terça-feira, 13 de maio de 2014

Relato de um médico residente, cursando o último ano de Cirurgia Plástica


"Como muitos sabem, sou médico residente de último ano de Cirurgia Plástica, mas faço plantões extras como cirurgião do trauma. Segue um breve relato do cotidiano de um médico plantonista:

Baixada fluminense, garota de 16 anos, lesão craniana por arma de fogo, com perda de massa encefálica. Atendimento em sala de trauma, via aérea assegurada por intubação orotraqueal, reanimação volêmica. Parada cardiorespiratório por 3 vezes revertida com massagem cardíaca e drogas vasopressoras. Paciente estabiliza hemodinamicamente.
Verifico pupilas dilatadas não reagentes ao estímulo, assim como os demais reflexos tronco encefálicos ausentes.

O Hospital onde estou não há exames complementares para falência encefálica, não suporta procedimento de retirada de orgãos. Ligo para central de transplantes do estado do Rio de Janeiro. Todos os números possíveis, sem sucesso. Sequer uma gravação. Família em desespero não entendendo a situação, porém demonstrando desejo de doação de orgãos. Sigo tentando contato para iniciar protocolo de captação dos orgãos.

4h depois do primeiro contato, sim Quatro horas, sou atendido por uma reguladora, felizmente muito solicita. A mesma pede que eu entre em contato com o hospital referência para captação e solicite vaga, pois através da central não teríamos sucesso. Então 3h após o primeiro contato com o tal hospital, após mandar fax e praticamente implorar, tenho vaga negada.

A paciente evolui com instabilidade hemodinâmica mesmo em bomba de infusão de vasopressores. Nova parada cardíaca. Reanimamos pela 4ª vez, mantemos o coração batendo, estabilidade hemodinâmica. Após 5h consigo leito para transferência, animação da equipe, seria a primeira vez que a equipe do hospital veria um processo de sucesso de captação de orgãos, vencemos o sistema ... acende uma centelha de esperança na equipe.

Porém, não há no município em questão ambulância equipada para transporte avançado. O tempo corre. Perdemos a vaga. Paciente para pela 5ª vez. Procedimento de reanimação desta vez sem sucesso.

Frustração generalizada da equipe.

Converso com familiares, todos inconsoláveis. A falta é de tudo: O sistema, a desorganização generalizada da saúde pública, o descaso dos gestores nos privaram do sucesso. Privaram a família de perpetuar a memória da menina, disseminando vida a outros doentes em fila de espera. Uma ambulância. Uma vaga. Um sistema que não te ajuda. Dramático, não?

Realidade cotidiana.

Sistema público de saúde colapsado. Estado colapsado. Bastava uma ambulância igual às da Arena Pantanal, ou do Estádio Itaquerão. Bastava a vontade de fazer dos hospitais algo tão funcional quanto um estádio da Copa, uma refinaria no valor de 48 milhões comprada pela Petrobras, estatal, por 1bi. Um bilhão menos quarenta e oito milhões.

A diferença igual ao valor roubado dos contribuintes brasileiros. O lucro dos envolvidos igual ao rombo nos cofres públicos. Falta tudo ao povo da baixada fluminense, do agreste, da vila Areia em Porto Alegre. Falta ambulância, falta vaga em hospital.

Falta discernimento para compreender o que representa o caso Passadena na vida deles. Sobra discernimento aos políticos em como ludibriar o povo. Vide o pequeno "engano" do Instituto de Pesquisa Econômica Avançada, eclodiram passeatas feministas (com razão) contra o estupro. Pena que a pesquisa estava errada, pena que aparecem fatos como este para abafar os escandalos da Petrobras. Pena que eu vejo esses descasos aos meus pacientes sozinho. Pena que boa parte do eleitorado brasileiro não entende tudo isso.

Neymar, desculpe-me, mas vou torcer p'ro Messi. Ronaldo desculpe-me, mas eu quero hospitais. Dilma, desculpe-me, mas vou lutar dia a dia para tirar votos do seu governo, no Metrô, no hospital, no elevador, no 'Facebook'.
Chato é não tentar".


