Vítimas tiveram ferimentos causados por estilhaços de vidro. Mais de 100 pessoas tiveram que ser hospitalizadas.
Cerca de 500 pessoas ficaram feridas em consequência de um meteorito que atravessou o céu sobre a Rússia nesta sexta-feira (15), lançando bolas de fogo na direção da Terra, quebrando janelas e acionando alarmes de carros.
Segundo agências de notícias russas, o Ministério de Situações de Emergência do país informou que 514 pessoas ficaram feridas e buscaram assistência médica, incluindo 82 crianças. Destas, 112 foram hospitalizadas.
Moradores que estavam a caminho do trabalho em Chelyabinsk ouviram um barulho que parecia ser de uma explosão, viram uma luz forte e sentiram uma onda de tremor, de acordo com um correspondente da Reuters na cidade industrial, que fica a 1.500 quilômetros de Moscou.
O meteorito atravessou o horizonte, deixando um longo rastro branco em seu caminho que podia ser visto a até 200 quilômetros de distância, em Yekaterinburgo. Alarmes de carros soaram, janelas quebraram e telefones celulares tiveram o funcionamento afetado pelo incidente.
"Eu estava dirigindo para o trabalho, estava bem escuro, mas de repente veio um clarão como se fosse dia", disse Viktor Prokofiev, de 36 anos, morador de Yekaterinburgo, nos Montes Urais. "Me senti como se estivesse ficado cego pela luz", acrescentou.
Não foram relatadas mortes em consequência do meteorito, mas o presidente Vladimir Putin, que nesta sexta recebe ministros da Fazenda dos países do G20, e o primeiro-ministro Dmitry Medvedev foram notificados sobre os acontecimentos.
Não há informações sobre a relação da queda do meteorito com a passagem, nesta sexta, de um asteroide de 50 metros de comprimento a 27.700 km acima da superfície da Terra. A distância é menor do que a órbita dos satélites de comunicação.
Alguns veículos da imprensa chegaram a informar que uma chuva de meteoritos teria caído sobre os Urais.
Janelas de um centro esportivo ficaram destruídas após serem atingidas por meteoritos nos Montes Urais (Foto: Reuters)
"Não foi uma chuva de meteoritos, mas um meteorito que se desintegrou nas camadas baixas da atmosfera", disse à agência "Interfax" a porta-voz do Ministério para Situações de Emergência da Rússia, Elena Smirnij.
Elena acrescentou que a onda expansiva provocada pela queda do corpo celeste quebrou as janelas de "algumas casas na região".
A porta-voz ministerial também informou que a queda do meteorito não alterou os níveis de radiação, que se mantêm dentro dos parâmetros frequentes para a região .
Neste vídeo, sendo mesmo elaborado pelo PT ou não, mostra exatamente qual é o pensamento do PT para o Brasil e o golpe comunista que estão tentando implantar no Brasil. Neste vídeo, inclusive, é assumida a existência do Foro de São Paulo a ligação do PT com projetos para implantação do comunismo na América Latina e no Mundo.
- Link para ver as Atas do Foro de São Paulo: http://bit.ly/Y5bYpR
- Link para ver uma Apresentação de Como o Neocomunismo está sendo implantado no Brasil: http://slidesha.re/Wa0UII
- Link para o Dicionário Gramscista - http://bit.ly/10UTLjqhttp://youtu.be/5SquUVwhaRY
Apesar de existirem diversos planos diferentes para o caso de um asteroide entrar em rota de colisão com a Terra, não há definição nem garantia de que essas medidas funcionariamEm 1908, a queda de um asteroide de 40 metros de diâmetro em Tugunska, na Sibéria, destruiu uma floresta de 2 mil quilômetros quadrados. A cidade de São Paulo, por exemplo, tem 1,5 mil quilômetros quadrados. Nesta sexta-feira, 15 de fevereiro, um meteorito caiu na Rússia e deixou, segundo dados ainda preliminares, pelo menos 500 feridos. E ainda hoje, um asteroide ainda maior do que o "siberiano", passará raspando (por definição cosmológica) pela Terra, imiscuindo-se entre satélites comerciais e delineando cenário digno de filmes de Hollywood. Neste caso, não será necessário chamar Bruce Willis e sua trupe de mineradores, como em Armageddon. Mas, no futuro, é possível que alguns asteroides precisem de uma ajudinha para desviar do nosso planeta.
