sábado, 6 de abril de 2024

Morre Ziraldo, criador de 'O Menino Maluquinho', aos 91 anos


A informação foi confirmada pela família do desenhista na tarde deste sábado (6). Ziraldo morreu em casa, um apartamento no bairro da Lagoa, na Zona Sul do Rio.

Por Luiz Antônio Costa, Rafael Nascimento, g1 Rio e TV Globo

06/04/2024 16h16 

Morreu aos 91 anos o desenhista e escritor Ziraldo, criador de personagens como os de “O Menino Maluquinho” e “Turma do Pererê”. A informação foi confirmada pela família do desenhista na tarde deste sábado (6). Ziraldo morreu dormindo, quando estava em casa, em um apartamento no bairro da Lagoa, na Zona Sul do Rio, por volta das 15h.

Também chargista, caricaturista e jornalista, ele foi um dos fundadores nos anos 1960 do jornal “O Pasquim”, um dos principais veículos a combater a ditadura militar no Brasil.

O velório será às 10h deste domingo (7) na Associação Brasileira de Imprensa, no Centro. O sepultamento acontece às 16h30, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul.


Ziraldo Alves Pinto nasceu em 24 de outubro de 1932 em Caratinga (MG), onde passou a infância. Mais velho de uma família com sete irmãos, foi batizado a partir da combinação do nome da mãe (Zizinha) com o nome do pai (Geraldo). Leitor assíduo desde a infância, teve seu primeiro desenho publicado quando tinha apenas seis anos de idade, em 1939, no jornal “A Folha de Minas”.


O desenhista e cartunista Ziraldo, em momento de trabalho, em foto de arquivo de 18 de maio de 1969. — Foto: IARLI GOULART/ESTADÃO CONTEÚDO

Iniciou a carreira nos anos 1950, na revista “Era uma vez...”. Em 1954, passou a fazer uma página de humor no mesmo “A Folha de Minas” em que havia estreado.

Em 1957, formou-se em Direito na Faculdade de Direito de Minas Gerais, em Belo Horizonte. No mesmo ano, entrou para o time das revistas “A Cigarra” e, depois, “O Cruzeiro”. Em 1958, casou-se com Vilma Gontijo, sua namorada havia sete anos. Tiveram três filhos, Daniela, Fabrizia e Antônio.

Já na década seguinte, destacou-se por trabalhar também no “Jornal do Brasil”. Assim como em “O Cruzeiro”, publicou charges políticas e cartuns. São dessa época os personagens Jeremias, o Bom, Supermãe e Mineirinho.

No período, pôde enfim realizar um “sonho infantil”. Ele se tornou autor de histórias em quadrinhos e publicou a primeira revista brasileira do gênero com um só autor, sobre a “Turma do Pererê”.

Os personagens eram um pequeno índio e vários animais que formam o universo folclórico brasileiro, como a onça, o jabuti, o tatu, o coelho e a coruja.

A revista deixou de ser publicada em 1964, a partir do início do regime militar. Cinco anos mais tarde, Ziraldo fundou, com outros humoristas, “O Pasquim”.

Com textos ácidos, ilustrações debochadas e personagens inesquecíveis, como o Graúna, os Fradins ou o Ubaldo, o semanário entrou na luta pela democracia.

Ziraldo — Foto: Divulgação
Ao mesmo tempo que combatiam a censura, Millôr, Henfil, Jaguar, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Ivan Lessa, Sérgio Augusto e Paulo Francis, dentre outros colaboradores do jornal, sofriam com ela.

Um dia depois do AI-5, baixado em 13 de dezembro de 1968, Ziraldo foi detido em casa e levado para o Forte de Copacabana.

Em 1969, publicou seu primeiro livro infantil, “FLICTS”. Em 1979, passou a se dedicar à literatura para crianças.

Seu maior sucesso, “O Menino Maluquinho”, saiu em 1980. É considerado um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro em todos os tempos.


O mural gigante Última Ceia, pintado em 1967 por Ziraldo, que estava encoberto na antiga casa de show Canecão, será restaurado pela UFRJ e aberto à visitação pública a partir de abril — Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Mãe e madrasta de Miguel condenadas: o que cada uma disse sobre a morte do menino

Tribunal do Júri condenou Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, mãe de Miguel, a 57 anos, 1 mês e 10 dias anos de prisão. Já Bruna Nathiele Porto da Rosa, a madrasta, recebeu pena de 51 anos, 1 mês e 20 dias. Crime ocorreu em 2021, no Litoral Norte do RS.

