domingo, 2 de novembro de 2014

Petrolão: PPS pede convocação de sócios de agência que teria intermediado propina


O líder do PPS na Câmara, deputado federal 

Rubens Bueno (PR), protocolou nesta
 terça-feira requerimento para ouvir na CPI 
Mista da Petrobras os empresários Ricardo
 Marcelo Vilani e Luciana Mantelmacher, 
sócios da agência de publicidade
 Muranno Marketing/Brasil. A empresa, 
segundo depoimento do doleiro Alberto
 Youssef, teria recebido, a mando do
 ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
 R$ 1 milhão para não revelar o
 esquema do “petrolão”. 
Além da convocação, o parlamentar pediu 
também a quebra de sigilos bancário, fiscal
 e telefônico da empresa.

O caso foi revelado na última sexta-feira pela revista Veja e esmiuçado com mais detalhes no sábado pelo
 jornal O Estado de S. Paulo. Segundo a reportagem, a Polícia Federal identificou dois repasses, num total
 de R$ 1,7 milhão, à agência Muranno via MO Consultoria, empresa do doleiro de Youssef. “O repasse é
 datado de 22 de dezembro de 2010. Houve ainda outros três depósitos à agência, num total de R$ 509
 mil, nos dias 12 e 13 de janeiro de 2011, feitos pela empresa Sanko Sider, também investigada pela
 (operação  da Polícia Federal) Lava Jato”, relata o jornal.

Para o líder do PPS, as informações batem com os dados já colhidos pela CPMI da Petrobras. “Realmente
 existem repasses para a agência e conseguimos rastrear parte das informações que a Polícia Federal já tem
 em mãos. É necessária a imediata convocação dos donos dessa agência e a quebra de sigilos da empresa.
E, numa segunda fase, teremos que ouvir o ex-presidente Lula, já que, segundo o doleiro Alberto Youssef,
 foi dele que partiu a ordem para o pagamento da propina”, afirmou Rubens Bueno.

No depoimento que prestou a Justiça, o operador do esquema revelou:

- O Lula ligou para o Gabrielli e falou que tinha que resolver essa merda.

Além de Lula, outro personagem do esquema que precisa se explicar, segundo o deputado, é o ex-presidente
 da Petrobras José Sergio Gabrielli.

“Ele precisa explicar se orquestrou mesmo o pagamento do ‘cala boca’. Assim como no mensalão, quando
 o publicitário Marcos Valério era o elo para o pagamento de propinas para partidos e políticos, a operação
 Lava Jato está apontando que outra agência era usada para pagar as mesadas do petrolão. Precisamos
aprofundar a investigação e identificar toda essa teia criminosa”, defendeu Rubens Bueno, lembrando que a
presidente Dilma Roussef e o PT também têm responsabilidade por todo esse esquema já que, segundo o
doleiro Youssef, tinham o conhecimento de tudo.

by Rubens  Bueno

Doleiro diz que Lula ordenou pagamento a agência suspeita


Por Ricardo Brandt e Fausto Macedo

O doleiro Alberto Youssef afirmou nos termos de sua delação premiada que o então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva teria dado uma ordem em 2010 ao então presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, para que ele resolvesse uma pendência com uma agência de publicidade suspeita de integrar o esquema de corrupção na Petrobrás.

Foto: Tasso Marcelo/Estadão
“O Lula ligou para o Gabrielli e falou que tinha que resolver essa merda”, revelou o doleiro em um dos seus vários depoimentos que vem prestando à Justiça a fim de tentar reduzir sua pena ao colaborar com as investigações da Operação Lava Jato.
Youssef, que está preso sob acusação de integrar um megaesquema de lavagem de dinheiro que envolvia contratos milionários da Petrobrás, não deu detalhes sobre como ficou sabendo desse suposto telefonema.

