terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A senha: ‘SG9W’



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/a-senha-sg9w-14973695#ixzz3O5YjnTMM 
© 1996 - 2015. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização. 

Funcionários da Volkswagen entram em greve após 800 demissões


Trabalhadores de São Bernardo do Campo (SP) decidiram paralisar atividades por tempo indeterminado em protesto contra desligamentos

Volkswagen anunciou a demissão de 800 empregados de sua fábrica em São Bernardo do Campo
Volkswagen anunciou a demissão de 800 empregados de sua fábrica em São Bernardo do Campo (Justin Sullivan/Getty Images/VEJA)
Trabalhadores da fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) decidiram entrar em greve por tempo indeterminado na manhã desta terça-feira, após a montadora demitir 800 funcionários. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a greve foi aprovada em assembleia, que contou com cerca de 7.000 trabalhadores, quase a totalidade dos funcionários do turno da manhã.
De acordo com a Volkswagen, o desligamento dos trabalhadores tem como objetivo o estabelecimento de "condições para um futuro sólido e sustentável para a Unidade Anchieta, tendo como base o cenário de mercado e os desafios de competitividade". 
O sindicato confirma que estava em negociação com a empresa desde julho, mas que rejeitou a proposta feita pela montadora e optou por manter o acordo trabalhista de 2012 que tem validade até 2016. Após a aprovação da greve, nesta manhã, ainda não foi realizada nenhuma reunião com a diretoria da Volkswagen. 
A fábrica Anchieta, como é conhecida a mais antiga unidade da Volkswagen no Brasil, emprega cerca de 13.000 trabalhadores. Segundo a companhia informou em nota, as demissões ocorrerão após um período de licença remunerada de trinta dias. A empresa alega ainda que, em razão do cenário complexo do setor automotivo, diversas medidas de flexibilização da produção foram aplicadas desde 2013, como, por exemplo férias coletivas, suspensão temporária dos contratos de trabalho (lay-off), entre outras. No entanto, todos os esforços foram insuficientes.
Mercedes - O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC também informou que 244 funcionários foram demitidos na Mercedes-Benz. Eles faziam parte de um grupo de pouco mais de 1.100 trabalhadores que estavam em lay-off desde o ano passado, mas não tiveram essa condição prorrogada, como aconteceu com o restante. Segundo o sindicato, a companhia alega baixo desempenho de alguns desses demitidos. Além disso, uma parte pequena teria aderido a um Programa de Demissão Voluntária (PDV).
Crise - O setor automotivo, importante fonte empregadora no país, foi beneficiado por reduções tributárias após a crise global de 2008, o que ajudou a manter as vendas de veículos no país em alta até 2012, quando o governo federal estendeu benefícios do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido desde que as montadoras não demitissem. Em 2013 e 2014, porém, as vendas de veículos no país amargaram queda e a expectativa é de nova redução neste ano.
Segundo dados de dezembro de 2014 divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), de janeiro a novembro de 2014 as montadoras eliminaram 10.800 postos de trabalho e empregavam, até aquela data, 146.200 pessoas.
Setor - Alarico Assumpção Júnior, novo presidente da Federação Nacional da Distribuidores de Veículos Automotores (Fenabrave), disse nesta terça que as demissões nas montadoras de veículos brasileiras poderão impactar nos empregos nas concessionárias. "Se você produz menos, você vende menos", afirmou, ponderando que o impacto vai depender de cada grupo empresarial.
Mesmo assim, ele acredita que a piora não deve ser grande, pois o setor já vem se "adequando" ao novo cenário econômico nos últimos dois anos. Questionado, ele não soube precisar quantos empregos foram cortados nas redes nesse período, informando apenas que o setor tem atualmente 409.000 trabalhadores nas redes de distribuição.
(Com Estadão Conteúdo e Reuters

Roberto Carlos está só começando a pagar por seu desprezo pelo jornalismo e pela história

