos relatos de testemunhas de que ele fosse um mentiroso.

Mas o que lhe falaram, que Bernardo vagava pelas ruas, ficava fora de casa e reclamava de falta de carinho?
É, todas essas questões assim de que não tinha o que comer, coisas sem substrato. A gente proibia ele de abrir conta em restaurante e barzinho. Se ele quisesse alguma coisa era só pedir que era dado. De nenhuma maneira o Bernardo andava sem roupa, sem comida, pedindo dinheiro. É absurdo.
Contradição:  Bernardo era um pobre menino rico. Uma das reivindicações, quando de suas idas ao conselho tutelar era que lhe fosse permitido comprar lanche quando estivesse na escola (não dinheiro). Bernardo era conhecido por estar sempre pedindo o lanche dos colegas.Crianças gostam de comer "gostosuras" e a ele lhe era dado sempre comer ovo cozido, que ele mesmo preparava. Nos seus últimos dias de vida, ele chegou a reclamar que estava com fome. Em uma época que o menino precisou de uma guitarra para apresentação na escola, o pai mesmo possuindo o tal instrumento, disse que ele se virasse com um cabo de vassoura. Aos prantos, ele foi acudido por amigos que lhe emprestaram outra guitarra. A partir da audiência de 08/02/14, em que compareceram pai e filho, a situação de Bernardo piorou ainda mais.
Ele tinha característica de pedir coisas para pessoas fora de casa?
Não era uma criança suplicante, que pedia porque não ganhava em casa. Às vezes, podia até ser influência dos colegas.
Há relatos de que Bernardo ia sem lanche para escola, que os colegas davam ou alguém pegava no bar para ele.
Não.
Contradição: Bernardo perambulava pelas ruas de Três Passos, doente, abatido, desnutrido e malcuidado, conforme relatos de testemunhas. Após a audiência em que o Juiz deu 90 dias para que Leandro Boldrini reatasse e melhorasse sua relação com o menino, a situação de Bernardo só piorou.

Quem cuidava do lanche dele?
Era a Kelly, eu também e a empregada. Lembro que a empregada sempre deixava sanduíche pronto para ele levar ou ele levava dinheiro para comprar lanche e refri. Até mesmo a gente comprava fardo de refri de 100 mls. Às vezes, pelo fato de ele sair correndo, não dava tempo de pegar o lanche. Pode ter acontecido de ter saído sem tomar café, sem pegar o lanche e dizer para alguém que estava com fome.
Contradição:  Não é o que dizia Bernardo. Hoje, já não é possível confrontar os fatos. Até quando Graciele Ugulini cozinhava, ele era proibido de se alimentar ( relatos de testemunhas). Quando da sua visita à avó materna em Santa Maria, no final de 2013, ela se espantou ao ver a magreza do garoto. Que pai ou mãe não confere o lanche do seu filho e constatando tal fato, não se desloca de onde estiver ou então dá um jeito para que sua criança não fique sem alimentação?
O senhor não percebia que Graciele implicava com Bernardo? Ele queixou-se para diversas pessoas sobre ser maltratado por ela.
A implicância era assim: a Graciele pedia para ele ter mais cuidado com a leitura, o estudo, a higiene pessoal, o aparelho dentário, o óculos, a organização do quarto. Essa questão de ele ficar mais em casa ou não, a gente achava que as pessoas davam atenção, gostavam que ele fosse lá. Teve finais de semana em que eu estava de folga e combinava de fazer tal coisa de tarde, a gente estava almoçando, vinha uma família e já convidava ele para ir junto numa festinha.Ele tinha muitas amizades na cidade. Era uma criança querida, todo mundo gostava dele, de fácil relacionamento com as pessoas.
 Contradição: No vídeo apreendido do celular de Leandro Boldrini, nota-se muito bem "o cuidado" de Graciele Ugulini no trato com o enteado. Situações delicadas como o suicídio da mãe biológica (que decididamente deveriam ser, se não esquecidas pelo menos amenizadas),  são lançadas como flechas sobre o menino, em conluio com o pai biológico Leandro Boldrini. Sandra Cavalheiro, principal testemunha de acusação do caso, relata nomes horrendos com os quais Graciele Ugulini se dirigia à criança. De acordo com testemunhas de dentro da casa, ela chegava ao ponto de usar as roupas da falecida mãe de Bernardo somente com a intenção de espicaçá-lo. Era a típica família reconstituída em que a madrasta não aceita o enteado, mas especificamente neste caso, o pai compactuava com os desmandos da companheira em relação ao filho. Quando alguém cobrava dela, alguma atitude em relação a Bernardo ela dizia: " Que ele se exploda"!
Mas e a relação com Graciele, o senhor notava briga entre eles?
Nos últimos tempos isso começou a ficar uma coisa mais severa.
Discussões?
O Bernardo, ao invés de ficar no quarto fazendo leitura ou tema, descia e ficava com a empregada na cozinha. Isso a Graciele não queria, dizia: "Bernardo, vai para teu quarto, vamos despedir as empregadas porque tu fica rodeando aí, o teu lugar é no teu quarto fazendo tuas atividades".
Eles brigavam?
Não chegavam a se ofender. Quando eles batiam boca, eu estava junto, era o momento que eu dizia para eles se acalmarem. Dizia que a gente era uma família e tinha que haver respeito. Eu e a Graciele nenhum desautorizava o outro. A gente seguia a mesma linha de conduta.
Contradição: Veja vídeos de maus tratos dispensados a Bernardo por seu pai Leandro Boldrini e sua madrasta Graciele Ugulini, imagens estas apreendidas do celular do próprio Leandro. Em depoimento de 22/04/14, quando a delegada pergunta a Graciele como era a sua relação com Bernardo, ela prefere não responder e um dos motivos de Bernardo ir ao Conselho Tutelar em janeiro está descrito abaixo nas palavras da promotora Dinamárcia Maciel de Oliveira:
- “A minha madrasta é uma bruxa, ela me xinga de tudo que você possa imaginar, e o meu pai dá razão para ela. Eu não tenho comida de noite porque não tem tata (empregada, babá). Eu tenho que tomar leite, comer banana, fazer ovo cozido ou então eu vou comer na casa dos meus colegas. Não tenho chave de casa, ela briga comigo e eu tenho que esperar 10 e meia da noite o pai chegar para eu poder entrar em casa. E eu não aguento mais isso. Deram todos os meus cachorros. E hoje foi a gota d’água, porque ela me chamou de veadinho e eu atirei um copo nela. O copo não pegou, mas eu estou com medo, estou cansado, eu nunca tinha feito isso de atirar um copo nela. Então eu não quero mais ficar naquela casa. Eu estou na casa da tia Ju (Juçara Petry). E eu queria te dizer assim, promotora: eu quero que a Ju e o marido dela sejam meus novos pais, porque eu quero ter pais com amor. ” - Bernardo.