No depoimento, Youssef afirmou que, depois da suposta ordem, Gabrielli teria acionado o então diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, outro personagem central do caso, e pedido para que ele usasse “o dinheiro das empreiteiras e passasse para a agência”.
Empreiteiras são suspeitas de pagar pedágio ao esquema com o objetivo de obter contratos da Petrobrás. Esse pedágio seria usado para abastecer partidos da base do governo Lula e do governo da presidente Dilma Rousseff, segundo disseram o doleiro e o ex-diretor da Petrobrás em suas delações premiadas. A dupla implicou o PT, o PMDB e o PP. Costa ainda afirmou que o PSDB, da oposição, recebeu dinheiro para ajudar abafar uma CPI sobre a Petrobrás em 2009.
Foto: Fabio Motta/Estadão
Repasses. A agência de publicidade que teria recebido o repasse de empreiteiras, ainda segundo disse Youssef, é a Muranno Marketing/Brasil. Trata-se de uma empresa suspeita de integrar o esquema de propinas.
Segundo o doleiro, a agência tinha valores a receber e, em razão disso, ameaçava tornar pública a corrupção na Petrobrás.
Youssef não cita datas nem como foi feito o pagamento à agência. A Polícia Federal, porém, identificou dois repasses, num total de R$ 1,7 milhão, à agência via MO Consultoria, empresa do doleiro. O repasse é datado de 22 de dezembro de 2010. Houve ainda outros três depósitos à agência, num total de R$ 509 mil, nos dias 12 e 13 de janeiro de 2011, feitos pela empresa Sanko Sider, também investigada pela Lava Jato.
Ouviu dizer. Além do suposto telefonema entre Lula e Gabrielli, o doleiro fez outras referências a Lula e à suposta ciência do Palácio do Planalto em relação ao esquema: “Todas as pessoas com quem eu trabalhava diziam o seguinte: ‘todo mundo sabia lá em cima, que tinha aval para operar. Não tinha como operar um tamanho esquema desse se não houvesse o aval do Executivo. Não era possível que funcionasse se alguém de cima não soubesse, as peças não se moviam”.
O doleiro também disse no depoimento da delação: “Era impossível o Lula governar se não tivesse esse esquema. O Lula era refém desse esquema”, afirmou. Como exemplo, citou o episódio da disputa pela Presidência da Câmara dos Deputados em 2005. Na ocasião o PT queria no cargo o então deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), mas teve que se curvar à exigência de José Janene (PP-PR), que morreu em 2010 e é apontado como a ponte entre o esquema e o Congresso. Na época, Janene teria imposto o nome de Severino Cavalcanti (PP-PE) para o comando da Câmara. Cavalcanti acabou eleito.
Youssef é apontado como sócio de Janene e suposto criador do esquema de propina na Petrobrás comandado pelo PP.  O doleiro, que ainda não teve a delação homologada pela Justiça, diz que ainda apresentará provas sobre suas declarações. O esquema teria atuado entre 2004 e 2012, período em que Costa esteve na diretoria de Abastecimento da Petrobrás.
COM A PALAVRA, A DEFESA:
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “não comenta vazamentos parciais de delação premiada, nem depoimentos aos quais sequer teve acesso”.
O ex-presidente da Petrobrás (2005-2012), hoje secretário de Estado de Planejamento da Bahia, José Sergio Gabrielli, rechaçou com veemência as informações do doleiro Alberto Youssef em sua delação.
Por meio de sua assessoria, Gabrielli assegura que jamais tratou de eventuais problemas de pagamentos a agências de publicidade com o doleiro, alvo da Operação Lava Jato, “ou com qualquer outra pessoa”.
Gabrielli esclareceu, ainda, taxativamente, que “não conhece o senhor Alberto Youssef e nunca teve qualquer tipo de contato presencial ou telefônico com ele ou com pessoas ligadas às suas empresas”. Para o ex-presidente da Petrobrás, “as falsas informações atribuídas à delação premiada do doleiro são uma tentativa desesperada de interferir no 2.º turno das eleições”.
“Os advogados do ex-presidente já analisam medidas judiciais cabíveis para reparar as acusações infundadas divulgadas”, destacou a assessoria.
A Muranno Marketing foi procurada nos contatos disponíveis e ninguém foi localizado.
O criminalista Antonio Figueiredo Basto, que comanda o núcleo de defesa de Youssef, argumentou que não pode comentar o depoimento de seu cliente no âmbito da delação premiada porque ela é protegida pelo sigilo. Ele afirmou que Youssef nunca citou a ele os nomes da presidente Dilma e do ex-presidente Lula. “O Beto (Youssef) me disse apenas que tudo ‘vinha lá de cima’, Lamento que esse clima de eleição está gerando loucura no Brasil, muita especulação.”
Basto diz suspeitar que o vazamento da delação “é obra de algum grupo econômico que quer ‘melar’ a delação”. “Eu não posso desmentir nem confirmar (os dados da delação) porque a defesa não ficou de posse dos depoimentos.”
by Estãdao

Algumas charges do Escândalo "Petrolão"








Como as leis contra a corrupção nos EUA obrigaram a direção da Petrobras a se mexer; já não basta Graça Foster fechar a cara em depoimentos previamente ensaiados; agora, a coisa ficou feia!