65 roberto e tim1 Roberto Carlos está só começando a pagar por seu desprezo pelo jornalismo e pela história
O assunto musical dos últimos dias tem sido o docudrama Tim Maia: Vale O Que Vier, produzido pela Rede Globo, misturando trechos do filme Tim Maia de Mauro Lima, reconstituições inéditas e depoimentos exclusivos. Apesar da boa audiência (24 pontos, 51% de participação em São Paulo), o especial corre o risco de ser lembrado como uma “falsificação da biografia de Tim Maia” (segundo o DCM) que “limpou a barra de Roberto Carlos” (como definiu a Veja), que “protege Roberto Carlos e corta desprezo por Tim Maia” (UOL), que “mutilou e contradisse Tim Maia” (Pipoca Moderna).
O ponto principal da polêmica é o papel de Roberto Carlos na(s) trama(s). Em Tim Maia, o filme, o cantor capixaba é uma espécie de “inimigo favorito” de Tim desde os tempos de adolescência. Um pupilo ingrato, a quem o Síndico teria ensinado boa parte de seus truques, mas que, com o cetro e a coroa de Rei, teria sido incapaz de ajudar o amigo em dificuldades. Na “recriação do filme” da Globo, Roberto, Erasmo e o personagem narrador (Tim Maia, interpretado pelo mesmo ator Babu Santana do cinema) garantem, em resumo, que o Brasa foi tão generoso quanto possível em relação a Tim e que, literalmente, “lançou o gordinho mais querido do Brasil” ao gravar “Não Vou Ficar” em 1969.
Bem, não vou entrar nessa discussão. Você pode acreditar em quem quiser. Se na versão de Roberto Bonzinho da Globo ou na versão Roberto Malvado dos cinemas (que, na realidade, tem raízes no livro Roberto Carlos em Detalhes de Paulo César Araújo, que publicou pela primeira vez a cena forte de Roberto ordenando para alguém de seu staff que jogasse “um dinheiro aí pro Tião”). Até porque Tim Maia não está aí para ser confrontado nem ouvido, assim como Nice Rossi, que de acordo com os adeptos da corrente do Roberto Malvado, teria sido a verdadeira responsável pela primeira chance de Tim numa gravadora.
Acredite em quem você quiser. Eu tenho pesquisado profundamente o período 1968-1972 da música pop brasileira, do qual tanto um quanto outro são personagens fundamentais, para o meu próximo livro e, depois de entrevistar gente o suficiente e pesquisar em fontes suficientes, tenho uma versão muito mais segura, saborosa e diferente das versões dicotômicas na mesa. Mas não é este meu assunto hoje. Meu assunto é que Roberto Carlos está apenas começando a pagar pelo seu desprezo histórico pelo jornalismo, pelo tanto que esnobou a história e o registro de sua própria figura como parte da cultura popular brasileira.
Quando surgiu como ídolo popular, em meados dos anos 1960, Roberto colaborava com a imprensa de celebridades. Sabemos tudo sobre sua vida íntima, seus amores, suas excentricidades, seus carros, suas casas, seus casamentos. Sobre quando cultivou bigode, sobre onde comprava suas roupas psicodélicas e como cortava seu cabelo. Sobre o sapo que atropelou ou sobre como fala com as plantas. Sabemos dos disfarces que usava para sair à rua e sobre seus pratos favoritos. Mas você nunca viu o Roberto falando sobre música, sobre suas influências, sobre os discos que ouvia ou os músicos com os quais trabalhou. Tim Maia, você já viu falando sobre isso. Já leu, já ouviu.
Roberto entende de jornalismo de celebridades. Para você ter uma ideia, quando ele se tornou ídolo em São Paulo, trouxe do Rio um secretário particular, Nichollas Mariano, a quem convenceu a que se apresentasse como “mordomo” justamente para reforçar para os jornalistas que acampavam na porta de seu apartamento a imagem de nobreza que seu epíteto de “Rei” inspirava. Foi só quando começou a trabalhar com o empresário Marcos Lázaro, em 1967, que este o convenceu a abrir o castelo para a imprensa cultural que surgia, levando jornalistas a turnês pelo Brasil e negociando entrevistas exclusivas. É desta curta fase o pouco de relevante que se publicou sobre Roberto na imprensa brasileira, n’O Pasquim, n’O Bondinho, na revistaRealidade e na Intervalo.