Como era a sua relação com ele?
O Bernardo não tolerava uma frustração, isso tirava ele do sério. Se ele tinha combinado com uma família de ir pousar no final de semana e não dava certo, ele ficava furioso. Parece que não tolerava frustrações. Eu tentei algumas vezes aplicar castigo, tirar o computador, ele ficava uma fera.
Contradição: Bernardo além de triste, estava com muito medo. Ter que passar ao lado da madrasta até os seus períodos de descanso, com certeza lhe era  muito penoso. Nos finais de semana, ele ficava ligando para os coleguinhas para dormir em suas casas. Se formos dar crédito ao teste do polígrafo ao qual o médico se submeteu por conta própria em 28/05/14, ele mentiu nesta resposta: que Bernardo não tolerava uma frustração.
Como o senhor lidava com isso?
Tentava explicar o por que daquilo, mas chegava num ponto que eu cedia, tinha que ceder. Se ele decidia do jeito dele, tinha que ser. Depois, as coisas se acalmavam, a gente conseguia dialogar. Eu nunca fui de espancar ele, de bater nele, de fazer alguma violência. Sempre trabalhava nessa questão do psicológico.
Contradição: O que é violência para o doutor Leandro Boldrini? Leandro disse que criaria Bernardo na ponta do facão, então por quê existia um facão dentro da casa? O casal queimava as fotos de Odilaine na frente do menino e Leandro proibiu que tivesse foto de Odilaine dentro da casa, além de não se poder falar nela. Como Graciele não assumiu sua condição de madrasta ou mãe adotiva, na época de dias das mães, a escola retirava Bernardo da sala de aula, para que ele não sofresse vendo os preparativos. Deram todos os seus cachorros, um dos motivos de reclamação de Bernardo. Leandro trancava Bernardo no quarto para lhe bater e Graciele ainda dizia: - "Bem feito, tem que bater mais." Ela própria batia no menino: veja vídeo em que Bernardo diz que ela lhe bateu e ela responde: -"E vou bater mais". Vizinha em entrevista, narra fato em que flagrou Graciele batendo no menino com vassoura, obrigando-o a subir no telhado da casa e ele gritava:-"Não me bata, não me bata!" Quando Graciele percebeu que a vizinha observava, fingiu estar varrendo o chão. Descaso com cuidados básicos em relação ao menino como: alimentação, remédios, vestimentas, alienação parental: e ele nunca foi de praticar  violência contra o menino? E tudo confirmado por testemunhas.


Ele tomava remédios controlados. Fazia parte de um tratamento? Qual era o diagnóstico?
Um dos problemas era o déficit de atenção. E o outro, que ele mesmo falou para o psiquiatra, que ele queria tirar aquela raiva que tinha dentro dele, a explosão de raiva. Por isso, o médico deu essa medicação.
Contradição: Nos vídeos apreendidos pela Polícia do celular de Leandro Boldrini, especialistas apontam o procedimento de "como não lidar" com uma criança: imagens de desrespeito, provocação e sobretudo desamor. O que é trabalhar o psicológico para Leandro Boldrini?
O senhor tinha controle sobre o tratamento? A investigação apontou que Bernardo tinha remédios controlados na mochila, que ele mesmo administrava.
Era controlado. O remédio que tomava duas vezes por dia ele ganhava os dois comprimidos. O vidro do xarope ele tinha discernimento do quanto precisava tomar.
 ContradiçãoEm 11 de dezembro de 2013, fazia mais de um ano, que Bernardo não aparecia para consulta no "CAPS", com o médico psiquiatra, isso de acordo com o Conselho Tutelar de Três Passos. Era-lhe administrado remédio controlado sem o aval de especialista, conforme atesta a madrinha do menino, Clarissa da Silva Oliveira. Ele próprio fazia o uso oral dos medicamentos e a madrinha aconselhou-o a não tomá-los: Ritalina, Depacote e Risperidona, por exemplo. Quanto ao xarope, Bernardo esteve doente em novembro de 2013, com tosse, febril e com infecção respiratória e por intervenção de uma amiga da família foi levada pela secretária de Leandro Boldrini a uma consulta com seu ex-pediatra José Roberto Sartori. Observe que Leandro não tem a mínima noção sobre o controle da medicação administrada ao menino. Veja o que diz Clarissa da Silva Oliveira, madrinha de Bernardo: 
- "O pai de Bernardo me disse que o levou a um médico psiquiatra que receitou remédios tarja preta , mas o menino desmentiu isso e acredito nele porque os remédios eram todos amostras grátis. Tenho certeza que o Leandro pegou no hospital que trabalhava e deu para o menino por conta própria. Não tinha nem receita". - diz Clarissa
O senhor disse que nos últimos tempos a relação de Graciele com Bernardo tinha piorado. O senhor vê um motivo para isso?
A Graciele e a Maria (Maria Valentina, de um ano e meio, filha de Boldrini com Graciele) criaram uma bolha em que queriam atenção, o Bernardo também queria minha atenção. A Kelly superprotegia a Maria e dizia que tinha pena de mim pelo fato de o Bernardo não ter puxado nada de mim, a calma, a serenidade que eu tenho. Acredito que seja esse tipo de coisa. A Graciele viu que estava perdendo espaço, que eu não era um pai que estava dando atenção exclusiva para a nova família. Minha ideia era termos uma família, que incluía eu, a Kelly, o Bernardo e a Maria Valentina. Os quatro elementos.
Contradição:   No facebook do casal, Bernardo já não aparece, premonição de um triste desfecho. Homens, por favor, exerçam sua autoridade dentro de suas casas, frente as suas esposas e filhos! Sem grosseria, pancadaria ou violência, apenas com a autoridade que lhes é permitida por Deus, para que fatos como esses, se tornem cada vez mais raros em nossa sociedade.
Isso ficou mais forte depois da sua audiência na Justiça, depois de o senhor ter se comprometido em resgatar a relação com Bernardo?
Depois da ida à Justiça, sentei com eles três, principalmente com ela (Graciele), e disse: "Vamos dar mais atenção para o Bernardo, porque a coisa está ficando numa situação que já está a nível de Justiça. Vou procurar fazer alguma coisa da minha parte". Foi a partir disso aí.
“A minha madrasta é uma bruxa, ela me xinga de tudo que você possa imaginar, e o meu pai dá razão para ela. Eu não tenho comida de noite porque não tem tata (empregada, babá). Eu tenho que tomar leite, comer banana, fazer ovo cozido ou então eu vou comer na casa dos meus colegas. Não tenho chave de casa, ela briga comigo e eu tenho que esperar 10 e meia da noite o pai chegar para eu poder entrar em casa. E eu não aguento mais isso. Deram todos os meus cachorros. E hoje foi a gota d’água, porque ela me chamou de veadinho e eu atirei um copo nela. O copo não pegou, mas eu estou com medo, estou cansado, eu nunca tinha feito isso de atirar um copo nela. Então eu não quero mais ficar naquela casa. Eu estou na casa da tia Ju (Juçara Petry). E eu queria te dizer assim, promotora: eu quero que a Ju e o marido dela sejam meus novos pais, porque eu quero ter pais com amor. ” - Bernardo.
 (Fonte: Zero Hora. Disponível em:< zh.clicrbs.com.br>). Acesso: 15/01/15.
Contradição: A partir da audiência com o Juiz em que Bernardo conforme acima pedia uma nova família, a situação do garoto piorou ainda mais. Melhorou apenas um dia antes de sua morte, sendo que o  prazo dado ao casal foi de 90 dias. Leandro Boldrini e Graciele Ugulini ousaram desafiar a Justiça: tudo piorou para Bernardo.

