domingo, 16 de setembro de 2012

Movimentos sociais e partidos políticos realizam ato-festa em apoio a Chávez em SP


Evento político-cultural da “Campanha Brasil está com Chávez” reúne personalidades e apoiadores como MST, PT, PCdoB, CUT, UNE, PSOL, PSB, Levante Popular da Juventude e CTB

O evento ocorreu no último dia 05, a “Campanha Brasil está com Chávez” promove um ato-festa em solidariedade ao povo venezuelano e em apoio à eleição de Hugo Chávez, atual presidente da Venezuela. A atividade será realizada às 19h, na Casa de Portugal (Av. Liberdade, 602), em São Paulo (SP), e é aberta ao público.

O evento contou com um ato político com os dirigentes dos movimentos/partidos/organizações da Campanha, além de apresentações musicais do Brasil e da Venezuela. Já estão confirmadas as presenças de João Pedro Stédile, da Direção Nacional do MST; Fernando Morais, jornalista e escritor; Renato Rabelo, presidente do PCdoB; Valter Pomar, da Direção Nacional do PT; Nalu Farias, da Marcha Mundial de Mulheres; Dora Martins, juíza e integrante da Associação de Juízes para a Democracia; Ricardo Gebrim, da Coordenação Nacional da Consulta Popular; Socorro Gomes, presidenta do Cebrapaz.

A atração musical venezuelana do ato foi o grupo Tambores Bombayá (ouça uma música deles: http://bit.ly/NEssPe ), que apresentará o ritmo da percussão afro-venezuelana e da militância bolivariana para o Brasil. Já a atração brasileira será o Thobias, daVai-Vai, e a apresentação do cantor e compositor Pedro Munhoz, que compôs o jingle (ouça aqui: http://bit.ly/PSEJSj ) da Campanha brasileira em apoio a Chávez.

No ato também foi apresentado um vídeo com o depoimento de personalidades brasileiras que apóiam Chávez, como o ex-presidente Lula, o jornalista e escritor Eric Nepomuceno, e o jornalista e professor Denis de Morais.

A Campanha

Em 7 de outubro, acontecem eleições presidenciais na Venezuela. Para a campanha, o Brasil tem um papel político importante nessa disputa, uma vez que a direita venezuelana e brasileira buscam impedir a continuidade e aprofundamento da chamada Revolução Bolivariana. “O que está em jogo nas eleições da Venezuela é uma disputa de modelos para os povos latinoamericanos. A vitória de Chávez extrapola os marcos venezuelanos e se reveste de um caráter continental. A vitória de Chávez é a vitória da América Latina”, afirma João Pedro Stédile.

É por isso que partidos políticos, organizações sindicais, movimentos sociais e entidades estudantis brasileiras criaram a “Campanha Brasil está com Chávez” (http://brasilcomchavez.wordpress.com), que conta com o apoio do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Partido Socialista Brasileiro (PSB), União Nacional dos Estudantes (UNE), Levante Popular da Juventude, Via Campesina, União da Juventude Socialista (UJS), Cebrapaz, Foro de São Paulo, Consulta Popular, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (Feab).

CTB - Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em sua mensagem de solidariedade ao povo e ao presidente da Venezuela




O movimento sindical brasileiro está consternado com os acontecimentos verificados no dia 25 de agosto na refinaria Amauy, que resultou em dezenas de mortos e feridos, e também indignado com a exploração política oportunista e inescrupulosa que a direita venezuelana, em aliança com os EUA, faz da tragédia, com o indisfarçável propósito de desmoralizar o governo de Hugo Chávez e reverter a tendência das eleições presidenciais de outubro, que indica inequívoco favoritismo do comandante da revolução bolivariana.

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) manifesta total solidariedade àsfamílias das vítimas do acidente, bem como aos trabalhadores da PDVSA, ao conjunto do povo e ao governo venezuelano neste momento de luto, tristeza e dificuldades. 

Rechaçamos a campanha caluniosa da direita neoliberal, com amplo respaldo midiático em todo o mundo, que atribui à revolução bolivariana e ao Estado a culpa pela tragédia. Conclamamos os representantes da classe trabalhadora no Brasil e na América Latina a somar forças em defesa da reeleição de Hugo Chávez em 7 de outubro.

Nossa América vive, hoje, um novo cenário geopolítico, cujo marco foi a primeira vitória 
eleitoral de Hugo Chávez na Venezuela, em 1998. As mudanças ocorridas desde então são notáveis, cabendo destacar a rejeição da Alca, a criação da Unasul, Alba e Celac, o fortalecimento do Mercosul com o ingresso da Venezuela no bloco, a rejeição do neoliberalismo, nacionalizações estratégicas em alguns países e execução de programas governamentais focados no combate às desigualdades sociais, com maior protagonismo dos movimentos sociais. 

Todavia, as forças conservadoras, aliadas ao imperialismo estadunidense, não sofreram uma derrota definitiva e continuam lutando por todos os meios para recuperar o terreno perdido. Exemplos disto são os golpes em Honduras e no Paraguai, as iniciativas golpistas na Venezuela, Bolívia e Equador, as artimanhas midiáticas para desmoralizar os governos progressistas e criminalizar as lutas sociais, a atual campanha contra Hugo Chávez.

É imperioso que as forças democráticas e progressistas, e em especial os representantes da classe trabalhadora, permaneçam em estado de alerta, mobilizados para a luta contra o retrocesso neoliberal e pelo aprofundamento das mudanças.
¡Viva a revolução bolivariana e seu líder Hugo Chávez! ¡Pela unidade da classe trabalhadora em 
Nossa América!

São Paulo, 28 de agosto de 2012
Wagner Gomes, presidente da CTB - Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil

Análise: Sem a 'grande reforma', Ficha Limpa ajuda a depurar classe política


A Lei da Ficha Limpa é mais uma etapa do processo de aperfeiçoamento do sistema político que vem ocorrendo nos últimos anos. A ela se somam a Lei de Combate à Compra de Votos, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a adoção da urna eletrônica e a recente legislação referente ao acesso à informação pública, entre outras medidas.