Entretanto, a medida que os anos 1970 avançavam, Roberto descobriu um jeito muito mais simples de lidar com a imprensa escrita: negociando exclusivas com a maior revista semanal da época, a Manchete, em troca de cobertura desbragadamente favorável de sua vida e carreira (é da revista a inacreditável manchete a respeito da separação de Roberto e Nice: “nossa separação foi um ato de amor”). E descobriu uma maneira ainda mais simples e prática de lidar com a imprensa eletrônica: dando as sempre patéticas entrevistas anuais ao jornalismo da TV Globo, emissora da qual é contratado – uma vergonha para o jornalismo da Globo, claro, mas cujas consequências para a própria carreira Roberto é incapaz de perceber.
Fora disso, Roberto tornou-se especialista em falar sem dizer nada (nas minhas pesquisas, encontrei uma entrevista sensacional do cantor a favor e contra a censura ao mesmo tempo, no início dos anos 1970) e a pintar qualquer assunto daquela mesma cor azul-espírita indefinida que adorna sua comunicação visual há décadas.
O mais irônico (e triste) é que a carreira de Roberto Carlos ascendeu precisamente junto com a ascensão da cultura pop e do jornalismo de rock. Foi aí que a cobertura de música popular deixou os cadernos de celebridade e passou a ser vista como um fenômeno ao mesmo tempo artístico e comportamental. A Rolling Stone, o Jornal da Tarde, o Luiz Carlos Maciel, a Ilustrada, a Pop, o Sábado Som de Nelson Motta, a Bizz e a MTV, as listas de melhores de todos os tempos, as biografias e as reedições comemorativas são frutos dessa cultura.
Roberto não só não entende essa cultura como a despreza. Nega entrevistas a jornalistas musicais sérios, mas não recusa receber Gloria Maria para que ela trate seu TOC como mais uma excentricidade, como fez em 2002 em rede nacional. Manda recolher a única tentativa de tratar sua carreira com seriedade acadêmica, Roberto Carlos em Detalhes, porque ele quer a reserva de mercado em publicar sua autobiografia: “Eu estou escrevendo a minha história e informando muito mais as pessoas sobre a minha vida e sobre as minhas coisas do que qualquer outra fonte”, disse ao Fantástico em 2013.
Com todo respeito às suas dores, Roberto, ninguém está nem aí para a sua vida e suas coisas. Mas estamos há 50 anos querendo saber o que você ouvia, em como moldou sua música, como gravou seus clássicos, como concebeu seus shows no Canecão, em como recebeu os arranjadores e produtores de seus álbuns, em como Tim Maia te ensinou a tocar, como ele influenciou na sua “fase soul” e como decidiu gravar “Não Vou Ficar”.
Hoje Roberto é visto como um artista violento que usa de seu poder para processar professores, embargar obras e censurar artistas. Um compositor que não compõe, um cantor que se contenta em reempacotar gravações velhas com capas novas e horríveis. O garoto-propaganda que a Friboi demitiu, o desafeto de Tim Maia que precisou da Globo para mentir a seu favor.
O que há de justo e injusto nisso tudo? Como saber?
Paul McCartney dá entrevistas, curtas e longas, para revistas e para documentários, consulta colecionadores, escreve livros e deixa que escrevam livros. Mick Jagger dá entrevistas, Keith Richards dá entrevistas. Roberto processa biógrafos e acha que basta que saibamos que sua sobremesa favorita é sorvete. Nós sabemos como Paul McCartney, Mick Jagger, Keith Richards e Tim Maia desenvolveram sua obra. De Roberto, não sabemos nada que importa.
Com a obsessão da cultura pop por seu passado, Roberto está começando a pagar por sua própria visão utilitarista do jornalismo e da história. E vai pagar cada vez mais caro, especialmente quando não estiver mais aqui para dar a versão que passou a vida se negando a dar.
by R7

