domingo, 11 de abril de 2021

2003 - Sars Cov - Cives Centro de Informação em Saúde para Viajantes


Informação Técnica

Síndrome Respiratória Aguda Grave

Fernando S. V. Martins

Em 12 de março de 2003 a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um Alerta Global sobre a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome), uma pneumonia atípica grave, transmissível para contactantes próximos, inclusive profissionais da área da saúde, e ainda sem etiologia determinada.

Os primeiros casos desta doença ocorreram a partir de 16 de novembro de 2002, em Gunagdong (China). Em 11 de fevereiro de 2003 a OMS recebeu a notificação sobre a ocorrência na província de Guangdong, de 305 casos de pneumonia atípica grave, 105 dos quais em profissionais da área da saúde. Ocorreram cinco óbitos, e em dois destes foi detectada a presença de Chlamydia.

Em 26 de fevereiro de 2003 foi identificado um caso de pneumonia atípica grave (caso índice), cuja etiologia ainda não foi estabelecida, em um paciente de 47 anos que adoecera logo após ter chegado a Hanói (Vietnã), depois de ter visitado a China, incluindo Hong Kong. Após a internação, em um período de 4 a 7 dias, sete profissionais da área de saúde que haviam cuidado do caso índice adoeceram com manifestações semelhantes. Em 13 de março o caso índice evoluiu para o óbito, logo depois de ter sido transferido para Hong Kong (China). A epidemia de Guangdong, que possivelmente está relacionada com a ocorrida a partir do caso índice, continua em evolução e a causa ainda está sendo investigada.

Etiologia

Nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave que ocorreram depois do caso índice, os exames para determinação da etiologia (ELISA, PCR) não demonstram a presença de agentes conhecidos que poderiam estar envolvidos (influenza, parainfluenza, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia spp, hantavírus etc.). O achado de Chlamydia, uma bactéria que pode causar infecções respiratórias, foi possivelmente ocasional. A causa da doença é, muito provavelmente, um vírus. Três vírus tornaram-se candidatos a possível agente da Síndrome Respiratória Aguda Grave. O primeiro seria um novo vírus da família dos paramixovírus (laboratórios da Alemanha e Hong Kong), o segundo seria um metapneumovírus (laboratórios do Canadá) e o terceiro um novo coronavírus (laboratórios dos Estados Unidos, Alemanha e Hong Kong).


Na Alemanha, em material (swab de garganta escarro) de dois pacientes e no sangue de um deles, foram detectadas, por microscopia eletrônica, partículas morfologicamente semelhantes a um paramixovírus. Achado semelhante foi feito na Universidade Chinesa de Hong Kong, com material de um dos pacientes. Em 22 de março o Laboratório Nacional de Microbiologia do Canadá, informou ter encontrado "evidências" da presença de um metapneumovírus em amostras e 6 dos 8 casos em investigação. Em 25 de março, nos Estados Unidos (CDC) foi divulgado o isolamento de um novo coronavírus, anunciado como possível causa da doença. Outros laboratórios (Universidade de Hong Kong e Universidade de Frankfurt), utilizando testes moleculares fornecidos pelos CDC, também detectaram a presença deste novo coronavírus em diversas pessoas com a Síndrome Respiratória Aguda Grave.

Os paramixovírus e os coronavírus são duas famílias de vírus que podem causar infecções em animais vertebrados. Em seres humanos, os paramixovírus causam infecções respiratórias (vírus parainfluenza, vírus sincicial respiratório, metapneumovírus), sarampo, caxumba e encefalites (vírus Hendra e Nipah). Alguns dos paramixovírus foram identificados recentemente, como o Hendra (1994), o Nipah (1999) e o metapneumovírus (2001). Este último pode produzir manifestações respiratórias semelhantes às do vírus sincicial respiratório. Os coronavírus causam infecções respiratórias, sendo um dos mais freqüentes agentes etiológicos do resfriado comum.Os paramixovírus (incluindo o metapneumovírus) e os coronavírus podem ser detectados em seres humanos com ou sem doença.

O novo coronavírus (veja microfotografia eletrônica) parece ser a causa mais provável da Síndrome Respiratória Aguda Grave. O seqüenciamento genético do vírus foi obtido no Genome Sciences Centre (Canadá) e nos CDC (Estados Unidos), a partir de culturas provenientes de dois diferentes pacientes. As análises sugerem que o vírus associado à doença é diferente de todos os outros coronavírus conhecidos.

Para um grau de certeza maior, a incriminação definitiva de um agente como causa de uma doença deve ainda levar em consideração os postulados de Koch. O possível papel do metapneumovírus e do novo coronavírus na gênese da Síndrome Respiratória Aguda Grave foi investigado na Holanda, através de um estudo em primatas (macacos). Um grupo destes animais foi infectado com o novo coronavírus, outro com o metapneumovírus e um terceiro com o novo coronavírus e, em seqüência, com o metapneumovírus. Os animais do primeiro e do terceiro grupo desenvolveram quadro compatível com a doença e os do segundo apenas manifestações discretas (rinite).

O novo coronavírus, portanto, parece atender aos postulados de Koch, uma vez que foi isolado em cultura a partir de casos da Síndrome Respiratória Aguda Grave e foi capaz de reproduzi-la em primatas. O metapneumovírus não foi capaz de reproduzir a doença em primatas e nem, quando em associação com o novo coronavírus, de torná-la mais grave.

