Uma jornalista investiga, estuda, informa-se. Pesquisa.
Como posso escrever sobre algo que não conheço???
Ouve. Escuta. Pensa.
E em seguida já esta na cabeça a materia.
Desejando que seja manchete.
Um repórter: o começo do aprendizado de um otimo jornalista.
Se tiver interesse em aprender.
Senão pode ser ate MD em Comunicação.
Mas ainda assim escreverá de forma medíocre.
by Deise
QUALQUER SEMELHANÇA COM 2009
NÃO É MERA COINCIDÊNCIA.
´Realmente.Bandido tem mais palavra.
Mas bandido. Não aprendiz.
Existe uma série de contradiçoes ba historia de vida do maior cancaçeiro, Lampião.
Tenho estudado sobre ele.
Para alguns ele era uma espécie de Hobinwood.
Tem sido uma viagem bem interessante estudar sobre ele.
Quem lê sobre ele, vê que ele estava à frente do tempo.
E engraçado, percebo uma série de semelhanças políticas da época dele e a atual.
Se observamos, somos iludidos com uma falsa democracia, que tudo que nos permite é falar mal do governo.
Mas o que me interessa falar mal do governo?
Se meto o pau, (e antes fosse so eu), se cobramos é porque falta organização social, controle de natalidade, saneamento básico, moradia digna, presidios decentes, governates éticos e morais.
E sabemos que acontece diariamente o contrário.
O que eu ganho denunciando e sabendo disso? Se não tem solução?
E os jornalistas passaram a meu ver a serem sádicos:
Eles noticiam hoje: Amanhã Joao da Silva vai morrer, porque está ha 3 dias numa maca esperando atendimento.
Amanhã noticiam: Morreu ontem as 0h, joao da Silva que esperou atendimento médico por 3 dias....
Pode ser que eu pareça louca ao ter este raciocinio.
Mas eu não ganho nada falando do governo. Só dor de estomago, ulcerá, colapso nervoso.
Preferiria nao ter esta "democracia", e não ter tanto a reclamar.
A banalização dos fatos e das vidas no Brasil, realmente chegou num estágio insuportável. A desordem social, a corrupção em massa, grupos que atrás de uma sigla de algum orgão comandam quadrilhas, o jogo de empurra, a demora de juizes, o poder de cada juiz ;"entender a mesma lei de trocentas maneiras", juizes que não respeitam a LEI. O que sobra? TRáfico de Influências.
A corrupção de muitos policiais, O abuso, a demência de quem disse
que Funcionário Público "virou otoridade".
Não quero so liberdade de imprensa. Quero liberdade de cobrança de ações imediatas.
Não vivo do jornalismo.
Me decepcionei a tal ponto de largar.
Vejo hoje uma geração de anormais, frutos de uma desumanição absurda dentro de sua formação academica.
Advogados que não OUVEM? COMO IRÃO FAZER UMA BOA DEFESA?.
Médicos clinicos gerais que chamo de despachantes....
____________ao otorrino, ao gastro, ao psiquiatra.... em 5 minutos de atendimento.
Sem contar que em muitos hospitais, nao somos mais um nome:
é o coração do quarto 21, o figado do quarto 43...
Os jornalistas catatônicos, obedecendo ordens do
dono do jornal do que pode ou não publicar. ´
Não leio mais as verdades.
Vivo sob o julgo de algum César, que não se mostra para eu dizer AVE.
Desde quando um regime DEMOCRÁTICO obriga a votar?
Desde quando servidor manda nos patroes:
Servidor público é o que menos salário ganha e o que mais trabalha.
Porque passará o resto da vida sendo sustentado pela UNião.
Ele difere do empreendor, do artista, do liberal, porque trocou toda sua liberdade de criar e agir, por uma aposentadoria segura.
Quando será dado um basta a isso?
Quando o Presidente vai entender que o país está um caos, e completamente desgovernado.
Se sabemos que tanto dinheiro é roubado mensalmente, V.Exa. ainda não conseguiu em 8 anos, descobrir a forma de inib ir estas ações?