Biógrafo de Roberto Carlos condena edição da Globo sobre Tim Maia



JULIO MARIA - O ESTADO DE S. PAULO
06 Janeiro 2015 | 11h 21

Paulo César de Araújo pergunta: 'E agora Roberto, que sua história cruzou com a do Tim Maia?'

O biógrafo do cantor Roberto Carlos, Paulo César de Araújo, assistiu ao especial sobre a vida de Tim Maia, exibido pela Globo, com indignação. Paulo falou àRádio Estadão na noite desta segunda, 5, sobre os cortes feitos pela emissora para exibir o filme em dois episódios. Na edição da Globo, foram retiradas partes em que Tim aparecia sendo humilhado por Roberto no início de sua carreira. Algumas cenas do longa foram baseadas na obra de Paulo, Roberto Carlos em Detalhes, uma biografia do cantor proibida de ser vendida desde 2007.
SURPRESA
"Eu vi o programa, até porque sou fã do Tim Maia também. E estava nesta expectativa do que prometia o programa, que, eu imaginava, iria ampliar o que estava no cinema. Imaginei que seria algo maior, acrescido de depoimentos. De fato eles acrescentaram, mas para minha surpresa eu constatei que a parte mais polêmica da relação do Tim com o Roberto, nessa tentativa de se apresentar na jovem guarda, isso foi cortado e apareceu o Roberto dizendo que na verdade ele tinha ajudado o Tim Maia. Que tudo foi bacana, que não houve conflito, não houve contradição, não houve nada. Isso eu achei constrangedor. Na hora eu lembrei da famosa edição da TV Globo no debate de 89. Desde aquele episódio não havia algo tão constrangedor. Só que ali o Lula tinha ido realmente mal no debate. A Globo só amplificou aquilo. Neste caso não, ele muda um personagem. O Roberto é uma espécie de vilão no filme e vira um herói na edição da Globo. Não sei como isso é possível, como o diretor deixou isso acontecer."
PROTEÇÃO PADRÃO GLOBO
"Isso acontece desde 1974, desde que o Roberto assinou o contrato com a Globo. Para além do especial que ele apresenta, eles têm um contrato também, pela forma que a Globo tem se comportado ao longo deste tempo, de preservar a imagem do Roberto Carlos. Isso não é um fato inédito. Isso sempre aconteceu. A Globo sempre procurou valorizar os aspectos positivos, que engradeçam o Roberto, e omitir e apagar o que pode prejudicar a imagem do Roberto. No livro O Réu e o Rei eu conto isso em detalhes."
BEL PEDROSA/DIVULGAÇÃO
Paulo Cesar de Araújo
MUDANÇA DA LEI DAS BIOGRAFIAS
"O que me espanta é que não tenha ninguém próximo ao Roberto Carlos que fale: Roberto, dê um basta nisso. Não é possível que ele não tenha um amigo, um filho, que fale 'meu pai larga isso pra lá, libere esse livro (Roberto Carlos em Detalhes) tira essa mancha da sua história, se é possível tirar, mas pelo menos não carregue isso mais'. Enquanto Roberto não tomar essa decisão, nós vamos ficar debatendo, problematizando, lamentando, mas parece que ele não entende assim. Mudando a lei agora, isso está para ser mudado, Roberto Carlos vai ser o último censor do Brasil e meu livro o último livro proibido do Brasil. Não sei por que que ele continua carregando essa pecha, por mais quanto tempo?"
