Por Gabriela Alves
Segundo a Constelação Familiar, honrar os ancestrais é o passo fundamental para que possamos tomar a vida em nossas mãos. Assim, após acolher sua criança interior e iniciar sua jornada em busca dos tesouros da sua alma, já é possível honrar seus ancestrais de forma plena. Compreender que assim como sua história foi perfeita para que pudesse desenvolver seus dons e talentos e despertar o seu dharma (propósito de vida), seus pais foram os grandes mestres que permitiram que a jornada se iniciasse. Jornada esta que se originou antes mesmo do seu nascimento.
O caminho do amor e a dor
Costumo dizer que assim como existem o caminho do amor e da dor, existem também os mestres da dor e do amor. E os pais, na maior parte das vezes, cumprem ambos os papeis. Quando não só da dor.
Os mestres do amor são aqueles que nos dirão “quão lindos e perfeitos somos”, “o quanto nos amam e o quanto somos bem-vindos”. Enquanto os mestres da dor, nos darão os limites ou ainda, nos empurrarão para fora do ninho para que criemos asas. Em outras palavras, os mestres da dor nos exigem muito mais. Exigem que desenvolvamos em nós nossa natureza divina. Pois às vezes, só Deus em nós é capaz de perdoar um pai abusivo, por exemplo.
A questão é que enquanto não perdoamos, ou melhor, aceitamos plenamente os nossos pais, o amor não pode fluir livremente. E assim, ficamos presos a memórias de dor, sem podermos desfrutar plenamente das bênçãos que o presente reserva para nós.
Vale lembrar que nossos pais, muito provavelmente, também possuem uma criança interior com suas dores, inseguranças, desafios.
Quando não aceitamos nossos pais, estamos em verdade rejeitando uma parte de nós mesmos. O que nos faz sentir desencaixados. Sem raízes. E assim como uma árvore sem raízes não pode crescer nem dar frutos, ficamos estagnados em nossa pequenez, olhando para o passado, e de costas para nosso próprio destino.“A idealização também exclui o essencial”, Bert Hellinger.
Vida, a aventura da alma
O paradoxo da nossa jornada é que a criança tem nos pais os seus heróis e cobra deles uma perfeição acima de sua condição humana, o que a desafia em seu crescimento. A ironia é que a não realização de nosso potencial está justamente no fato de não aceitarmos a vida que veio por meio de nossos pais, em sua inteireza. Ou seja, com todas as dores e desafios que nos foram apresentados. Enquanto ela cobra o que acredita que deveria receber, perde a oportunidade dela mesma alcançar o que deseja por meio de seus próprios potenciais.
Sob a ótica da criança a vida é um conto de fadas cheia de finais felizes. No entanto a vida é um emaranhado de emoções (alegrias, tristezas, dores, contentamentos), crenças, condicionamentos, memórias, heranças ancestrais… e cada um vem com seu “emaranhadinho” para desenrolar. Esta é a aventura da alma. O final feliz depende única e exclusivamente de abraçarmos a vida tal qual ela é. Somos nós os heróis de nossa jornada.
A verdade é que o maior dos tesouros que poderíamos receber dos pais, já está em nossas mãos: a VIDA! Um campo de infinitas possibilidades.
Você é o sonho dos seus ancestrais
Através de você a vida se renova e continua. Quando você se cura, você ajuda a curar toda a sua ancestralidade.Tomar a vida nas mãos consiste em reconhecer a grandeza dos seus pais, como canais para a nossa existência.
Pai é o caminho para a vida. Aquilo que nos move. Quando concordamos com o pai, por ser como é, é possível seguir o nosso próprio caminho. A mãe é a prosperidade. O sucesso em nossas escolhas e relacionamentos. Entrar em concordância com a mãe aceitando-a em sua totalidade, nos permite desfrutar de todas as bênçãos que a vida nos reserva.
Honrar nossa ancestralidade é por fim, honrar a própria vida.
E ao seguirmos nosso destino, abrimos as janelas para toda nossa ancestralidade, oferecendo um novo horizonte para as futuras gerações.
Ubuntu – Eu sou eu porque nós somos nós.