sábado, 5 de janeiro de 2013

Ferreira Gullar, grande poeta e crítico, ex-militante do Partido Comunista: “Não tenho dúvida nenhuma de que o socialismo acabou, só alguns malucos insistem no contrário”



Ferreira Gullar: "O empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas" (Foto: Ernani D'Almeida)
Ferreira Gullar: "O empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas" (Foto: Ernani D'Almeida)
Publicado originalmente em 27 de setembro de 2012


Entrevista a Pedro Dias Leite, publicado em edição impressa de VEJA que está nas bancas




UMA VISÃO CRÍTICA DAS COISAS

O poeta diz que o socialismo não faz mais sentido, recusa o rótulo de direitista e ataca: “Quando ser de esquerda dava cadeia, ninguém era. Agora que dá prêmio, todo mundo é”
Um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, Ferreira Gullar, 82 anos, foi militante do Partido Comunista Brasileiro e, exilado pela ditadura militar, viveu na União Soviética, no Chile e na Argentina.
Desiludiu-se do socialismo em todas as suas formas e hoje acha o capitalismo “invencível”.
É autor de versos clássicos — “À vida falta uma parte / — seria o lado de fora — / para que se visse passar / ao mesmo tempo que passa / e no final fosse apenas / um tempo de que se acorda / não um sono sem resposta. / À vida falta uma porta”.
Gullar teve dois filhos afligidos pela esquizofrenia. Um deles morreu. O poeta narra o drama familiar e faz a defesa da internação em hospitais psiquiátricos dos doentes em fase aguda. Sobre seu ofício, diz: “Tem de haver espanto, não se faz poesia a frio”.

O senhor já disse que “se bacharelou em subversão” em Moscou e escreveu um poema em que a moça era “quase tão bonita quanto a revolução cubana”. Como se deu sua desilusão com a utopia comunista?
Não houve nenhum fato determinado. Nenhuma decepção específica. Foi uma questão de reflexão, de experiência de vida, de as coisas irem acontecendo, não só comigo, mas no contexto internacional. É fato que as coisas mudaram. O socialismo fracassou. Quando o Muro de Berlim caiu, minha visão já era bastante crítica.
A derrocada do socialismo não se deu ao cabo de alguma grande guerra. O fracasso do sistema foi interno. Voltei a Moscou há alguns anos. O túmulo do Lenin está ali na Praça Vermelha, mas pelo resto da cidade só se veem anúncios da Coca-Cola. Não tenho dúvida nenhuma de que o socialismo acabou, só alguns malucos insistem no contrário. Se o socialismo entrou em colapso quando ainda tinha a União Soviética como segunda força econômica e militar do mundo, não vai ser agora que esse sistema vai vencer.

Por que o capitalismo venceu?
O capitalismo do século XIX era realmente uma coisa abominável, com um nível de exploração inaceitável. As pessoas com espírito de solidariedade e com sentimento de justiça se revoltaram contra aquilo. O Manifesto Comunista, de Marx, em 1848, e o movimento que se seguiu tiveram um papel importante para mudar a sociedade.
A luta dos trabalhadores, o movimento sindical, a tomada de consciência dos direitos, tudo isso fez melhorar a relação capital-trabalho. O que está errado é achar, como Marx diz, que quem produza riqueza é o trabalhador e o capitalista só o explora. É bobagem. Sem a empresa, não existe riqueza. Um depende do outro. O empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas. É um criador, um indivíduo que faz coisas novas.
A visão de que só um lado produz riqueza e o outro só explora é radical, sectária, primária. A partir dessa miopia, tudo o mais deu errado para o campo socialista. Mas é um equívoco concluir que a derrocada do socialismo seja a prova de que o capitalismo é inteiramente bom. O capitalismo é a expressão do egoísmo, da voracidade humana, da ganância. O ser humano é isso, com raras exceções.
O capitalismo é forte porque é instintivo. O socialismo foi um sonho maravilhoso, uma realidade inventada que tinha como objetivo criar uma sociedade melhor. O capitalismo não é uma teoria. Ele nasceu da necessidade real da sociedade e dos instintos do ser humano. Por isso ele é invencível.
A força que torna o capitalismo invencível vem dessa origem natural indiscutível. Agora mesmo, enquanto falamos, há milhões de pessoas inventando maneiras novas de ganhar dinheiro. É óbvio que um governo central com seis burocratas dirigindo um país não vai ter a capacidade de ditar rumos a esses milhões de pessoas. Não tem cabimento.

