sexta-feira, 27 de abril de 2012

O véu da ignorância


by HÉLIO SCHWARTSMAN
 
SÃO PAULO - O filósofo John Rawls propõe um experimento mental para definir o que é justo. Você e seus concidadãos irão estabelecer as regras sob as quais seu país vai funcionar. Virarão normas os princípios com os quais a maioria concordar.
Há, porém, um detalhe. Ao decidir, ninguém sabe que lugar ocupará na sociedade, quanto dinheiro ou status terá, sua origem étnica, nem seu grau de inteligência ou beleza. Esse filtro, que Rawls chamou de véu da ignorância, assegura que as escolhas serão imparciais e racionais.
Bem, eu fiz essa experiência com as cotas, mas não cheguei a uma conclusão definitiva. Sou, é claro, favorável à ideia de contar com um seguro contra injustiças aleatórias, como a quantidade de melanina na pele. Bem mais difícil é decidir os remédios que podem ser utilizados.
As cotas puras, ontem chanceladas pelo STF, me parecem um exagero. Ao estabelecer uma reserva de vagas para negros, elas ferem para além do razoável o princípio da igualdade de todos diante da lei.
É claro que a igualdade plena não passa de uma ideia reguladora, uma abstração. Implementá-la a ferro e fogo tornaria inconstitucionais práticas estabelecidas e bem aceitas como a progressividade do Imposto de Renda e as aposentadorias especiais (incluindo os 30 anos para as mulheres).
É preciso, porém, certo cuidado quando começamos a sacrificar princípios abstratos para tentar fazer justiça concreta. Se reservamos vagas para cotistas, os não cotistas ficam com menos postos para disputar. Eles são prejudicados para compensar erros históricos pelos quais não têm responsabilidade pessoal.
É um pouco buscar a quadratura do círculo, mas eu só utilizaria o remédio em doses parcimoniosas, como as bonificações para egressos da escola pública. Elas são menos eficazes, mas também produzem menos injustiças na outra ponta. Essa, pelo menos, é a escolha que eu, vestindo o véu da ignorância, faria.

Cotas raciais, um erro


by FOLHA DE S.PAULO

Tratamento desigual para reparar injustiças deveria contemplar apenas critérios sociais objetivos -não a cor da pele, obsessão importadaO Supremo Tribunal Federal declarou as políticas de cotas raciais em universidades federais compatíveis com a Constituição. A decisão será saudada como um avanço, mas nem por isso terá sido menos equivocada.
Ninguém duvida que a escravidão foi uma catástrofe social cujos efeitos perniciosos ainda se propagam mais de um século após a Abolição. Descendentes de cativos -de origem africana ou nativa, pois também houve escravização de índios- sofrem, na maioria dos casos, uma desvantagem competitiva impingida desde o nascimento.
As políticas adotadas por universidades que reservam cotas ou garantem pontuação extra a candidatos originários daquela ascendência procuram reparar essa iniquidade histórica. A decisão do STF dará ensejo à disseminação de tais medidas em outras instâncias (acesso a empregos públicos, por exemplo), o que ressalta a relevância do julgamento.
São políticas corretivas que podem fazer sentido em países onde não houve miscigenação e as etnias se mantêm segregadas, preservando sua identidade aparente. Não é o caso do Brasil, cuja característica nacional foi a miscigenação maciça, seguramente a maior do planeta. Aqui é duvidosa, quando não impraticável, qualquer tentativa de estabelecer padrões de "pureza" racial.
Não se trata de negar a violência do processo demográfico ou o dissimulado racismo à brasileira que dele resultou, mas de ter em mente que a ampla gradação nas tonalidades de pele manteve esse sentimento destrutivo atrofiado, incapaz de se articular de forma ideológica ou política. Com a mentalidade das cotas raciais, importa-se dos Estados Unidos uma obsessão racial que nunca foi nossa.
No Brasil, a disparidade étnica se dissolve numa disparidade maior, que é social -uma sobreposta à outra. A serem adotadas políticas compensatórias, o que parece legítimo, deveriam pautar-se por um critério objetivo -alunos de escolas públicas, por exemplo- em vez de depender do arbítrio de tribunais raciais cuja instalação tem algo de sinistro.
A Constituição estipula que todos são iguais perante a lei. É um princípio abstrato; inúmeras exceções são admitidas se forem válidos os critérios para abri-las. A ninguém ocorreria impugnar, em nome daquele preceito constitucional, a dispensa de pagar Imposto de Renda para os que detêm poucos recursos.
O cerne da questão, portanto, consiste em definir se há justiça em tratar desigualmente as pessoas por causa do tom da pele ou se seria mais justo, no empenho de corrigir a mesma injustiça, tratá-las desigualmente em decorrência do conjunto de condições sociais que limitaram suas possibilidades de vida.