Definição de caso
(01/05/2003) para efeitos de vigilância epidemiológica

Caso suspeito

1. Pessoa que apresente:
Febre (>38 °C) e
Tosse ou dificuldade respiratória (taquipnéia, dispnéia) e
Uma ou mais das seguintes condições:
contato direto* com um indivíduo que seja um caso suspeito ou provável de Síndrome Respiratória Aguda Grave ou
história de viagem há 10 dias ou menos a uma área afetada** ou
residência em áreas afetadas.2. Pessoa que tenha morrido de doença respiratória aguda, que não tenha sido submetida à
necropsia e uma ou mais das seguintes condições presentes há 10 dias ou menos:
contato direto* com um indivíduo que seja um caso suspeito ou provável de Síndrome Respiratória Aguda Grave ou
história de viagem a uma área afetada ou
residência em uma uma área afetada.Caso provável:1. Caso suspeito com radiografia de tórax com infiltrado compatível com pneumonia ou
Síndrome da Angústia Respiratória.
2. Caso suspeito com necropsia compatível com Síndrome da Angústia Respiratória, sem
causa identificada.* Pessoas que moram, cuidaram, atenderam ou entraram em contato com qualquer material biológico de
indivíduos com Síndrome Respiratória Aguda Grave.
** Área na qual está ocorrendo cadeia de transmissão local, informado pelas autoridades nacionais de saúde
pública.

Critério de exclusão
Um caso deve ser excluído como Síndrome Respiratória Aguda Grave se a doença puder ser totalmente explicada por um outro diagnóstico.Casos notificados

Entre 1 de novembro de 2002 e 8 de julho de 2003 a OMS recebeu 8436 notificações de casos "prováveis" de Síndrome Respiratória Aguda Grave (sem acréscimo em relação ao boletim de 7 de julho), incluindo 812 óbitos. Deste total, 7433 pessoas já se recuperaram ou tiveram alta. A epidemia de Guangdong está relacionada com os casos ocorridos a partir de 26 de fevereiro, o que a OMS passou a admitir oficialmente apenas em 26 de março. Como o diagnóstico da Síndrome Respiratória Aguda Grave é feito pela exclusão de outras doenças, o número e a origem dos casos podem ser alterados freqüentemente. Em 28 de abril, a OMS retirou o Vietnã da lista de países onde ocorre transmissão da doença, em razão de não ter sido registrado novos casos por mais de 20 dias consecutivos (o dobro do período de incubação). A transmissão local parece ter sido interrompida em todos os países, em 7 de julho de 2003. A partir de 8 de julho, o número de casos será atualizado apenas se houver alteração desta situação.

Síndrome Respiratória Aguda Grave: casos prováveis
notificados por países e áreas, entre 01/11/02 - 08/07/2003 País Casos Data do último caso

Alemanha 10 04/06/03
Austrália 5 12/05/03
África do Sul 1 09/04/03
Brasil* 1 09/06/03
Canadá 250 27/06/03
China 5327 25/06/03
China (Hong Kong) 1755 11/06/03
China (Macau) 1 21/05/03
Colombia 1 05/05/03
Coréia do Sul 3 14/05/03
Espanha 1 02/04/03
Estados Unidos** 74 23/06/03
Filipinas*** 14 15/05/03
Finlândia 1 07/05/03
França 7 09/05/03
Índia 3 13/05/03
Indonésia 2 23/04/03
Inglaterra**** 4 29/04/03
Irlanda (República) 1 21/03/03
Itália 4 29/04/03
Kuwait 1 09/04/03
Malásia 5 20/05/03
Mongólia 9 06/05/03
Nova Zelândia 1 30/04/03
Romênia 1 27/03/03
Russia (Federação) 1 31/05/03
Singapura# 206 18/05/03
Suécia 3 18/04/03
Suíça 1 17/03/03
Tailândia 9 07/06/03
Taiwan 671 19/06/03
Vietnã## 63 14/04/03 Total 8436 (sem acréscimo de casos)Fonte: OMS, 08/07/2003
** A OMS registrava como "'área de transmissão local limitada, sem evidencia de disseminação para a comunidade" de12 até
*** Diagnóstico retrospectivo feito na Inglaterra de duas pessoas que adoeceram (e tiveram alta) em fevereiro de 2003 nas Filipinas .
**** A OMS registrava como "área de transmissão local limitada, sem evidencia de disseminação para a comunidade", até 30/04/2003
# Preferível etimologicamente, em vez de "Cingapura"
## O Vietnã foi retirado da lista de países onde ocorre transmissão local da doença

Áreas com transmissão local recente
A OMS define uma área como de "transmissão local recente" aquela onde ocorreu transmissão da Síndrome Respiratória Aguda Grave nos últimos 20 dias, de acordo com as informações das autoridades nacionais de saúde pública. A Inglaterra (Londres) e os Estados Unidos (áreas não informadas) foram retirados da lista por estarem há mais de 20 dias sem registrar transmissão na comunidade. Em 14 de abril, a OMS retirou o Canadá (Toronto) da lista de países onde ocorre transmissão loccal recente da doença, em razão de não ter sido registrado novos casos por mais de 20 dias consecutivos (o dobro do período de incubação). Em 20 de abril, pelo mesmo motivo, as Filipinas (Manila) também deixaram de constar da relação. O Canadá informou à OMS a ocorrência de uma doença respiratória (com pneumonia) associada a dois hospitais de Toronto, o primeiro com 5 (em 22 de maio) e o segundo com 26 (em 24 de maio), totalizando 31 casos. Por cautela, os doentes foram investigados como possíveis casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave. A OMS, certamente também por cautela, manteve o status de Toronto como área onde não havia transmissão local recente até 25 de maio. Em 26 de maio, 34 casos (8 prováveis e 26 suspeitos) ligados a quatro hospitais foram notificados à OMS que, então, incluiu o Canadá (Toronto) como área de transmissão local recente, sem recomendar restrição a viagens.. Em 30 de maio Singapura foi retirada da lista de países com transmissão local recente, por não ter registrado transmissão de novos casos por mais de 20 dias consecutivos. Por motivo idêntico, em 13 de junho, a OMS também retirou da lista de áreas com transmissão recente Guangdong, Hebei, Hubei, Jilin, Jiangsu, Mongolia Interior, Shanxi, Shaanxi e Tianjin (todas na China). Em 24 de junho a OMS deixou de fazer restrições às viagens para Beijing (Pequim).Em 2 de julho, Toronto foi retirada da lista de áreas com transmissão local recente. Em 7 de julho a transmissão foi considerada interrompida em Taiwan..