Segundo estimativas da Nasa, há 500 mil asteroides desse tamanho “próximos da Terra”. Desses, apenas 1% foram descobertos. "Não é ficção científica", diz Ulisses Capozzoli, editor da Scientific American e doutor em ciências pela Universidade de São Paulo (USP). "Esse asteroide serve para acender o sinal amarelo - quase laranja", adverte.
Por outro lado, o astrônomo Naelton Mendes de Araújo, da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro, trata de tranquilizar aqueles que já estão de olhos arregalados e refazendo os planos para o futuro: "Grandes asteroides podem ser vistos de muito longe, e podemos prever sua trajetória com muita antecedência. Por isso, não há motivo para preocupação. Nenhum corpo celeste (asteroide ou cometa, de grandes proporções - o meteorito que caiu na Rússia ainda não foi medido, mas seria um corpo menor) foi identificado em rota de colisão com a Terra até hoje".
2012 DA14 O visitante deste dia 15 de fevereiro se chama 2012 DA14. Esse NEO (near-Earth Object, em inglês, ou seja, objeto próximo da Terra) possui 45 metros de diâmetro. Trata-se da primeira vez que um bólido desse tamanho em trajetória tão próxima do nosso planeta é previsto pelos radares. Às 17h24 (horário de Brasília), ele vai chegar mais perto da Terra (a 27,7 mil quilômetros) do que muitos satélites comerciais. Sabe-se que ele não vai atingir o nosso planeta, mas há chance de que ele colida com algum satélite.
Se um asteroide com essa dimensão colidisse com o planeta, liberaria 2,5 megatons de energia e provocaria uma devastação regional, de acordo com a Nasa. Conforme a agência espacial americana, asteroides desse tamanho passam assim tão perto da Terra a cada 40 anos e, em média, um deve atingir o planeta a cada 1,2 mil anos.
O nome, 2012 DA14, revela que esse asteroide foi descoberto no ano passado. Uma equipe do La Sagra Sky Survey, no Observatório Astronômico de Mallorca, na Espanha, identificou o bólido no dia 23 de fevereiro de 2012. A observação foi repassada ao Minor Planet Center, onde registros de todos os observatórios são guardados. Além do DA14, outros corpos passarão perto do Planeta este ano.
Soluções Se o registro do asteroide contivesse a perspectiva de uma colisão com a Terra, o problema seria grande. E o tempo para resolvê-lo, curto. Em menos de um ano, as agências espaciais teriam de alinhavar uma solução para desviar ou destruir o objeto, a fim de que ele não provocasse danos à Terra. "No momento, não há uma solução definitiva", afirma Capozzoli. "Os governos têm a obrigação de levantar essa questão, que talvez tivesse de ser levada até a ONU". Apesar de existirem diversos planos diferentes para o caso de um asteroide entrar em rota de colisão com a Terra, não há definição nem garantia de que essas medidas funcionariam para impedir o temido contato.
Filmes como Armageddon apresentaram a ideia de que a destruição do asteroide com uma bomba nuclear pudesse se constituir de ideia razoável. O problema, nessa abordagem, é que o asteroide seria fragmentado e resultaria milhares de detritos que poderiam atingir a Terra.
De acordo com Araújo, o caminho mais adequado seria desviar o asteroide. "Se identificamos um corpo celeste com antecedência, basta uma mudança pequena na sua velocidade e direção para que não atinja a Terra", garante. "Não seria necessário destruir o asteroide. Bastaria levar pequenos foguetes à superfície do corpo. Uma vez ancorados os motores à superfície, poderíamos fazer pequenas correções na órbita". Segundo ele, essa tecnologia já é possível.