Não virá a "grande reforma", como pedem muitos, mas o país tem realizado modificações relevantes e positivas em suas instituições.

Justiça barra 317 candidatos a prefeito que têm ficha suja

É importante colocar a questão da Ficha Limpa nesse cenário maior. Isso porque suas origens se devem a dois fatores conjugados.

De um lado, a atuação de atores sociais que têm conseguido, continuamente, pressionar o sistema político para criar novas legislações.

De outro, há o reconhecimento do limite de conquistas anteriores --a Lei de Combate à Compra de Votos não evitava as candidaturas de pessoas inidôneas.

A depuração dos candidatos ajudará a reduzir a corrupção. Muitos políticos corruptos começaram sua história de malfeitos antes de assumir um cargo público.

Ademais, vários que têm o nome manchado na Justiça fazem parte, de alguma forma, de grupos organizados para o crime. Eles concorrem às eleições já pensando em cooptar o poder público para atividades criminosas.

A consolidação da Lei da Ficha Limpa obrigará os partidos a selecionar melhor os candidatos. Daí que a próxima agenda reformista pode ser atuar para melhorar a vida interna das legendas, tornando-as mais transparentes.

A introdução de mecanismos mais constantes de participação e a criação de eleições primárias para escolha dos concorrentes a postos executivos são temas que, com a reforma do processo de preenchimento dos cargos em comissão, devem ser os próximos na contínua luta para o aperfeiçoamento do sistema político brasileiro.

FERNANDO LUIZ ABRUCIO é doutor em ciência política pela USP e coordenador do curso de graduação em administração pública da Fundação Getulio Vargas (SP).

by - Folha

Justiça barra 317 candidatos a prefeito que têm ficha suja


Os TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) barraram até agora a candidatura a prefeito de 317 políticos com base na Lei da Ficha Limpa, mostra levantamento da Folha nos 26 Estados do país.

O número deve aumentar, já que em 16 tribunais ainda há casos a serem julgados.

Análise: Sem a 'grande reforma', Ficha Limpa ajuda a depurar classe política

Entre esses fichas-sujas, 53 estão no Estado de SP.

Na divisão por partido, o PSDB é o que possui a maior "bancada" de barrados, com 56 candidatos --o equivalente a 3,5% dos tucanos que disputam uma prefeitura. O PMDB vem logo atrás (49). O PT aparece na oitava posição, com 18 --1% do total de seus postulantes a prefeito.

Todos os candidatos barrados pelos tribunais regionais podem recorrer ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A presidente do tribunal, Cármen Lúcia, já disse que não será possível julgar todos os casos antes das eleições, mas sim até o final do ano, antes da diplomação dos eleitos.

Os nomes barrados pelos TREs irão aparecer nas urnas eletrônicas, mas todos os seus votos serão considerados sub judice até uma eventual decisão no TSE.

Exemplo: se o ficha-suja tiver mais votos, mas seu recurso for rejeitado, assume o segundo colocado na eleição.

Entre os barrados, destacam-se o ex-presidente da Câmara dos Deputados Severino Cavalcanti (PP-PE) e a ex-governadora Rosinha Garotinho (PR-RJ).

Severino tenta se reeleger prefeito de João Alfredo (PE) e foi enquadrado na lei por ter renunciado ao mandato de deputado federal, em 2005, sob a acusação de ter recebido propina de um concessionário da Câmara.

Já Rosinha Garotinho, atual prefeita de Campos (RJ), teve o registro negado sob a acusação de abuso de poder econômico e uso indevido de meios de comunicação durante as eleições de 2008.

A maioria dos barrados foi enquadrada no item da Lei da Ficha Limpa que torna inelegível aqueles que tiveram contas públicas rejeitadas por tribunais de contas.

De iniciativa popular, a lei foi sancionada em 2010, mas só passa a valer na eleição deste ano. A lei ampliou o número de casos em que um candidato fica inelegível --cassados, condenados criminalmente por colegiado ou que renunciaram ao cargo para evitar a cassação.

"A lei anterior era permissiva demais", disse Márlon Reis, juiz eleitoral e um dos autores da minuta da Ficha Limpa. Para André de Carvalho Ramos, procurador regional eleitoral de São Paulo, os próprios partidos vão evitar lançar fichas-sujas.

by - Folha

Sérgio Buarque de Holanda – Raízes do Brasil


"Não se deve confundir 'cordialidade' com 'boas maneiras'. (...) O 'homem cordial' 

não pressupõe bondade, mas somente o predomínio dos comportamentos de 
aparência afetiva, inclusive suas manifestações externas, não 
necessariamente sinceras nem profundas, que se opõem aos ritualismos da polidez."
São Paulo, 11 de julho de 1902 — São Paulo, 24 de abril de 1982.

Jornalista, sociólogo e historiador nascido em São Paulo, um dos maiores intelectuais brasileiros do século XX, que tentou interpretar o Brasil, sua estrutura social e política, a partir das raízes históricas nacionais. Antes de se tornar historiador e escrever, foi jornalista e tornou-se amigo dos principais representantes do Modernismo, como Mário de Andrade e Oswald de Andrade, e passou a escrever em revistas ligadas ao movimento. Além disso, trabalhou em agências de notícias internacionais e diversos órgãos da imprensa brasileira, como o “Jornal do Brasil” e a “Folha de S. Paulo”, durante muitos anos da sua vida. Mudou-se com a família para o Rio de Janeiro (1921) e participou ativamente do Movimento Modernista (1922). Formou-se em Direito (1925), pela extinta Universidade do Brasil, mas continuou exercendo o jornalismo e chegou a ser correspondente internacional dos Diários Associados, na Europa. Entrou em contato com o movimento modernista europeu, conheceu a obra do sociólogo alemão Max Weber e presenciou a ascensão do nazismo na Alemanha. De volta ao Brasil (1936), passou a ensinar História Moderna e Contemporânea na então Universidade do Distrito Federal e publicou o seu clássico Raízes do Brasil(1936). Distraído, emotivo e irônico, Sérgio Buarque lia em seis línguas, cantava tango em alemão e samba em latim. Em suas conversas nunca se sabia onde ia parar: Roma, Estados Unidos, Idade Média ou Brasil Colônia. Foi diretor do Museu Paulista, professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, das Universidades de Roma, Harvard, Columbia, Yale e outras.