O que o senhor sentiu quando soube que Bernardo havia procurado a Justiça para se queixar do tratamento em casa e dizer que queria morar com outra família e que teria uma audiência sobre isso? Teve raiva dele?
Fiquei apavorado, levei um susto. Imagina, você ali, um oficial de Justiça apresentar intimação, você réu num processo sobre questão da guarda do filho, pensei: "Meu Deus, mas o que está acontecendo". E a audiência era uma hora depois. Eu fazendo exames, trabalhando e, às 9h45min, uma hora antes, chega um oficial de Justiça e diz: "Doutor, isso é a respeito de uma audiência com o Bernardo, a respeito da guarda dele, o senhor tem que estar lá às 11h". Eu disse: "Bá, vou ter que ir lá". Fui atrás de um advogado, consegui achar por acaso uma advogada para me acompanhar. Foi uma coisa que me deu um susto.
Contradição: 15 (quinze) notificações foram feitas pelo Conselho Tutelar ao dr. Leandro Boldrini, a respeito da situação de Bernardo e ele ainda teve o desplante de solicitar ao Juiz uma chance de melhorar sua relação com o filho. Infelizmente para o menino, o pai foi atendido. O Juiz do caso, na época, alega que foi enganado pelo dr. Leandro Boldrini.

Como foi a audiência?
O juiz conversou, explicou toda a questão, depois a promotora também. Na verdade, foi uma conversa, não foi uma audiência. Dessa conversa a gente chegou a um acordo.
O que o juiz lhe pediu?
Pediu que eu desse mais atenção para o Bernardo, que eu me voltasse mais para ele. Que a queixa do Bernardo era essa aí, ele queria mais carinho, mais atenção. Me propus a fazer isso. Entendi a situação, vi que a coisa precisava que eu tomasse uma atitude. A gente conversou. Disse que mesmo que eu cedesse da minha parte, a gente ia continuar cobrando dele coisas das questões pessoais, higiene, dentista, escola. Principalmente, escola. A gente entrou em um acordo.
O que o Bernardo falou para o senhor na frente do juiz e da promotora?
Ele foi chamado por último, ele falou pouca coisa, quase não falou. Ele sentou numa cadeira lá, assim, com uma cara que parecia que estava um pouco assustado com toda aquela situação, ele não dialogou. Só o pessoal do Judiciário explicou por que eu estava com advogado, o que a gente tinha conversado e que dali a três meses ia se fazer nova audiência para ver como as coisas estavam andando.
Vocês foram embora do fórum juntos? O que conversaram?
Não conversei nada, até por orientação do juiz. E eu também não tinha intenção de xingar ele por ter ido lá. Se foi passado alguma mensagem para ele, foi de que as coisas tinham de ser resolvidas dentro de casa. A mensagem que eu passei: "Você tem que entender que as coisas se resolvem dentro de casa". Essa foi a mensagem, não assim de xingar, de dizer que ele fez uma coisa que não devia fazer ou ser grosseiro com ele.
Contradição: Leandro diz que nos últimos tempos, a relação de Graciele com Bernardo estava bastante deteriorada. Se as coisas se resolvem dentro de casa, por quê a situação de Bernardo só foi melhorada um dia antes de sua morte? Provavelmente por quê eles não tinham a mínima intenção de ajudar o menino e a demora em se livrar dele, dependia somente de uma outra pessoa que aceitasse a cruel incumbência. Era sabido, que desde janeiro de 2014, Graciele Ugulini já ventilava aos quatro ventos sobre a intenção dela e de Leandro Boldrini de se desfazer de Bernardo, definitivamente.A ida de Bernardo ao Conselho Tutelar de Três Passos apenas apressou essa decisão. Observe que a ida de Bernardo também foi em janeiro. 

O senhor passou essa mensagem para o Bernardo. E com a Graciele, como foi? Ela ficou brava com a situação, com Bernardo?
Ela disse assim: "Vamos instalar câmeras por toda a casa para ver realmente o que acontece aqui dentro, daí o Bernardo vai lá, fala tudo isso para a promotora e o juiz, aí eles vão saber realmente o que acontece, que eu mando o Bernardo estudar e ele não vai, que ele chega da escola e deixa a mochila aqui e não carrega para cima, eles vão conhecer realmente os fatos". O que eu recordo dela foi isso, vamos encher de câmera e depois mostrar para o Judiciário o que realmente acontece.