O túmulo do Lenin está ali na Praça Vermelha, mas pelo resto da cidade só se veem anúncios da Coca-Cola (Foto: ViagensImagens)
"O túmulo do Lenin está ali na Praça Vermelha, mas pelo resto da cidade só se veem anúncios da Coca-Cola" (Foto: ViagensImagens)

O senhor se considera um direitista?
Eu, de direita? Era só o que faltava. A questão é muito clara. Quando ser de esquerda dava cadeia, ninguém era. Agora que dá prêmio, todo mundo é. Pensar isso a meu respeito não é honesto. Porque o que estou dizendo é que o socialismo acabou, estabeleceu ditaduras, não criou democracia em lugar algum e matou gente em quantidade. Isso tudo é verdade. Não estou inventando.

E Cuba?
Não posso defender um regime sob o qual eu não gostaria de viver. Não posso admirar um país do qual eu não possa sair na hora que quiser. Não dá para defender um regime em que não se possa publicar um livro sem pedir permissão ao governo. Apesar disso, há uma porção de intelectuais brasileiros que defendem Cuba, mas, obviamente, não querem viver lá de jeito nenhum. É difícil para as pessoas reconhecer que estavam erradas, que passaram a vida toda pregando uma coisa que nunca deu certo.

Como o senhor define sua visão política?
Não acho que o capitalismo seja justo.
O capitalismo é uma fatalidade, não tem saída. Ele produz desigualdade e exploração. A natureza é injusta. A justiça é uma invenção humana. Um nasce inteligente e o outro burro. Um nasce inteligente, o outro aleijado. Quem quer corrigir essa injustiça somos nós. A capacidade criativa do capitalismo é fundamental para a sociedade se desenvolver, para a solução da desigualdade, porque é só a produção da riqueza que resolve isso. A função do estado é impedir que o capitalismo leve a exploração ao nível que ele quer levar.

Qual a sua visão do governo Dilma Rousseff?
Dilma é uma mulher honesta, não rouba, não tem a característica da demagogia. Mas ela foi posta no poder pelo Lula. Assim, não tem autoridade moral para dizer não a ele. Nesse aspecto, é prisioneira dele.

Como o senhor avalia a perspectiva de condenação dos réus do mensalão?
O julgamento não vai alterar o curso da história brasileira de uma hora para a outra. Mas o que o Supremo está fazendo é muito importante. É uma coisa altamente positiva para a sociedade. Punir corruptos, pessoas que se aproveitaram de posições dentro do governo, é uma chama de esperança.


Há uma porção de intelectuais brasileiros que defendem Cuba, mas, obviamente, não querem viver lá de jeito nenhum (Foto: AFP)
"Há uma porção de intelectuais brasileiros que defendem Cuba, mas, obviamente, não querem viver lá de jeito nenhum" (Foto: AFP)

O senhor se identifica com algum partido político atual?
Eu fui do Partido Comunista, mas era moderado. Nunca defendi a luta armada. A luta armada só ajudou mesmo a justificar a ação da linha dura militar, que queria aniquilar seus oponentes. Quando fui preso, em 1968, fui classificado como prisioneiro de guerra. O argumento dos militares era, e é, irrespondível: quem pega em armas quer matar, então deve estar preparado para morrer.

O senhor condena quem pegou em armas para lutar contra o regime militar?
Quem aderiu à luta armada foram pessoas generosas, íntegras, tanto que algumas sacrificaram sua vida. Mas por um equívoco. Você tem de ter uma visão critica das coisas, não pode ficar eternamente se deixando levar por revolta, por ressentimentos. A melhor coisa para o inimigo é o outro perder a cabeça. Lutar contra quem está lúcido é mais difícil do que lutar contra um desvairado.