Prestigiado internacionalmente, foi para a Itália (1952) e fez parte da cadeira de Estudos Brasileiros na Universidade de Roma, durante dois anos. Tornou-se catedrático de História da Civilização Brasileira, USP (1958), onde permaneceu até requerer sua aposentaria como professor (1969), em solidariedade aos colegas afastados pela ditadura. Foi casado com Maria Amélia Alvim Buarque de Holanda, a Memélia, com quem teve sete filhos: Heloísa Maria (Miucha), Sérgio Filho (Sergito), Álvaro Augusto, Francisco (Chico), Maria do Carmo, Ana Maria e Maria Cristina, e faleceu na cidade de São Paulo. Dentre as suas obras merecem ainda destaque Cobra de Vidro (1934), Monções (1945) e Visão do Paraíso (1958).

Sérgio Buarque de Holanda acompanhado de seus filhos: Álvaro, Francisco, Sérgio Filho, Maria do Carmo, Heloísa Maria, sua esposa Maria Amélia, sua neta Isabel Oliveira Gilberto (Bebel) no colo de Maria Cristina, Ana Maria e sua irmã Cecília, em sua residência à Rua Buri, por ocasião das comemorações de seu Aniversário.São Paulo, 11/07/1974. (foto Acervo SBH/UNICAMP) 

HOLANDA, SÉRGIO BUARQUE DE (1902 - 1982)
Comentário crítico*

Embora mais conhecido como historiador, Sérgio Buarque é também importante crítico literário, tendo atuado em revistas modernistas e militado em vários suplementos e rodapés literários. Certamente essas duas facetas da produção intelectual de Sérgio Buarque não aparecem de modo tão radicalmente separadas e, volta e meia, pode-se reconhecer na produção ensaística do historiador a presença do estudioso da literatura e vice-versa. Basta lembrar sua tese de cátedra, Visão do Paraíso, as associações imaginárias e projeções do Novo Mundo com o encontro do paraíso terreal.

Como nota Walnice Nogueira Galvão, nesse "livro, embora ninguém possa negar que se trata de um marco na historiografia, a contribuição dos estudos literários é enorme [...]". É sabido também que suas concepções sobre o Brasil expostas em sua obra mais conhecida, Raízes do Brasil, vêm a encontrar repercussão em contribuições decisivas da crítica literária brasileira para a cultura, como um clássico estudo de Antonio Candido (1918) sobre Manuel Antonio de Almeida (1831-1861) (Dialética da Malandragem) e os de Roberto Schwarz (1938) sobre Machado de Assis (1839 - 1908).


A atuação de Sérgio Buarque como crítico literário antecede o modernismo , com a publicação de artigos e crônicas nos anos de 1920 a 1922, nas páginas do jornal Correio Paulistano e das revistas A Cigarra e Fon-Fon, nos quais já se opõe ao repertório da velha crítica, externando convicções antipassadistas, que seriam abraçadas pelo futuro movimento. Sergio Buarque abre, assim, o caminho dos novos e estabelece uma primeira medida crítica que funciona como referência estética aos propósitos de ruptura modernista. No primeiro informe sobre o grupo paulistano, alerta para o embate que se anuncia entre os que, na ocasião, chama de beletristas e seus adversários futuristas.

Com a repercussão da Semana de 22, Sérgio vai fortalecer suas convicções antipassadistas e dar provas de sua cumplicidade na avaliação do ideário estético modernista, divulgando as manifestações dos integrantes da Semana, em notas e comentários publicados no periódico Mundo Literário e colaborando para as revistas modernistas como Klaxon e Terra Roxa. De acordo com Antonio Arnoni Prado, "não foi pequena a contribuição intelectual de Sérgio Buarque de Holanda nessa etapa da trajetória de 22. O diálogo iniciado com Blaise Cendrars (1887 - 1961), a criação da revista Estética, com Prudente de Moraes Neto (1895 -1 961), a revelação das fontes poéticas de Manuel Bandeira (1886 - 1968), a valorização precoce da estrutura sem unidade do João Miramar de Oswald de Andrade (1890 - 1954), o reconhecimento de um complexo arte-crítica-pesquisa em expansão na obra de Mário de Andrade (1893 - 1945)" são alguns dos exemplos a serem citados.
Toda sua produção crítica, incluindo os ensaios juvenis, é recolhida postumamente em dois volumes organizados por Arnoni Prado, sob o título de O Espírito e a Letra: Estudos de Crítica Literária (1948-1959). Mas, ainda em vida, Sérgio Buarque publica parte desses estudos em dois livros: Cobra de Vidro e Tentativas de Mitologia. Surpreendem nesses estudos a erudição e a abrangência temática, incluindo notícias de lançamentos, como é próprio dos rodapés literários. Tais estudos vão desde as análises detidas de poemas (nos seus aspectos temáticos e formais) até a consideração de questões mais amplas, como o romantismo ou o americanismo. A gama variada de autores e obras abordadas inclui nomes nacionais e estrangeiros, como Franz Kafka (1883-1924), Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987), Ezra Pound (1885-1972), Lima Barreto (1881 - 1922), Gilberto Freyre (1900 - 1987), André Gide (1869-1951), João Cabral de Melo Neto (1920 - 1999) e Thomas Hardy (1840-1928), entre muitos outros, sem falar no insistente diálogo com os modernistas.

