08/07/2013 17h27 - Atualizado em 08/07/2013 17h41
Perito Rodrigo Ebert afirmou que fogo começou em um restaurante.
Delegado responsável pelo caso descartou incêndio criminoso no prédio.
O incêndio que atingiu o segundo andar do Mercado Público no último sábado (6), em Porto Alegre, foi provocado por um curto-circuito, iniciado em instalações elétricas de um restaurante, entre o forro e o telhado da banca 46. A conclusão preliminar é do Instituto Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul. "Tivemos um arco voltaico de grandes proporções que chegou a estar acima da fiação elétrica do local. Isso ajudou muito na propagação do fogo. Houve uma sequência de curtos”, disse o perito Rodrigo Ebert, chefe da equipe que trabalha no prédio.
Ainda conforme o perito, somente uma análise mais aprofundada definirá o que realmente aconteceu e se há outro fator que tenha influenciado na propagação das chamas. De acordo com a análise preliminar do IGP, cerca de 20 lojas foram atingidas no segundo pavimento do Mercado Público, que segue isolado para o trabalho da perícia. O laudo deve ser concluído em 30 dias.
O delegado Hilton Muller, responsável pela investigação, descartou que o incêndio tenha sido criminoso. “Não houve incêndio criminoso. Isso é um dado importante. Não foi um ato de vandalismo, como chegou a ser cogitado. O que houve foi um incêndio culposo. Depois vamos definir quem foi o culpado por isso”, ressaltou. Segundo Muller, o proprietário e o gerente da banca onde o fogo começou já foram ouvidos. “Todos os extintores eram novos, as mangueiras estavam funcionando”, afirmou o delegado, isentando de culpa a administração do Mercado Público.
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O incêndio
O fogo começou por volta das 20h30 e os bombeiros conseguiram controlar o incêndio às 22h30. Depois, trabalharam no rescaldo. Não houve registro de feridos. Quem estava no prédio conseguiu sair. A prefeitura afirma que todos os equipamentos de proteção contra incêndio do prédio estavam em dia, sendo 57 extintores que foram revisados há 15 dias e 10 mangueiras substituídas por novas. No entanto, como os profissionais que estavam no Mercado precisaram sair rapidamente, não puderam usar os extintores e mangueiras.
O fogo começou por volta das 20h30 e os bombeiros conseguiram controlar o incêndio às 22h30. Depois, trabalharam no rescaldo. Não houve registro de feridos. Quem estava no prédio conseguiu sair. A prefeitura afirma que todos os equipamentos de proteção contra incêndio do prédio estavam em dia, sendo 57 extintores que foram revisados há 15 dias e 10 mangueiras substituídas por novas. No entanto, como os profissionais que estavam no Mercado precisaram sair rapidamente, não puderam usar os extintores e mangueiras.
Segundo moradores da cidade, hidrantes falharam e faltou água para apagar o fogo. A população que se aglomerava em volta do prédio gritou revoltada "água, água" e vaiou os bombeiros. O prefeito garante que não houve falhas. "O que eu posso dizer é do enorme esforço dos profissionais", disse.
História do Mercado Público
Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre, o Mercado Público foi inaugurado em 1869 para abrigar o comércio de abastecimento da cidade. Tombado como um Bem Cultural, passou entre 1990 e 1997 por um processo de restauração, agregando mais qualidade a sua estrutura e recuperando a concepção arquitetônica original. Com as obras, o Mercado também ampliou o seu número de estabelecimentos comerciais. Além de oferecer bons produtos, procurando praticar uma boa política de preços, o Mercado Público também atua como espaço para manifestações culturais e comunitárias, proporcionando mais qualidade de vida a população.
DADOS
- Inauguração: 03.10.1869
- Projeto: Eng. Frederico Heydtmann, realizado em 1861
- Estilo arquitetônico original: neoclássico
- Estilo arquitetônico atual: eclético (após diversas reformas)
- Possui a forma de um quadrilátero e foi inaugurado somente com 1 pavimento e 4 torreões (nas esquinas).
- Adaptando-se ao crescimento da cidade e suas demandas, sofreu várias alterações, dentre as quais a construção, na sua parte interna, de chalés em madeira.
- Em 1912 foi construído o 2º pavimento para abrigar escritórios comerciais e industriais e repartições públicas.
O Mercado Público passou por incontáveis mutações arquitetônicas e sobreviveu a diversas enchentes, incêndios e ameaças de demolição:
- Enchente: 1941;
- Incêndios: 1912 (que destruiu os chalés internos), 1976 e 1979;
- Foi ameaçado, na Administração Telmo Thompson Flores, de ser demolido para construção de uma avenida.
Em 12 de dezembro de 1979, o Mercado Público foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre (Lei 4.317/77).
Em 1990, a Administração Popular organizou uma equipe multidisciplinar de técnicos para desenvolver o Projeto de Restauração, no qual ficavam claros os seguintes objetivos:
- Resgate da qualidade estética da edificação;
- Otimização de seu potencial de abastecimento;
- Valorização dos espaços de sociabilidade.
A reforma recuperou a percepção visual das arcadas, resgatou as circulações internas, criou novos espaços de convivência e implantou redes de infra-estrutura compatíveis com o funcionamento do Mercado. Foi construída uma nova cobertura que possibilitou a integração entre o térreo e o 2º Pavimento.
No 2º pavimento, onde antes existiam escritórios e repartições públicas, atualmente está sendo ocupado com diversos estabelecimentos como: restaurantes, lancherias, etc., através de concorrências públicas.