Por g1 RS
06/04/2024 04h00 

Yasmin e Bruna em chegada ao Tribunal do Júri — Foto: Juliano Verardi – DICOM/TJRS

O julgamento de Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues e Bruna Nathiele Porto da Rosa, condenadas por tortura, homicídio e ocultação de cadáver de Miguel dos Santos Rodrigues, de 7 anos, durou dois dias, com sessões realizadas na quinta-feira (4) e na sexta (5), no Salão do Júri do Foro da Comarca de Tramandaí, no Litoral Norte do RS.

A sentença foi lida pelo juiz de direito Gilberto Pinto Fontoura. Yasmin, a mãe de Miguel, foi condenada a 57 anos, 1 mês e 10 dias de prisão pelos três crimes. Já Bruna, a madrasta, foi condenada a 51 anos, 1 mês e 20 dias de prisão pelos três crimes.

As rés permanecem presas, mas podem recorrer da decisão.


Miguel foi morto e teve corpo atirado no Rio Tramandaí, em Imbé, segundo a polícia — Foto: Reprodução/RBS TV

O crime ocorreu em 2021 na cidade de Imbé, quando a criança foi assassinada, segundo a acusação, porque atrapalharia o relacionamento entre a mãe, Yasmin, e a companheira dela à época, Bruna Nathiele.

O corpo de Miguel teria sido colocado dentro de uma mala e jogado em um rio de Imbé, na cidade onde a família morava, e nunca foi encontrado.

Caso Miguel: MP em fase de debates do júri — Foto: Juliano Verardi/TJRS

Veja a seguir as principais frases ditas pela mãe e pela madrasta durante o Tribunal do Júri.

"Eu vi a Bruna embaixo da mesa sentada tipo em posição fetal. Eu olhei pra ela e eu perguntei: 'cadê o Miguel?' Eu saí correndo para dentro do quarto do banheiro. Eu vi o Miguel deitado. Ele tava todo gelado, todo roxo. Eu mostrei para ela e eu perguntei o que tinha acontecido e ela falou que ele estava morto. O Miguel estava roxo e duro. Como que eu ia ir pra algum lugar e dizer que eu não matei, que eu só dei fluoxetina pro meu filho e que ele morreu com fluoxetina, que era um remédio que ele nunca tinha tomado?", declarou Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, mãe de Miguel.

Bruna Nathiele Porto da Rosa, durante o Tribunal do Júri — Foto: Juliano Verardi – DICOM/TJRS

"Eu tenho a ver com a tortura e a ocultação, a morte não", disse Bruna Nathiele Porto da Rosa, ex-companheira de Yasmin e madrasta do menino.

Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, mãe de Miguel, no interrogatório — Foto: Reprodução/TJRS

"Então, eu peguei ele no colo. Ele não estava vestido adequado, estava frio. Eu vesti um casaco bem quentinho, botei uma calça quente. Ela levantou e veio com a mala e falou que a gente tinha que a gente tinha que fazer alguma coisa... Ele estava quentinho. Ele estava um agasalhado. Aí eu peguei e botei. Eu botei ele lá. Eu botei ele e levei até o rio", disse, chorando, Yasmin.

Bruna Nathiele Porto da Rosa, madrasta de Miguel, durante interrogatório — Foto: Reprodução/TJRS

"Eu sou responsável pela tortura psicológica. Que foi o vídeo que eu fiz, porque eu peguei no psicológico dele. Então a minha culpa eu não posso tirar. Então eu me culpo por isso", relata Bruna no Tribunal do Júri.
Yasmin e Bruna no Tribunal do Júri em Tramandaí — Foto: Juliano Verardi – DICOM/TJRS

"Eu fui mãe do Miguel até conhecer a Bruna. Depois eu fui só uma genitora", Yasmin no depoimento.

"Eu sou um monstro. Na verdade, eu sou muito monstro. Porque, se eu estou aqui hoje, é porque eu errei pra caramba. Se eu tô aqui, tá todo mundo aqui, é porque eu fui péssima como mãe, como ser humano. Mas eu jamais imaginei que que ela pudesse fazer isso", disse a mãe de Miguel.