Manifestações

As manifestações clínicas da Síndrome Respiratória Aguda Grave são febre alta de início súbito, tosse seca, dor no corpo, na cabeça e na garganta. Além disto, pode ocorrer perda do apetite, mal estar, dispnéia, confusão mental, exantema e diarréia. Pode ocorrer trombocitopenia acentuada, leucopenia, elevação das aminotransferases (2 a 6 seis vezes acima dos valores de referência) e da CPK (acima de 3000 UI/l). A maioria dos casos (mais de 80%) começa a apresentar melhora após uma semana de doença. Alguns (10 a 20%) evoluem de forma grave, apresentando pneumonia bilateral e, eventualmente, insuficiência respiratória. A doença é mais comum em adultos e mais grave em pessoas com mais de 40 anos, principalmente nas que tenham doenças crônicas associadas.

Letalidade

A letalidade média da Síndrome Respiratória Aguda Grave, que depende de fatores como idade, presença de doenças associadas e recursos disponíveis para tratamento, é estimada atualmente em cerca de 15%.

Síndrome Respiratória Aguda Grave:
faixa etária e letalidade estimada Faixa etária (anos) Letalidade (%)< = 24 < 1
25 a 44 6
45 a 64 15
> 65 >50 Fonte: OMS, 07/05/2003



Confirmação do diagnóstico
O diagnóstico da Síndrome Respiratória Aguda Grave é clínico e presuntivo, feito pela exclusão da possibilidade de outras doenças que causem manifestações semelhantes. Isto pode não ser simples, uma vez que é necessária uma estrutura laboratorial que não está facilmente disponível em países com pouca ou nenhuma tradição em termos de investigação etiológica, principalmente em relação aos agentes virais.

Estão em desenvolvimento três testes (ELISA, PCR e IFI), porém nenhum deles ainda se mostrou útil para a detecção precoce de casos. O ELISA é capaz de detectar anticorpos apenas cerca de 20 dias após o início das manifestações clínicas. O IFA detecta anticorpos em cultivos celulares após o décimo dia, mas é trabalhoso e depende da manutenção do vírus em cultura, o que torna sua realização demorada. O último (PCR) detecta material genético do vírus ainda nos estágios iniciais da doença, mas tem sensibilidade baixa (não indica a presença do agente em muitas das pessoas infectadas). Além disto o novo vírus pode ser isolado em culturas de células VERO. Estes testes quando negativos, inclusive a cultura, não afastam o diagnóstico clínico de Síndrome Respiratória Aguda Grave.


Tratamento
O tratamento da Síndrome Respiratória Aguda Grave consiste basicamente em medidas de suporte, como hidratação e, eventualmente, o uso de próteses respiratórias. É prudente, uma vez que o diagnóstico é de exclusão, considerar o emprego de antibióticos visando os agentes bacterianos que comumente causam pneumonia, incluindo as atípicas. Evolutivamente deve-se ainda levar em conta, principalmente nos pacientes mais graves, a possibilidade de infecções bacterianas secundárias. Estão sendo utilizadas drogas antivirais (como a ribavirina) e corticóides, porém não existem evidências de que tenham produzido qualquer efeito terapêutico.

Transmissão

Os dados disponíveis sugerem que o período de incubação situa-se entre 2 e 10 dias e que a Síndrome Respiratória Aguda Grave é menos transmissível que a influenza. Parece ser possível a transmissão respiratória e pelo contato direto com materiais biológicos. A transmissão parece ocorrer somente após o aparecimento das manifestações clínicas. O contato casual não parece implicar em risco de transmissão. A maioria dos casos, a partir de 26 de fevereiro, ocorreu em profissionais da área da saúde e estudantes de medicina ou em pessoas que tiveram contato muito próximo (como familiares) com indivíduos doentes.

Riscos

A facilidade e a rapidez que tornam possível o deslocamento de um elevado número de pessoas para diversos países e regiões faz com que exista risco de disseminação da doença para novas áreas. Não há como impedir a entrada de pessoas com a Síndrome Respiratória Aguda Grave, visto que milhares de pessoas chegam (aviões, navios, ônibus etc) diariamente ao país. No Rio de Janeiro, além do Aeroporto Internacional, existem dois grandes portos (Rio e Sepetiba) e a Plataforma de Campos, de onde não raramente tripulantes de navios procedentes do exterior são transportados de helicóptero, inclusive para o aeroporto Santos Dumont (que recebe vôos domésticos).
A OMS, em 27 de março, passou a recomendar a triagem de passageiros, antes do embarque, nas áreas onde esteja ocorrendo transmissão local da doença para a comunidade, visando a detecção de manifestações compatíveis com a Síndrome Respiratória Aguda Grave. A triagem de todos os passageiros na chegadaalém de inviável é inútil, uma vez que o período de incubação pode ser de até dez dias.

A estratégia para evitar a disseminação da doença baseia-se na detecção precoce e isolamento adequado dos casos que possam acontecer em pessoas provenientes de outros locais. Para tanto é necessário que todas as pessoas que ingressam no país, por qualquer meio de transporte, recebam material informativo contendo as manifestações da doença e como proceder em caso de adoecimento. É conveniente o material informativo esteja, adicionalmente, disponível na rede hoteleira. As embaixadas e consulados também devem receber as informações, pois é razoável que um estrangeiro que adoeça no Brasil possa pedir auxílio às representações diplomáticas do país de origem.

Não é recomendável, por motivos óbvios, que as pessoas com suspeita de Síndrome Respiratória Aguda Grave procurem diretamente as unidades de referência. É mais adequado centralizar (acesso telefônico 24 horas por dia) o encaminhamento, de modo que seja possível saber quantos leitos estão disponíveis a cada dia e para qual dos locais designados para atendimento médico seria possível encaminhar o paciente. Isto evitaria o arriscado deslocamento, por meios próprios, de pessoas com suspeita de serem portadoras de uma doença potencialmente grave e transmissível em busca de vagas. No Rio de Janeiro, durante a epidemia de leptospirose de 1988, criou-se uma estrutura centralizada semelhante, que permitiu a utilização racional das vagas disponíveis e tornou ágil o atendimento das pessoas doentes.
As pessoas (viajantes, tripulação dos aviões ou navios) que estiveram, há 10 dias ou menos, em áreas onde foram notificados casos ou que tenham tido contato direto com indivíduos com diagnóstico de Síndrome Respiratória Aguda Grave devem, caso apresentem febre e manifestações respiratórias (tosse, dispnéia etc), entrar imediatamenteem contato com as autoridades de saúde. As autoridades de saúde devem então providenciar o atendimento médico da pessoa doente em um local pré-determinado.