Arnoni Prado considera como contribuições definitivas desse conjunto impressionante de artigos e ensaios a discussão inovadora de método e funções, com bibliografia atualizadíssima; a concepção da literatura como forma privilegiada de conhecimento; e a fidelidade aos deveres do crítico, ao acompanhar e questionar tudo o que cada geração vai sucessivamente realizando em literatura. No diagnóstico das principais tendências poéticas e críticas do período, surpreende o debate em torno dos ideais dos new critics e da recepção dessa corrente crítica norte-americana no Brasil. Como nota, mais uma vez, Arnoni Prado, a "discussão da teoria literária de língua inglesa" promovida por Sérgio Buarque, "como um contraponto da influência francesa que nos subjugava", resulta em "uma das mais fecundas avaliações do new criticism jamais feitas no Brasil".
Ao longo dos anos 1940 e 1950, Sérgio Buarque produz também vários capítulos para uma projetada obra sobre o barroco e o arcadismo que deixa inacabada e também só é publicada postumamente, com o título de Capítulos de Literatura Colonial. A pedido da viúva de Sérgio Buarque, Maria Amélia Buarque de Holanda, esse volume póstumo é organizado por Antonio Candido, que esclarece no prefácio a procedência do material aí reunido. Salvo um escrito panorâmico sobre a literatura colonial, feito talvez para palestra ou curso e recolhido em apêndice, as partes elaboradas ou rascunhadas destinam-se com certeza ao volume Literatura Colonial, que seria o 7º volume da História da Literatura Brasileira planejada no início dos anos 1940 por Álvaro Lins (1912-1970) para a Livraria Editora José Olympio, com a colaboração de importantes nomes como Roberto Alvim Correia, Astrojildo Pereira (1890-1965), Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989), Alceu Amoroso Lima (1893-1983) e Otávio Tarquínio de Souza (1889-1959). Do planejado, entretanto, só são publicados dois volumes: o de Lúcia Miguel-Pereira (1901-1959), sobre a prosa de ficção, e o de Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), sobre a literatura oral.

Sérgio Buarque continua a escrever e reelaborar os capítulos e chega a anunciar, em edições de outros de seus livros, uma obra em preparo com título de A Era do Barroco no Brasil (Cultura e Vida Espiritual nos Séculos XVII e XVIII) em três volumes, que deveriam incluir tais capítulos, mas não chegam a ser concluídos e lançados em vida. Na publicação póstuma, esses capítulos compreendem estudos sobre a poesia épica do período colonial (tratando do ideal heróico, das epopéias sacras, do mito americano e da Arcádia heróica), sobre o ideal arcádico e sobre Cláudio Manuel da Costa (1729-1789). Em apêndice, Candido inclui, além do Panorama sobre a Literatura Colonial, um estudo inacabado sobre Pe. Antonio Vieira (1608-1697).

Na apreciação de conjunto desses capítulos, o organizador chama a atenção para a maneira independente de conceber o período na sua relação com as literaturas matrizes e o relevo dado a certas obras e autores. Em termos metodológicos, Sérgio Buarque obedece a um sentido de continuidade vertical dos estilos de época, sem se amarrar ao corte horizontal das divisões de período (barroco, arcadismo...). Segundo Antonio Candido, "Sérgio acha que o Arcadismo e seu humanismo inovador foi um fato isolado, que nem repercutiu imediatamente, nem cortou o florescimento das tendências ligadas ao Barroco tardio". As análises inovam, também, ao demonstrar, na produção literária do período colonial, a profunda influência do poeta italiano Giambattista Marino (1569-1625), sobretudo, de sua obra La Strage degli Innocenti.

A parte mais extensa do livro póstumo é um capítulo de mais de 250 páginas sobre Cláudio Manuel da Costa, considerado o mais profundo e original da crítica brasileira pelo organizador, que define o método empregado como "pesquisa da constituição do texto". E explica: "Não se trata da análise típica, voltada para dentro [...], mas de uma análise que parte do texto e se expande para fora dele, procurando vincular as suas expressões, os seus temas, a sua visão do mundo a fontes e análogos, de maneira a situá-lo num vasto tecido de cultura que mostra, ao mesmo tempo a sua singularidade e a sua integração em contextos gerais.

Para Candido, Sérgio demonstra que a literatura brasileira da Colônia é parte, ou seja, se integra à perspectiva mais ampla das literaturas do ocidente da Europa, apesar de apresentar alguns traços distintivos que lhe são peculiares. Esse olhar, por sua vez, se opõe e desconstrói um "nacionalismo estratégico" adotado pela crítica literária como forma de afirmação da identidade brasileira pós-independência.

No mesmo período em que se encontra envolvido com os estudos sobre a literatura colonial, Sérgio Buarque elabora uma conhecida antologia da produção poética do período (Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Colonial), que é parte do projeto realizado pelo Ministério da Educação, ao qual pertencem também as duas organizadas por Manuel Bandeira (sobre a poesia do romantismo e a do parnasianismo) e uma por Andrade Muricy (1895-1984) (sobre o simbolismo).

Sobre a qualidade estilística da prosa ensaística (historiográfica ou crítico-literária) de Sérgio Buarque de Holanda, nota Walnice Galvão: "Característica que perpassa a obra de ponta a ponta é a perícia estilística: estamos diante de um verdadeiro escritor, sem prejuízo dos méritos científicos daquilo que escreve. Em suma, um mestre da prosa, com certo pendor castiço e até clássico, ou classicizante, como que absorvendo a atmosfera linguística das fontes primárias que tanto prezava".





"iluminar o presente com o passado, ou vice-versa"

CRONOLOGIA

1902 - Nasce Sérgio Buarque de Holanda, em 11 de julho, em São Paulo, filho de Christovam Buarque de Holanda, professor de botânica, e Heloisa Gonçalves Buarque de Holanda.

1902/1920 - A infância é vivida em diversos endereços tradicionais da cidade, com constantes mudanças. A primeira escola na qual ingressa é o Colégio Progresso Brasileiro. Em seguida, estuda no Caetano de Campos. A maior parte do ginásio é cursada no Colégio de São Bento, onde um de seus amigos é Alcântara Machado (1901 - 1934). Tem a dança entre os seus principais divertimentos, e frequenta os clubes Paulistano, Trianon e outros em Campinas, além de varar a noite em maratonas de dança.

1911 – Sua primeira obra é uma valsa, aos 9 anos, compõe Vitória Régia, publicada pela Revista Tico-Tico.

