domingo, 6 de janeiro de 2013

Atropelamento de um Petista


Um cidadão entra numa Delegacia em Brasília e diz ao delegado:
- Vim entregar-me, cometi um crime e desde então não consigo viver em paz.
- Fique calmo… O que o senhor fez!?
- Atropelei um petista na estrada.
- Ora meu amigo, como o senhor pode se culpar
se esses petistas atravessam as ruas e as
estradas a todo o momento?
- Mas ele estava no acostamento!
- Sinal que iria atravessar!
Se não fosse o senhor, seria outro qualquer.
- Mas não tive coragem de avisar a família dele!
- Meu amigo, se o senhor tivesse avisado haveria manifestação de repúdio,
passeatas com apoio da CUT, MST,pancadaria,morreria muito mais gente;
então o senhor fez muito bem,portou-se como um pacifista.
- Mas doutor,enterrei o pobre homem ali mesmo,na beira da estrada!
- O senhor realmente me parece uma pessoa de bem.
Enterrar um petista é postura de benfeitor.
Outro qualquer o abandonaria ali mesmo para ser comido por urubus.
- Mas enquanto eu o enterrava, ele gritava: -Estou vivo, estou vivo!
- Tudo mentira, esses petistas mentem muito…


MÁRIO SOARES

Então. by Deise


Elas são as meninas superpoderosas do Palácio da Polícia Presença de mulheres à frente das DPs está cada vez mais frequente



Nadine Anflor (de terno) e Flávia Fachinni, no Palácio da Polícia, em Porto AlegreFoto: Adriana Franciosi / Agencia RBS
Francisco Amorim

À frente de uma das mais movimentadas DPs de Porto Alegre, Nadine Anflor, 36 anos, e Flávia Faccini, 34, têm a missão de proteger outras mulheres.

Com apoio de mais uma colega, as delegadas recebem diariamente 40 novas denúncias de maus-tratos. A maioria dos casos atendidos é de violência doméstica. Uma rotina de depoimentos, interrogatórios e prisões de agressores.

— Atuamos não apenas como policiais. Elas chegam aqui fragilizadas, pois são vítimas de crimes sexuais ou de agressões praticadas por pessoas em quem confiavam. Elas precisam ser ouvidas. Querem conselhos. É um trabalho muito importante, mas pesado — explica a Nadine.

Além do trabalho na Capital, Nadine também supervisiona o atendimento em outras DPs especializadas no atendimento à mulher, ministra palestras em ONGs por todo o Estado e participa de grupos que discutem as políticas públicas de combate à violência doméstica. Apesar da agenda cheia, a delegada reserva parte de sua semana para cuidados pessoais.

— Não abro mão da unha pintada, geralmente de vermelho. Uma vez por semana preciso ir ao salão da amiga Zu para cuidar dos pés e das mãos. E a massagem com a Mayume é fundamental. Renova minhas energias — conta a policial, que é natural de Getúlio Vargas.

Mas ser bonita atrapalha o trabalho policial? Para Nadine, a resposta é não.

— Ajuda com certeza, embora o fundamental seja o tratamento respeitoso às partes, seja a vítima ou o preso.

Flávia é uma das primeiras policiais a chegar à DP pela manhã. Ela não sai de casa sem rímel, protetor solar ou uma base e um batom. Um mix de flores, de Tommy Girl, marca sua entrada na delegacia em dias de calor. No inverno, a preferência é pelo OUI da Lancôme.

— Não saio nem para uma operação sem maquiagem, saio sem café para poder dormir mais, mas sem maquiagem, não — revela.

A porto-alegrense formada pela Pontifícia Universidade Católica (PUCRS) também é uma das últimas a deixar o posto. Sem tempo para o salão, Flávia adotou a estratégia do "faça você mesma":

— Eu faço as minhas unhas da mão, por exemplo. Salão, eu vou uma vez por mês, por obrigação.



Flávia Fachinni praticando exercícios
Foto: Adriana Franciosi/Agência RBS

A grunge que virou delegada

A camisa xadrez e a calça jeans surrada foram substituídas pelo tailleur da Zara, mas a trilha sonora preferida de Flávia continua a incluir bandas de rock. As músicas que acompanhavam a estudante nos anos 90 agora estão gravadas no seu iPad.

Os solos de guitarra de Kirk Hammet, do Metallica, agora embalam mais do que conversas com amigos na zona sul da Capital, onde a delegada cresceu, mas viagens a trabalho pelo Interior e campanas policiais em busca de criminosos. Fã de Ramones, Flávia lamenta não ter conseguido ir no show da banda em Porto Alegre, em 1994.

Se o estilo musical de Flávia parece incomum para uma delegada, sua rotina de atividades físicas se assemelha a de outras policiais. Apesar de não ser um entusiasta de esporte, ela é frequentadora assídua de academias. E, atualmente, são as fitas do TRX que mantêm sua forma.

— Quando a gente para de ir na academia perde um pouco do pique — afirma.

Em casa, a policial que tem queda por doces, tem se dedicado a um novo passatempo: fazer bolos.