Comentário meu: Sou contra as quotas. Simplesmente porque  entendo que beneficiar pessoas por terem cores de pele diferente  , muito longe de beneficio, é estabelecer preconceito.
No caso, que pessoas negras são  incapazes e inferiores. 
Que precisam de "beneficio" cedidos  por "brancos" para poder cursar uma faculdade.
Brancos, negros, indios, pardos, cabloco se capazes e competentes vao entrar na Universiade.
Sem precisar em nenhum momento, passar na frente de "brancos", por  motivo da quota. 
Diferente de capacidade e  mérito.
Continua sendo esmola.
E eu detesto  o paternalismo, os favores e as benéfices.
Sempre sai caro. Por que nao existe almoço grátis.. 

A rapadura é doce. Mas nada mole... quem duvidar é louco. by Deise


by Prosa e Politica



                “Ele se considera um preso político”, diz a esposa de Carlinhos Cachoeira. Phodeo!


Em entrevista a Catia Seabra, no jornal Folha de SP, a esposa do contraventor Carlinhos Cachoeira disse que no presídio da Papuda, em Brasília, seu marido está melhor, já ganhou peso (perdeu 15 no presídio de Mossoró), as idéias estão se organizando e ele tem lido muito o Código Penal, a Bíblia e o inquérito. Mas que o contraventor está revoltado. Cachoeira diz que se considera um preso político. Pessoal, Phodeo! Pelo tamanho deste esquema e pela quantidade de gente envolvida, este bicheiro ainda vai sair da cadeia como injustiçado e apto até a pleitear indenização vitalícia como ex-preso político.

Leia abaixo a entrevista, mas o pedaço que mais gostei foi quanbdo a Folha perguntou se Cachoeira tem alguma atividade formal ou é só jogo. A esposa respondeu que sim, claro que sim. A repórter então perguntou: qual? “Tenho que buscar. Mas creio que o laboratório, talvez”. respondeu a esposa do bicheiro. hahahaha

Folha – A senhora visitou o Cachoeira na Papuda. Ele emagreceu, perdeu…
Andressa Mendonça – Quinze quilos. Ele já ganhou peso. A cabeça dele está muito bem. As ideias estão se organizando. Mais tranquilo, menos ansioso. O isolamento de Mossoró [RN, onde estava antes] fazia-lhe muito mal.

Ele come segundo a dieta da Papuda ou pode-se levar outro tipo de alimento?
Ele não tem tratamento VIP. Posso levar 10 frutas semanais e um quilo de cream cracker.

O que ele faz durante o dia?
Conversa, lê bastante. Lê o Código Penal, a Bíblia, e lê o inquérito. Sempre levo tudo para que tenha noção do que a defesa está apresentando.

Ele acompanha as notícias?
Lê. Lá em Mossoró, “Veja”, “IstoÉ”, “Época”…Tudo.

O que a senhora sente ao ver o marido retratado como o líder de quadrilha?
Revolta e tristeza. Julgam o Carlinhos por isso ou por aquilo. Mas a pessoa que eu conheço não é essa. O Carlinhos que eu conheço faz caridade, doa caminhão de macarrão para creche, doa caminhão de brinquedo. É humano, comprometido e responsável.

O que diz sobre essa acusação de exploração de jogo ilegal?
Acredito que ele é inocente, que vai ter oportunidade de falar e se defender. Ele se considera um preso político. Fica revoltado. Falou várias vezes que, após a ditadura, ele é um preso político. Que a [Operação] Monte Carlo tomou um rumo muito mais político do que a operação em si.