O Mercado, através da restauração, foi dotado de moderna infra-estrutura, qualificando seu espaço interno e externo, como duas escadas rolantes, 2 elevadores, 4 baterias sanitárias para o público, um Memorial, dentre outras melhorias. Também possui sistema de gás encanado, cujo produto é fornecido por uma central de gás externa ao prédio, que lhe confere maior segurança, além de vestiários e refeitório, para permissionários e seus funcionários, 4 câmaras frias (uma para lixo e 3 para produtos perecíveis) e um sistema de refrigeração já concluídos.
O custo da reforma ficou, na época, em R$ 9 milhões, sendo, 88% do orçamento da PMPA, e os demais 12% pelo FUNMERCADO e doações diversas. OFUNMERCADO (Fundo Municipal do Mercado Público) foi criado em 1987, através da Lei 5994/87. É formado com a receita arrecadada das permissões de uso, tendo a finalidade de custear a restauração, reforma, manutenção e animação do prédio.
Equipe responsável pela restauração do Mercado:COORDENAÇÃO TÉCNICA GERAL
Arquiteto Octacílio Rosa Ribeiro (1991 a 1994)
Arquiteto Teófilo Meditsch (1994 a 1997)
Arquiteta Vera Maria Becker (1991 a 1997)
PROJETO ARQUITETÔNICO DE RESTAURAÇÃO
Arquiteta Doris Oliveira
Arquiteto Evaldo Schumacher
Arquiteto Octacílio Rosa Ribeiro
Arquiteto Teófilo Meditsch
Arquiteta Vera Maria Becker
PREMIAÇÃO
Em novembro de 1997, o “Instituto de Arquitetos do Brasil” e a “Fundação Bienal de São Paulo” conferiram aos autores do projeto, arquitetos Doris Maria de Oliveira, Evaldo Schumacher, Octacílio Rosa Ribeiro, Teófilo Meditsch e Vera Maria Becker o Prêmio 3ª Bienal Internacional de Arquitetura, pelo trabalho “Mercado Público de Porto Alegre / RS”, categoria Patrimônio Histórico.
PERÍODO DE EXECUÇÃO DA RESTAURAÇÃO
Trabalhos iniciados em 1990 e desenvolvidos ao longo das Administrações dos Prefeitos Olívio Dutra, Tarso Genro e Raul Pont.
REINAUGURAÇÃO
A reinauguração ocorreu no dia 19 de março de 1997.
O Mercado Público no Século XIX, ainda somente com 1 piso.
Em primeiro plano, as docas do porto.
O Mercado em 1909, já com o segundo pavimento.
Um incêndio destrói toda a parte interna do Mercado em 1912.
Mercado Público - 1925
Em 1941, uma enchente assola a cidade de Porto Alegre.
Na foto, ao fundo, o Mercado Público tomado pelas águas.
O centro de Porto Alegre na década de 50.
Em destaque, o Mercado Público.
Década de 70.
Curiosidades
Você sabia...- que os primeiros trabalhadores do Mercado Público chegam por volta das 5h da manhã?
- que as duas grandes padarias do Mercado funcionam 24h por dia?
- que o Mercado, após a reforma que finalizou em 1997, passou a contar com 2 escadas rolantes e 2 elevadores, para facilitar a circulação pelo seu interior?
- que o Mercado foi a primeira construção em alvenaria a ocupar um quarteirão inteiro em Porto Alegre?
- que o Mercado possui uma central de refrigeração e uma central de gás localizados fora de seu prédio, na Praça Revolução Farroupilha?
- que o portão central do Mercado, no Largo Glênio Peres, possui uma placa mostrando a altura das águas durante a enchente de 1941, que alagou Porto Alegre?
- que o Mercado Público é referência para as religiões afro-umbandistas, por possuir, enterrado no seu centro, o Bará do Mercado?
- que acontece no Mercado o projeto Vozes do Mercado, uma teatralização na visita guiada por atores às bancas e caminhos do Mercado Público? O espetáculo é gratuito com duração de 50 minutos ... (Leia mais)
- que o Telecentro do Mercado Público é o mais movimentado da cidade?
Com um público visitante diário de 400 pessoas, a unidade do Mercado Público lidera em número de freqüência a rede dos telecentros. Funciona como ferramenta para a geração de renda e empregos. A maioria dos usuários utiliza a rede com 12 computadores em busca de uma colocação no mercado de trabalho. Eles pesquisam sites de empresas de recursos humanos, procuram opções de trabalho e produzem currículos.
- que o músico Neto Fagundes escreveu uma música para o Mercado?
No Mercado Público a gente come,
ou leva alguma coisa para comer
vela de acender para qualquer santo
manto e guarda-chuva se chover.
No Mercado Público tem bilhete,
salada com sorvete na Banca 40,
pente, flor, tabaco, sal, corrente,
é o espaço democrático no coração da gente.
Mercado Público,
o mercado é público pode entrar,
nosso mercado tem até trilho,
é pena que o bonde não passa mais lá.
ou leva alguma coisa para comer
vela de acender para qualquer santo
manto e guarda-chuva se chover.
No Mercado Público tem bilhete,
salada com sorvete na Banca 40,
pente, flor, tabaco, sal, corrente,
é o espaço democrático no coração da gente.
Mercado Público,
o mercado é público pode entrar,
nosso mercado tem até trilho,
é pena que o bonde não passa mais lá.
Fotos: Gilberto Simon / Divulgação