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Um perverso tipo parasita pode ser aquele que habita sua casa

Ele encanta por onde chega, é simpático, carismático, faz amigos com muita rapidez e ganha facilmente a confiança de todos.

Imagem: ferasphoto/shutterstock

Algum tempo atrás falei a respeito do narcisista bem sucedido, endinheirado e como ele usa sua posição e recursos para convidar seus alvos para dentro de sua vida, assumindo não só todas as obrigações financeiras, mas também o controle, exercendo poder ilimitado sobre o outro indivíduo.

Proporcionam uma boa vida ao custo da identidade e dignidade do outro. Para esse tipo, tudo o que é de seu alvo é inferior ou inadequado: família e amigos não prestam, seus pertences são defeituosos ou não bons o suficiente, suas conquistas não têm valor, ou seja, sem ele seu alvo não é nada.

No outro extremo encontramos o perverso narcisista do tipo parasita que também roubará a identidade e dignidade de seus pares, mas não só. O parasita é charmoso, sociável e vitimista. Ele encanta por onde chega, é simpático, carismático, faz amigos com muita rapidez e ganha facilmente a confiança de todos.

O parasita pode ter ou não boa formação acadêmica, mas invariavelmente é mal sucedido na vida profissional. Ele é instável, não consegue, a despeito dos estudos ou oportunidades que surjam, crescer profissionalmente e se firmar de alguma forma.

Todos os seus empreendimentos acabam por ruir, pois é péssimo administrador. Sua grandiosidade não lhe permite seguir o curso natural do crescimento e a manutenção estável de dedicação diária. Quer tudo para ontem e muito. Seu senso de merecimento lhe diz que deve de pronto ocupar um alto cargo ou ganhar mais que os outros, ser ajudado ou favorecido.

Esforço e dedicação são coisas para mortais. O parasita narcisista merece mais, tudo e rápido. Ele é especial. Vitimista, atribui seu insucesso às outras pessoas, às circunstâncias ou a planos futuros que “logo serão colocados em prática”, o que nunca ocorre, por culpa de todos ao seu redor, é claro.

Exatamente por ser eloquente, articulado, carismático e vitimista, o perverso parasita encontrará com facilidade alvos que lhe proporcionem um vida boa enquanto ele “ajeita as coisas” ou “fecha aquele grande negócio”. Para ser sustentado e cuidado, colocará sua mira egoística sobre pessoas bem sucedidas ou com emprego estável, de preferência que morem sozinhas e se mostrem solitárias, sem uma boa rede de apoio ou carentes.

Antes de encontrar esse alvo provedor, parasitam em cima dos pais, que não percebem que são adultos de 30, 40 anos ou mais, e não criancinhas incapazes. Outras vezes, os pais até percebem o fracasso que é a personalidade de seu rebento, mas carregam esse peso insuportável, pois se sentem ameaçados, reféns, culpados ou simplesmente não conseguem impor limites à cria parasita e vitimista.

Rapidamente, o enredamento, bombardeamento de amor e aparente interesse numa relação séria vão deixar o alvo tão distraído e confiante que não perceberá que em questão de semanas ou meses, o parasita já terá se instalado em sua casa, onde passa a se comportar como dono ou já estará usando seu carro, seu cartão, suas coisas como se o alvo tivesse a obrigação de prover seu conforto como pagamento por “aquele ser incrível tê-lo escolhido”.

Muitas vezes, com a crueldade e manipulação que lhes são peculiar, dará a entender que escolheu seu alvo por admirá-lo e não pelos atributos físicos, fazendo referências a “pessoas lindas e maravilhosas que já passaram por sua vida”, minando a autoestima do par, de modo que se esmere cada vez mais para agradá-lo já que não tem beleza suficiente para manter a atenção do parasita. O alvo se compara e trabalha para ser cada vez melhor aos olhos do insaciável parasita.

Algumas vezes, não se trata de um alvo que more sozinho, mas com potencial econômico para tal. Quase sempre é alguém em busca de um ideal de amor que os leve para fora de casa para viver um sonho. O parasita chega sedutor e, em tempo record, propõe “morar junto e dividir as despesas”. Nos 2 ou 3 primeiros meses cumprirão sua parte no trato, mas eu pouco tempo as desculpas e lamentações chegarão e quando o alvo se dá conta, está bancando tudo “temporariamente”. Veja, isso é diferente de assumir a casa quando ocorre uma doença ou desemprego. Bem diferente!