Porque enquanto na oposição. V.Exa. tinha a solução pra tudo.
Cansei de grunir em Pé, em comicios seus.
E o pior, eu acreditei.
Mas graças a Deus já estou boa.
Encerro lembrando de uma discussão politica com o Sindicato para o qual eu prestava a ssessoria de Imprensa; naquela discussão eu percebi, há 20 anos, que NAO HA INTERESSE ALGUM EM SOLUCIONAR OS PROBLEMAS.
Quando estiver tudo arrumado, para que precisaremos de tantos orgãos e sub orgãos?
Para que sindicatos, ongs, secretarias, subs, trocentos deputados, trocentos conselhos,trocentos tudo. E todos inoperantes. porque todos estão comprometidos com todos.
Fica mais facil fingir "que não sabe"
A autoridade que não sabe de assuntos de sua responsabilidade, é um inoperante, incapaz, desinteressado, relaxado e jamais se preocuaprá com o País. E sim em fazer investimento...
Vou solicitar aposentadoria, por perseguida politica... Se colou com eles, pq não vai colar comigo? Até o Presidente ganha esta aposentadoria. Eu não fui para os porões. Ainda.
Mas a tortura psicologica é pior. Pior que pingo dágua na cabeça.
Alias devo dizer, que ultimamente vivo preocupada com algo:
Eu escuto tanto o Presidente da República dizer "eu acho que", que eu começo a não ter mais certeza de nada.
Se o Presidente ACHA, o que sobra para a população?
Alguns medos.Como por exemplo: começo a duvidar se nossas fronteiras estão realmente guarnecidas.
E se um dia não vou me acordar com o soldado americano na minha cabeceira
dizendo que a partir eu terei que pagar em dolar A NOSSA AGUA.
Se o Presidente parar de aagir como um populista, esquecer que foi metaleiro e não está o tempo todo num comicio, que ele É O PRESIDENTE, NÃO PRECISA MAIS ANGARIAR VOTOS PARA ELE.
E de depois de de 8 anos no poder, após 20 anos de luta, seu(a) sucessorn (a) ainda vai precisar fazer campanha para, é sinal o PT fez um péssimo governo. .
Elementar meu caro Wattson.
Assim como não acredito (Deus me perdoe) na doença da Ministra Dilma.
Foi desvio de foco.
Aquela famosa (horrorosa) pra chamar bem atenção mesmo. Porque ninguem falava outra coisa que não fosse na "peruca da Ministra". O problema da semana era UMA PERUCA rídicula, posta de propósito. Ela não tem doença mental degenerativa, tampouco é brega o bastante, e com certeza gosta e conhece o que é bom.
Na era do MegaHair e coração de plástico, ela nao usaria uma Peruca, que em 1950 minha mãe usava. De cabelo sintético.Falemos ´serio.
UMa toca ficaria mais sutil a intenção.
Lembrou-se do Collor no ultimo debate de 89, com o Presidente atual, com uma gravata torta, um paletó de espantalho. E eu de boca
aberta não entendendo o que era aquilo. Aquele homem dizendo que não tinha apa relho de som igual ao do atual Presidente...
Bem,mas se for realmente verdade a doença da Ministra, além de sentir muito, pois não desejo o mal a ninguem, sinto muito duplamente: um presidente pode morrer no exercicio. De qualquer coisa.
Porém a gente nao sabe.
Eu nao votaria em pessoa alguma para Presidente, que eu soubesse antecipadamente que tem historico de Cancer. Não se trata de preconceito. Mas de objetividade. Aconselho a população que vai votar no PT a observarem quem será o vice.
Porquê há antecipadamente, chance de perdemos a presidente durante sua gestão.
E mais uma vez sermos governados pelo Vice.
A história novamente se repetindo
Faz-se urgente que o Presidente assuma realmente seu lugar, entendendo que cargo ocupa, mostrar-se bem mais SEGURO de suas açoes e declarções. Risque o "Eu acho" de seus discursos. Por favor.
Se achar menos, tenho certeza, que obterá uma população muito mais
interessada na solução dos problemas.