CENA CORTADA
"Uma das cenas que a Globo podou é uma que só está no livro Roberto Carlos em Detalhes. Aliás, uma das cenas. É aquela quando o assessor do Roberto arremessa uma nota de dez cruzeiros, joga no chão. O Tim abaixa e pega. A frase que ele diz lá no filme é: 'Roberto, estou sem dinheiro'. Essa frase está no livro Roberto Carlos em Detalhes"
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA
"Eles não fizeram esse filme sem ter a autorização do Roberto. Eu acredito, é claro, que eles devam ter omitido que teriam cenas do livro baseado em Roberto Carlos em Detalhes. Eles devem ter dito que só era baseado no livro do Nelson Motta, que de fato é a fonte principal, sem dúvida."
DISTÂNCIA DE TIM
"Quando ele (Roberto) está conseguindo ser um ídolo, aí vem um ex-companheiro dele, que foi preso nos EUA, e que as pessoas chamavam de Tião Maconheiro, os próprios assessores do Roberto, o empresário dele, o Evandro Ribeiro falava: 'Roberto, mantenha distância'. Quando Tim é preso em 66 e vai lá pra jovem guarda, o Roberto já está no topo, já é consagrado, tinha lançado Quero que Tudo Vá Para o Inferno. É o auge da jovem guarda e o Tim Maia passa dez meses preso na penitenciária Lemes e Brito. Quando ele sai e vai atrás do Roberto, aí a turma do Roberto diz: 'Roberto, tem o Tião Maconheiro, presidiário, querendo falar com você'. É humano, é compreensível a reação do Roberto naquele momento, não estava nada definido para ele. Só para dizer que as coisas são mais complexas do que parecem. Não é que o Roberto barrou o Tim Maia, nem que ele tenha aberto todas as portas para ele."
TEMPERAMENTO DE TIM
"Não devemos esquecer que o temperamento do Tim Maia não ajudava. Tim Maia já era Tim Maia antes do sucesso, figura explosiva. Isso dificultou a carreira dele sem dúvida. Além do mais, Tim Maia fazia uma música que ainda não estava no ouvido das pessoas. O ouvido do público não estava ainda aberto para aquele som que ele fazia. Tim Maia enfrentou essas barreiras. Não foram só as dificuldades das barreiras de acesso ao Roberto."
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
"Isso tem a ver com o nosso debate hoje no Brasil a respeito das biografias autorizadas. Essa visão que leva a desejar só biografias autorizadas. Essa visão autoritária, excludente, patrimonialista, de dizer a 'minha historia é um patrimônio meu', como disse o Roberto Carlos. Por que ele diz isso? Porque ele quer contar essa visão, cor de rosa, um passado sem conflitos, sem contradições. Por isso que essa ideia não pode prevalecer no Brasil, porque o resultado vai ser isso que vimos no especial da Globo"
REFLEXÃO
"Esse episódio é bom até para o próprio Roberto Carlos refletir, porque não é possível alguém se arvorar de dono da história, porque ninguém constrói uma história sozinho. Por que a história do Roberto vai ser só do Roberto? Por que ele é o Rei? E agora que a história cruzou com a do Tim Maia, como ficamos então? De quem é a história? Qual é a versão que vai prevalecer?" / Colaborou Emanuel Bomfim
by Estadão