Como se justifica sua defesa da internação o tratamento da esquizofrenia?
As pessoas usam a palavra manicômio para desmoralizar os hospitais psiquiátricos. Internei meu filho em hospitais que têm piscina, salão de jogos, biblioteca. Mesmo os públicos não têm mais a camisa de força ou sala com grades. Tive dois filhos esquizofrênicos. Um morreu, o outro está vivo, mas não tem mais o problema no mesmo grau. Controlou com remédio, e a idade também ajuda. A esquizofrenia surge na adolescência e se junta à impetuosidade. Com o tempo, a pessoa vai amadurecendo. Doença é doença, não é a gente. Se estou gripado, a gripe não sou eu. A esquizofrenia é uma doença, mas eu não sou a esquizofrenia. Posso evoluir, me tornar uma pessoa mais madura, debaixo de toda aquela confusão. O esquizofrênico com 50 anos não é o mesmo de quando tinha 17.

Qual o pior momento na sua convivência com filhos esquizofrênicos?
Quando a pessoa entra em surto, ela pode se jogar pela janela. Meu filho, o Paulo, se jogou. Hoje ele anda mancando porque sofreu uma lesão na coluna. Ele conversava comigo, via televisão, brincava, lia meus poemas. Em surto, não tinha controle. Queria estrangular a empregada. Nessas horas, a única maneira é internar e medicar. Nesse estado, sem nenhum socorro, o esquizofrênico pode fazer qualquer coisa.

A família pobre faz o quê, se não tem mais onde internar?
Se mantiver a pessoa em casa, ela poderá tocar fogo em tudo, pegar uma faca e tentar assassinar o pai. Poderá fugir para a rua, desvairada. Essa política contra os hospitais psiquiátricos tem como resultado prático uma tragédia em que os ricos internam seus filhos em clínicas particulares e os pobres morrem na rua.
Quando ouço alguém dizer que as famílias internam os filhos porque querem se ver livres deles, só posso pensar que essa pessoa gosta dos meus filhos mais do que eu. Nunca viu meu filho, mas ama meu filho mais do que eu. Absurdo. Você não sabe o que é uma família ter um filho esquizofrênico. Além do problema do tratamento, existe o desespero de não saber o que fazer.
Os hospitais psiquiátricos continuam a existir porque os médicos sabem que não há outra saída. Não se interna um doente para que ele fique vinte anos lá dentro, mas sim três dias, três meses. Meus filhos nunca ficaram internados além do tempo necessário. Eles voltavam para casa normais. Era uma alegria. Nenhuma família quer ter seu filho preso.

Como foi a primeira vez que se defrontou com a doença?
O primeiro surto do Paulo foi no exílio, em Buenos Aires. Um dia, no apartamento, a gente estava brincando, a bola desceu pela escada, ele saiu para pegá-la e não voltou. Desci, ele tinha sumido. Em que direção eu ando? Voltei para casa e fiquei chorando, não sabia o que fazer. Paulo ficou meses sumido. Isso foi em 1974, logo que cheguei a Buenos Aires. Terminei encontrando-o preso. No desvario, ele tentou roubar um carro — não sabia nem dirigir — e foi preso. Fez greve de fome. Estava esquelético.
O policial disse que era preciso uma ordem para soltá-lo, porque era menor. Mas deixou que eu levasse meu filho, porque sabia que ele estava doente. Levei o Paulo para casa. Ele entrou e começou a arrebentar a janela. Morávamos no quinto andar. Ele foi internado. Até o dia em que, esperto como é, sumiu do hospital, para sempre. Foi encontrado em São Paulo. Saiu de Buenos Aires sem um tostão, com a roupa do corpo. Esses episódios não têm fim.