No caso de adoecimento a bordo de uma aeronave ou navio, o comandante deve informar imediatamente às autoridades sanitárias do local de escala ou de destino para que sejam adotadas as providências adequadas. Todos os passageiros e a tripulação devem ser informados sobre a suspeita e, nestas circunstâncias, é importante que forneçam às autoridades de saúde do aeroporto os dados necessários para contato e, também, que recebam informações precisas de como proceder caso adoeçam. O risco de transmissão da doença durante uma viagem aérea parece estar restrito às pessoas que estiveram muito próximas do indivíduo doente. Para efeitos de vigilância considera-se como contato muito próximo todas as pessoas que viajaram, em relação indivíduo doente, na mesma fileira de assentos e nas duas anteriores e posteriores. Deve-se levar em consideração que retirar eventuais pacientes de navios (necessariamente fundeados em áreas afastadas) será previsivelmente uma operação complexa. As aeronaves quando transportarem passageiros com suspeita da Síndrome Respiratória Aguda Grave, por precaução, devem ser desinfectadas de acordo com o WHO Guide to Hygiene and Sanitation in Aviation.

Medidas de proteção

O Cives recomenda (desde 16 de março) que, por cautela, seja considerada a possibilidade de adiar as viagens, quando não essenciais, para todas as áreas onde foram notificados casos de transmissão local recente da Síndrome Respiratória Aguda Grave, até que estejam disponíveis informações mais precisas sobre cada área.

A OMS passou a recomendar, apenas em 2 de abril, que as pessoas evitassem viagens não essenciais para Guangdong e Hong Kong e, no dia 23, passou também a incluir Shanxi, Beijing (Pequim) e Toronto. Em 29 de abril a OMS deixou de fazer restrições às viagens a Toronto, pelo fato do Canadá não ter registrado transmissão na comunidade por 20 dias consecutivos. A OMS, contudo, não explica porque Toronto não foi incluida antes de 23 de abril entre os locais a serem evitados, uma vez que estava ocorrendo transmissão na comunidade. Em 23 de maio a OMS também deixou de fazer restrição às viagens a Gangdong e Hong Kong, porque a epidemia "está sendo contida" nestes locais.

A OMS recomenda que as pessoas com manifestações compatíveis com pneumonia atípica, que possa estar relacionada com a Síndrome Respiratória Aguda Grave, sejam mantidas em isolamento,com abordagem clínica, terapêutica e diagnóstica adequadas. Recomenda ainda que qualquer caso suspeito seja notificado às autoridades de saúde.
Como a doença é altamente transmissível para os contactantes próximos (familiares, pessoal da área da saúde) é necessário que o serviço tenha recursos técnicos adequados para isolamento, como recomendado pela OMS. O fato de um hospital ter quartos para "isolamento", não significa que estes sejam adequados para doenças de transmissão respiratória, como a tuberculose e a própria Síndrome Respiratória Aguda Grave. Além de isolamento adequado, o que inclui quartos preferencialmente com pressão negativa, é necessário que estejam disponíveis equipamentos de proteção individual (máscaras N99 ou N100 - que não devem ser reutilizadas -, luvas de procedimentos, óculos, gorros, capotes, aventais impermeáveis) tecnicamente indicados para doenças de transmissão respiratória e de contato

A pressão negativa, que pode ser obtida com exaustores, deve permitir a renovação completa do ar do quarto de 6 a 9 vezes por hora. O ar retirado do quarto deve ser direcionado para fora do edifício de modo que não exista risco de contaminação de outros locais através de janelas ou dutos de ventilação, o que pode ser evitado com a utilização de filtros HEPA no sistema de exaustão. Como a maioria dos hospitais não dispõe destes recursos, espera-se que as autoridades da área de saúde designem locais de referência adequadamente equipados para atendimento dos eventuais casos suspeitos.

Apenas os profissionais que sejam essenciais ao atendimento devem ter acesso aos quartos de isolamento de paciente com suspeita de Síndrome Respiratória Aguda Grave, o que exclui estudantes, pessoal em treinamento e estagiários. As visitas devem ser limitadas ao máximo e, quando eventualmente ocorrerem, o visitante deve estar usando, sob supervisão, os equipamentos de proteção individual adequados.

Contactantes
Uma pessoa que teve contato direto (contactante) com um indivíduo com Síndrome Respiratória Aguda Grave, principalmente na fase sintomática, está sob risco potencial de desenvolver a doença. Entende-se como contactantes, pessoas que moram, cuidaram, atenderam (de modo não protegido) ou tiveram contato com qualquer secreção respiratória ou qualquer material biológico de indivíduos com Síndrome Respiratória Aguda Grave.

Os contactantes devem receber informações adequadas sobre a doença e manter suas atividades habituais, porém é necessário que evitem atividades sociais ou de negócios (festas, reuniões) que envolvam contato mais ou menos prolongado com outras pessoas em ambientes fechados e, portanto é necessário que sejam temporariamente, afastados do trabalho ou das aulas por licença médica. A OMS (7 de abril) recomenda que os contactantes de casos suspeitos sejam objeto de vigilância passiva e os de casos prováveis submetidos à vigilância ativa, ambos durante 10 dias. Isto significa que, no primeiro caso, o contactante deve entrar em contato apenas se desenvolver manifestações (febre), e no segundo que deve, diariamente, verificar a temperatura corporal e receber a visita (ou telefonema) de um agente dos serviços de saúde. A OMS não recomenda nenhuma medicação profilática para os contactantes assintomáticos. Caso o contactante desenvolvafebre deve ser, submetido a exame clinico em condições adequadas e, quando a avaliação indicar, internado em isolamento preferencialmente com pressão negativa.