Os jantares serão pagos pelo alvo, o supermercado, a padaria, a pizza ou a comida japonesa pedida no delivery, o motel, as viagens. O parasita está sempre quebrado ou “em transição” e a pessoa empática, muito compreensiva, vai atravessar essa “fase” como uma heroína incansável. Mesquinho com seu próprio dinheiro, se sentirá muito à vontade em usar o dinheiro de seus alvos, oferecendo presentes, festas e favores aos outros às custas do empático, já que para o perverso parasita o que é dele é dele e o que seu é nosso.

Os meses avançam e quando o alvo se dá conta está pagando por cada pãozinho que o perverso parasita come. O dinheiro dele não dá para nada, somente para seus interesses pessoais. Ele parece bem a vontade em ser bancado. Num desenrolar natural, contará tantas misérias e desgraças, insinuará que precisa ou gostaria de ter ou fazer certas coisas para que o alvo, empático por natureza, se adiante para lhe satisfazer as “necessidades”, caprichos e desejos. Quase nunca pedem abertamente, dão a entender e o alvo empático se mostrará sempre um ótimo entendedor.

Quando se der conta, o alvo já terá feito financiamentos e empréstimos em seu nome e terá uma parte substancial, quando não toda, de sua receita empenhada com gastos e necessidades do parasita. Vaidosos, não se contentam com pouca coisa: adoram grifes, bons restaurantes e conforto. Para conseguir esses favorecimentos, algumas vezes lançarão mão de chantagens emocionais e outras; de promessas de amor eterno e elogios jamais antes ouvidos pela parte empática, bem sucedida, mas insegura e desejosa de validação.

Não raro, o alvo será sugado e explorado também por outros membros da família. A pessoa empática, que faz qualquer coisa para agradar e ser aceita, passará a cobrir a todos de presentes e mimos, buscando ser vista como especial e insubstituível por todos. Quando presentear, dirá que é um presente “do casal”, para enaltecer o parasita que em nada colabora, apenas recebe os créditos.

Em sua mente, ainda que inconscientemente, a parte empática acredita que aquela servidão lhe garantirá que o parasita não a deixará, a menos que seja maluco de largar tantas benesses e uma pessoa “tão boa e compreensiva” que o “apoia tanto”. Ao estender sua doação à família e amigos do parasita, busca aprovação e apoio dos mesmos para ajudá-la na empreitada de mantê-lo por perto.

O que esse empático não sabe é que está compartilhando a vida com um indivíduo dono de um buraco negro onde toda e qualquer doação de amor ou material se perderá. São incapazes de amar, estabelecer laços afetivos reais e desinteressados; reconhecer e retribuir. Todas as suas ações são pensadas segundo sua conveniência e agenda de interesses.

Para eles, só o fato de estarem com seus alvos já é uma grande retribuição, afinal, “são pessoas incríveis, especiais, extraordinárias e qualquer pessoa daria tudo para estar no lugar privilegiado do alvo”…

Em pouco tempo, toda energia e patrimônio do alvo serão sugados e, quando não restar nada, será substituído ou reiteradamente desrespeitado. Nesse ínterim, sua conta engorda, seus bens aumentam e, quando se encontrarem em situação privilegiada ou com um alvo que ofereça mais vantagens em vista, fará movimentos de desvalorização e descarte, deixando novas vítimas em potencial em pole position, caso necessitem, sejam desmascarados ou simplesmente não tenham mais o que sugar do alvo atual.

Aos poucos, a situação do alvo começa a ficar insustentável. Nesse momento, ao ousar questionar a falta de apoio financeiro ou perguntar o porquê de, depois de ter ajudado e feito tanto pelo perverso parasita, está sendo tratado daquela forma, receberá respostas como: “eu não lhe pedi nada”, “nunca precisei de você para nada”, “você deu ou fez porque quis” , “fez ou deu porque queria me comprar ou me atrair para essa relação”, deixando o alvo tonto diante de tanto cinismo. Passado um tempo, tendo havido ou não o descarte, mal poderá funcionar ao compreender o quanto permitiu ser usado.