1918/1920 - Convive com colegas imersos em assuntos culturais, como o jornalista e poeta Guilherme de Almeida (1890 - 1969), o jornalista, escritor e professor Antonio Carlos Couto de Barros (1896 - 1966) e o historiador e bibliófilo Rubens Borba de Moraes (1899 - 1986). Os encontros se dão na confeitaria Fazzolli, na rua São Bento, com participação de Sérgio Milliet (1898 - 1966). Nessa época, Holanda inicia amizade com Mário de Andrade (1893 - 1945) e Oswald de Andrade (1890 - 1954).

1920 - Sai seu primeiro artigo no Correio Paulistano, por interferência do escritor e historiador Afonso de Taunay (1876 - 1958).

Sérgio Buarque de Holanda, autografando o livro
"Velhas Fazendas do Vale do Paraíba", 
na Fazenda do Pasin. Roseira(SP), 1975. 

1921 - Sua família muda-se definitivamente para o Rio de Janeiro e se fixa na Gávea. Matricula-se na faculdade de direito da Rua do Catete. Na faculdade torna-se amigo do jornalista e escritor Prudente de Morais Neto (1904 - 1977) e do ensaísta, historiador, jurista e político Afonso Arinos de Mello Franco (1905 - 1990).

1922 - É nomeado pelo grupo modernista de São Paulo como representante da Revista Klaxon no Rio de Janeiro.

1924/1926 - Com Morais Neto e Graça Aranha (1868 - 1931), funda a revista modernista Estética, de curta existência, com apenas três números. É apresentado por Américo Facó (1885 - 1953) à Agência Havas, onde produz matérias sobre o Brasil para a imprensa internacional. Transfere-se para a United Press, e se torna amigo de Múcio Leão (1898 - 1969) e Austregésilo de Ataíde (1898 - 1993). Ao mesmo tempo colabora com O Jornal, dirigido por Assis Chateaubriand (1892 - 1968). Conhece Alceu Amoroso Lima (1893 - 1983), o Tristão de Athayde. Em Minas Gerais, a serviço de O Jornal conhece a geração modernista mineira: Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987), Pedro Nava (1903 - 1984), Emilio Moura (1902 - 1971) e João Alphonsus (1901 - 1944). Em 1925, Bacharelou-se em direito pela Universidade do Brasil.

1927 - Aceita a proposta de dirigir o jornal O Progresso, em Cachoeiro do Itapemirim, Espírito Santo.

1928 - Volta ao Rio e retoma os trabalhos na agência United Press e em O Jornal, assinando reportagens e uma crônica diária.

1929 - Vai para a Alemanha, Polônia e Rússia, como enviado de O Jornal, por Chateaubriand. Em setembro vai à Polônia. Regressando a Berlim, a Embaixada o indicou para trabalhar na Revista "Duco", redigida em alemão e português e especializada nas relações comerciais teuto-brasileiras. Depois, recomendado pelo consulado, traduziu scripts de vários filmes da Ufa. Entre eles, o Anjo Azul. Sem muito compromisso, assiste a aulas com o professor Friedrich Meinnecke de história e ciências sociais na Universidade de Berlim.

1930 - Regressando a Berlim, a Embaixada o indicou para colaborar na Revista Brasilianische Rundschau, do Conselho do Comércio Brasileiro de Hamburgo. Depois, recomendado pelo consulado, traduziu scripts de vários filmes da Ufa. Entre eles, o Anjo Azul. Sem muito compromisso, assiste a aulas com o professor Friedrich Meinnecke de história e ciências sociais na Universidade de Berlim.

1931/1935 - No Rio, retoma o jornalismo e o trabalho nas agências telegráficas Havas, Agência Brasileira, United Press. É diretor de sucursal do Jornal de Minas, fundado e orientado por Virgílio de Mello Franco (1897 - 1948) e Afonso Arinos. Entre seus escritos, surge um conto na Revista Nova: Viagem a Nápoles (1931). Em 1935 na Revista Espelho, Holanda publica “Corpo e Alma do Brasil” um estudo no qual despontam algumas das proposições que seriam apresentadas no seu primeiro livro Raízes do Brasil.

1936 - É assistente dos professores Henri Hauser (1886 - 1946), na cadeira de história moderna e econômica, e de Henri Tronchon, na cadeira de literatura comparada na Universidade do Distrito Federal, Rio de Janeiro. Colabora em "Em Memória de Antonio Alcântara Machado". Colabora no volume em homenagem aos 50 anos de Manuel Bandeira. Publica Raízes do Brasil, inaugurando a série Documentos Brasileiros, dirigida por Gilberto Freyre (1900 - 1987), pela Editora José Olympio.

1937 - Após a partida dos professores franceses, assume as cadeiras de história da América e de cultura luso-brasileira. Convidado por Gustavo Capanema (1900 - 1985), faz parte da Comissão de Teatro do Ministério da Educação. Transfere-se da United para a Associates Press, como redator-chefe. Nasce em 30 de novembro sua filha Miucha (Heloisa Maria).

1939 - Extinta a Universidade do Distrito Federal, Buarque de Holanda passa a trabalhar no Instituto Nacional do Livro - INL, recém-fundado no Ministério da Educação, a convite de seu diretor, Augusto Meyer, assumindo a Seção de Publicações. No Instituto, trabalhavam, entre outros, com Mário de Andrade, Américo Facó, Liberato Soares Pinto, Chico Barbosa, Eneida e José Honório Rodrigues, Souza da Silveira e Manuel Said Ali. Desliga-se da Associated Press. Escreve o prefácio de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães (1811 - 1882), edição do Ministério da Educação. Começa a Guerra.

1940 - Principia a seção de crítica literária no Diário de Notícias. Estreita sua grande amizade com Octavio Tarquinio de Sousa e Lúcia Miguel Pereira. Muda-se para o apartamento do Lido e logo nasce seu filho Sergio (Sergito) em 20 de abril.