— O muffin é meu preferido. Eu tenho feito uma receita que inventei, com requeijão e goiaba.

Quando acerta a receita — quase sempre, ela jura —, o que sai do forno é levado no dia seguinte para a DP. Para a sorte dos colegas.

Prioridade é cuidar do Cadu

Há dois anos e meio Nadine se tornou mãe do Carlos Eduardo, o Cadu.

Os jantares com amigos rarearam, e o contrato na academia não foi mais renovado. As duas medidas garantiram à delegada um tempo extra para curtir seu filho. E, o melhor, sem que precisasse abdicar do trabalho à frente da Delegacia de Atendimento à Mulher.

— Meus pais são professores de Educação Física e pegam no meu pé por eu estar parada, mas aproveito todo o tempo para ficar com o Cadu. Fazer o quê, né?! — conta Nadine.

Para dar conta dos compromissos, Nadine madruga todos os dias. Só assim consegue conversar, sem atropelos, com o marido, o analista judiciário Elmo José Anflor Júnior, 37 anos.

— Tomo chimarrão com ele bem cedo, lendo as notícias do dia. Não abro mão também de almoçar, no mínimo uma vez por semana, com ele.

Nadine diz ter encontrado em Elmo seu grande cúmplice. Além de apoiá-la desde o início de sua carreira policial, ele divide com ela os cuidados com Cadu:

— Saio para trabalhar, e o Cadu ainda está dormindo. Fica com o marido a obrigação de levá-lo para a escolinha.


"Parecia guria demais"

Ser uma jovem delegada no Interior exige uma boa dose de paciência e bom humor. Duas semanas após assumir a DP de Nova Prata, na Serra, em 2010, a recém-chegada Simone Chaves, 28 anos, teve de explicar a PMs por que havia entrado armada em um ônibus na rodoviária da cidade.

Fronteiriça de pele morena, a delegada parecia "guria demais" para ser a nova autoridade policial do município de 22,3 mil habitantes. Mesmo apresentando sua carteira funcional, os brigadianos custaram a acreditar que a passageira suspeita era uma policial civil.

— Estava sem carro naquela semana, então peguei um ônibus para voltar para Porto Alegre. Quando subi no veículo, alguém viu minha pistola na cintura, sob o casaco. Aí começou a confusão — conta.

Como o ônibus não partia, Simone começou a desconfiar de que algo estava errado. Passados alguns minutos, uma guarnição da Brigada Militar chegou ao local, e os PMs anunciaram uma revista nos passageiros.

— Neste momento, achei melhor me identificar. Foi engraçado, pois eles permaneciam desconfiados mesmo com minha carteira funcional na mão. Chegaram a ligar para a DP para confirmar se eu era mesmo a nova delegada — lembra sorrindo.

Depois de passar pela cidade serrana, onde investigava pequenos crimes, Simone encarou a rotina de plantonista em uma das cidades mais violentas do Estado. O trabalho em Alvorada moldou a policial, que hoje se debruça sobre crimes cometidos contra outras mulheres em Gravataí.

— O plantão acaba sendo uma espécie de treinamento intensivo, onde se ganha experiência rapidamente — comenta ela.

Fora da delegacia, além das visitas regulares ao estande de tiros, Simone dedica seis noites por semana a treinos pesados na academia, quase sempre acompanhada do noivo, Eibert Moreira, 28 anos, que conheceu no curso de formação da Polícia Civil. Nos finais de semana, o gosto pelo esporte faz do Gasômetro o destino oficial do casal de delegados:

— Como ele anda de skate, eu comprei um roller para acompanhar. Estou adorando, mas meu pai ficou surpreso.

— Ele me disse que já sou grandinha demais.

Presença maior de mulheres muda o perfil das delegacias de polícia Com o ingresso de 66 novas delegadas em 2010, o perfil da corporação mudou rapidamente



Delegada de polícia de Taquara, Andréia NicottiFoto: Adriana Franciosi / Agencia RBS
Francisco Amorim

Esqueça a imagem da policial durona Kate Mahoney, com o revólver cano longo preso à cintura eternizada por Jamie Rose na série Lady Blue (Dama de Ferro, no Brasil). As mulheres que fazem cumprir a lei no Estado portam pistolas Taurus PT 40, com 15 balas no pente, em bolsas Louis Vuitton e Victor Hugo. E só descem do salto quando estão em alguma missão especial fora das delegacias.

Com o ingresso de 66 novas delegadas em 2010, a maioria com menos de 30 anos, o perfil da corporação mudou rapidamente. Ambientes antes masculinizados, as DPs ganharam vasos de flores e pinturas a óleo, em uma transformação visual iniciada pelas veteranas. Sobre as mesas, além do distintivo e do par de algemas, podem ser vistas canecas decoradas e frascos de hidratante — nove em 10 delegadas consultadas confiam a pele ao creme de morangos da Victoria’s Secret.