Critérios de Alta e Acompanhamento
Nenhuma norma técnica substitui o julgamento clínico e a prudência necessária quando se trata da saúde do paciente e da população. Deve ser considerada a possibilidade de alta quando o paciente estiver clinicamente bem, apirético por, pelo menos, 48 h consecutivas (sem uso de antitérmicos) e apresentar evolução favorável dos parâmetros laboratoriais (leucometria, plaquetometria etc) e radiológicos. Antes da alta hospitalar, no entanto, deve ser feita a avaliação da viabilidade de execução das recomendações preventivas no contexto familiar e social do paciente, o que deve incluir uma verificação in loco das condições existentes. Deve ainda ser levado em consideração que, em geral, viajantes estrangeiros ficariam hospedados em hotéis, o que não é desejável. Além disto, deve ser analisada a capacidade do paciente e de sua da família quanto a entender e seguir recomendações. Nestas circunstâncias, obedecidas rigorosamente as recomendações, é provável que o risco representado pelo paciente como fonte de infecção seja mínimo ou inexistente.

É necessário que sejam fornecidas ao paciente informações adequadas sobre a doença e cuidados a serem seguidos, além de instruções precisas sobre como entrar em contato com o hospital responsável pelo atendimento. Após a alta, os pacientes devem permanecer dentro de casa por 7 dias e restringir (por cautela) o contato com outras pessoas ao mínimo indispensável. A temperatura corporal deve ser medida e duas vezes por dia e, se houver febre acima 38 °C (ou qualquer agravamento das manifestações), a instituição responsável pelo paciente deve ser imediatamente informada. Após este período, o paciente deve ser reavaliado (clínica e laboratorialmente) para se determinar a necessidade de prosseguir com o isolamento domiciliar.

Disponível em 16/03/2003, 23:21 h. Atualizado em 08/07/2003, 20:19 h.

Fontes: Centers for Disease Control and Prevention (CDC)Genome Sciences CentreHealth Canada OnlineOrganização Mundial da Saúde e ProMed.

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sábado, 10 de abril de 2021

Alvaro Dias diz que só usa cota para passagem, mas não é verdade


Por Judite Cypreste e Ana Rita Cunha

31 de julho de 2018, 21h40


O pré-candidato à Presidência pelo Podemos, Alvaro Dias (PR), omitiu gastos parlamentares com combustível e correios ao comentar sobre as despesas do seu mandato no Senado durante entrevista à GloboNews nesta segunda-feira (30). O político também usou dados imprecisos sobre rejeição dos adversários na corrida presidencial e comentou o envolvimento de seu suplente no Senado Joel Malucelli em escândalos de corrupção.

Veja abaixo o que checamos.

FALSO


Veja por exemplo os meus gastos deste ano, de tudo, passagem, gabinete, tudo. (...) A única coisa que eu uso do gabinete é a cota de passagem.

No Senado, Alvaro Dias usufruiu, neste ano, de R$ 11.766,44 de sua cota para exercício da atividade parlamentar para gastos com passagens aéreas, aquáticas e terrestres nacionais. No entanto, ao contrário do que foi dito por Dias, foram feitos pelo gabinete outros gastos estruturais, como, por exemplo, o valor de R$ 14.788,01 em correspondência e o de R$ 3.494,12 em outros materiais. Por conta disso, a afirmação dita pelo candidato de gastos apenas com passagens é FALSA.

A Ceap (Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar dos Senadores) é formada a partir do somatório da verba de transportes aéreos e da verba indenizatória e possui valores diferentes de acordo com cada estado. A VTA (Verba de Transporte Aéreo) é equivalente a cinco trechos, ida e volta, da capital do Estado de origem do senador ou senadora a Brasília, e varia de acordo com o preço médio das passagens de cada Estado. Para o Paraná, Estado que elegeu o senador, o valor é de R$ 17.586,60. Ao todo, a cota tem o valor mensal de R$ 32.586,60.

Por mês, o senador tem direito ao gasto de R$ 25.066,80 em correspondência, cuja quantia pode acumular para o mês seguinte caso não seja utilizada. Além disso, Alvaro Dias também fez uso de benefício para a compra do que aparece especificado no portal do Senado como “outros materiais”. Na lista, figura, por exemplo, a aquisição de 18 quilos de café no mês de maio.


Alvaro Dias falou de seus gastos quando questionado a respeito do episódio em que utilizou a cota parlamentar para a compra de passagens aéreas para a cidade de Montevidéu, no Uruguai, para seu filho. O episódio ocorreu em 2008 e outras três pessoas também foram beneficiadas, desta vez com passagens para Buenos Aires, na Argentina.

Ao jornal Gazeta do Povo, Alvaro Dias disse que, na ocasião da viagem de seu filho, pediu para o seus funcionários de gabinete providenciarem a passagem, pois no momento não poderia fazer, ele próprio, o mesmo. Afirmou também que em algumas ocasiões usa o próprio cartão de crédito para o custeio de atividades parlamentares.

VERDADEIRO


... não moro em apartamento funcional, não uso auxílio-moradia.

Neste ano, o pré-candidato ainda não usufruiu de nenhum imóvel funcional e nem do auxílio moradia, conforme consta do site do Senado. Por isso, a afirmação do candidato é VERDADEIRA.

Os imóveis funcionais são, de acordo com ato do Senado Federal, apartamentos para a moradia de senadores. Os parlamentares que não fazem uso do benefício podem optar pelo auxílio moradia no valor mensal de R$ 5.500,00. O benefício, no entanto, só será pago após a apresentação de recibos de aluguel ou notas fiscais de serviços de hotelaria.

É importante ressaltar, no entanto, que de 2008 até 2012 o Senado não disponibiliza informações sobre o uso dos respectivos benefícios pelo candidato.