"Quando o poeta dentro de mim morrer, não escrevo mais" (Foto: Frâncio de Holanda)
"Quando o poeta dentro de mim morrer, não escrevo mais" (Foto: Frâncio de Holanda)
Como é seu método para fazer poesia?
Já fiquei doze anos sem publicar um livro. Meu último saiu há onze anos. Poesia não nasce pela vontade da gente, ela nasce do espanto, alguma coisa da vida que eu vejo e que não sabia. Só escrevo assim. Estou na praia, lembro do meu filho que morreu. Ele via aquele mar, aquela paisagem. Hoje estou vendo por ele. Aí começo um poema… Os mortos veem o mundo pelos olhos dos vivos. Não dá para escrever um poema sobre qualquer coisa.
O mundo aparentemente está explicado, mas não está. Viver em um mundo sem explicação alguma ia deixar todo mundo louco. Mas nenhuma explicação explica tudo, nem poderia. Então de vez em quando o não explicado se revela, e é isso que faz nascer a poesia. Só aquilo que não se sabe pode ser poesia.

A idade é uma aliada ou uma inimiga do poeta?
Com o avanço da idade, diminuem a vontade e a inspiração. A gente passa a se espantar menos. Tem poeta que não se espanta mais, mas insiste em continuar escrevendo, não quer se dar por vencido. Então ele começa a escrever bobagens ou coisas sem a mesma qualidade das que produzia antes. Saber fazer ele sabe, mas é só técnica, falta alguma coisa. Não se faz poesia a frio. Isso não vai acontecer comigo. Sem o espanto, eu não faço.
Escrever só para fazer de conta, não faço. Eu vou morrer. O poeta que tem dentro de mim também. Tudo acaba um dia. Quando o poeta dentro de mim morrer, não escrevo mais. Não vou forçar a barra. Isso não vai acontecer. Toda vez que publico um livro, a sensação que tenho é de que aquele é o definitivo. Escrever um poema para mim é uma grande felicidade. Se não acontecer, não aconteceu.

by veja.abril.com.br

Os cavalos da internet que relincham e dão coices


A maneira mais estúpida, autoritária e desonesta de responder a alguma crítica é tentar desqualificar quem critica, porque revela a incapacidade de rebatê-la com argumentos e fatos, ideias e inteligência.

A prática dos coices e relinchos verbais serve para esconder sentimentos de inferioridade e mascarar erros e intenções, mas é uma das mais populares e nefastas na atual discussão política no Brasil.

A outra é responder acusando o adversário de já ter feito o mesmo, ou pior, e ter ficado impune. São formas primitivas e grosseiras de expressão na luta pelo poder, nivelando pela baixaria, e vai perder tempo quem tentar impor alguma racionalidade e educação ao debate digital.

Nem nos mais passionais bate-bocas sobre futebol alguém apela para a desqualificação pessoal, por inutilidade. Ser conservador ou liberal, gay ou hetero, honesto ou ladrão, preto ou branco, petista ou tucano, não vai fazer o gol não ser em impedimento, ser ou não ser pênalti.

Numa metáfora de sabor lulístico, a política é que está virando um Fla x Flu movido pelos instintos mais primitivos.

Na semana passada, Ferreira Gullar, considerado quase unanimemente o maior poeta vivo do Brasil, publicou na “Folha de S.Paulo” uma crônica criticando o mito Lula com dureza e argumentos, mas sem ofensas nem mentiras.


Reproduzida em um “site progressista”, com o habitual patrocínio estatal, a crônica foi escoiceada pela militância digital.

Ler os cento e poucos comentários, a maioria das mesmas pessoas, escondidas sob nomes diferentes, exigiria uma máscara contra gases e adicional de insalubridade, mas uma pequena parte basta para revelar o todo.

Acusavam Gullar, ex-comunista, de ter se vendido, porque alguém só pode mudar de ideia se levar dinheiro, relinchavam sobre a sua idade, sua saúde, sua virilidade, sua aparência, sua inteligência, e até a sua poesia. E ninguém respondia a um só de seus argumentos.

Mas quem os lê? Só eles mesmos e seus companheiros de seita. E eu, em missão de pesquisa antropológica.