Porque será uma nação fortificada pela certeza das
sábias e firmes decisões de seu
Presidente.
Atualmente para mim, finalizando a analogia que faço a Lampião, existe somente uma diferença entre elee os atuais governates:
Ele falava a verdade e assumia seus feitos.
Feliz foi Ali BaBá. Que só teve 40 ladrões.
by Deise
DIARIO DE PERNAMBUCO
Não houve milagre em Juazeiro
Pedido para abandonar o banditismo, feito pelo Padre Cícero, teve o mesmo valor que a patente de Capitão entregue para Lampião
Aquele 4 de março de 1926 parecia promissor para Virgulino Ferreira da Silva, que há pelo menos uma década já pegava em armas para se "vingar" de inimigos e praticar crimes entre Pernambuco, Paraíba e Alagoas. Ele entrava em Juazeiro do Nordeste, no Cariri cearense, onde iria se encontrar com um verdadeiro "santo", Padre Cícero Romão Batista, atendendo ao seu suposto chamado. A cidade, situada a 528 quilômetros de Fortaleza, era também a residência de sua família, principalmente das irmãs, depois que os conflitos iniciados com o vizinho José Saturnino, em 1916, em Villa Bela (atual Serra Talhada), forçaram os Ferreira a peregrinar em busca de pouso seguro. A "Meca do Nordeste" ainda seria o lugar em que o já famoso Lampião receberia a patente de Capitão do Batalhão Patriótico, milícia criada para combater a Coluna Prestes, que se deslocava pelo Nordeste, na época, enfrentando as tropas enviadas pelo presidente da República, Arthur Bernardes.
Se chegou a pensar em se reintegrar à sociedade, como um homem de armas a favor do governo, esta idéia teve fim logo depois que Lampião deixou Juazeiro e seguiu para Pernambuco, onde passou a ser novamente perseguido pelas volantes. A farda de mescla azul e a patente em três ligas de sutache branco nas ombreiras não valiam o papel onde um funcionário do Ministério da Agricultura, Pedro Uchoa, escreveu que Virgulino Ferreira deveria ser tratado como oficial legalista, juntamente com o irmão Antonio Ferreira (como primeiro-tenente) e Sabino (segundo-tenente). O estado-maior do cangaço havia sido enganado.
Em conversa com o escritor Leonardo Motta, autor de No tempo de Lampião, Uchoa disse que "assinaria até a destituição do presidente". Na prática, Lampião saiu de Juazeiro do Norte com mais do que uma patente sem valor, um rosário e a bênção do Padre Cícero. Para combater a Coluna Prestes, ele recebeu armamento moderno e farta munição, que não seria utilizada contra os combatentes que percorreram o interior do Brasil entre os anos de 1925 e 1927, propondo reformas sociais e políticas para o país, até cruzar a fronteira com a Bolívia em fevereiro de 1927. Lourenço Moreira, autor de A Coluna Prestes, marchas e combates, registrou, como secretário de campanha, apenas dois breves conflitos com cangaceiros, nos dias 23 e 24 de fevereiro de 1926, em Villa Bela, terra natal de Lampião. Esclarecido que não eram "macacos", os revoltosos seguiram seu caminho.
Lampião entrou em Juazeiro do Norte com 49 homens. O autor do convite para se aliar ao Batalhão Patriótico, o médico e deputado federal Floro Bartolomeu, não foi recebê-lo. Sentindo fortes dores de cabeça, ele havia ido se tratar no Rio de Janeiro e faleceu na capital federal exatamente no terceiro dia da estada do cangaceiro na cidade cearense. Aos 82 anos de idade, coube ao Padre Cícero evitar um conflito entre bandidos e polícia em plena rua de um local que já era ponto de romaria. Lampião e o seu bando se instalou no sobrado do poeta popular João Mendes de Almeida, na rua Boa Vista. Da janela do primeiro andar, atirava moedas parauma multidão estimada em quatro mil pessoas. A casa foi desfigurada pelos proprietários para evitar que fosse tombada.