Vocês instalaram as câmeras?
Não, não. Ela disse: "Eles não sabem o que realmente acontece aqui dentro de casa e agora vem querer tomar atitudes".
Contradição: Vídeos apreendidos do celular de Leandro Boldrini, cujas gravações tinham sido apagadas e depois recuperadas pela Polícia. Leandro chegou a levar vídeos na delegacia, mas por desconhecimento da pessoa que o atendeu,  ele foi orientado a procurar o Conselho Tutelar. Os vídeos eram a forma de tentar mostrar o quanto o garoto era difícil. Seriam as mesmas gravações apreendidas pela Polícia? Decerto que não, pois foram apagadas.
Foi levantada suspeita de que o senhor e o juiz tinham relação de amizade, o que poderia ter beneficiado o senhor na decisão. Tinham?
Não tinha relação de amizade, não se frequentava a casa, só conhecia de vista da cidade, cidade pequena.
Depois dessa audiência, sua relação com Bernardo mudou? O que mudou?
Mudou. Em primeiro lugar, eu disse: "Bernardo, você vai começar a ficar mais tempo em casa. Eu não vou te proibir de ir na tia Ju (família amiga), mas você vai num dia e vai voltar no outro. Tem que ficar mais em casa". Fui no colégio, o coordenador me chamou para ver essa questão de por que ele não tinha paciência de ficar sentado e escutar o professor. Aos domingos a gente começou a sair mais de tarde, levava ele para passear no aeroporto e ver pessoal com avião de controle remoto. Outro domingo a gente viu paraglider motorizado.
OBSERVAÇÃO: Com Graciele Ugulini, evidente que ele não falou nada e nem tomou providência alguma a respeito de suas atitudes com o menino. Em um dos encontros de Bernardo com a promotora Dinamárcia, ele diz a uma mulher que o acompanhava e que posteriormente deporia em juízo: -"Essa é a mulher que vai mudar a minha vida", se referindo à promotora. Donde se conclui que nada estava mudando, ele ainda esperava conseguir uma família feliz.
A Graciele participava dos passeios?
Teve uma vez que ela foi. Matriculei ele no inglês, eu e ele nos matriculamos. Fui na dentista para continuar com o tratamento dentário dele, a dentista me propôs que a gente ficasse mais vigilante.
Contradição: Bernardo e Graciele não se falavam, ele tinha muito medo dela e ela o odiava. Leandro não consegue nem explicar como e onde foi o passeio. O fato de Bernardo ter ido sozinho com Graciele para Frederico Westphalen é porque o pai se envolveu na questão e aí ele confiou que fosse para comprar a TV, além de ter que ir numa benzedeira a pedido do pai. 
Tem informação de que ele tinha problemas com esse tratamento, que a Graciele dizia ser contra e não se importar em ajudá-lo?
Ele perdia as partes do aparelho, não usava. Essa era a questão. Ela dizia "o que adianta estar gastando dinheiro com isso se você não faz a sua parte".
Há na investigação diversos depoimentos informando que Bernardo não tinha a chave de casa nem o controle do portão, que costumava ficar na rua esperando que alguém abrisse a casa. A polícia afirmou isso também.
Ele tinha controle que abre o portão e a porta. A gente sempre orientava ele a não perder isso. Tinha a senha do alarme monitorado. Às vezes, me lembro de eu chegar final da tarde e ele mesmo abrir o portão para mim. Eu dizia: "Bernardo, por que você não está dentro de casa?" Ele dizia que não queria ficar sozinho dentro de casa. Ele tinha chave.
Contradição:  Observe: um dia depois da queixa do desaparecimento de Bernardo, a Polícia vasculhou a sua casa e naquele dia não havia chave ou controle no seu estojo escolar. Mas misteriosamente dois dias depois, quando a Polícia voltou com um mandado de busca, chave e controle reapareceram no estojo do menino. Conforme depoimento de amigos do menino, este ficava na porta de casa, altas horas esperando o pai chegar, pois apesar da madrasta se encontrar na casa, Bernardo não tinha como entrar.
É verdade que Bernardo era impedido de conviver, de brincar com a irmã?
Ela (Graciele) tinha bastante restrição. Dizia que o Bernardo estava com as mãos sujas, que não lavou o rosto e queria tocar nela. Parecia que ela superprotegia como se a menina pudesse pegar alguma doença.
O Bernardo foi um filho planejado?
Com a Odilaine (primeira mulher de Boldrini, morta em 2010)? Foi planejado, sim.
E a Maria Valentina?
Também foi, porque a Graciele já estava na faixa dos 35 anos. Quando eu estava com a Odilaine e tinha o Bernardo, já de sete anos, a gente tinha decidido ter só ele. Com a Graciele, bom, a família para ser completa tem que ter filho. Ela veio com essa opção, eu concordei.
Há depoimentos no inquérito informando que Bernardo andava malvestido, tinha roupas velhas, não tinha casaco para frio e que usava um tênis velho seu, maior que o número dele. É verdade?
Não é verdade. Isso do tênis foi um tênis que para mim não servia e casualmente eu disse "Bernardo, bota no teu pé, vamos ver como fica", ficou um pouco grande, não sei se ele usou uma ou duas vezes, foi um fato pontual, isolado. Ele tinha acesso a vestuário, não andava malvestido. Como a Ju Petry tem loja que fabrica o vestuário do colégio, não sei se o Bernardo pedia ou eles davam, mas a gente não precisava comprar roupa da escola. O Bernardo chegava e dizia: "Ganhei da tia Ju". Isso favorecia para que ele tivesse acesso a essas roupas da escola. Quando a gente foi para Gramado, se comprou roupa para ele. Quando eu ia nessas minhas viagens, a gente se lembrava dele e comprava.
Contradição: Ju Petry era uma das amigas de Bernardo que lhe fornecia as roupas que ele vestia. O menino perambulava pelas ruas de Três passos, abatido, doente, mal nutrido e mal vestido com roupas de 4 anos atrás, de quando a mãe biológica ainda vivia. Após sua morte, os familiares ficaram com algumas peças suas como lembrança, donde se constatou algumas roupas muito pequenas para a sua idade. Bernardo era um menino muito vaidoso e apesar disso, os calçados que o menino possuía (dois pares de tênis) foram presentes de amigos ao verem-no com tênis do pai.A partir da morte da mãe, começa um triste calvário, culminando com seu assassinato em 04/04/2014.
O senhor impedia que Bernardo tivesse contato com a avó materna?
Não, não impedia. Desde o início da morte da mãe dele teve uma audiência e eu falei na frente do juiz que ela podia ter contato com ele, nenhuma vez impedi. Tanto que nessas férias de verão (Bernardo passou as férias com a madrinha, que mora em Santa Maria, mesma cidade da avó materna. Ele se encontrou com a avó) eu disse para ele: "Vai lá na tua avó, visita ela, vai fazer bem para ti".
Contradição:   A própria avó materna do garoto, Sra. Jussara Uglione, disse reiteradas vezes, da proibição de Leandro Boldrini em deixá-la ter contato com o neto. Em umas das vezes que a avó esteve em Três Passos, uma testemunha relata que foi orientada por Leandro Boldrini a não abrir o portão e nem deixar que Bernardo brincasse fora da casa. O menino só teve a visita liberada no ano novo de 2014, porque provavelmente o plano para matá-lo já estava em ação e quiseram como é praxe, conceder ao condenado, um último desejo. Olha o que diz Jussara Uglione: - "Fui impedida de vê-lo (Bernardo) por 4 anos, me chamavam de velha doente". Leandro Boldrini era agressivo e desrespeitoso com Jussara.
Seu primo, que foi seu primeiro advogado, declarou que o senhor era um "pai desleixado". O senhor se considera assim?
Desleixado acho que não. O que considero é que tinha muito trabalho. Trabalhava demais, sempre sobrecarregado, tu não podia planejar nada, não podia planejar. Além desse sobreaviso, que era dioturnamente, ainda tinha os pacientes que ficavam operados e eu era o único cirurgião que ficava lá. Mesmo que não estivesse de sobreaviso, tinha os pacientes que precisavam de cuidado. Então eu não podia planejar nem de cortar a grama em casa, que parecia que ia começar e já te chamavam no hospital. O fator trabalho excessivo foi uma coisa que preponderou muito. E isso cansa, cansa.