Guilherme A. Fritsch-Nunes

domingo, 13 de abril de 2014

Vaginas criadas em laboratório são implantadas com sucesso

Para a criação dos órgãos, as próprias células das pacientes foram utilizadas

11 de abril de 2014

Cientistas realizaram as primeiras cirurgias de implante de vagina criadas em laboratório. Os órgãos foram implantados com sucesso em quatro adolescentes que nasceram sem o canal vaginal. A pesquisa foi divulgada na quinta-feira, 10, na Lancet, uma publicação especializada em medicina.
Imagem do molde da vagina - Wake Forest Baptist Medical Center/Divulgação
Wake Forest Baptist Medical Center/Divulgação
Imagem do molde da vagina
"O estudo é mais um exemplo de como estratégias medicinais regenerativas podem ser aplicadas em uma variedade de tecidos e órgãos", afirmou Anthony Atala, diretor do Centro Médico Wake Forest Baptist, um instituto de medicina regenerativa dos Estados Unidos. Para a criação dos órgãos, as próprias células das meninas foram utilizadas.
Doença. Na época da cirurgia, entre junho de 2005 e outubro de 2008, as garotas que receberam os órgãos tinham entre 13 e 18 anos. Todas nasceram com a síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser, uma doença rara em que a vagina e o útero estão no corpo ou não se desenvolvem.
Segundo os pesquisadores do estudo, o tratamento também pode ser aplicado a pacientes com câncer vaginal ou outras lesões na vagina.

by -Thiago Mattos - O Estado de S. Paulo

Planta não é regada há 40 anos, mas continua viva


No domingo de Páscoa de 1960, David Latimer pensou que seria legal montar um jardim em uma garrafa. Ele encheu um balde de 10 litros com adubo e colocou uma semente no fundo com a ajuda de um arame. David colocou um pouco de água antes de selar o topo, e 12 anos depois, regou-a pela última vez. Hoje, 42 anos depois de a planta ser regada pela última vez, ela ainda é verde e saudável, e vive em seu próprio ecossistema auto-sustentável.
Essa planta não é regada há 40 anos, mas continua viva!
David mantém a garrafa na luz do sol, permitindo que a planta passe pelo processo de fotossíntese. A umidade contida na garrafa evapora e em seguida volta para o solo, sendo utilizada novamente.
Quando as folhas apodrecem e caem, se decompõem nas raízes da planta, fornecendo nutrientes essenciais para que ela possa sobreviver.
Embora não possa fazer muita coisa além de existir, esta planta é uma exposição fascinante da resiliência da vida. É incrível pensar que, sob as condições certas, mesmo uma planta poderia sobreviver por décadas sem nunca precisar de ajuda do mundo exterior.


Leia mais em http://misteriosdomundo.com/essa-planta-nao-e-regada-ha-40-anos-mas-continua-viva#ixzz2ykVcwrCr