Grandes asteroides podem ser vistos de muito longe, e podemos prever sua trajetória com muita antecedência. Por isso, não há motivo para preocupação
Naelton Mendes de Araújoastrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio
Apophis Um dos asteroides mais ameaçadores registrados nos últimos anos se chama 99942 Apophis. Cientistas renomados, como o astrofísico Neil de Grasse Tyson, diretor do Hayden Planetarium, de Nova York (EUA), alertaram para a necessidade de uma preparação maior para o caso desse "killer asteroid" entrar em rota de colisão com a Terra. Em 2036, o gigante, sete vezes maior do que o 2012 DA14, poderia mergulhar no Oceano Pacífico, na Costa Oeste dos Estados Unidos, e gerar tsunamis devastadores com, no mínimo, danos bilionários às propriedades, caso a população fosse alertada e devidamente removida de toda a costa.
Por sorte, dados mais recentes, revelados no mês passado, mostraram que a probabilidade de impacto é menor do que 1 em 1 milhão. "Com os novos dados providos pelos observatórios de Magdalena Ridge e Pan-STARRS, acompanhados de dados do Golstone Solar System Radar, nós efetivamente descartamos a possibilidade de um impacto com a Terra do Apophis em 2036", disse Don Yeomans, gerente do escritório do programa Near-Earth Object da Nasa.
Potencialmente perigosos O Apophis não é único. Há asteroides de tamanhos tão variados quanto 20 metros e 900 quilômetros de diâmetro. Estima-se que o asteroide que teria liquidado os dinossauros possuísse 10km de diâmetro. Ao todo, a Nasa classifica mais de 4,7 mil objetos próximos da Terra como "potencialmente perigosos". Nessa conta, entram todos os bólidos espaciais maiores do que 100 metros de diâmetro, suficientemente grandes para resistir à entrada na artmosfera terrestre e de órbita relativamente próxima da do nosso planeta. "Mas isso não significa que irão colidir com a Terra - apenas devem ser acompanhados com atenção", explica Araújo."Depois que o Apophis deixou de ser uma ameaça, não conheço nenhum outro candidato a impacto".
O problema é justamente esse. Os maiores asteroides são descobertos antes. Dependendo do tamanho do asteroide e de outros fatores, contudo, ele pode ser detectado com apenas dias ou meses de antecedência. Por isso, Capozzoli defende um maior investimento na defesa contra possíveis bólidos espaciais, com o aumento do número de observatórios e uma discussão maior sobre o tema.
Missões Com um período tão pequeno entre a detecção e o impacto, não haveria tempo de debater soluções. A preocupação, porém, esbarra nos cortes de verbas de agências como a Nasa, afetada pela crise financeira dos Estados Unidos. Atualmente, a agência tem duas missões relacionadas a asteroides: a sonda Dawn, que se encontra em órbita com o asteroide Vesta e a caminho do planeta-anão Ceres, no cinturão de asteroides, e a espaçonave OSIRIS-REx, com lançamento previsto para 2016, e o objetivo de coletar amostras de asteroides próximos da Terra. Apenas na década de 2020 deve haver uma missão tripulada a um asteroide.
Até que se estude com mais acurácia a formação dos asteroides e sua composição, diversas alternativas para destruí-los ou desviá-los seguem em análise. Duas delas, que se utilizam de luz solar, são bastante peculiares. "A primeira seria usando espelhos que focalizariam a luz sobre um ponto da superfície vaporizando a rocha (ou gelo) e criando uma espécie de jato de gás que agiria como um motor foguete", conta Araújo. "Outra maneira ainda mais curiosa seria pintar algumas partes do asteroide com um pigmento branco refletor. A luz solar exerceria uma pressão de radiação cuja pequena aceleração seria suficiente para desviar o corpo e evitar o impacto".