Mas como o senhor se define como pai?
Como pai eu me considero uma pessoa que queria o melhor, que o Bernardo tivesse uma personalidade que levasse ela a ser alguém na vida, uma personalidade construtiva. A questão de carinho, eu dava do meu jeito, que sei dar. E essa questão do desleixo é uma interpretação errada. Você trabalha demais, tinha atenção para dar para a esposa, para a filha pequena, mais para o Bernardo. Hoje, avaliando isso, vejo que é impossível de fazer, de conciliar, eu tentei fazer, mas acabou dando problema. Eu funcionava como um moderador, acalmando a Graciele, acalmando o Bernardo. Parecia que eu ficava apartando o incêndio que estava por acontecer. Claro que o Bernardo, uma criança, pode ser que na cabecinha dele, com a vinda da Maria Valentina, ele se sentiu com mais perda de espaço ainda.
Contradição: Bernardo queixava-se de que a madrasta não o deixava brincar com a irmã. Apesar de Bernardo sentir grandemente a falta de carinho, o alegado ressentimento pode ter sido por se sentir excluído, apartado da família (não existe sequer uma foto do casal com Bernardo evidenciando uma interação). De acordo com os vídeos gravados pelo casal e apreendidos do celular , Leandro só não apartava o incêndio como ainda colocava mais lenha na fogueira.

Apesar desse clima, que o senhor diz que era um moderador, apartando incêndio, o senhor nunca percebeu que Graciele poderia representar perigo para o Bernardo?
Não, não. Ela nunca agrediu ele na minha frente. Ela ficava furiosa do jeito dela, mas saía. Jamais presenciei ou vi ela levantar o dedo para ele.
Contradição: Vídeos revelam cenas de tortura física, mental e psicológica, infligida a uma criança de  apenas 11 anos por dois adultos que tinham a obrigação moral de cuidar bem dele, sem falar nas agressões físicas, nas palavras do próprio Bernardo. Veja tentativa de sufocamento de Bernardo tentada por Graciele Ugulini e em um dos vídeos, Bernardo grita que apanhou dos dois e Graciele ainda confirma que vai bater mais. Leandro Boldrini nunca desautorizava Graciele Ugulini: mais uma prova de que não lhe importava Bernardo. Bastava uma única frase e que nunca foi dita: "Bernardo é meu filho e não a semente ruim da Odilaine. Graciele falava a Leandro que Bernardo havia puxado à mãe e por isso era ruim.
Alguma vez ela disse para o senhor que deviam se "livrar" de Bernardo porque ele era um incômodo?
Não, não.
Contradição: Sim. Sandra Cavalheiro, principal testemunha de acusação conta a história nos mínimos detalhes e que resumindo-a: Bernardo em janeiro de 2014, só não estava morto, porque Leandro Boldrini e Graciele Ugulini ainda não haviam achado um poço para enterrá-lo. Ela foi a primeira pessoa que Graciele Ugulini tentou amealhar para se livrar definitivamente de Bernardo. Como Sandra Cavalheiro ficou assustada com a proposta, Graciele prontamente mudou de assunto. A amiga também achou que ela estivesse brincando. Quando Bernardo foi encontrado morto, Sandra Cavalheiro se apresentou espontaneamente à Justiça e denunciou o casal. Em vídeo aprendido do celular de Leandro, com ele e Bernardo, na cena, Graciele diz claramente: 
- "Prefiro apodrecer na cadeia do que viver contigo me incomodando". - Graciele Ugulini.
Várias pessoas relataram à polícia ter ouvido isso dela, principalmente depois da audiência. Ela teria comentado até no seu consultório que tinha que se livrar dele e que tinha gente para fazer isso. O senhor nunca ouviu?
Não.
Contradição: Sério mesmo? Nos vídeos gravados pelo casal, a madrasta claramente ameaça Bernardo de morte e ele nunca ouviu nada?
Onde o senhor estava — viajando ou internado — na época em que Bernardo teria sofrido tentativa de sufocamento por parte da Graciele (Bernardo relatou uma tentativa de sufocamento com travesseiro para a ex-babá, que teria ocorrido no final de 2012, e Graciele também teria contado o episódio para Edelvânia, que registrou o fato em depoimento)? O senhor soube disso?
Em 2012, tive um curso em São Paulo. Bernardo não falou, não soube disso, ninguém me falou. Essa questão do sufocamento só fui ficar sabendo agora. Não tive o conhecimento. Imagina, se tivesse conhecimento, claro que teria tomado uma atitude.
Contradição: Em novembro de 2013, o advogado da família materna de Bernardo Uglione Boldrini já sabia da tentativa de asfixia perpetrada pela madrasta Graciele Ugulini e isso foi comunicado ao Ministério Público e ao Conselho Tutelar de Três Passos. Quando Leandro Boldrini foi convocado pelo Conselho Tutelar para prestar declarações sobre a situação de Bernardo, será que essa informação foi omitida ao pai? Será possível que Ministério Público e Conselho Tutelar tenham menosprezado fato gravíssimo, tentativa de assassinato do menino Bernardo pela primeira vez, já que sequer a madrasta foi chamada para esclarecimentos, deitada eternamente em berço esplêndido? Causa-nos uma profunda dor e indignação pelo desfecho do caso. Como sempre e convenientemente, no dia da tentativa de asfixia, o doutor Leandro Boldrini, também não se encontrava presente. 
Se a relação familiar era essa, difícil, por que o senhor nunca pensou em dar a guarda dele para a avó?
Olha, o Bernardo eu considerava ele meu filho, a responsabilidade é minha. Claro que hoje, depois de toda essa tragédia que aconteceu, você teria outros pontos de vista a serem analisados, mas, na época, eu achava que teria condições de manter a família unida. Jamais me passou pela cabeça passar a guarda do Bernardo para fulano de tal e a gente se resolve, se livra do problema.
OBSERVAÇÃO:  De fato: "se livra do problema".

Por que o senhor não foi à cerimônia de 1ª comunhão de seu filho? Naquele final de semana, ele ficou sem poder entrar em casa e se abrigou com amigos que foram na cerimônia.
Naquele final de semana tinha o casamento de uma amiga da Kelly em Santo Ângelo. O casamento tinha sido marcado há vários dias. O Bernardo veio na mesma semana e disse "final de semana é minha 1ª comunhão". Eu disse: "Ah, Bernardo, já tenho compromisso". E aí a gente deixou uma senhora encarregada. A Kelly providenciou as roupas e deixou tudo organizado para essa senhora, a dona bugra, não lembro o nome. Deixou ela e o filho encarregados, que ele levasse ele (Bernardo) no altar para receber a 1ª eucaristia. Foi deixado tudo organizado.
Contradição: Ou as pessoas citadas esqueceram de comentar o sucedido ou Leandro Boldrini foi mal informado por Graciele (Kelly) a respeito da Primeira Comunhão de Bernardo: nada foi deixado organizado, incluindo a roupa do garoto. Os amigos  choraram ao presenciar a situação de desamparo do menino na cerimônia, sem nenhuma pessoa da família, sem contar pai e madrasta. Existia um sério desvio na conduta de Leandro e Graciele, infelizmente percebida muito tarde, a respeito de Bernardo: Primeira Comunhão de um filho é uma vez só, festas de casamento aparecem às dezenas. 
Ele não tinha chave, ficou na rua e buscou abrigo na casa de amigos.
Naquele final de semana eu não lembro bem o que ficou combinado, se ele ia ficar na casa de alguém. A gente saiu de casa sábado e voltou domingo. Acho até que ele foi deixado na casa da bugra ou da tia Ju. Foram 24 horas.
Contradição: Leandro Boldrini lembra que em 2012, ele estava em um congresso quando da tentativa de Graciele de asfixiar o menino Bernardo e não lembra onde  o filho ficou em dezembro de 2013, quando de sua Primeira Comunhão, já que a preteriram para ir a um casamento fora de Três Passos.