Nova pílula, ainda em fase de testes, diminuiu colesterol e controlou a pressão sanguínea de ratos



POR FLÁVIA MILHORANCE

Ronald Evans, diretor do laboratório de expressão gênica do Instituto Salk, nos EUA, que desenvolveu composto chamado fexaramine - Divulgação

RIO - Uma nova substância é capaz de enganar o organismo, levando-o a perder peso e combater a obesidade. Coordenados por pesquisadores do Instituto Salk (EUA), os testes com a “pílula da refeição imaginária”, como eles apelidaram o composto, funcionaram em camundongos. Agora, os cientistas estão empolgados para experimentá-la em humanos.

VEJA TAMBÉM
Cirurgia bariátrica é opção para diabetes, mas divide opinião médica
‘Achei que era só tomar um remédio’, diz Paula Toller
Estudo prova que alguns obesos não têm doenças associadas ao peso, como diabetes e pressão alta

Além de queimar gordura, a substância, chamada fexaramina, diminui o colesterol, a pressão sanguínea e os níveis de açúcar, controlando o diabetes. A diferença em relação a outros medicamentos no mercado é que ela não penetra na corrente sanguínea, permanecendo apenas no aparelho digestivo, o que reduz os efeitos colaterais.

— Especialmente no Brasil, temos poucas opções de drogas para tratamento de obesidade. Há algumas aprovadas pelo FDA (agência reguladora dos EUA) com bons resultados que não chegaram aqui — explica Flávia Conceição, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional RJ. — Porém, nem todos os pacientes respondem da mesma maneira a uma droga: há os que perdem bastante peso e outros que não acusam efeito nenhum. Os efeitos colaterais também variam.

População de mais de 17% de obesos

Dados de 2014 da pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde, mostram que 50,8% dos brasileiros estão acima do peso ideal, e destes, 17,5% são obesos. Além disso, a prevalência de mulheres com diabetes é de 7,2%, contra 6,5% nos homens. Entre pessoas com mais de 65 anos, o índice de diabéticos chega a 22%. A obesidade e a diabetes levam a complicações cardíacas e diminuem a expectativa de vida.

— A pílula é como uma refeição imaginária — compara Ronald Evans, diretor do Laboratório de Expressão Gênica de Salk e autor principal da pesquisa publicada ontem na revista “Nature Medicine”. — Ela manda os mesmos sinais que normalmente ocorrem quando a pessoa come uma grande quantidade de alimentos, de modo que o corpo começa a abrir espaço para estocá-los. Mas não há calorias nem mudanças no apetite, então, consequentemente, há perda de peso.

A fexaramina ativa uma proteína chamada receptor farensoid X (FXR), que controla a liberação de ácidos biliares do fígado, a digestão do alimento e o estoque de gorduras e açúcares. Outras drogas contra a obesidade bloqueiam a absorção de gordura, já esta queima seu excesso. O laboratório de Evans trabalha há 20 anos com o FXR, mas há outros centros de pesquisa que também estão estudando drogas com função parecida.

— Como esta droga, várias outras com características semelhantes (AGN34, GW4064 e WAY 362450) começaram a ser estudadas nos últimos anos, e agora estão saindo os primeiros resultados com animais — afirma a endocrinologista Isabela Bussade, professora da pós-graduação de Endocrinologia da PUC-Rio. — Esse estudo é bem interessante porque traz um mecanismo diferente de ação dos remédios atuais, mas claro que para termos resultados com humanos ainda vai levar alguns anos.

Camundongos diabéticos e obesos receberam a substância por cinco semanas. Segundo Michael Downes, coautor e pesquisador Laboratório de Expressão Gênica de Salk, foram encontrados os seguintes resultados: os níveis de glicose voltaram ao normal de um animal não diabético; houve redução dos níveis de colesterol em 35%; de insulina, em 70%; de massa de gordura em 45%; e eles ainda deixaram de ganhar peso. Quando questionado por quanto tempo seria preciso manter o tratamento, ele pondera:



— Isto dependeria de outros fatores, como mudanças no estilo de vida. Neste estágio das pesquisas, eu diria que a droga precisaria ser administrada mesmo após resultados positivos, mas ainda precisamos de mais estudos para comprovar isso.

Ou seja, além da substância, o estilo de vida saudável continuaria sendo prioridade.

— Sempre incentivamos a prática de atividade física e a dieta balanceada. O medicamento é a terceira via no tratamento do obeso que não responde apenas às mudanças no estilo de vida — reforça Isabela.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/cientistas-desenvolvem-refeicao-imaginaria-que-engana-corpo-causa-perda-de-peso-14964557#ixzz3O3izd67Q 
© 1996 - 2015. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização. 

Em Alta

O significado de Amor Fati: estoicismo e o amor ao destino

"Aceite as coisas às quais o destino o prende e ame as pessoas com quem o destino o une, mas faça isso de todo o coração." - Marcu...

Mais Lidas