quarta-feira, 17 de julho de 2013
"Se acontecer de novo, temos de nos questionar se tomamos a decisão errada ao ceder os direitos de receber a Copa", declarou Blatter, em entrevista à agência de notícias DPA, da Alemanha, durante conferência sobre esportes, mídia e economia idealizada pelo ex-jogador e técnico Franz Beckenbauer, na Áustria.
Blatter se referia aos protestos que levaram centenas de milhares de pessoas às ruas do Brasil. Os manifestantes pediram melhores serviços públicos, em diversas passeatas, e criticaram políticos. Houve até ataques à Fifa, em Salvador, uma das sedes da Copa das Confederações. Ônibus que serviam à entidade foram apedrejados. Confrontos entre manifestantes e policiais também marcaram o período.
A preocupação do presidente da Fifa se reflete nas conversas entre a entidade e o governo. Já houve reuniões após a Copa das Confederações e deve haver outra em setembro. "Não foram reuniões políticas, mas enfatizamos o tema da instabilidade".
O dirigente já avisou à presidente Dilma Roussef que não podem haver distúrbios semelhantes durante o Mundial. "A Fifa não pode ser responsabilizada pelas discrepâncias sociais que existem no Brasil", afirmou. "Não somos nós que temos de aprender com os protestos, mas sim os políticos brasileiros", avisou.
Para o dirigente, as manifestações devem ser tratadas apenas como questões internas, sem interferir nos eventos organizados pela Fifa. "Para mim, soam como alarmes para o governo, o Senado, o Congresso. Eles devem trabalhar nisso para evitar novos protestos", afirmou.
"No entanto, os protestos, se pacíficos, são parte da democracia e devem ser aceitos. Estamos certos de que o governo, e principalmente a presidente, vai encontrar as palavras e as ações para prevenir novas manifestações. Eles têm um ano para resolver isso", disse Blatter.
O Brasil foi escolhido para ser sede da Copa das Confederações e da Copa do Mundo em 2007, sem ter uma votação direta, já que a Colômbia, outra candidata a sede, se retirou da disputa meses antes.