Guarda Espacial Uma das organizações que analisa esses bólidos é a Space Guard, centro britânico que se dedica à detecção de asteroides e cometas e à proteção da Terra em caso de colisão. Ela introduz assim a preocupação com asteroides próximos do nosso planeta: "Quando nós vimos outros planetas do Sistema Solar pela primeira vez, ficou claro que algo estava acontecendo. Toda a superfície sólida e estável que víamos estava coberta de crateras... Havia evidências de bombardeamentos massivos do espaço - exceto na Terra".
Porém a tecnologia permitiu vislumbrar uma realidade mais assustadora: "Então nós começamos a olhar para a Terra de fora, usando satélites e espaçonaves, e tudo mudou de novo. Crateras de todo tipo começaram a aparecer... Fica muito claro que esse bombardeamento não terminou há milhares de anos. Esse é um problema que nós ainda enfrentamos".
O governo divulgou no início de fevereiro vitórias importantes contra a miséria e prometeu que a partir do mês que vem não existirá mais pobreza extrema no Brasil. Isso quer dizer que não haverá ninguém, já agora em março, com renda inferior a 70 reais por mês em todo o território nacional. Segundo os critérios oficiais em vigor, geralmente avalizados por organismos internacionais, essa quantia é a marca que define quem é quem na escala social brasileira. O cidadão que tem uma renda mensal de 70 reais, ou menos, é um miserável oficial; quem consegue passar esse limite já não é mais. “Tiramos, entre 2011 e 2012, mais de 19,5 milhões de pessoas da pobreza extrema”, afirmou a presidente Dilma Rousseff. “Até o mês de março vamos zerar o cadastro”. Segundo o governo, há no momento 600.000 famílias nesse registro; não haverá mais ninguém dentro de um mês, salvo um número incerto de cidadãos que estão na miséria, mas não no cadastro. Esses ainda terão de ser encontrados para receber do Tesouro Nacional, a cada mês, os reais que vão salvá-los.
Pode haver erros nessas contas, é claro, mas não se trata de números argentinos: basicamente, retratam a realidade aproximada da fossa social brasileira. A dimensão numérica, portanto, está certa. O problema é que ela também está errada ─ pois leva o governo a concluir que a miséria está acabando no Brasil, quando é mais do que óbvio que ela continua existindo, e existindo à toda. A primeira dificuldade com a postura oficial está na pessoa verbal utilizada pela presidente. “Tiramos” da miséria, disse ela ─ uma apropriação indébita da realidade, pois quem tirou aqueles milhões de brasileiros da linha inferior aos 70 reais não foi ela nem seu governo, e sim o contribuinte brasileiro. Foi ele, e só ele, quem sacou o dinheiro de seu bolso, através dos impostos que paga até para comprar um palito de fósforo, e o entregou às coletorias fiscais; se não fosse assim, não haveria um único tostão a distribuir para pobre nenhum.
Trata-se de um vício incurável nos circuitos neurológicos dos governantes brasileiros. Acreditam na existência de uma coisa que não existe: “dinheiro do governo”. É como acreditar em disco voador. A diferença é que tiram proveito de sua crença; é o que lhes permite dizer “eu fiz” tantas escolas, tantos quilômetros de estrada e por aí afora, como se o dinheiro gasto em tudo isso tivesse saído de sua própria conta no banco.
O problema essencial, porém, está na lógica. Como nos ensina Mark Twain, que elevou o bom senso à categoria de arte em quase tudo o que escreveu, existem três tipos de mentira: a mentira, a desgraçada da mentira e as estatísticas. Esse anúncio do fim da pobreza extrema é um clássico do gênero. A estatística precisa, obrigatoriamente, de um número fixo para definir qualquer coisa que pretende medir, assim como um metro precisa ter 100 centímetros. No caso, o número escolhido, e aceito por organizações imparciais mundo afora, foi 70 reais ─ mas não faz absolutamente nenhum nexo afirmar que uma pessoa que ganhe 71 reais por mês, ou 100, ou 150, tenha saído da miséria. O resumo dessa ópera é claro. Daqui a alguns dias, não haverá mais miseráveis nas estatísticas do Brasil; só haverá miseráveis na vida real. Além disso, seremos provavelmente o único país do mundo em que a miséria teve uma data certa para desaparecer. O governo poderá dizer: “O Brasil acabou com a miséria no dia 15 de março de 2013, às 18 horas, ao fim do expediente na administração federal”.