Em outra checagem realizada pelo Aos Fatos, o senador havia dito que — nunca — havia utilizado os benefícios relativos à moradia, o que foi classificado como INSUSTENTÁVEL exatamente por não haver informações disponíveis e nem respostas do candidato com os dados faltantes.

IMPRECISO


Todos os meus concorrentes (...) têm uma rejeição de 50%, 60%.

Das três pesquisas dos últimos dois meses que apresentavam dados de rejeição dos candidatos à Presidência, duas delas, a pesquisa de 7 de junho do Datafolha e a pesquisa encomendada pela CNI ao Ibope de 24 de junho mostraram percentuais de rejeição dos adversários eleitorais de Alvaro Dias menores do que o mencionado pelo pré-candidato — entre 20% e 40%. A pesquisa do Ipespe, encomendada pela XP Investimentos, de 25 de julho apresenta níveis de rejeição próximos ao mencionado pelo senador. Como não há um consenso entre as pesquisas sobre o percentual de rejeição dos adversários de Alvaro Dias na corrida presidencial e o político não especificou a qual pesquisa referia-se, a declaração foi considerada IMPRECISA.

Analisando as pesquisa eleitorais divulgadas nos últimos dois meses, apenas as dos institutos Datafolha, Ibope e Ipespe apresentaram dados sobre a rejeição dos candidatos à Presidência, de acordo com o banco de pesquisas do site Poder 360 em parceria com o Volt Data Lab.

As três pesquisas com os dados de rejeição dos candidatos têm metodologias diferentes. O Datafolha e o Ibope usam entrevistas presenciais, enquanto o Ipespe usa entrevistas por telefone. A amostra de entrevistas do Ipespe (1.000 entrevistas) é menor do que a do IBOPE (2.000) e Datafolha (2.824). Outra distinção é que a amostra do Ipespe tem uma presença menor de pessoas de baixa renda. Enquanto no Ibope 55% dos entrevistados ganham até dois salários mínimos, no Datafolha, esse percentual é de 46%. No Ipespe, de 37%.

Na pesquisa do Datafolha que coletou entrevistas entre 6 e 7 de junho, nos cenários que incluíam Luiz Inácio Lula da Silva como candidato do PT, estavam na frente do senador paranaense: Lula, Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB). No cenário com Fernando Haddad como candidato do PT, estavam na frente de Alvaro Dias: Bolsonaro, Marina, Ciro e Alckmin. A taxa de rejeição do senador nesta pesquisa foi de 12%, menor do que a dos adversários à frente nas intenções de voto: Lula (36%), Bolsonaro (32%), Alckmin (27%), Marina (24%) e Ciro (23%). A margem de erro estimada da pesquisa é de dois pontos percentuais.

Na pesquisa do Ibope que coletou entrevistas entre 21 e 24 de junho, nos cenários que incluíam Lula como candidato do PT, estavam na frente de Alvaro Dias: Lula, Bolsonaro, Marina, Ciro e Alckmin. No cenário com Haddad ou com Jaques Wagner como candidato do PT, estavam na frente de Dias: Bolsonaro, Marina, Ciro e Alckmin. A taxa de rejeição do senador nesta pesquisa foi de 9%, menor do que a dos adversários à frente nas intenções de voto: Bolsonaro (32%), Lula (31%), Alckmin (22%), Marina (18%) e Ciro (18%). A margem de erro estimada da pesquisa é de dois pontos percentuais.

Na pesquisa do Ipespe que coletou entrevistas entre 23 e 25 de julho, nos cenários que incluíam Lula como candidato do PT, estavam na frente de Alvaro Dias: Lula, Bolsonaro, Alckmin, Ciro e Marina. No cenário com Haddad como candidato do PT, estavam na frente de Alvaro Dias: Bolsonaro, Marina, Ciro e Alckmin. A taxa de rejeição de Alvaro Dias nessa pesquisa foi de 48%, ligeiramente menor do que a dos adversários à frente nas intenções de voto: Lula (60%), Ciro (59%), Marina e Alckmin (58%) e Bolsonaro (55%). A margem de erro estimada da pesquisa é de 3,2 pontos percentuais.

VERDADEIRO


Ele [Joel Malucelli] não está sendo investigado, a empresa está sendo investigada.

O primeiro suplente de Alvaro Dias é Joel Malucelli, empresário dono do Grupo J.Malucelli e principal financiador da campanha do senador em 2014. O nome de Joel Malucelli não consta como investigado em qualquer processo da Lava Jato nem da Greenfield, operações em que Malucelli ou empresas do seu grupo empresarial foram mencionados, portanto a declaração de Alvaro Dias é VERDADEIRA.

Essa não é primeira vez que o político é cobrado a dar explicações sobre o suplente, cuja empresa é citada em escândalos de corrupção. Em abril, Aos Fatos checou uma declaração semelhante de Alvaro Dias.

A J. Malucelli Construtora de Obras e a J. Malucelli Energia, empresas do grupo de Joel Malucelli, foram alvo de mandados de busca e apreensão da 49° fase da Operação Lava Jato. Segundo o Ministério Público Federal do Paraná, essas empresas, junto com Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS, integrantes do consórcio Norte Energia, pagaram propina para vencer o leilão de concessão da usina hidrelétrica Belo Monte.

Apesar de não estar no rol de investigados, Joel Malucelli ainda era presidente do grupo J.Malucelli quando aconteceu o leilão de Belo Monte, em abril de 2010. Os executivos da J. Malucelli, Celso Jacomel Junior e Theophilo Garcez foram apontados nas delações premiadas como os representantes do grupo empresarial que participavam das negociações de propina, segundo o Ministério Público.

Ainda de acordo com o Ministério Público, as empresas do consórcio efetuaram pagamentos de propina para o MDB (45%), PT (45%) e para Antônio Delfim Netto (10%). A propina correspondia a 1% do valor do contrato e seus aditivos. Os procuradores estimam que tenham sido pagos R$ 15 milhões em propina, sendo R$ 300 mil desembolsados pelo grupo J, Malucelli, que tem 2% na Norte Energia.