O perverso parasita reúne em si todas as características de outros perversos narcisistas e mais a capacidade de devorar seu patrimônio por completo sem nunca parecer que o está fazendo. Eu costumo dizer que o perverso do tipo parasita tem alto potencial lesivo porque além da devastação emocional, devastam materialmente a ponto de deixar seus alvos sem nada, nem mesmo a noção de quem eram antes daquela relação.

by  CONTI outra

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Alemanha legaliza o consumo recreativo da maconha a partir desta segunda (1º)

Nova lei coloca o país entre os mais permissivos da Europa em relação ao uso da cannabis. Entidades médicas e policiais criticam a medida.


Por France Presse

01/04/2024 07h21 Atualizado há 9 horas

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Alemanha legaliza o consumo recreativo de maconha a partir desta segunda (1º)

A Alemanha legaliza a partir desta segunda-feira (1) o consumo recreativo de maconha, apesar da oposição persistente dos conservadores e de associações médicas que temem consequências negativas para os jovens.

A lei estipula que pessoas com mais de 18 anos podem transportar até 25 gramas de maconha em vias públicas, cultivar até 50 gramas e ter três plantas de cannabis por adulto em sua residência.

A reforma deixa a Alemanha entre os países mais permissivos em relação à maconha na Europa, ao lado de Malta e Luxemburgo, que legalizaram o consumo recreativo em 2021 e 2023, respectivamente.

Os Países Baixos, uma nação conhecida durante anos por sua política liberal em relação às drogas, adotaram uma estratégia mais restritiva para reduzir o turismo centrado no consumo de cannabis.

Embora a lei entre em vigor nesta segunda-feira, os consumidores terão que esperar três meses para comprar maconha de maneira legal em "clubes sociais de cannabis".


Em Berlim, defensores da legalização da maconha celebram entrada em vigor da lei que descriminaliza o uso recreativo da cannabis na Alemanha — Foto: John Macdougall/AFP

Antes de julho, a compra de maconha permanecerá ilegal, segundo Georg Wurth, diretor da Associação Alemã de Cannabis.

Segundo a lei, os clubes sociais de cannabis poderão ter no máximo 500 membros e distribuir 50 gramas de maconha por mês para cada integrante.

Oposição
O governo do chanceler social-democrata Olaf Scholz, que está no poder em uma aliança com liberais e ecologistas, argumenta que a legalização vai ajudar a conter o crescimento do mercado clandestino da maconha.

Mas as organizações de saúde alertam que a legalização pode provocar o aumento do consumo entre os jovens.

Em menores de 25 anos, a maconha pode afetar o desenvolvimento do sistema nervoso central, o que implica um risco maior de problemas psiquiátricos, como a esquizofrenia, segundo especialistas.

"Do nosso ponto de vista, a lei, como está redigida, é um desastre", afirmou Katja Seidel, terapeuta em um centro de tratamento da dependência de maconha entre jovens de Berlim.

O ministro da Saúde, Karl Lauterbach, que é médico, alertou que o consumo da substância pode ser "perigoso", especialmente para os jovens.

O governo prometeu uma campanha sobre os riscos do consumo, destacando que a maconha continua proibida para os menores de 18 anos e que o consumo é proibido a menos de 100 metros de escolas, creches e parques infantis.

A nova legislação também recebeu críticas da polícia, que teme a dificuldade de assegurar o cumprimento das regras.

"A partir de 1º de abril, nossos colegas enfrentarão situações de conflito com os cidadãos, pois há incerteza para ambas as partes", disse Alexander Poitz, vice-presidente do sindicato de policiais.

Anistia

Outro ponto polêmico é que a lei estabelece uma anistia retroativa para crimes relacionados à maconha, o que pode gerar atrasos em processos administrativos para o sistema jurídico.

Segundo a Associação Alemã de Juízes, o indulto pode ser aplicado a mais de 200 mil casos que devem ser revistos.

Friedrich Merz, líder do partido conservador de oposição CDU, disse que a lei será revogada de maneira imediata caso a sua legenda vença as eleições legislativas de 2025.

O ministro das Finanças, Christian Lindner, do partido liberal FDP, defende uma reforma "responsável" e argumenta que é melhor legalizar a plantação para consumo próprio do que fazer com que as os usuários busquem o produto no mercado ilegal.