Elas são as meninas superpoderosas do Palácio da Polícia

— O ambiente de trabalho tem de ser acolhedor, tanto para quem trabalha quanto para as vítimas de crimes que buscam ajuda — justifica a delegada Andréa Nicotti, 27 anos.

Nem os armários, até então reservados para armas e munição, escaparam à reforma imposta pelas delegadas. Muitos deles são usados como guarda-roupas improvisados.

— Em geral trabalho de tailleur, mas tenho uma mala na DP com roupas operacionais, coldres, colete, tênis, caso precise sair para diligência ou operação — comenta Andréa.

Natural de Porto Alegre, Andréa integra a nova turma de delegadas disposta a dedicar a vida a prender criminosos sem abrir mão dos projetos particulares. Professora de Direito na Faccat, a jovem plantonista na DP de Taquara concilia o trabalho policial com a vida acadêmica. Para isso, bastou se organizar:

— Essa interlocução entre a rua e a universidade é muito importante.

Novo perfume no ar

Do floral amadeirado de Amarige, de Givenchy, às notas de gengibre, almíscar, sândalo e baunilha do clássico Bvlgari, uma efusão de perfumes também tem marcado as megaoperações da Polícia Civil. As centenas de policiais que saem às ruas antes do nascer do sol para combater o crime suavizam a robustez do desenxabido traje tático preto e branco usado nestes dias com brincos e pingentes discretos. E, claro, olhos e lábios devidamente delineados.

— Nas operações, elas assumem os mesmos riscos de qualquer outro policial — afirma o Chefe de Polícia, Ranolfo Vieira Júnior.

Sem deixar a vaidade de lado, as mulheres galgam espaços dentro da corporação. Cinco delas estão à frente de delegacias regionais, onde supervisionam o trabalho de outros delegados. Uma sexta ocupa o cargo interinamente.

— O que posso dizer é que são tão eficientes quanto os homens — avalia o diretor do Departamento de Polícia do Interior, delegado Mario Wagner.





Elisangela Melo Reghelin, da regional de Gramado
Foto: Adriana Franciosi/Agência RBS

De prenda a delegada

Ela dança flamenco, pratica mergulho em águas profundas, faz doutorado na Espanha e já publicou dois livros, mas atualmente é na hípica Gramadense, na Serra, que Elisangela Reghelin tem gasto quase todo o tempo livre.

Aos 37 anos, a delegada regional de Gramado, responsável pelo trabalho policial em 11 cidades, está apaixonada pela equitação, seu mais novo hobby.

— Sempre tive vontade de aprender, então comecei as aulas logo após assumir a Delegacia Regional de Gramado, em março — revela.

Elis é multitarefa desde adolescente. Em 1995, quando já estudava Direito na Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), a futura delegada conquistou o título de 1ª Prenda do Rio Grande do Sul, mostrando ser, além de bela, uma profunda conhecedora das tradições gaúchas.

— Para uma jovem de 19 anos isso é muito significativo, pois adquiri muito conhecimento, cultura e conheci muitos lugares e pessoas que influenciaram no modo como sou hoje. Ter representado a mulher gaúcha por um ano (afora os dois anos anteriores, de preparação e de concursos) me deu muita garra e energia para aprender a lidar com as adversidades e para buscar a realização de meus projetos.

Na mesma época, a agitada universitária integrava um trio musical de tango (piano, violino e voz) e se apresentava em festas de casamento. As aulas de mergulho começaram após a formatura.

— Já mergulhei em San Andres (Colômbia), Curaçao (Antilhas Holandesas), Fernando de Noronha, Abrolhos, Parati, dentre outros. Eu "respiro melhor debaixo d'água" — brinca.

Um ano depois de se formar, Elis já havia passado no concurso para delegado. Em 13 anos de Polícia Civil, a delegada atuou em departamentos especializados no combate ao crime organizado e às drogas e foi diretora de ensino da Academia de Polícia e da Secretaria Estadual da Segurança Pública.

Irrequieta, ainda encontra tempo para uma boa produção:

— No dia de operação policial, quando levanto às 3h da madrugada, não dá tempo para cuidar de todos os "rituais" femininos. Mesmo assim, rímel e gloss são fundamentais!

Elis é também uma mulher prevenida. Como nunca sabe ao certo como será o dia, ela transformou sua Tucson em um closet móvel, onde a sapatilha está guardada ao lado do coturno.

— Há sempre a possibilidade de uma reunião de última hora na Capital ou uma operação para prisão de criminosos — comenta.

E como ela acredita que os homens encaram mulheres que, além de decididas e independentes, são policiais armadas?

— Acho que os homens que são mais seguros de si não têm medo de se aproximar de mulheres policiais. Porém, os mais machistas, certamente já se afastam, logo, logo — brinca.


A presença feminina

- A Polícia Civil conta com 141 delegadas, 27,6% do total
- Duas delas chegaram à quarta classe, a mais alta
- Entre os 5,8 mil policiais gaúchos há 1,8 mil mulheres


Galeria das Delegadas Gauchas.








by Zero Hora

Bem nessa. by Deise


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