Coitados, esses pobres diabos vão morrer sem ter lido um só verso de Gullar, sem saber o que perderam.

by Nelson Motta 
 jornalista

O inferno há de ser tua morada eterna. Com certeza estarás muito bem acompanhado. by Deise


O filme de Lula, o filho do Mal

Filme do Lula hoje na TV Bobo por Sponholz Hoje tem filme do Lula na Rede Bobo




Como qualquer observador pode vir a concluir, Lula e o PT (encarado como uma "quadrilha organizada" pelo que resta da efetiva consciência nacional) são produtos diretos do arreglo histórico, ainda hoje prevalecente no Foro de São Paulo, entre os intelectuais comunistas da USP, religiosos apóstatas da Teologia da Libertação e esquerdistas radicais envolvidos com o terror rural e urbano.

"O cinema está no ramo da prostituição".
Ingmar Bergman

Numa noite de junho de 2005, Zé Dirceu, então chefe da Casa Civil do governo petista, considerado pelo procurador-geral da República como o chefe da "Quadrilha Organizada" operante no Planalto, reuniu-se em ambiente domiciliar, no Rio de Janeiro, com representantes da "classe artística", entre eles o lobista Luiz Carlos Barreto, o aríete-mor do cinema caboclo.

A tropa de choque do cinema, como sempre à cata de privilégios e regulamentações coercitivas, queria, com urgência, maior volume de verbas públicas para tocar a cornucópia da fortuna. O clima era de tensa expectativa. Depois da choradeira de praxe, o chefe da Casa Civil - logo depois varrido do cargo por força das denúncias do deputado Roberto Jefferson - arregaçou as mangas e encarou friamente a platéia ansiosa. Só então, dedo em riste, foi incisivo na sua convocação para fazer do cinema um ativo instrumento da propaganda oficial. Disse ele:

- "Organizem-se e cheguem a nós".

O ex-guerrilheiro (sem guerrilha) não precisava chegar a tanto, afinal todos ali presentes não tinham outra intenção senão servir ao governo Lula, mas LC Barreto, cobra criada nos pântanos pouco ortodoxos de "O Cruzeiro" do "Dr. Assis", captou a mensagem. E logo após o interregno de alguns filmes sem o menor apelo, "matou no peito" a produção cinematográfica que ele, rápido no gatilho, transformou num "negócio de ouro": "Lula - o filho do Brasil", melodrama adaptado da "biografia autorizada" de Denise Paraná (assessora política de Lula na campanha contra Collor, em 1989), publicada pela Fundação Perseu Abramo, organismo criado pelo PT para dar suporte ideológico (marxista) aos "companheiros de luta" e lavar a cabeça dos "inocentes úteis" em âmbito universitário - está implícito, também com apoio das generosas verbas públicas.

Como por milagre, aos 80 anos, o lobista Barreto tinha em mãos, para abrir os cofres bilionários da Ambev, Odebrechet, Embraer e das grandes empresas nacionais, todas dependentes da boa e má vontade de Lula, a chave-mágica da "comovente história de um menino miserável do Nordeste que chegou à presidência da República" (depois de passar, já se vê, pela escola matreira do sindicalismo vermelho).

A primeira tarefa de LC Barreto ao levantar o esquema foi anunciar o orçamento daquele que se diz ser o "mais caro filme brasileiro de todos os tempos". Numa conta de chegar sempre elástica - sobretudo quando se trata de levar à tela a vida de presidente de um "Estado forte", em pleno gozo das funções -, de início a produção de Barreto foi orçada em R$ 12 milhões, em seguida revista para R$ 16 milhões, e logo depois elevada para R$ 17 milhões e R$ 18 milhões - sendo muito provável que "Lula, o filho do Brasil", quando do seu lançamento no ano eleitoral de 2010, ultrapasse a casa dos 30 milhões de reais, pois, como o lobista gosta de afirmar, é um "sujeito que pensa grande". (De fato, com o dinheiro que já arrastou dos cofres públicos para fazer cinema, desde os tempos da Embrafilme dos militares, desconfio que o lobista, se quisesse, poderia construir não sei quantos palácios da Alvorada, embora tenha "pipocado" na hora de comprar o espólio da estatal do cinema).