Joel Malucelli também foi citado na delação premiada do ex-superintendente de Fundos de Investimentos da Caixa Econômica Federal, Roberto Carlos Madoglio, firmada com procuradores da operação Greenfield, que investigam desvios de dinheiro no banco estatal. De acordo com o delator, durante uma reunião com Joel Malucelli e Alexandre Malucelli, atual presidente do grupo J Malucelli e filho de Joel, foi combinado o pagamento de R$ 500 mil em propina para que a empresa do grupo no setor de energia recebesse aporte de R$ 330 milhões do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS).

Tanto o grupo J. Malucelli, quanto Joel Malucelli em notas à veículos de imprensa negaram envolvimento com esquemas de corrupção.
De acordo com os dados de campanha do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Joel Malucelli foi o maior doador da campanha ao senado de Alvaro Dias. Ele doou R$ 745.566 como pessoa física, 25% do total arrecadado pelo senador. Além disso a J.Malucelli Equipamentos, empresa do grupo de Joel Malucelli, doou separadamente R$ 511.211.

Outro lado. A reportagem entrou em contato com a assessoria do pré-candidato Alvaro Dias para que ele pudesse comentar as checagens. Até a última atualização desta reportagem, no entanto, não havia recebido retorno.

https://www.aosfatos.org/noticias/alvaro-dias-diz-que-so-usa-cota-para-passagem-mas-nao-e-verdade/

2017 - Renan Calheiros é denunciado por integrar organização criminosa Leia também a defesa de Renan Calheiros contra denúncia por Organização Criminosa




Foto: Agência Senado

Senador Renan CalheirosOs senadores Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR), Edison Lobão (MA), Valdir Raupp (RO) e Jader Barbalho (PA) e o ex-presidente da República, José Sarney (AP) e do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado (CE) foram denunciados nesta sexta-feira, 08, de integrar organização criminosa.

Segundo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que ofereceu denúncia ao STF (Supremo Tribunal Federal) o grupo de políticos recebeu R$ 864 milhões de propina. O grupo, conhecido como “quadrilhão do PMDB” teria gerado um prejuízo de R$ 5,5 bilhões à Petrobras e R$ 113 milhões à Transpetro.

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) entregou nesta quinta-feira (26/10) sua defesa contra a acusação de participar de organização criminosa. De acordo com a peça, assinada pelo advogado Luís Henrique Machado, a Procuradoria-Geral da República acusa o senador por fatos ocorridos desde 2002, quando a lei que tipificou o crime de organização criminosa sequer existia. Nos casos posteriores à lei, diz a defesa, a acusação não apontou os elementos básicos que definem o crime, como estruturação ordenada e divisão de tarefas.

Acusação não apresenta qualquer indício de organização e divisão de tarefas para acusar Renan de organização criminosa, diz defesa entregue ao Supremo.

Renan é acusado de, junto com os senadores Romero Jucá (RR), Edison Lobão (MA), Jader Barbalho (PA) e Valdir Raupp, todos do PMDB, receber propina de R$ 864,5 milhões de fornecedores da Petrobras e da Transpetro. Também são acusados o ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e o ex-senador pelo PSDB e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.

De acordo com a PGR, eles receberam propina para manter em funcionamento um cartel de construtoras que têm contratos de fornecimento às estatais. A denúncia, assinada pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot, afirma que o PMDB do Senado se transformou numa organização criminosa para arrecadar dinheiro para o partido e para seus integrantes. A acusação se baseia nas gravações entregues por Sérgio Machado à Procuradoria.

Mas, segundo a defesa de Renan, a maioria dos fatos apontados como criminosos aconteceram antes de 2013, quando foi editada a Lei das Organizações Criminosas. E a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal já é pacífica em estabelecer que só podem ser enquadrados nesse crime fatos cometidos depois da edição da lei. Fatos pretéritos devem ser classificados como quadrilha ou bando. Por isso, Luís Henrique Machado pede a absolvição sumária de Renan Calheiros, ou a rejeição da denúncia em relação a ele.

A PGR acusa os senadores de “crime permanente”, que teriam sido cometidos de maneira continuada. Mas, diz a defesa de Renan, isso não autoriza a acusação a se reportar a fatos anteriores à edição da lei que criou o crime e alegar a continuidade delitiva sem provar que as infrações foram cometidas a partir de 2013.

De todo modo, segundo a petição, a denúncia foi oferecida “sem se preocupar em demonstrar minimamente a associação estruturada e a divisão de tarefas entre os denunciados, tentando persuadir o tribunal afirmando que existia uma empresa criminosa em atividade desde 2002”.

Luís Henrique Machado analisa que esse tipo de denúncia já vem formando um padrão de trabalho. "Quando eu assumi a defesa do senador, havia um passivo de 18 inquéritos", conta. Hoje, há denúncias rejeitadas e inquéritos trancados por decisão do Supremo Tribunal Federal, além de investigações encerradas a pedido da própria PGR. "Com a paciência e trabalho, vamos eliminar, uma a uma, as acusações."


Clique aqui para ler a petição.
INQ 4.326




A data do evento de despedida do príncipe Philip, ainda não foi anunciada, mas segundo a imprensa do Reino Unido, o marido da rainha Elizabeth será sepultado nos Jardins de Frogmore, também em Windsor, onde ele e a monarca passaram a quarentena passaram a quarentena antes de serem vacinados contra a Covid-19.


Thamirys Andrade - 10/04/2021 16h10
Duque de Edimburgo completaria 100 anos em junho Foto: EFE/EPA

O príncipe Philip, marido da rainha Elizabeth II, faleceu apenas dois meses antes de completar 100 anos. O duque de Edimburgo fez um último pedido à família, segundo relatam fontes próximas a família real ao The New York Post.

– Ele queria morrer em casa, na sua própria cama – disseram ao periódico.


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Philip faleceu no Castelo de Windsor na manhã desta sexta-feira (9). A causa da morte ainda não foi confirmada, mas o duque havia enfrentado alguns problemas de saúde nos últimos meses.