1941 - Traduz Memórias de um Colono no Brasil, do suíço Thomas Davatz. A convite do State Departament, viaja para os Estados Unidos, visita Nova York, Washington, Chicago e faz palestras na Universidade de Wyoming.

1942 - Nasce seu filho Álvaro Augusto, em 3 de janeiro. Inicia relações pessoais com Caio Prado Jr. (1907 - 1990) e publica a tradução de Etnologia Sul-Americana: Círculos Culturais e Estratos Culturais na América do Sul, de Wilhelm Schmidt (1868 - 1954).

1943 - Viaja para Belo Horizonte, em grupo organizado por Vinicius de Moraes (1913 - 1980), a convite do futuro presidente da república Juscelino Kubitschek (1902 - 1976), então prefeito da cidade. Estada em São Paulo coincidindo com a de Octávio Tarquinio e Lúcia. Em almoço oferecido pelo editor José de Barros Martins, quando conhece o jovem Antonio Candido (1918), de quem se torna amigo.

1944 - Nasce seu filho Chico Buarque (Francisco) compositor e escritor, em 19 de junho. Holanda trabalha na Biblioteca Nacional, dirigindo a Divisão de Consultas, sob a direção geral de Rodolfo Garcia. Publica o livro Cobra de Vidro e organiza a coleção História do Brasil (didático) em colaboração com Octávio Tarquínio (1889 - 1959), publicado pela Editora José Olympio. Prefacia “Diários de Viagem” de Francisco José Lacerda e Almeida, publicado pelo Instituto Nacional do Livro.

1945 - Lança Monções pela Casa Estudante do Brasil. Toma parte no 1º Congresso de Escritores em São Paulo, sendo signatário da conhecida Declaração de Princípios contra a ditadura do presidente da república, Getúlio Vargas (1882 - 1954). Em seguida, é eleito presidente da seção carioca da Associação Brasileira de Escritores, promotora do congresso. Prefaciou "Poesias de Américo Elísio" (José Bonifácio), pelo Instituto Nacional do Livro.

1946 - Depois de uma ausência de 25 anos, retorna a São Paulo e assume a direção do Museu Paulista, no Ipiranga. Consegue a ampliação das atividades do museu, cria as seções de história, de etnologia, numismática e lingüística. Permanecendo a frente da direção do Museu, até fins de 1956. Publica "Monções" no curso de Bandeirologia. Publica prefácio ao 1º volume das obras completas de José Bonifácio no Ministério da Educação. Crítica Literária no "Diário de Notícias" até 1950. Nasce sua filha Maria do Carmo em 5 de novembro.

1948 - Leciona história social e história econômica do Brasil na Escola de Sociologia e Política. Publica A Expansão Paulista do Século XVI e Começo do Século XVII, pela Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de São Paulo – USP. Nasce Ana Maria, sua filha em 12 de agosto.

1949 - É publicado o ensaio Índios e Mamelucos na Expansão Paulista, nos Anais do Museu Paulista. Escreve Crítica Literária no "Diário de Notícias". Prefacia a tradução de Fausto, do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749 - 1832). Participa do 2º Congresso Paulista de Escritores, em Jaú, São Paulo. Viaja para França e Itália, faz palestras na Sorbonne e participa de um comitê da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, em Paris.

1950 - Assume a seção de crítica literária no Diário Carioca e na Folha de S. Paulo. É eleito, novamente, presidente da Associação Brasileira de Escritores, seção de São Paulo. Viaja para os Estados Unidos para participar do 1º Colóquio de Estudos Luso-Brasileiros, em Washington. Participa, também de um seminário na Universidade de Colúmbia. Nasce sua filha Maria Cristina em 23 de dezembro.

1951 - Museu - Escola de Sociologia - Crítica Literária.

1952 - Publica "Antologia de Poetas Brasileiros na Fase Colonial" (Ministério da Educação). Crítica Literária no "Diário Carioca". Duas traduções em revistas do Museu Paulista. Aparecida e Paulo Mendes de Almeida festejam os 50 anos de Sérgio, promovendo um grande jantar na Maison Suisse.

1953 - Licencia-se no Museu Paulista e assume a cadeira de estudos brasileiros, criada na Universidade de Roma. Colabora, igualmente, no Instituto de Studi Brasiliani. Envia, irregularmente, correspondências para o Diário Carioca e a Folha de S. Paulo.

1954 - Fixando-se em Roma, viaja por quase toda a Itália e pela França. Na Suíça, toma parte nas Rencontres Internationales de Genève, e apresenta a conferência sobre o Brasil na Vida Americana, dentro do tema L'Europe et le Nouveau Monde. Em Veneza, participa do Congresso da Société Européenne de Culture. Faz palestra no Campidoglio, publicada em L'Illustrazione Nazionale. Organiza um volume da revista Ausonia, dedicado ao Brasil, e colabora com o artigo Apporto Italiano nella Formazione del Brasile. Raízes do Brasil é publicado em italiano (Alle Radici del Brasile).

1955 - Retorna ao Brasil e reassume a direção do Museu Paulista. É eleito vice-presidente do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP, cargo que ocupa durante os próximos 6 anos. Sua conferência "Le Brásil dans la Vie Américaine" é publicada em Neufchatel no volume "IX Rencontre Internationale de Genève". Prefacia livro de Karl Oberacker "Das Deutsche Betrag gum..."

1956 - Leciona história do Brasil na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Sorocaba, São Paulo. Raízes do Brasil é publicado em espanhol (Raices del Brasil), pelo Fondo de Cultura Economica, no México.

1957 - Assume a cátedra de história da civilização brasileira, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo - FFLCH/USP. Lança “Caminhos e Fronteiras”, pela editora José Olympio. Muda-se para a rua Buri 35, Pacaembu.

1958 - Recebe o grau de mestre em ciências sociais na Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Presta concurso para a cátedra, apresentando, como tese sua obra Visão do Paraíso. Recebe o Prêmio Edgard Cavalheiro por Caminhos e Fronteiras, como o melhor livro de ensaio de 1957. Publica “Trajetória de uma Poesia” - Introdução à Poesia e Prosa de Manuel Bandeira.