Os historiadores se dividem em relação à participação de Padre Cícero na farsa da falsa patente de Capitão. Fátima Menezes, em seu livro Lampião e o Padre Cícero, defende que o religioso era inocente e que a idéia partiu do libanês Benjamin Abrahão Botto, secretário particular do padre e que dez anos mais tarde conseguiria registrar as ações do bando do cangaceiro em película. Mesmo devoto do padre, Lampião não atendeu aos seus pedidos para abandonar o cangaço e fazer o mesmo que o seu antigo chefe, Sinhô Pereira: buscar uma nova vida fora do Nordeste.
Promessa de fotografia
No dia 2 de março de 1926, Lampião e seu bando se instalaram no Hotel Centenário, na cidade de Barbalha, próximo de Juazeiro do Norte. O cangaceiro foi visitado pelo topógrafo e fotógrafo amador Lauro Cabral de Oliveira, que propôs registrar sua imagem e vendê-la para os jornais de todo o Brasil. Lampião disse "não", mas se mudasse de idéia mandaria chamá-lo. Já em Juazeiro, Benjamin Abrahão levou um fotógrafo do Crato, Pedro Maia, mas Lampião lembrou da prioridade a Lauro Cabral. São dele as imagens de Lampião fardado e com a família.
"Não quero passar-me por covarde"
Muito do mito em torno da figura de Lampião começou a ser construído na visita a Juazeiro do Norte. Além das fotografias de Lauro Cabral e Pedro Maia, os jornais publicaram uma entrevista feita com o cangaceiro pelo médico do Crato, Octacílio Macedo. De acordo com Élise Grunspan-Jasmin, em Lampião, o senhor do Sertão, "Virgulino Ferreira da Silva fez questão de preservar a imagem de verdadeiro bandido de honra ligado à vingança; aceita as consequências disso e diz que jamais baixará a guarda. Essa imagem heróica corresponde exatamente aos códigos em vigor no Sertão". A entrevista foi feita em duas ocasiões, antes da visita ao Padre Cícero.
Qual seu nome e sua origem?
Chamo-me Virgulino Ferreira da Silva e pertenço a humilde família Ferreira, do riacho de São Domingos, município de Vila Bela. Meu pai sendo constantemente perseguido pela família Nogueira e por José Saturnino, nossos vizinhos, resolveu retirar-se para o município de Água Branca, em Alagoas. Nem por isso cessou a perseguição. Em Água Branca foi meu pai, José Ferreira, barbaramente assassinado pelos Nogueiras e Satunino, no ano de 1917. Não confiando na ação da justiça pública - porque os assassinos contavam com a escandalosa proteção dos grandes - resolvi fazer justiça por minha conta própria, isto é, vingar a morte do meu progenitor. Não perdi tempo e resolutamente arrumei-me e enfrentei a luta. Não escolhi gente das famílias inimigas para matar e efetivamente consegui dizimá-las consideravelmente.
É verdade que sua vida no cangaço teve início junto ao lendário Sebastião Pereira?
Já pertenci ao grupo de Sinhô Pereira, a quem acompanhei durante dois anos. Muito me afeiçoei a essemeu ex-chefe, é um leal e valente trabalhador, tanto que, se ele voltasse ao cangaço, iria ser um seu soldado.
Seu nome já é conhecido em todo Brasil, mas por onde mesmo você tem andado no Nordeste e como enfrenta as polícias desses estados?
Tenho percorrido os sertões de Pernambuco, Paraíba e Alagoas e uma pequena parte do Ceará. Com as polícias desses estados tenho entrado em vários combates. A de Pernambuco é a polícia disciplinada e valente que muito cuidado me tem dado; a da Paraíba, porém, é uma polícia covarde e insolente. Atualmente, existe um contingente de força pernambucana de Nazaré que está praticando as maiores violências, mais parecendo a força paraibana.
Seu grupo recebe proteção de muita gente?