Praticamente nenhum cidadão brasileiro, ao sair todo dia de casa, leva mais do que 15 minutos para dar de cara com alguma prova física de miséria. Mas, do mês de março em diante, terá de achar que não viu nada. Se procurar alguma autoridade para relatar o fato, ouvirá o seguinte: “O senhor deve estar enganado. Não há mais nenhum miserável no Brasil”. É assim, no fim das contas, que funciona o sistema cerebral do governo. A realidade não é o que se vê. É o que está no cadastro.
Famílias de baixa renda suaram para pagar escolas privadas para seus filhos. Agora, eles terão mais dificuldades para entrar em universidades públicas
ESFORÇO
O casal Alexandre e Márcia(em pé), com as filhas Drielly e Isabele (no colo).Sem direito a cotas (Foto: Camila Fontana/ÉPOCA)
taxista Alexandre de Oliveira, de 41 anos, e a dona de casa Márcia da Luz Oliveira, de 46, tentaram colocar as filhas Drielly, de 17, e Isabele, de 10, numa escola da rede pública perto do bairro onde moram, em Guarulhos, São Paulo. Mudaram de ideia quando, num dia de chuva, foram chamados à escola para buscar a filha mais velha, na época com 6 anos. “A sala de aula estava inundando, e ela estava em cima da mesa, fugindo da água”, diz Márcia. “Depois disso, resolvemos que nos sacrificaríamos para dar condições melhores para nossas filhas estudarem e garantirem uma vaga numa universidade pública.” Para pagar o colégio particular e o curso de inglês das duas filhas, Alexandre trabalha 15 horas por dia. A longa jornada é mantida há dez anos e, segundo ele, afeta sua saúde. Alexandre tem dores crônicas nas pernas e está acima do peso. A casa onde a família mora é alugada, e os momentos de lazer são poucos. “A prioridade sempre foi a educação das meninas, e, para isso, abrimos mão de muita coisa”, diz Márcia.
O esforço de Alexandre e Márcia para garantir a suas filhas o acesso a uma boa universidade pode ter sido em vão. Com a entrada em vigor da lei de cotas sociais, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em agosto do ano passado, os alunos que fizeram o ensino médio na rede pública têm agora mais chances de conseguir uma vaga em universidades públicas federais. A lei também deve afetar as universidades estaduais mais concorridas do país – a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp) – com uma notável diferença: com a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os candidatos cotistas ingressarão num curso preparatório de dois anos. Se, ao final do período, tirarem mais que 7 numa prova, irão direto para a universidade. Em termos de vagas, a lei federal de cotas obriga as universidades federais a reservar pelo menos 12,5% das vagas para alunos de escolas públicas. Até o vestibular de 2016, o total de vagas reservadas crescerá gradualmente até atingir 50% do total. Dessas, a metade se destinará a estudantes cuja renda mensal familiar é menor ou igual a um salário mínimo e meio por pessoa. Nos dois casos, será dada prioridade aos candidatos negros egressos da escola pública. Desde que obedeçam ao mínimo estabelecido pela lei, as universidades federais podem criar sua própria política de cotas. A Universidade de Brasília (UnB) reserva 20% de suas vagas para estudantes negros desde 2004. Com a nova lei, a UnB dará mais 14,5% das vagas para estudantes de escola pública. Em 2016, 70% de suas vagas serão destinadas ao sistema de cotas.