SÃO TANTAS COISINHAS MIÚDAS

Publicado: 9 de abril de 2014 

O mensaleiro Jacinto Lamas, condenado à prisão no regime semiaberto por lavagem de dinheiro, aproveitou duas vezes a saída da Papuda para o trabalho para passar na igreja Nossa Senhora de Guadalupe. Outro mensaleiro, Valdemar Costa Neto, passou num McDonald’s drive-thru e pediu um sanduíche. Que horror!
E um grande jornal impresso, de circulação nacional, mobilizou cinco repórteres durante três semanas para apurar essas importantes violações da disciplina carcerária. Onde já se viu, ir à missa e comer no McDonald’s?
Certo: é violação das normas carcerárias. Como é violação (e mais grave) o encontro de Valdemar Costa Neto com o líder de seu partido na Câmara, Bernardo Santana. Mas no geral é coisa vagabunda, sem maior importância; não cabe à imprensa vigiar os detalhes da disciplina nas prisões. Dá a impressão de perseguição, de que qualquer coisinha chinfrim merece uma página com manchete de seis colunas. Bem ou mal, aceitem ou não as normas vigentes, cumprindo ou não as exigências legais de rigor carcerário, os presos estão presos, foram condenados, receberam forte marca negativa em sua reputação, deixaram claro que aproveitaram sua passagem no Governo para fins pouco republicanos. Cabe à imprensa afligir os confortáveis e, num caso como este, deixar que os aflitos enfrentem seus problemas, sem procurar agravá-los.
O cumprimento da pena dos condenados do Mensalão, sem dúvida, virou um pandemônio. O governador de Brasília, por ser governador e arrogante, arroga-se o direito de visitar seus companheiros de partido presos na Papuda na hora em que quiser (e colegas de Congresso também tentaram transformar o presídio numa grande festa, aparecendo a qualquer hora, levando convidados – só faltou mesmo a cerveja, se é que faltou). Delúbio Soares está trabalhando dentro do partido (ficou melhor do que esteve antes, quando tinha sido expulso e não podia aparecer publicamente por lá), e fazendo o que sabe: arrecadou um monte de dinheiro para pagar as multas dele, parte da multa dos outros e isso é o que se sabe. José Dirceu, segundo seu próprio companheiro petista baiano, tinha um telefone celular à disposição e o usou para conversar com ele. Prisão com telefone celular não é prisão: é escritório em que não se paga aluguel.
As desculpas são tão ridículas quanto a reportagem sobre o temerário ato de ir à missa: o líder do PR na Câmara, por exemplo, depois de negar a visita a Valdemar Costa Neto, ex-presidente do partido, acabou cedendo depois que soube que tinha sido fotografado. Mas garantiu que os dois não trataram de política.
Claro: na festa dos cartolas só não se falou de futebol.
Mas não é fazendo papel de grande irmão que a imprensa pode colaborar para que a casa da mãe joana em que se transformou a prisão dos mensaleiros deixe de contribuir para a desmoralização da Justiça. Seria interessante saber, isso sim, se a direção do presídio é leniente, permite aos réus políticos fazer o que querem, ou é simplesmente incompetente, e não sabe o que acontece atrás de suas portas gradeadas. Terão as autoridades do presídio recebido ordens específicas para desafiar a lei e as ordens da Justiça? E o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, entre uma entrevista e outra, entre um pedido de explicações e outro, não terá condições de agir efetivamente, exemplarmente, decisivamente, para que a disciplina carcerária seja mantida, na forma da lei?
Sejamos claros: alguém acredita que uma criatura política como Valdemar Costa Neto vá trabalhar num restaurante industrial, local de ampla frequência, sem que seus antigos companheiros decidam visitá-lo? Alguém acredita que, nessas visitas, vão conversar sobre o tempo seco, lembrar histórias de Las Vegas, comentar o estilo literário de Milan Kundera ou a aposentadoria de Rivaldo? Se alguém acredita nisso, Polyana terá saído dos livros e filmes para a vida real, estará morando numa casa com paredes de bolo confeitado e telhas de chocolate, com leprechauns no jardim. E será amiga do Lobão Mau – o ministro.
Em resumo, como diria o padre Quevedo, essas coisas não ekzistem. As normas não podem ser essas. E, com relação à imprensa, nunca é demais lembrar um grande jornalista, José Carlos Del Fiol, cujo bordão imortal, para jovens jornalistas que queriam fazer reportagens absolutamente desimportantes, era “não tem serviço, não?”
Pois existe serviço, sim. Cinco repórteres de alta qualidade, trabalhando num só caso por três semanas, botam de cabeça para baixo o caso do cartel do Metrô, decifram os motivos que levaram a Petrobras a comprar a Refinaria de Pasadena e descobrem quando é que os sonháticos de Marina Silva vão passar a apoiar, de verdade, o candidato de seu partido, Eduardo Campos. Não é falta de serviço: é vontade de afligir quem já está aflito.
by CARLOS BRICKMANN

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