Um articulista de "O Globo", Zuenir Ventura, comunista light sempre a serviço da patotagem cinemanovista, escreveu que o melodrama de Barreto, em fase de acabamento, "mexe com a emoção e vai encharcar o cinema de lágrimas". Sobre isto, tenho poucas dúvidas: o apelo emocional do relato de mãe e filhos menores sobrevivendo em meio à miséria, se tratado com o mínimo de talento, sempre rende um bom caldo. (Sem esquecer que o infatigável Barreto, se quiser, ainda pode avançar com apetite de hiena em cima do "tíquete cultural" recentemente anunciado pelo Minc, outra prodigalidade fiscal criada pelo governo, capaz de atrair para o seu "negócio de ouro" filas de milhões de lacrimejantes).

No entanto, devo ponderar ao leitor que, por si só, o fato de Lula ter sido retirante não explica sua ascensão política: uma coisa é o Luiz Inácio criança sacolejando num pau-de-arara ou comendo o pão que o diabo amassou como engraxate nas ruas de Santos, e outra, bem outra, é o Lula sindicalista, figura disponível enfronhada até os ossos na catequese comunista das "eclesiais de base" do Frei Betto, Casaldáliga e D. Cláudio Hummes, ou o Lula ventríloquo emprenhado pela gororoba da pseudociência dos bem-remunerados marxistas da USP - uma gente na sua totalidade fanatizada pelo materialismo dialético, todos eles egressos de movimentos comunistas derrotados durante décadas pela vontade do povo brasileiro e dos milicos.




Sim, há um aspecto fundamental neste caldo biográfico que o "negócio de ouro" de Barreto na certa não irá distinguir, isto é: que o filho de Dona Lindu, o rapazote angustiado pela fome e pela incompreensão do mundo, nada tem nada a ver com o pivete que tomou o dinheiro do patrão para fazer hora extra e depois, sem trabalhar, mandou o patrão "tomar no cu"; ou com o operário ignorante, mas maleável que, conduzido por mãos comunistas, freqüentou cursilhos (na Alemanha Oriental, entre outras plagas) especializados no fomento ao ódio de classe; nem muito menos com o companheiro escolado, feito líder sindical com o apoio maquiavélico do General Golbery (mentor do contragolpe de 1964), a encher a cara de cachaça e tomar a grana de Murilo Macedo, o ministro do Trabalho da ditadura militar.

No prefácio do livro de Denise Paraná, o uspiano "utópico" Antonio Cândido (no parecer preciso de Oswald de Andrade, um "chato-boy"), citando outro comunista, o antropólogo Oscar Lewis, tenta explicar a existência de Lula-filho-de-D. Lindu e do Lula-agente-do-PT como uma transição natural da "cultura da pobreza" para a "cultura da transformação", cuja síntese histórica será o advento do comunismo ("a sociedade na qual a distribuição dos bens seja pelo menos tão importante quanto a sua produção", diz ele).

Conversa mole, trololó de acadêmico (fanático) para inocular o virus revolucionário na cabeça dos trouxas! Como qualquer observador pode vir a concluir, Lula e o PT (encarado como uma "quadrilha organizada" pelo que resta da efetiva consciência nacional) são produtos diretos do arreglo histórico, ainda hoje prevalecente no Foro de São Paulo, entre os intelectuais comunistas da USP, religiosos apóstatas da Teologia da Libertação e esquerdistas radicais envolvidos com o terror rural e urbano.

(Se o leitor quer detalhes, foi justamente um desses integrantes da elite intelectual comunista, remanescente da antiga "Esquerda Democrática" (PSB), o abastado Mário Pedrosa (trotskista histórico), que, interpretando a vontade dos pares, escreveu em 1978 a negligenciada "Carta a um operário", convocando o sindicalista do ABC a urgir forças para fundar o Partido dos Trabalhadores, necessário, segundo ele, à materialização do "socialismo democrático". Na verdade, não poderia ser de outro modo: esfacelada nos distintos campos de batalha, inclusive no da luta armada, restava à "inteligentsia" cabocla criar um preposto convincente para chegar ao poder e socializar o País).