Ao mesmo tempo que ajudam estudantes de escolas públicas a conseguir uma vaga em boas universidades, as cotas para estudantes de escolas públicas criam um problema para milhares de famílias que se empenharam em pagar um colégio particular para os filhos, muitas vezes fazendo sacrifícios para isso. As mensalidades que cabem no orçamento de famílias como a de Alexandre não são de colégios particulares renomados. São escolas menores e mais baratas, que servem como alternativa à baixa qualidade da educação da rede pública. A notícia das cotas desanimou a família. “As vagas para estudantes da rede privada serão ocupadas por quem estudou nos melhores colégios, os mais caros. Não é o caso delas”, diz Alexandre. “Minhas filhas não entram em nenhuma cota.” O taxista faz planos, caso Drielly não consiga uma vaga pública para o curso de engenharia civil: ela terá de estudar numa faculdade particular de nível médio e provavelmente terá de arranjar um emprego para ajudar a pagar as mensalidades. “Criar um sistema que ajude pessoas menos favorecidas a estudar é uma coisa boa. Mas cotas talvez não sejam a melhor saída.
Enquanto beneficiam uma parcela da população, também prejudicam outra”, diz Maria Márcia Malavazi, diretora do curso de pedagogia da Unicamp. Outros acadêmicos acreditam que a função de pensar na inclusão não é exclusiva das universidades públicas. “Acho justo que as pessoas com menos oportunidades tenham ajuda na hora de conseguir uma vaga nas universidades públicas por meio das cotas”, diz Célia Forghieri, membro da pró-reitoria comunitária da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “Mas também não podemos deixar de lado as pessoas humildes que se esforçaram para dar uma educação básica melhor aos filhos. Uma boa saída seria ampliar o número de bolsas em boas faculdades particulares.”
DESVANTAGEM
Ariane entre a mãe, Marisa, e o pai, Lenaldo.
Ela tem menos chance de entrar
na universidade (Foto: Camila Fontana/ÉPOCA)
Qualquer que seja o formato do sistema de cotas, está claro que os 7 milhões de alunos matriculados na rede privada de ensino do Brasil terão de batalhar mais que os colegas da rede pública se quiserem uma vaga numa universidade estadual ou federal. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2011 o total de matrículas nas universidades brasileiras foi de 6,7 milhões. Destas, 77% foram em instituições privadas, e o restante em universidades públicas. Neste ano, os alunos de escolas privadas que tentam uma vaga pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) já sentiram a pressão. O Sisu é um sistema do governo, acessado pela internet, que seleciona os melhores candidatos do Enem para as vagas das universidades federais. O candidato se inscreve no programa, informa sua nota do Enem e em que curso e universidade quer estudar. O computador distribui os candidatos, de acordo com as notas, pelas vagas disponíveis. De mais de 1,8 milhão de candidatos que se inscreveram em 2013, 44% pleitearam uma vaga pelo sistema de cotas.
A possibilidade de conseguir uma vaga diminuiu para a filha do técnico em mecânica Lenaldo dos Santos Filho, de 47 anos. Ele e sua mulher, Marisa Franco Santos, de 55, balconista, trabalham até 12 horas por dia. O dinheiro não é usado para passeios, viagens, nem para finalizar a obra da casa onde moram, em Guarulhos, São Paulo. Todo o esforço é voltado para a educação da única filha do casal, Ariane, de 17 anos. Ela está no 3o ano do ensino médio e sonha em estudar Direito numa universidade pública. “Com as cotas, sei que minhas chances diminuíram”, diz. Mesmo podendo concorrer por meio das cotas para negros, Ariane seria excluída do benefício das cotas sociais, por ter estudado em escola particular. Com isso, concorre a menos vagas que estudantes negros de escola pública. “Meu marido e eu não tivemos a oportunidade de estudar. Apenas terminei o ensino médio, e ele o supletivo. Queríamos dar a Ariane a chance que não tivemos”, diz Marisa. Lenaldo não se arrepende do esforço. “A única herança dela será a educação. Isso eu faço questão de deixar para minha filha”, diz. by - Época