Não tenho tido propriamente protetores. A família Pereira do Pajeú é quem me tem protegido mais ou menos. Todavia, conto em toda parte com bons amigos que me facilitam tudo e me escondem eficazmente quando acho que estou sendo perseguido pelos governos. Se não tivesse necessidade de procurar meiospara manutenção dos meus companheiros, poderia ficar oculto indefinidamente, sem nunca ser descoberto pelas forças que me perseguiam. De acordo com meus protetores, só um me traiu miseravelmente. Foi o coronel José Pereira de Lima, chefe político de Princesa, homem perverso, falso e desonesto, a quem durante anos servi, prestando os mais vantajosos favores de nossa profissão.
Como contém um grupo tão volumoso?
Consigo meios para manter o meu grupo pedindo aos ricos e tomando à força aos usuários que miseravelmente se negam a prestar-me auxilio.
Dizem que você está rico. Até onde isto é verdade?
Tudo quanto tenho adquirido na minha vida de bandoleiro mal tem dado para as vultosas despesas do meu pessoal - aquisições de armas e munições. Convido notar que muito tenho gasto com a distribuição de esmolas aos necessitados.
Ao longo da sua vida nas armas, quantos combates já teve envolvido e quantas pessoas foram mortas em batalha?
Não posso dizer ao certo o número de combates em que já tive envolvido. Calculo, porém, que já tomei parte em mais de duzentos. Também não posso informar com segurança o número de vítimas que tombaram sob a pontaria adestrada e certeira do meu rifle. Entretanto, lembro-me, perfeitamente, de que além de civis, já matei três oficiais de polícia, sendo um de Pernambuco e dois da Paraíba. Sargentos, cabos e soldados eram-me impossível guardar na memória os que foram levados para o outro mundo.
Como conseguiu viver em meio a tantas perseguições?
Tenho conseguido escapar a tremenda perseguição que me movem os governos, brigando como louco e correndo como veado quando vejo que não posso resistir ao ataque. Além disso, sou muito vigilante e confio sempre desconfiando, de modo que dificilmente me pegaram de corpo aberto. Ainda é de notar que tenho bons amigos por toda parte e estou sempre avisado do movimento das forças.
Você sabe de tudo que acontece, dos movimentos da polícia, de planos pra lhe capturar?
Tenho também um excelente serviço de espionagem dispendioso, embora utilíssimo.
É comum dizerem que os cangaceiros por onde passam deixam um rastro de sangue. Como é seu comportamento?
Tenho cometido violência e depredações vingando-me dos que me perseguem e em represália a inimigos. Costumo, porém, respeitar famílias por mais humildes que sejam, e quando sucede algum do meu grupo desrespeitar uma mulher, castigo severamente.
Consumada a vingança do seu pai, pretende deixar o cangaço?
Até agora não desejei abandonar a vida das armas com a qual me acostumei e sinto-me bem. Mesmo que não fosse, não poderia deixar essa vida por que os inimigos não se esquecem de mim e por isso eu não posso deixá-los tranqüilo. Poderia retirar-me para um lugar longínquo, mas julgo que seria uma covardia, eu não quero nunca passar-me por covarde.
Existe algum tipo de pessoa que tem preferência no relacionamento?
Gosto geralmente de todas as classes. Aprecio de preferência as classes conservadoras - agricultores, comerciantes, etc. - por serem homens de trabalho. Tenho veneração e respeito pelos padres, por que sou católico. Sou amigo dos telegrafistas, por que alguns já me têm salvado de grandes perigos. Acato aos juízes por que são homens de lei e não atiram em mim. Só uma classe que eu detesto: é a dos soldados, que são os meus constantes perseguidores. Reconheço que muitas vezes me perseguem por que são sujeitos a isso. E é justamente por essa causa que ainda poupo alguns quando os encontros fora da luta.
Você deve conhecer muitos outros cangaceiros valentes. Quem mais se destacou nesse ponto de vista?
A meu ver, o cangaceiro mais valente no Nordeste foi Sinhô Pereira. Depois dele, Luiz Padre.
E Antônio Silvino?
Penso que Antônio Silvino foi um covarde que se entregou as forças do governo em conseqüência de um pequeno ferimento. Já recebi ferimentos gravíssimos e nem por isso me entreguei à prisão.