A Petrobras está numa encalacrada, e a questão, agora, deixou de ser local. Não dá mais para fingir que se investigam isso e aquilo. Já não basta mais à presidente da empresa, Graça Foster, ir ao Congresso e responder a perguntas a que teve acesso previamente, transformando o que deveria ser esclarecimento em pantomima. A seriedade da coisa subiu de patamar. O busílis é o seguinte: a PricewaterhouseCoopers, auditoria responsável por avaliar os balanços da estatal, resolveu pressionar a direção da empresa a aprofundar as investigações das roubalheiras na estatal, segundo critérios das leis anticorrupção dos EUA. Ou a gigante brasileira fazia isso, ou a Price deixaria de analisar seus balanços.
E que consequências isso teria? A auditoria informaria ao conselho da Petrobras a sua decisão; se, ainda assim, nada fosse feito, a Price informaria à SEC (órgão que regula o mercado de capitais nos EUA) o rompimento do contrato. Seria um golpe gigantesco na credibilidade da estatal no mercado internacional, isso num momento delicado, em que a empresa depende vitalmente de financiamento externo. Sem a análise do balanço, a Petrobras estaria fora do mercado.
Parece piada, mas é assim: foi preciso que as leis americanas fossem evocadas para que a Petrobras se coçasse e decidisse investigar a sem-vergonhice. Dois escritórios especializados em leis americanas anticorrupção foram contratados: nos EUA, o escolhido foi o Gibson, Dunn & Crutcher. No Brasil, o Trench, Rossi e Watanabe, de São Paulo. Eles vão colaborar com a comissão interna criada pela Petrobras para investigar o caso.
Na mira da comissão interna da Petrobras, estão diretores nomeados por Lula. A comissão pediu ainda autorização à Justiça para ouvir Paulo Roberto Costa sobre a construção da refinaria de Abreu e Lima, informa a Folha:“A empresa pediu que Costa esclarecesse, entre outras coisas, o teor de reuniões com o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli e o ex-diretor de Serviços Renato Duque realizadas entre o fim de 2005 e o começo de 2006 sobre Abreu e Lima. A Petrobras quer saber por que, às vésperas da implantação de Abreu e Lima, Costa foi com Gabrielli e Renato Duque a reunião em Brasília. A estatal pede explicações sobre as revisões do valor da obra, que subiu de US$ 4 bilhões para US$ 13,4 bilhões entre 2006 e 2009”.
Essa informação é pública há muito tempo. Só agora o comando da Petrobras resolveu cobrar explicações. E só o fez porque a Price exigiu.
Que coisa, né? Quem sabe o fato de o mercado ser globalizado — e de as leis americanas serem bastante severas com corruptos — possa fazer bem ao Brasil. A Price obriga agora a Petrobras a fazer o que já deveria ter sido feito há muitos anos, não é, governanta? Que ironia! Quem sabe as leis contra a corrupção dos EUA ainda acabem fazendo bem aos brasileiros.
Por Reinaldo Azevedo

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Lucro cai, investimentos aumentam e endividamento não para de crescer; veja um raio-x da estatal nos últimos dez anos

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Presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster. Estatal envolveu-se em escândalos nos últimos anos
Presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster. Estatal envolveu-se em escândalos nos últimos anos (Marcello Casal/Agência Brasil/VEJA)
A Petrobras tem sido alvo de repetidas notícias ruins: ora denúncias de corrupção, ora resultados financeiros ruins. Contudo, não é de hoje que a estatal dá sinais de que as coisas não andam bem. Nos últimos dez anos, pode-se notar a ascensão e decadência da empresa retratada em muitos de seus indicadores. O site de VEJA separou sete gráficos que mostram quando, exatamente, as coisas começaram a funcionar mal. Confira.

VEJAPetrobras em sete gráficos



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