1959 - Participa do 2º Colóquio de Estudos Luso-Brasileiros, em Salvador. Publica Visão do Paraíso, com tiragem limitada, pela José Olympio. E cria o Instituto de Estudos Brasileiros - IEB, na USP.

1960 - Organiza e dirige os sete primeiros volumes da obra História Geral da Civilização Brasileira, composta de 11 volumes - dois dedicados à época colonial, cinco ao Brasil monárquico e quatro ao Brasil republicano. Recebe do governo francês a condecoração de Officer de l'Ordre des Arts et des Lettres. Participa do 1º Simpósio dos Professores de História na Faculdade de Marília.

1962 - Assume a presidência do conselho organizador do IEB, do qual é eleito diretor, por indicação do Dr. Antonio de Barros Ulhôa Cintra, Reitor da USP.

1963 - Preside as comissões organizadoras do Instituto de Pré-História, do Museu de Arte e Arqueologia, do Museu de Arte Moderna (depois Contemporânea) e da Comissão de Bibliotecas, na USP. A convite da Universidade do Chile vai a Santiago dar cursos e organizar seminários sobre história do Brasil. Sua 1ª aula é publicada em espanhol num volume intitulado"Tres Leciones Inaugurales - Buarque , Romano, Savelle". Na volta passa em Buenos Aires prefacia "As Minas Gerais e os Primórdios do Caraça" de José Ferreira Carrato. É publicado o 1º volume da série Brasil Monárquico: "Processo de Emancipação", na História Geral da Civilização Brasileira, pela Editora Difel.


1964 – É publicado o 2º volume do Brasil Monárquico: "Dispersão e Unidade". E no Chile, em espanhol, a "História de Nicolas I Rei do Paraguai", com prefácio de Sérgio. Participa de um curso de História do Brasil na Universidade de Brasília, onde o Reitor é Zeferino Vaz. Vai ao Rio Grande do Sul.

1965 - Viaja para os Estados Unidos a convite do governo norte-americano, por interferência de Georg Boehrer, adido cultural do Rio. Para realizar conferências e participar de seminários nas Universidades de Columbia, Harvard e Los Angeles. É professor visitante na universidade de Indiana, Bloomington, e na New York State University (Stony Brook). Participa do 6º Colóquio de Estudos Luso-Brasileiros nas Universidades de Harvard e Columbia. Faz uma palestra no Queen's College, em Nova York. Prefacia as Obras Econômicas de J.J. da Cunha de Azeredo Coutinho e Relação dos Manuscritos da Coleção J. F. de Almeida Prado, organizada por Rosemarie E. Horch e publicada pelo Instituto de Estudos Brasileiros da USP.

1967 - Termina o curso em Stony Brook e profere uma palestra na Universidade de Princeton. Na volta dos EUA, passa pela Europa, visitando a França, a Espanha e Portugal, onde efetua pesquisas no Arquivo Ultramarino e na Biblioteca Nacional (Reservados e Coleção Pombalina). Vai a Cuiabá, onde permanece uma quinzena, pesquisa os documentos do Arquivo. Convidado pela UNESCO, participa das reuniões do Comitê de Estudo das Culturas Latino-Americanas, em Lima, Peru. Apresenta a conferência “Elementos Básicos da Nacionalidade - O Homem”, na Escola Superior de Guerra. É publicado o 3º volume do Brasil Monárquico: "Reações e Transações".

1968 - Participa do Congresso Teuto-Brasileiro, no Recife. Novamente convidado pela UNESCO, vai a San José, Costa Rica, participar do Comitê de Estudo das Culturas Latino-Americanas. No dia 30 de abril, pede aposentadoria na USP, em solidariedade aos professores aposentados pelo Ato Institucional nº 5 - AI-5, no dia anterior. Viaja ao Paraguai, tentando pesquisar os documentos relacionados com o Brasil. Prefacia "A Amazônia para os Negros Americanos" de Nícia Vilela Luz. Prefacia "A Baleia no Brasil Colônia" de Myriam Ellis. Prefacia "Cristãos Novos, Jesuítas, Inquisição" de J. G. Salvador. Colabora em volume de Homenagem a Rodrigo Melo Franco de Andrade. Colabora com o capítulo "Die Geschite Eines tablen Kontinentes" (A História de Meio Continente), no livro "Brasilien" da Atlantis Verlag A. G. - Zurique.

1970 - Passa a trabalhar com pesquisas e ensaios em sua casa.

1971 - É publicado o 4º volume da Série Brasil Monárquico: "Declínio e Queda do Império".

1972 – É publicado o 5º volume da Série Brasil Monárquico: "Do Império à República", sendo este último volume da série totalmente escrito por Sérgio Buarque de Holanda. Prefacia "Imigração Italiana em São Paulo (1880-1889)" de Lucy Maffei Hutter. E inicia-se a publicação da História do Brasil didática, da Editora Nacional, sob supervisão e organização de Sérgio Buarque de Holanda.


1973 - Vai à Europa, visitando a Itália, a Grécia, a Turquia, a Hungria, a Áustria, parte da Alemanha, a Holanda, a Inglaterra e a França.

1974 - Participa novamente do Comitê de Estudo das Culturas Latino-Americanas, desta vez no México. A convite do governo venezuelano, vai a Caracas para a instalação da Biblioteca Ayacucho. Publica "Vale do Paraíba - Velhas Fazendas", com ilustrações do Tom Maia. Prefacia "A Escravidão Africana no Brasil", de Maurício Goulart. Prefacia "O Fardo do Homem Branco" de Maria Odila Silva Dias.

1976 - Prefacia "O Barão do Iguape" de Maria Thereza Schoerer Petrone. Prefacia "Tudo em cor de Roda" de Yolanda Penteado. Vai à Europa, visitando a Itália, a Tchecoeslováquia, Berlim e Paris, aqui pesquisando e trazendo material do Quai d`Orsay.

