sexta-feira, 20 de março de 2020

Número de mortos na Itália por novo coronavírus passa de 4 mil

Somente no último balanço, o país europeu registrou 627 mortes por Covid-19.


Por G1
20/03/2020 14h16 Atualizado há 2 horas




'Vai ficar tudo bem', diz faixa pendurada nesta sexta-feira (20) em janela de Milão, na Itália, durante política de isolamento para conter o novo coronavíurs — Foto: Daniele Mascolo/Reuters

Itália registrou nesta sexta-feira (20) mais 627 mortes pelo novo coronavírus — a maior alta diária desde o início da pandemia. Com isso, o número de vítimas de Covid-19 no país chegou a 4.032.
Na quinta-feira, as mortes pela doença na Itália ultrapassaram o total de vítimas na China pela primeira vez. O país asiático, primeiro epicentro da pandemia de Covid-19, passou a registrar números mais baixos de contágio nos últimos dias.
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Número de mortos na Itália por novo coronavírus passa de 4 mil
O número de casos do novo coronavírus na Itália aumentou de 41.035 para 47.021 em apenas um dia, o que representa aumento de 14,6%. A situação é mais crítica na Lombardia, no norte italiano, onde foram registradas 2.549 mortes e 22.264 casos.
Militares patrulham ruas de Milão, na Itália, nesta sexta-feira (20), dia de isolamento por causa do novo coronavírus — Foto: Daniele Mascolo/ReutersMilitares patrulham ruas de Milão, na Itália, nesta sexta-feira (20), dia de isolamento por causa do novo coronavírus — Foto: Daniele Mascolo/Reuters
Militares patrulham ruas de Milão, na Itália, nesta sexta-feira (20), dia de isolamento por causa do novo coronavírus — Foto: Daniele Mascolo/Reuters
Para conter a disseminação do novo coronavírus, o governo da Itália impôs restrições na circulação em todo o país. Italianos não devem sair de casa, a não ser em caso de extrema necessidade — na maioria dos casos, é preciso levar uma declaração de punho próprio para apresentar às autoridades, em caso de abordagem.

Ritmo de contágio no Brasil se iguala ao da Itália

A disseminação do novo coronavírus (Sars-CoV-2) hoje no Brasil vem num ritmo igual ao da Itália de semanas atrás — e ganhando velocidade. Segundo um estudo conduzido por sete universidades, o número de casos deve passar de 3 mil já na terça-feira (24).
“Nossos cálculos corroboram a ideia que o início da curva epidêmica brasileira é igual às da Itália e da Espanha — quando estes países estavam no início”, afirmou ao G1 o professor Roberto Kraenkel, do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp).
Estimativa de crescimento da Covid-19 no Brasil — Foto: Eduardo Pierre/G1Estimativa de crescimento da Covid-19 no Brasil — Foto: Eduardo Pierre/G1
Estimativa de crescimento da Covid-19 no Brasil — Foto: Eduardo Pierre/G1

Mais de 10 mil mortes no mundo

Passou de 10 mil o número de mortos por complicações da Covid-19 em todo o mundo, mostra levantamento da universidade norte-americana Johns Hopkins. Até a manhã desta sexta, mais de 245 mil pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus até a manhã de sexta-feira (20).

Por que o saldo de mortes pelo novo coronavírus é tão alto na Itália?

A Itália registrou nesta sexta (20) mais 627 mortes pelo novo coronavírus, a maior alta diária desde o início da pandemia. O número de vítimas de Covid-19 no país chegou a 4.032.


Por France Presse

20/03/2020 17h52 Atualizado há uma hora
Itália se tornou o epicentro do surto do novo coronavírus  — Foto: Getty Images via BBC
Itália se tornou o epicentro do surto do novo coronavírus — Foto: Getty Images via BBC
O recorde mundial de mortes pelo novo coronavírus da Itália, o primeiro foco europeu da pandemia, está ligado a vários fatores: idade média da população, organização de saúde e método de contagem dos contaminados e falecidos, aponta cientistas.
Com população envelhecida o coronavírus, que afeta mais seriamente os idosos ou pessoas com outras patologias, mata os mais doentes da Itália, o país com mais idosos no mundo depois do Japão.
Segundo o balanço oficial, a Itália tem 47.000 infectados pelo coronavírus e pouco mais de 4.000 mortes, o que dá uma taxa de mortalidade de casos em torno de 8,5%.
"Encontramos uma mortalidade consideravelmente maior em países com populações mais velhas em relação aos países mais jovens", disse o demógrafo e professor de saúde pública Jennifer Downd.
Em seu trabalho publicado no site do Fórum Econômico Mundial, a pesquisadora da Universidade de Oxford apontou uma "poderosa interação entre demografia e mortalidade por Covid-19".
Downd ressalta que as medidas de distanciamento social projetadas para conter a transmissão de vírus devem considerar "a composição da população por idade, contextos locais e nacionais e os laços sociais entre gerações".
Para combater a pandemia, ele sugere, portanto, garantir "que o vírus não entre em contato com pessoas mais velhas, para as quais pode facilmente ser fatal".
Na Itália, "a família numerosa é um dos pilares da sociedade em que os avós vão pegar os netos na escola, cuidar deles, talvez fazer compras para os filhos de 30 a 40 anos, expondo-se perigosamente ao contágio".

Afetada antes dos demais

Os especialistas também questionam o fato de que a Itália foi logo atingida pela pandemia, imediatamente após a China.
"Quando perguntado por que a Itália, eu respondo que não há uma razão específica", afirmou o professor Yascha Mounk, da Universidade Americana Johns Hopkins, no canal canadense CBC.
"A única diferença é que o contágio chegou lá cerca de dez dias antes de na Alemanha, nos Estados Unidos, no Canadá, e se esses países não reagirem rápida e decisivamente, se tornarão o que a Itália é hoje", alerta.
Alguns especialistas também consideram que o país foi pego "de surpresa", sem tempo para se preparar, ao contrário de seus vizinhos.
Os serviços hospitalares foram rapidamente saturados e os médicos tiveram que escolher quem tratar, como revelaram vários testemunhos publicados pela imprensa.

Pressão sobre o sistema de saúde

Especialistas apontam que o rápido aumento da fatalidade de casos Covid-19 na Itália, especialmente na Lombardia, foco da pandemia na península, é uma consequência do número sem precedentes de pacientes que necessitam de terapia intensiva simultânea, que também tem duração média várias semanas.
Nessas condições críticas, é dada prioridade aos pacientes com melhores chances de sobrevivência, o que significa que a qualidade do atendimento diminui, apesar do sistema de saúde da Lombardia ser considerado eficaz.

Sistema de recontagem diferente

Segundo especialistas, a alta taxa de letalidade na Itália também é explicada pela política de detecção que, segundo o governo, deve ser realizada "apenas em pessoas sintomáticas". Essa decisão exclui pessoas potencialmente positivas que não apresentam sintomas.
Esse não é o caso de países que, como a Alemanha ou a Coreia do Sul, optaram por um sistema que permite detectar muitas pessoas infectadas, embora quase não apresentem sintomas. Como conseqüência, a taxa de mortalidade diminuiu com a contagem do número de casos leves.
Por outro lado, a Itália optou por incluir no número total de mortes os pacientes que morreram de Covid-19 e os que tiveram resultado positivo para o coronavírus, mas morreram de outra patologia, uma política que não é necessariamente a de outros países.

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