Lindner argumentou ao canal público ARD que, ao contrário das afirmações da oposição, a nova lei "não levará ao caos".ALEMANHA

Japão vê aumento de casos de infecção por bactéria mortal



Autoridades do Japão alertam para a alta nos casos graves de infecção pela bactéria estreptococos do grupo A; a taxa de mortalidade pode chegar a 30%

    Foto: U.S. Government/Domínio Público / Canaltech

Fidel Forato
26 mar2024

O Japão enfrenta aumento de casos da síndrome do choque tóxico estreptocócico (Stss), causado por uma bactéria "carnívora", já que pode levar à necrose de tecidos. De forma errônea, alguns têm chamado o agente infeccioso de "vírus comedor de ânus", sem nenhum embasamento científico — vírus e bactérias têm muitas diferenças entre si.

As bactérias mais mortais do mundo
Bactéria rara e mortal é encontrada nos Estados Unidos e gera alerta nacional

A condição grave relatada no Japão é quase sempre associada com infecções por estreptococos do grupo A (Streptococcus pyogenes). A atual taxa de letalidade da doença é estimada em 30%, o que tem gerado alerta e preocupação no país.

Em 2023, foram registrados 941 casos da síndrome do choque tóxico estreptocócico no Japão. Nos três primeiros meses deste ano, já foram contabilizadas 517 infecções. Olhando apenas para os dados epidemiológicos de Tóquio, são 88 casos confirmados contra 144 do ano passado, segundo o jornal Japan Times.

Em paralelo ao surto, a Coreia do Norte se recusou a receber jogadores do Japão para a quarta rodada das eliminatórias asiáticas para a Copa do Mundo de 2026, nesta semana.

Bactéria mortal no Japão
No Japão, o primeiro caso da síndrome do choque tóxico estreptocócico foi relatado em 1992, associado com a Streptococcus pyogenes. Desde então, são confirmados de 100 a 200 casos desta forma grave da infecção bacteriana todos os anos. O recorde de casos foi em 2019, com 894 infecções, segundo o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas. Surtos já ocorreram em outros países, como Reino Unido.

Embora a bactéria possa ser assintomática ou causar apenas sintomas leves em alguns pacientes, ela pode ser fatal para alguns indivíduos. Inclusive, é capaz de necrosar os tecidos conjuntivos que cobrem os músculos e se espalhar por diferentes pontos do corpo.

Diante da onda de casos, a recomendação dos profissionais de saúde é que as pessoas busquem orientação em caso de dor e inchaço dos membros, além de febre.

Por que a bactéria está mais transmissível?
O porquê do aumento de casos da doença no Japão ainda é investigado. Uma das hipóteses envolve uma variante chamada M1UK, considerada altamente transmissível entre as bactérias estreptococos do grupo A. Neste caso, ela pode ser a responsável pela atual situação, em conjunto com a falta de medidas de proteção.

Como se proteger da infecção bacteriana mortal?
Este grupo de bactérias é transmitido por gotículas respiratórias, liberadas pelo nariz ou pela boca, e pelo contato direto com as feridas e úlceras dos pacientes. Entre as medidas de proteção, está a lavagem regular das mãos e, ocasionalmente, o uso de máscaras.

Não existe "vírus comedor de ânus"
Nas redes sociais, Vinicius Borges, médico infectologista e criador do perfil Doutor Maravilha, explicou que, apesar do agente infeccioso ser potencialmente grave, a bactéria causadora do surto é "nossa velha conhecida". Isso porque o patógeno é uma "causa comum de infecções de garganta (aquela que precisa tomar Benzetacil), de pele e febre reumática", explica Borges.

No entanto, o que está causando preocupação no Japão é uma forma grave desta infecção, conhecida como síndrome do choque tóxico. Esta é "causada por cepas mais virulentas (agressivas)", como sugerem as próprias autoridades japonesas.

Causadora da síndrome do choque tóxico estreptocócico, bactéria potencialmente mortal se prolifera no Japão (Imagem: NIAID/CC-BY-2.0)

Apesar disso, Borges avisa que a bactéria "não 'come' ânus", como foi sugerido em algumas postagens nas redes sociais. Na verdade, ela pode colonizar orifícios corporais, como ânus, garganta, narinas e genitais, onde causa complicações.

"O tratamento é [feito] com antibióticos, suporte circulatório e tratamento das feridas. É realmente bem grave", destaca o médico. Hoje, ainda não existem vacinas para a prevenção da infecção.

Fonte: Japan Times e Doutor Maravilha (Instagram)
https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/japao-ve-aumento-de-casos-de-infeccao-por-bacteria-mortal,460b3c874d83e25a0474a96ffd44bbf7pavukk7p.html?utm_source=clipboard

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