Toquinho, Vinicius de Moraes e Sérgio Buarque de Holanda 

1977 - Recebe do Governo do Estado de São Paulo o Prêmio Governador do Estado, na categoria literatura. Toma parte na fundação do Centro Brasil Democrático, assumindo o cargo de vice-presidente. Prefacia "Escravidão Negra em São Paulo", de Suely Robles de Queiroz. Prefacia "Milicia Cidadã", de Jeanne Berrance de Castro. Prefacia "Cultura e Sociedade no Rio de Janeiro", de Maria Beatriz Nizza da Silva. Prefacia o "Livro do Tombo do Mosteiro de S. Bento em S.Paulo". Publica 2ª edição, ampliada, de "Cobra de Vidro", na Editora Perspectiva.

1979 - Colabora em volume de homenagem a Antonio Candido: Esboço de Figura. Escreve uma carta-prefácio e seleciona poesias para antologia de Vinicius de Moraes (1913 - 1980). Publica Tentativas de Mitologia, uma seleção de estudos antigos e recentes, Editora Perspectiva. Prefacia "O Atual e o Inatual em Leopold von Ranke". Recebe os prêmios Juca Pato e Jabuti.

1980 - Inscreve-se como membro fundador do PT (Partido do Trabalhador). Recebe o troféu Juca Pato de intelectual do ano de 1979, concedido pela União Brasileira de Escritores e pela Folha da Manhã S.A. e o Prêmio Jabuti, na categoria ensaio, concedido pela Câmara Brasileira do Livro.

1981 - Grava um depoimento para o Museu da Imagem e do Som de São Paulo -MIS/SP.

1982 - Morre no dia 24 de abril, em São Paulo.

2001 - O cineasta Nelson Pereira do Santos (1928) dirige um documentário, em duas partes, intitulado Raízes do Brasil - Uma Cinebiografia de Sérgio Buarque de Holanda.


"Não creio que o brasileiro seja fundamentalmente bom. 
Quem lê meus livros de história percebe isso."

CONDECORAÇÕES E PRÊMIOS


1957 - Recebe o prêmio Edgard Cavalheiro do Instituto Nacional do Livro, pela publicação de "Caminhos e Fronteiras".

1960 - Recebe do governo francês a Condecoração de Officer de l'Ordre des Arts et des Lettres.

1967 – Recebe do Governo do Estado de São Paulo, o Prêmio Governador do Estado, na seção de literatura.

1979 – Recebe o Troféu Juca Pato, Prêmio Intelectual do ano, concedido pela União Brasileira de Escritores e pela Folha da Manhã S.A.

1980 - Recebe o Troféu "Jaboti" na categoria de Ensaios, concedido pela Câmara Brasileira do Livro.


Diploma de Direito de Sérgio Buarque de Holanda 

HOLANDA, sobre os Livros:
“Eles me deram o sentido da história. São a vida em comprimidos."

OBRAS DE SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. (Coleção documentos brasileiros, 1). Prefácio: Gilberto Freyre. Editora José Olympio, Rio de Janeiro, 1936.

_____ . Cobra de Vidro. Livraria Martins Editôra, São Paulo, 1944, pag. 121.

_____ . Monções. Casa Estudante do Brasil, Rio de Janeiro, 1945. pag. 255, ilustrado (Estudos brasileiros, série A, n. 3). E 1976, pela Editora Alfa-Omega.


______ . Expansão Paulista em Fins do Século XVI e Princípio do Século XVII, Editora da Faculdade de Ciências Econômicas da USP. São Paulo, 1948, pag. 23.

______ . Índios e Mamelucos na Expansão Paulista. (Separata do tomo XIII dos Anais do Museu Paulista) Editora: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, ano 1949, pag. 177-290.

______ . Antologia dos poetas brasileiros na fase colonial. Ministério da Educação e Saúde/Instituto Nacional do Livro, 1952-1953. 2 vol. /e São Paulo: Perspectiva, 1979. 512 p.

______ . Caminhos e fronteiras. Rio de Janeiro, Editora José Olympio, 1957. 334 p. il. (Coleção documentos brasileiros, 89).

______ .Visão do Paraíso. Os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil. (Apresentado originalmente como tese para a cátedra de História da Civilização Brasileira, USP: São Paulo, 1958), Editora José Olympio, 1959.

______ . Trajetória de uma poesia. (introdução a Poesia e Prosa de Manuel Bandeira), Editora: Aguilar, 1958.

______ . Livro dos prefácios [edição póstuma]. Editora: Companhia das Letras, 1996. pag. 432.

______ . Vale do Paraíba: velhas fazendas. (com desenhos de antigas fazendas feitos a bico de pena pelo artista Tom Maia), Companhia Editora Nacional, 1975.

______ . Tentativas de Mitologia. São Paulo, Editora Perspectiva, pag. 284, 1979.

______ . O Extremo Oeste [edição póstuma]. São Paulo, Editora Brasiliense - São Paulo, pag. 172, 1986.

______ . Sérgio Buarque de Holanda: história. (Org.) DIAS, Maria Odila Leite da Silva. (Coleção grandes cientistas sociais, 51). São Paulo, Ática, pag. 208, 1985.


______ . Capítulos de literatura colonial. [edição póstuma]. (Org.) CANDIDO, Antônio. São Paulo: Ed. Brasiliense, pag. 465, 1990.

______ . Livro dos prefácios [edição póstuma]. São Paulo, Editora Companhia das Letras, 1996.

______ . O espírito e a letra. [estudos de crítica literária I - 1920-1947 e II 1948-1959.] 2 vols. (Org.) PRADO, Antonio Arnoni. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

______ . Sérgio Buarque de Holanda - Escritos coligidos. 2 vols. (Org.) COSTA, Marcos. (“textos alemães”, originalmente publicados no exterior. Também estão presentes nesta coletânea as primeiras versões de textos que posteriormente seriam incluídos em suas obras clássicas), Editora: Unesp/Fundação Perseu Abramo, 2004.

______ . A Viagem a Nápoles [Conto]. Publicado originalmente em 1931 pela Revista Nova, é a única obra de ficção do autor. Nesta edição traz desenhos de Vallandro Keating. Editora Terceiro Nome, pag. 77, 2008.

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