Bem, em parte graças à permissiva "teoria da descompressão" de Golbery, quase trinta anos são passados desde a fundação do PT, e aqui estamos todos na ante-sala (melhor seria dizer, saloon) do reino fantasiado por Marx, Lênin, Gramsci, Mao e Fidel Castro. Nele, Lula, o filho "espiritual" de Betto, Candido, Pedrosa, Buarque e Carvalho (entre outros) labora, sem medir recursos, para destruir por dentro a "democracia burguesa".

Neste período, o filho acalentado dos quatro Cavaleiros do Apocalipse (os componentes do arreglo acima enumerados e mais o poderoso exército da mídia comprometida com o feitiço revolucionário), feito presidente, tornou-se um animal político da mais baixa categoria, capaz de tudo e mais alguma coisa no propósito de criar "um outro mundo possível".

Basta conferir: com Lula no poder o Brasil tornou-se, de forma premeditada, um dos países mais corruptos do mundo, onde a população se deixa escravizar seis meses ao ano para, entre outras mazelas, financiar o incontrolável aparelhamento da máquina pública, a bilionária propaganda enganosa, os "movimentos sociais" criminosos, as incontáveis Ongs parasitárias, o fausto palaciano, os partidos políticos de aluguel, programas sociais fraudulentos, etc., para não falar no enriquecimento súbito e milionário de amigos e familiares - tudo a funcionar com a precisão de um cronômetro suíço, como de resto recomenda a boa prática do "socialismo democrático".

Como conseqüência desta escalada para "a construção de uma sociedade mais justa e solidária", que se esmera no cultivo da moral revolucionária, cujo objetivo é solapar os alicerces da cultura ocidental e da ética cristã (não matar, não mentir, não roubar...), a nação se agiganta num convívio de irmão siamês com o narcotráfico, o tráfico de armas, os escândalos diários e os incessantes assaltos aos cofres públicos - tudo no reboque de um judiciário politizado e de um aparato policial, salvo hiato, contaminado pela moralidade criminosa dos Donos do Poder.

Pois bem: é neste clima de diluição moral e de completa mistificação ideológica, no qual o cidadão indefeso precisa ser logrado a todo custo, que vai ser lançado em 2010, ano das eleições presidenciais, "Lula - o filho do Brasil", o "negócio de ouro" de Barreto, uma indisfarçável peça de propaganda a serviço do culto à personalidade.

Quem duvida?

ESCRITO POR IPOJUCA PONTES | 20 SETEMBRO 2009 
ARTIGOS - CULTURA

Eficácia de filtros solares do país


Produtos foram submetidos a uma análise in vitro para checar o fator de proteção
Débora Mismetti – Editora Assistente de Ciência + Saúde da Folha de S. Paulo
Portal Top Vitrine

Leticia Moreira/Folhapress
Os raios UVB causam queimaduras e câncer de pele
Entre dez marcas de filtros solares de uso adulto à venda no país, duas têm menos da metade do FPS (Fator de Proteção Solar) declarado no rótulo, segundo teste laboratorial encomendado pela Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor).

A avaliação incluiu produtos das marcas L'Oreal, La Roche-Posay, O Boticário, Coppertone, Cenoura&Bronze, Sundown, Avon, Nivea, Banana Boat e Red Apple, todos com FPS 30.

As fabricantes contestam o resultado e questionam a metodologia empregada.

Os produtos foram submetidos a uma análise in vitro para checar o fator de proteção, além de passarem por testes de irritabilidade da pele, fotoestabilidade, hidratação, rotulagem e desperdício causado pela embalagem.

De acordo com os resultados obtidos pela Proteste, os produtos Nivea Sun e Banana Boat foram os piores no quesito FPS. Os produtos têm fator de proteção 13 e dez, respectivamente, em vez de 30, de acordo com a análise.

Métodos

O ensaio é feito em placas (cuja rugosidade simula à da pele humana), submetidas à radiação ultravioleta, de acordo com a Proteste.

Segundo o médico Sérgio Schalka, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e especialista em fotoproteção, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) exige testes feitos in vivo, em pessoas, para determinar o FPS.