Já ouviu falar em José Inácio?
Conheci muito José Inácio, do Barro. Era um homem de planos, e o maior protetor dos cangaceiros do Nordeste, em cujo convívio sinto-me feliz.
Como anda sua saúde, se sofre tantosferimentos?
Já recebi quatro ferimentos graves. Dentre esses, um na cabeça, do qual só por um milagre escapei. Os meus companheiros também: vários deles têm sido feridos. Possuímos, porém, no nosso grupo, pessoas habilitadas para tratar dos feridos, de modo que sempre somos convenientemente tratados. Por isso estou forte e perfeitamente sadio, sofrendo raramente, ligeiros ataques reumáticos.
Seu grupo é sempre neste volume que veio a Juazeiro?
Desejava andar sempre acompanhado de um numeroso grupo. Se não organizo conforme o meu desejo é porque me faltam recursos materiais para compra de armamentos e manutenção do grupo - roupa, alimentos, etc. este grupo que me acompanha é de quarenta e nove homens, todos bem armados e municiados e muito me custa sustentá-lo como sustento. Meu grupo nunca foi reduzido, tem sempre variado de quinze e cinqüenta homens.
Costuma vir ao estado do Ceará?
Sempre respeitei e continuo a respeitar o Estado do Ceará por que nele tenho muitos amigos, nunca me fizeram mal e ainda porque é o Estado de Padre Cícero. Como deve saber, tenho a maior veneração por esse sacerdote, porque é o protetor dos humildes e infelizes e, sobretudo, por que há muitos anos protege as minhas irmãs que moram em Juazeiro. Tem sido para elas um verdadeiro pai. Convém dizer que ainda não conhecia pessoalmente o Padre Cícero, pois essa é a primeira vez que venho a Juazeiro.
Sua vinda até que aqui foi pra receber a patente de capitão pra combater a Coluna Prestes. E então?
Tive um combate com os revoltosos da Coluna Prestes entre São Miguel e Alto da Areia. Informados de que eles por ali passavam e - sendo eu legalista - fui atacá-los, havendo forte tiroteio. Depois da grande luta e estando apenas com dezoito companheiros, me vi forçado a recuar, deixando diversos inimigos feridos. Vim agora ao Cariri, porque desejo prestar meus serviços ao Governo da nação. Tenho o intuito de incorporar-me às forças patrióticas do Juazeiro e com elas oferecer combate aos rebeldes. Tenho observado que, geralmente, as forças legalistas não têm planos estratégicos e daí o insucesso de seus combates que de nada tem valido. Creio que, se aceitarem os meus serviços e seguirem os meus planos, muito poderíamos fazer.
O que imagina do futuro dentro do cangaço?
Estou me dando bem no cangaço e não pretendo abandoná-lo. Não sei se vou passar a vida toda nele. Preciso trabalhar ainda uns três anos. Tenho que visitar alguns amigos, o que ainda não fiz por falta de oportunidade. Depois talvez me torne comerciante".
Fonte: http://www.enciclopedianordeste.com.br
Derrotado no país de Mossoró
Cidade do Rio Grande do Norte celebra anualmente o feito de ter impedido o saque do bando de Lampião. Era o início do fim da aura de invencibilidade do cangaceiro
O espetáculo este ano teve a sua sétima edição realizada ao ar livre e com ares de superprodução. A cada mês de junho, a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, situada a 285 quilômetros da capital Natal, revive orgulhosamente a maior derrota de Lampião. Chuva de bala no país de Mossoró, com mais de 70 atores, é um épico que ressalta a coragem do prefeito Rodolfo Fernandes, organizador da defesa que conseguiu repelir mais de 70 homens chefiados por, na verdade, três chefes cangaceiros: o próprio Lampião, Sabino Gório e Massilon Benevides Leite. Este último, que era potiguar, convenceu Virgulino Ferreira a atacar Mossoró, certo de que não encontraria resistência, descreve Raul Fernandes em A marcha de Lampião: assalto a Mossoró.