Ele cobrou isso do senhor, não ficou magoado por sua ausência?
Não, não.
Contradição: Carlos Petry, amigo do menino relatou em depoimento à Justiça, a cobrança de Bernardo feita a seu pai: -"Pai, tu não foi na minha Primeira Comunhão", após comemoração que ocorreu na casa dos Petry e onde ele passava a maior parte do tempo. Devido à negligência por parte de pai e madrasta, o casal Petry haviam adotado Bernardo como filho do coração. E o amigo não faz menção à justificativa de Leandro.
O senhor nunca notou a carência do Bernardo, que ele sentia falta de amor? Ou só soube disso pelo conselho tutelar e pela Justiça?
Não. Só soube pela audiência que ele queria morar em outra casa.
Contradição:  Quando o primo de Leandro o chama de "pai desleixado", ele refuta a acusação. No entanto, o distanciamento entre pai e filho era tanto, que ele só foi saber a real situação do garoto pelo Conselho Tutelar. Onde vivia esse homem, quando toda uma comunidade via o descaso com Bernardo? Na verdade ele via  e muito bem, mas tampouco se importava. 

Bernardo teria dito a conselheiros tutelares que não podia participar de festas, churrascos em casa e era obrigado a ficar no quarto. É verdade?
Se eram só os meus amigos, aí não era lugar de criança. Mandava Bernardo ficar no quarto, Kelly também ficava no quarto. Eram meus amigos. 
Contradição: Nas palavras do próprio Leandro Boldrini, Graciele proibia o menino até de ter contato com as empregadas da casa, queria que ele ficasse constantemente no quarto, sem contar que era terminantemente proibido de se aproximar da irmã (outra das reivindicações de Bernardo ao Conselho Tutelar: que lhe fosse permitido brincar com ela). Que criança aguentaria uma rotina dessas? E porquê o menino não podia participar das reuniões, o que ocorria nelas, ele não é louco de revelar. E com a participação sim de Graciele Ugulini, conforme testemunhas.
 Numa destas festas, Bernardo teria dito na frente das pessoas que não gostava do senhor e o senhor teria dito que também não gostava dele. Há relato na investigação. É verdade?
Nunca aconteceu.
Observação: Bernardo idolatrava o pai. Quando perguntado sobre quem era seu herói, o menino respondeu prontamente: - "Meu pai". E ele não participava das festas do casal.
O desejo do Bernardo de ter um aquário foi registrado por várias pessoas na investigação, que contaram que ele havia escolhido e reservado um em uma loja. Por que o senhor não comprou o aquário para ele?
O aquário era para ser presente de Páscoa. Foi o combinado.
O senhor ia comprar?
Sim, ia ser comprado. Primeiro ele queria coelho, mas coelho é animal que dá trabalho. Até mesmo na audiência foi explicado para ele que dava muito trabalho. Ficou dúvida entre a fonte natural ou o aquário, a gente optou pelo aquário, pois a fonte cria muita alga.
Contradição:  Leandro nunca se preocupou em comprar coisa alguma para o filho. O aquário em questão seria presente de uma amiga de sua mãe biológica  e Bernardo muito feliz, foi à floricultura comprar os suplementos. Sem falar no seu celular, bem simples, ganho também de amigos (depois por incrível que pareça ele acabou ganhando um do pai, mas uma testemunha diz que Bernardo usava o celular de Leandro, fica aí uma dúvida).

Ficou muito forte a sua imagem de falta de emoção, de sentimento. Ficou a ideia de que Bernardo era um menino abandonado afetivamente. Isso foi registrado em documentos da rede de proteção. O senhor se envergonha ou tem remorso?
Essa tragédia aí, aconteceu uma tragédia, e hoje eu culpo a minha personalidade, meu jeito de ser. Mas isso (o jeito de ser) é uma coisa que não depende de mim, é o meu ser, meu estado de ser que produz isso em mim e aí as pessoas interpretam isso como nocivo. Eu já venho de criação assim.
O senhor disse que dava ao Bernardo o carinho do seu jeito. O que é o carinho do seu jeito?
O carinho do meu jeito é explicar o que são coisas certas. Carreguei o Bernardo nas costas, de colocar nos ombros, até quando aguentei, quando ele teve um peso maior. Eu rezava com ele, nas noites dava beijo de boa noite, dizia durma com Deus, sonhe com os anjos. A gente rezava o Santo Anjo do Senhor. Brincava com ele, conversava com ele, falava a questão de drogas, mandava caprichar na escola, que só a educação faria ele ser alguém na vida. Então, era dessa forma.
Contradição: Na festa de dia dos pais de 2013, organizada pela escola, enquanto pais abraçam carinhosamente seus filhos, Bernardo aparece na foto de costas para o pai. Durante todo o evento nenhuma palavra foi trocada entre eles. Quando os alunos sobem ao palco para declaração de amor   individual aos pais, Bernardo se dirige a todos. Leandro não faz o mínimo esforço para tentar ser gentil com Bernardo e isso publicamente, que diria então entre quatro paredes. E Bernardo foi sozinho ao Conselho Tutelar pedir uma nova família. Vídeo do R7/Record Investigação  de 07/07/14, que estou tentando conseguir para postar, mostra essa triste situação. Veja as palavras da madrinha de Bernardo, Clarissa da Silva Oliveira:
- "Eu sempre estranhei que ele aceitava com muita facilidade tudo o que o pai falava e mandava. Não era um comportamento normal par um menino da idade dele. Mas ele estava diferente. Estava respondão e parecia revoltado. Hoje eu sei que é porque ele estava sofrendo. Sabe-se lá o que passou na mão do pai e madrasta". - conta Clarissa.
A Polícia ressaltou que o senhor seria uma pessoa fria, que não demonstrou emoções pelo sumiço e morte do filho. Que tipo de pessoa o senhor é?
Sou uma pessoa que realmente não consegue expressar bem os sentimentos, uma pessoa com autocontrole, muito contundente meu autocontrole e é uma coisa que me prejudica não conseguir expressar uma emoção. Estou vendo agora que isso tudo me prejudica. Na profissão eu tive um condicionamento, sempre lidando entre a vida e a morte. Havia casos em que perdia o paciente, casos em que o salvava. Você acaba se condicionando. Considero minha personalidade condicionada. Como o que eu fazia a maior parte do tempo era lidar com essas situações adversas, isso acaba te condicionando a ser uma pessoa como sou, ter esse autocontrole.
Contradição: Conforme declaração da delegada Caroline Bamberg, da comarca de Três Passos, quando Leandro Boldrini e Graciele Ugulini apareciam na delegacia para saber notícias de Bernardo, eles pareciam bem felizes, especialmente a madrasta. Não faziam nem questão de disfarçar a satisfação pelo fato do menino se encontrar "desaparecido". Testemunhas confirmam que o casal "desistiu" de procurar o menino dizendo que isso era obrigação da Polícia: por quê será?