Mas qual é a lógica? Ele acha que é uma perseguição governamental?
Acha que fizeram ele de bode expiatório. Fiquei muito chateada quando um senador, acho que Pedro Simon [PMDB-RS], disse que ele é o futuro PC [Farias]. Pegaram o Carlinhos, julgaram, condenaram e agora querem matar.

Por que bode expiatório?
Ele não me fala em nomes. Mas, como tomou um rumo político, ele se sente assim. Fica com muito medo, talvez por ter sido levado a um presídio de segurança máxima. Ele é réu primário, não é um homicida, não cometeu crime hediondo.

Quando ‘casou’, a senhora foi avisada dos riscos, do jogo?
Dizer isso seria afirmar uma contravenção. Posso dizer que fui avisada que ele estava batalhando pela regulamentação dos jogos. Lá fora, Carlinhos seria considerado um grande empresário. Aqui, é contraventor. Na Copa, milhares de estrangeiros vêm ao Brasil. Onde irão se divertir? Ele está batalhando. Ninguém quer ficar na informalidade. Ele também não.

Há uma grande expectativa em relação ao depoimento dele na CPI. Afinal, será uma bomba ou não vai falar nada?
Ele reflete muito. Como toda pessoa que está presa, longe dos seus, pensa uma coisa e, depois, pensa outra. Difícil saber o que vai acontecer. Ele não tomou uma decisão.

Então, não dá para garantir que ele será moderado, nem…
Não.

Verdade que ele gravava todas as conversas?
Não sei te responder. Como estou “casada” há pouco, nunca falamos sobre isso.

No calor do processo, muitos negam laços com Cachoeira…
Isso é cômico. Não entendo. O Carlinhos tem tantos amigos de todos os níveis sociais. Não vejo problema em dizer que o conheciam.

Tinham vida social ativa, frequentavam muitas festas?
Frequentávamos. A gente gostava de sair. Um casal jovem. Estávamos numa fase tipo “namorido”, aquele negócio gostoso, vamos tomar vinho. Ele é extremamente romântico. A gente badalava, saía, dançava.

As gravações mostram Cachoeira em operações de compra de mansão em Miami, avião, helicóptero. Qual era o padrão de vida de vocês?
O Carlinhos teve uma casa em Miami, não uma mansão, com a [ex] mulher. Ele não tem helicóptero nem avião, como sugerem as investigações. Eu queria mesmo que ele tivesse um transatlântico.

Ele tem fazendas. Como você definiria o padrão de vida?
Padrão de vida confortável. Nada de ostentar. Carlinhos é um homem de hábitos muito simples.

O que explica ela ser alvo de duas CPIs?
Carlinhos é um homem muito invejado. As pessoas têm muita curiosidade na vida dele. Especula-se muito.

Ele tinha esse trânsito todo no mundo político como se fala?
Não sei te responder. O Carlinhos é um estudioso de política. Conhece política não só do Brasil como no mundo todo. Ele acorda cedo e às 7h já deve ter lido todos os jornais. É uma pessoa extremamente informada.

Tem falado com Demóstenes?
Falei com ele antes, agora ele está cuidando da defesa dele.

É verdade que o Carlinhos é dono de um laboratório?
Tem um laboratório em Anápolis, que é da [ex] esposa dele. Se ele é dono ou não é dono… O laboratório existe. Está lá. Se é do Carlos, ou se é dela, de quem é, não sei.

Tem muita propriedade no nome dela.
Imagino que batalharam como casal. E ele preferiu deixar as coisas com ela para blindar o patrimônio dos filhos. Não sei as razões dele. Importante falar que o Carlinhos operou os jogos por quase dez anos legalmente.

E a acusação de operação de máquina de caça-níquel?
Como não trabalho com ele, saio cedo e ele vai para a Anápolis, não sei falar.

Ele tem atividade formal ou é só jogo?
Claro que tem.

Qual?
Tenho que buscar. Mas creio que o laboratório, talvez.

Na íntegra da defesa de Demóstenes


Leia aqui a íntegra da defesa prévia do senador Demóstenes Torres (sem partido), apresentada no Conselho de Ética.

Jamais duvidem disso. by Deise


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