O coordenador técnico da Proteste, Dino Lameira, afirma que o método in vitro foi o escolhido porque o objetivo do teste era comparar os produtos entre si, e esse tipo de avaliação é melhor do que o ensaio in vivo para isso. "O método é reconhecido, apesar de não ser o oficial."

Ana Palieraqui, pesquisadora médica da entidade, afirma que o método in vitro foi preferido justamente por não usar voluntários humanos. "A Comissão Europeia recomenda desde 2006 que sejam feitos testes in vitro, para não expor pessoas à radiação ultravioleta. Os resultados dos dois tipos de teste são equivalentes."

No entanto, diz Schalka, o teste que não usa voluntários é mais sensível aos produtos que têm barreiras físicas contra o sol, ou seja, que refletem mais a luz. Os que têm barreiras químicas ficam prejudicados por esse tipo de avaliação, segundo ele.

O médico lembra que, se a pessoa usar o produto em pouca quantidade, a proteção contra a radiação cai muito. "Uma dica fácil é aplicar meia colher de chá do filtro no rosto e meia em cada braço, uma colher de chá em cada perna, uma no peito e barria e uma nas costas. Para uma criança de seis anos, metade disso é suficiente."

Radiação

A proteção contra raios UVA também foi medida. A partir de 2014, os filtros solares à venda no país deverão ter proteção UVA no valor de um terço da do UVB. Assim, um filtro 30 terá de apresentar uma proteção UVA de 10.

Os raios UVB causam queimaduras solares, câncer de pele e são mais fortes no verão. Já os UVA são constantes durante o ano e levam ao envelhecimento da pele e ao bronzeamento.

Cenoura&Bronze e Red Apple tiveram os piores resultados em proteção UVA.

A situação entre os produtos voltados ao público infantil é melhor, segundo o teste. Os cinco analisados tiveram boa avaliação na proteção UVB e dois foram reprovados quanto ao UVA.

 
Outro lado

A Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) afirmou, em nota, que "refuta mais uma vez os dados sensacionalistas divulgados pela Proteste". Em 2009, a entidade havia publicado um teste semelhante.

Ainda segundo a nota, a avaliação é "pífia" e usa métodos não reconhecidos. Segundo a associação, a publicação é um ataque ao setor de cosméticos do Brasil.

A Nivea afirma que seus produtos são testados na Alemanha seguindo protocolos internacionais de qualidade e que discorda dos resultados da Proteste. Em nota, a empresa informa que não teve acesso ao estudo na íntegra e por isso não pôde avaliar os métodos usados.

A Energizer, que produz o Banana Boat, afirma que ainda vai revisar os dados enviados pela reportagem. "A empresa cumpre as normas de certificação da Anvisa."

A La Roche-Posay diz que todos os dados contidos no rótulo de seu filtro solar foram comprovados em testes feitos com metodologias aprovadas pela Anvisa e que desconhece os métodos usados pela Proteste.

Segundo a empresa, o filtro Anthelios Hélioblock já apresenta uma relação entre proteção UVA e UVB maior do que a exigida pelos padrões europeus, "embora essa recomendação entre em vigor no Brasil só a partir de 2014".

O Boticário declarou cumprir todos os requisitos da legislação vigente.

A Avon afirma que garante a segurança e a eficácia de todos os seus produtos, realizando os testes aprovados pelas entidades reguladoras.

O laboratório Schering Plough, detentor da marca Coppertone no Brasil, declarou que todos os produtos são aprovados com rigor científico e obedecem a padrões nacionais e internacionais.

Em nota, a Cenoura&Bronze afirma seguir os padrões exigidos pela Anvisa e que sua linha com FPS 30 foi submetida recentemente a testes que comprovaram a eficácia do produto.

A Kimberly-Clark Brasil, que detém a marca Huggies Turma da Mônica, afirma que avalia seus produtos periodicamente, para manter seus padrões de qualidade e atender aos requisitos da Anvisa.

A Sundown, da Johnson &Johnson, declarou que seus produtos passam por testes em instituições idôneas.

A Red Apple e a L'Oreal foram procuradas, mas não se pronunciaram.

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