A cidade, que conta hoje com 234 mil habitantes, tinha, em 1927, um número de almas dez vezes menor, mas era desenvolvida, contando com comércio forte e diversificado, quatro jornais e energia elétrica. Muitos não acreditaram na notícia de que o mais famoso bandoleiro preparava-separa dar o bote em suas riquezas. O prefeito Rodolfo Fernandes tratou de preparar a resistência. Na noite de 12 de junho, a animação na cidade por causa do baile promovido pelo Humaytá Futebol Clube deu lugar à correria. Lampião já estava atacando a vila de São Sebastião (hoje município de Dix-Sept Rosado) e em poucas horas entraria em Mossoró.
Quem pôde, escapou de trem, de carro, cavalo ou mesmo a pé. Os que ficaram trancaram-se em casa, esperando o pior. A defesa da cidade ficou a cargo de cerca de 150 homens, espalhados em locais estratégicos, como a estação ferroviária, a Igreja de São Vicente e a própria casa do prefeito Rodolfo Fernandes.
Na manhã de 13 de junho, dia de Santo Antônio, Lampião ainda envia um bilhete, onde propõe o pagamento de 400 contos de réis em troca de deixar os mossoroenses em paz. O prefeito responde que a cidade tinha o dinheiro, mas que ele fosse buscar. Às 16h, chovia fino na cidade quando começou o tiroteio. Os historiadores divergem sobre o número de cangaceiros que atacaram Mossoró. O contingente varia de 50 a 150, mas todos estavam bem armados e certos de que conseguiriam ficar com uma parte do saque.
Em menos de uma hora de luta, Lampião, que via o desenvolvimento do combate de dentro do cemitério, manda o pessoal bater em retirada. O "invencível" cangaceiro admitia a derrota. No campo de batalha, ficou o corpo do cangaceiro Colchete, com o crânio estourado por uma bala. Outro importante "cabra" do bando, Jararaca, foi baleado quando tentava ficar com os despojos do morto. Ele ainda fugiu e se escondeu embaixo de uma ponte, mas foi denunciado quando pediu ajuda a uma pessoa que passava pelo local. Durante a fuga em direção ao Ceará, acossado pelas volantes, pelo menos mais um cangaceiro, Moreno, morreria em conseqüência de ferimentos.
No dia 15 de junho, já em Limoeiro, no território cearense, Lampião foi convidado a entrar na cidade, com o pedido de que não cometesse saques. É recebido como autoridade pelo prefeito, padre e juiz, com direito a banquete em hotel e passeiosde automóvel. O fotógrafo Francisco Ribeiro de Castro conseguiu convencer Lampião a reunir o grupo para um registro. O chefe fica na fila da frente, ajoelhado, tendo atrás os prisioneiros e o restante do bando. Os filmes foram enviados para revelação em Mossoró, onde o crédito das imagens passou a ser identificado erroneamente como do jornalista potiguar José Octávio, dono do laboratório.
O ataque frustrado a Mossoró custou caro a Lampião. Acossado pelas forças de cinco estados - Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Ceará e Alagoas - ele segue em direção ao São Francisco. De líder de grande bando, está acompanhado agora apenas de cinco homens, desmuniciado e sem provisões. Em agosto de 1928, ele cruzou o rio, iniciando a sua última etapa de vida, onde ganharia mais uma alcunha no novo território. De Virgulino a Lampião, passando pelo Capitão da falsa patente dada em Juazeiro do Norte, passaria a ser conhecido pelos pobres sertanejos baianos como "O Homem".
Bilhete enviado por Lampião, com a sua "tradução" Reprodução
O ataque a Mossoró foi o ponto culminante de uma longa marcha que envolveu três grupos de cangaceiros montados a cavalo. Lampião e Sabino saíram de Pernambuco, cruzaram a Paraíba e se encontraram com os chefes de bando Vinte-e-dois e Massilon no Ceará. De lá, voltaram para a Paraíba e entraram no Rio Grande do Norte, realizando saques e praticando assassinatos. Após o fracasso em Mossoró, a fuga se deu através do Ceará, onde os bandos se dispersaram. Lampião iniciou sua rota para a Bahia.