Leandro Boldrini: - " Sou uma pessoa que não sabe realmente expressar bem os sentimentos, não conseguir expressar uma emoção".

Como o senhor pensa a vida quando voltar a ter liberdade, acha possível viver em Três Passos, trabalhar?
A minha inocência é comprovada, agora só faltam os trâmites jurídicos. Acredito que as pessoas que pensam alguma coisa de mim com o tempo isso será modificado. Atuei 10 anos em Três Passos com conduta retilínea. Acredito que se eu voltar, posso começar do zero e vou conquistar meu espaço da mesma forma que conquistei antes.
Contradição: Não é o que pensa muitos brasileiros e muito menos a Justiça. Até hoje todos os "Habeas Corpus" impetrados para a sua soltura foram negados. Teria ele coragem de permanecer em Três Passos, depois de todo o acontecido?

E a relação com a Graciele, é possível manter?
Eu sou uma pessoa que não tolero mentira, e a primeira coisa que aflorou nela foi essa questão da mentira. Uma pessoa que mente eu desconsidero. Outra coisa: planejou, executou, assassinou um filho meu, isso é uma coisa que jamais eu perdoaria ela, não tem perdão aqui na terra.
Contradição: Amélia Rebelato, avó paterna de Bernardo diz em entrevista, que por ocasião do desaparecimento do menino, ela esteve na casa de Leandro: ele dizia não ter nada a ver com o assunto, ao contrário de Graciele e que eles iriam colocá-la numa "caixinha". O tempo todo ele sabia do fato, além do agravante de compactuar e cooperar (financiar) para a morte de Bernardo. Leandro Boldrini também impediu todos os familiares de falar sobre o assunto. Temendo talvez que eles falassem demais? A polícia já estava apertando o cerco em torno do casal.

O senhor tem certeza de que ela matou o Bernardo?
Eu tenho certeza, a informação que eu tenho agora é de certeza absoluta.
O senhor pretende lutar pela guarda da sua filha?
Com certeza.
Na denúncia, o Ministério Público destacou a motivação financeira para o crime. Bernardo tinha seguro de vida tendo o senhor ou a Graciele como beneficiários?
Não, não havia seguro de vida.
Contradição:  Graciele diz: - "quando esse guri (Bernardo) fizer dezoito anos, vai nos tirar tudo". Jussara Uglione, a avó materna de Bernardo, abriu um processo contra o genro, reivindicando bens que seriam de sua família. A motivação financeira foi o principal motivo da morte de Bernardo Uglione Boldrini: como filho único, a parte dos bens que tocava à mãe biológica, por direito lhe pertencia e o pai, em decorrência de sua morte, seria o único beneficiário. E consequentemente...Graciele Ugulini.
A família de sua ex-mulher tenta reabrir a investigação de Odilaine. Ela teria comprado uma arma para matar o senhor, por conta da crise no casamento. Por que então ela se matou? O que vocês falaram antes do disparo?
Ela só chegou e puxou a arma, não sei se balbuciou algumas palavras que não consegui entender, mirou nos meus olhos e disparou.
Contradição: Se Odilaine atirou em Leandro, por que não existe vestígio de pólvora na sua mão direita? Sim, porque Odilaine era destra: se tirou a mão da bolsa e atirou, só poderia ter sido com mão direita. Estranhamente, nesse dia fatídico, no local só se ouviu um estampido e só Odilaine foi atingida. E o laudo feito na época revela marcas de pólvora em sua mão esquerda. E se Leandro foi alvo de disparo como ele mesmo alega, não deveria ter havido o exame de corpo de delito? Só Odilaine foi periciada, por quê? O exame de corpo de  delito é indispensável quando a infração deixa vestígios ( art. 158, CPP). O doutor Leandro Boldrini, na época dos acontecimentos  apresentava escoriações que não sabia explicar como as tinha adquirido.