De acordo com as fontes, outro desejo do príncipe era ter um velório militar intimista, em cerimônia privada.

A data do evento de despedida ainda não foi anunciada, mas segundo a imprensa do Reino Unido, o marido da rainha Elizabeth será sepultado nos Jardins de Frogmore, também em Windsor, onde ele e a monarca passaram a quarentena passaram a quarentena antes de serem vacinados contra a Covid-19.

RS: Pacientes com covid há mais de 21 dias na UTI têm morte assistida

Denúncia aponta ainda que pessoas há mais de 7 dias esperando por leito e idosos com comorbidades vão ao final da fila de espera

  • CIDADES Guilherme Padin, do R7

Hospital da Restinga, em Porto Alegre, teve supelotação de leitos de UTI para covid

Hospital da Restinga, em Porto Alegre, teve supelotação de leitos de UTI para covid

EVANDRO LEAL/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO - 19.03.2021

Pacientes com covid-19 internados há mais de 21 dias em UTIs do Rio Grande do Sul estão passando pelo processo de morte assistida. Aqueles há mais de sete dias em postos de saúde, UPA ou emergência estão sendo realocados no final da fila por vagas em UTI para tratamento da doença - a regra vale também para quem tem mais de 60 anos e comorbidades. A denúncia é do vereador Leonel Radde (PT), de Porto Alegre (RS).

A superlotação levou os hospitais gaúchos a seguirem esta recomendação, o que causaria uma falsa sensação de redução nas internações, mas, segundo a denúncia, só está aumentando o número de mortes.

Profissionais de saúde que denunciaram as medidas ao vereador e explicaram a situação à reportagem ao R7. Um médico afirma que já havia a suspeita de que o manejo dos pacientes estivesse funcionando desta forma há dias, e que a confirmou neste domingo com profissionais que trabalham na regulação.

“Pacientes com mais de 60 anos e comorbidades, independentemente da gravidade, vão ao fim da fila, assim como os pacientes graves que esperam sete dias ou mais em emergência UPA, pronto atendimento ou posto de saúde”, disse ele em anonimato, confirmando os relatos publicados pelo vereador em sua rede social.

A ortotanásia é quando há a morte natural, sem interferência da ciência, em que se permite a evolução e percurso da doença. A prática vem sendo adotada com pacientes que chegam a 21 dias em UTIs, segundo o denunciante.

Os médicos estariam sendo orientados a deixarem a doença evoluir sem novos procedimentos depois das três semanas, o que aumenta significativamente as chances de morte. Para o médico, a decisão é grave porque são comuns os casos de pessoas que passam deste período internadas e sobrevivem. “Já tivemos pacientes de três meses na UTI que sobreviveram”, comenta.

Em nota, a secretaria defende que os critérios para priorização de pacientes são técnicos, e que não há definição de prioridade por faixa etária, mas somente por comorbidades. A pasta não negou a prática da morte assistida aos pacientes com covid-19 após 21 dias ou mais de UTI.

O intuito das orientações relatadas na denúncia, segundo afirma Leonel Radde e corroborado pelo médico, seria reduzir a superlotação de leitos. No entanto, a medida não necessariamente significa uma baixa nas mortes pela doença. O índice de mortalidade no estado, segundo eles, é um indicativo disso.

Atualmente, a taxa de mortalidade por covid-19 a cada 100 mil habitantes no Rio Grande do Sul (148,3) é superior à da média brasileira (139,9), segundo dados do Ministério da Saúde.

Profissionais de outras especialidades tratam covid

A denúncia de Leonel Radde aponta para outro problema no combate à pandemia no Rio Grande do Sul: médicos de outras especialidades estão atendendo pacientes com covid-19. “Não há mais profissionais capacitados para trabalharem nas UTIs/COVID, mesmo com os leitos disponíveis”, escreveu o vereador.

O denunciante ouvido pelo R7 também confirmou a escassez de médicos especializados para covid-19: “Estamos com profissionais recém-formados ou de outras especialidades trabalhando na UTI. Então é óbvio que os óbitos vão aumentar”.

Também sob anonimato, uma profissional contou que, no Hospital de Pronto Socorro, em Porto Alegre, que recentemente teve dois andares terceirizados para o grupo Vila Nova, há médicos recém-formados trabalhando na UTI covid e na enfermaria do quarto andar.

“São profissionais de primeiro emprego, não estão habilitados para isso e, pela questão da experiência, por não saberem manejar os pacientes, há mais pessoas morrendo no local do que o normal”, disse.

Posicionamento

A reportagem do R7 solicitou uma nota à secretaria de saúde do estado do Rio Grande do Sul a respeito dos relatos publicados por Leonel Radde e confirmado pelos profissionais de saúde.

Em resposta, a pasta enviou a seguinte nota:

O Departamento de Regulação Estadual do RS e as Centrais de Regulação dos municípios seguem um protocolo técnico, debatido entre as equipes e que serve de embasamento para as decisões dos médicos reguladores. 

O critério de classificação dos pacientes que necessitam de transferencia para leito clínico ou leito de UTI é iminentemente técnico, e são definidos pelos médicos reguladores da Central de Regulação Hospitalar e Central do Samu e não existe orientação de critério de faixa etária isoladamente. Em situações de epidemia e de stress máximo do Sistema Hospitalar, um dos critérios médicos aceitos internacionalmente é o de priorização de pacientes com ausência de comorbidades, e que tenham maiores possibilidades de se beneficiar de algum recurso médico ou hospitalar designado.

Por exemplo, pacientes com doença terminal, ou graves sequelas neurológicas ou estado demencial irreversível, não são considerados prioritários. Mas o intuito da classificação é o de prioridade e não de exclusão. Nossos critérios são técnicos, definidos pela equipe para subsidiar a decisão do médico regulador, e são totalmente dependentes da avaliação individualizada do caso.

https://noticias.r7.com/cidades/rs-pacientes-com-covid-ha-mais-de-21-dias-na-uti-tem-morte-assistida-22032021

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