Vocês não conversaram nada?
Ela estava sentada com a mão dentro da bolsa, daí ela sacou e já foi atirando.
Contradição: A história não fecha. Por quê não existe vestígios de pólvora na mão direita e sim na mão esquerda de Odilaine, se ela era destra?  E as duas marcas arroxeadas no seu antebraço direito? Talvez um tiro no peito justificasse esses hematomas e somente se a arma tivesse apresentado algum defeito. Se Odilaine atirou em Leandro, quem atirou em Odilaine? Onde foi parar a segunda bala? E os ferimentos de Leandro na época? Por quê ele entrou por uma porta que habitualmente não usava? Por quê uma cartela de calmante inteira foi encontrada na bolsa de Odilaine? Por quê ela foi atingida perto da porta de saída? Por quê revólver (usado geralmente por homens), se ela era enfermeira e devia conhecer muito bem os princípios ativos dos medicamentos? E a gaze cobrindo o cabo da arma? Atipicamente, por quê quê ela escolheu um local público e ainda esperou o marido para efetivar o suicídio? Por quê a secretária e os clientes não ouviram nenhuma movimentação na sala, até o disparo? Por quê o médico saiu da sala gritando "socorro, suicídio!" se ele alega que Odilaine disparou em sua direção e depois disso ele saiu correndo da sala? Por quê uma voz feminina ligou para a delegacia, informando a compra da arma por Odilaine, dando a entender ser um provável suicídio? Quando ela comprou e "se" comprou a arma, será que ela avisou a pessoa que ia cometer suicídio? Por quê essa mulher com "dor de consciência",  por quê alguém avisaria a Polícia da compra clandestina de uma arma? Mais: tiros disparados com revolveres não seguem a mesma dinâmica descrita por Leandro Boldrini e a Perícia deveria saber disso. Nos vídeos apreendidos pela Polícia, a expressão de Leandro: "gente que não presta", se referindo à Odilaine, mostra que mesmo apesar de morta, ele continuava nutrindo por ela um ódio profundo.E a mãe dele ainda disse em entrevista que ele era um homem muito religioso.
OBSERVAÇÃO: Em entrevista, já preso, Leandro Boldrini diz, em vídeo veiculado pelo Fantástico da TV Globo,  que Odilaine sacou a arma de dentro da bolsa com a mão direita (Acesse o link abaixo para ver sobre essa afirmação do dr. Leandro Boldrini): De que jeito, se Odilaine não apresentava vestígios de pólvora na mão direita?        
Tarde demais para conjeturas, principalmente depois de 5 anos, quando todas as provas se perderam.
O senhor teme a reabertura do caso por suspeita de homicídio?
Não tenho temor nenhum, foi um suicídio mesmo, ela planejou fazer isso aí, comprou a arma. Ela deixou uma carta escrita.
"VER CARTA NA ÍNTEGRA NESTE BLOG".
OBSERVAÇÃO: Fico pensando até que ponto o fato de Leandro Boldrini ser um médico muito conceituado na cidade, tenha influenciado na análise da Polícia quanto ao suposto suicídio de Odilaine Uglione. O casal falava para Bernardo que sua mãe tinha ido ao consultório para matar Leandro e  não conseguindo, se suicidou. Considerando que Odilaine tenha escrito a carta, sua conduta em relação a Leandro, nesse fatídico 10/02/10  não procede. Qual a prova material da compra da arma por Odilaine Uglione  a não ser ser uma denúncia anônima para a delegacia de Polícia, onde uma voz feminina informava essa compra e aventava a hipótese de suicídio?
Qual seu sentimento em relação ao que aconteceu, à morte de seu filho, sua prisão?
Eu vivo um pesadelo acordado, perdi um filho de uma forma cruel. Tenho tido flashbacks, recordações. Se estiver de olho aberto fico pensando como isso pode ter acontecido, como ele sofreu . É um pesadelo, e meu sofrimento não sei se um dia vai terminar.
Contradição: Leandro Boldrini disse à sua secretária Andressa Wagner no dia que soube que Bernardo tinha morrido, que a vida continuaria e que já na semana seguinte iria atender pacientes. Ele só se abateu a partir de sua prisão. Caroline Bamberg, a delegada do caso disse que quando comunicou ao casal a morte de Bernardo, dos dois, Leandro foi o mais frio. Os dois também jogaram sobre a Polícia toda a responsabilidade de localizar Bernardo, já que isso era função do órgão, nas palavras de Leandro e Graciele. Madrasta vá lá, mas qual pai teria esse tipo de atitude em relação ao filho?

O senhor chora?
Teve períodos que chorei. É que é muita coisa, você está num lugar, é uma sensação indescritível estar aqui dentro, trancado sem dever nada. Uma pessoa que eu estava tentando arrumar a situação e quando vi caí numa desgraça dessas aí. É uma desgraça que é indescritível, muito cruel.
Contradição: Ao menos publicamente, Leandro nunca chorou ou sequer se desesperou pela perda de Bernardo.
O senhor gostaria de dizer mais algo?
Espero que a Graciele seja honesta pelo menos uma vez na vida e assuma essa bronca toda.

OBSERVAÇÃO: Definição de bronca: descompostura, reprimenda, sabão na gíria popular. Isso é infinitamente pouco do que esperamos da Justiça com relação ao casal Leandro Boldrini e Graciele Ugulini. Depois de toda a exposição dos fatos ocorridos, será que é somente bronca o que eles merecem?

                                       
Leandro Boldrini. Foto: Jornal Zero Hora

EM GRAVAÇÃO, PARENTES TEM CERTEZA DA CULPA DE LEANDRO BOLDRINI:
JÁ O ADVOGADO... 
 _ "O que eu pude apurar me dá absoluta tranquilidade de afirmar inocência. Eu percebi uma pessoa realmente atingida por tudo isso e isso é visível no primeiro dia já" - diz Jader Marques, advogado de Leandro Boldrini. O advogado Jader Marques, defensor de Elissandro Sphor, sócio da boate Kiss, será o responsável pela defesa do médico, nas investigações sobre a morte de seu filho Bernardo Uglione Boldrini. O advogado foi contratado pela família de Leandro Boldrini.
OBSERVAÇÃO:  Em  30/08/2014, a dupla de advogados Ezequiel Vetoreti e Rodrigo Grecellé Vares assumiu a defesa de Leandro Boldrini em substituição ao advogado Jader Marques:
- "Por divergências com Boldrini na condução da sua defesa técnica, recebo com naturalidade a revogação dos poderes para atuar em nome deste, nos procedimentos em que é parte". - contentou-se em esclarecer o ex-advogado de defesa. Revogação esta, que ocorreu logo após a divulgação dos vídeos em rede nacional mostrando os maus tratos de Leandro Boldrini e Graciele Ugulini ao menino Bernardo Uglione Boldrini, filho e enteado, respectivamente.
Disponível em:<zh.clicrbs/noticias/noticia/2014/08>. Acesso em 17/03/15.


Graciele Ugulini e Leandro Boldrini/arquivo pessoal

OBSERVE: Numa cidade praiana dos EUA, o zelador de um hotel foi executado por um vizinho por motivo fútil: o zelador havia construído uma cerca viva que lhe tapava a visão da praia, além de colocar um portão que lhe obstruía a passagem, forçando-o a se desviar de sua rota alguns metros, no acesso à praia.
O vizinho contratou um matador que por sua vez contratou um terceiro que matou o zelador. 
Final da história: segundo e terceiro envolvidos no crime: 25 e 18 anos de cadeia, respectivamente. E para o vizinho, mentor e mandante do crime:prisão perpétua.

CONTRAPONTO

Que pai em sã consciência,  liga para o celular do filho na primeira vez e ele não atende. Na segunda ligação, o filho novamente não atende. O pai disse que sabia que ele estava na casa de um amigo e nenhuma vez cogitou de ligar para lá. O menino não atendendo, este mesmo pai resolve então ir para uma balada em Três Rios, onde foi visto fumando charuto, arrumando encrenca com os seguranças da casa e bebendo até o amanhecer em companhia da mulher.
Leandro Boldrini tinha que ter cuidado da sua família: deveria ter cuidado de Odilaine, ter cuidado de Bernardo, ter cuidado de seus cachorros. No final da história, essa foi a maior traição!


Leandro Boldrini e Graciele Ugulini/arquivo pessoal
Fonte:  G1, R7, Zero Hora/ Diário de Santa Maria,Jornal, das Missões, ID.

Beba na Fonte:Ele Só queria Amor
  1. Bernardo não foi ouvido em vida,mas através de sua morte sera feito a justiça,é inaceitável o que aconteceu,prisão perpétua para o safado do pai e verme da madrasta ainda é pouco, mesmo que eles não fiquem muito tempo na prisão,o clamor e voz do povo serão maiores e sera feito justiça por Bernardo,um anjo que só queria AMOR!!

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