domingo, 6 de julho de 2014

Superando as dificuldades



































Outro dia, vi uma formiga que carregava uma enorme folha. Ela era pequena e a folha devia ter, no mínimo, dez vezes o seu tamanho. Fiquei observando e notei que a formiga a carregava com muito sacrifício. Ora a arrastava, ora a tinha sobre a cabeça e quando o vento batia, a folha tombava, fazendo cair e rolar também a formiga. Foram muitos os tropeços, mas nem por isso a formiga desanimou de sua tarefa. 
Até que ela chegou a um pequeno buraco, que devia ser a porta de sua casa. Foi quando pensei: "Até que enfim, ela conseguiu!" Na verdade, havia apenas terminado uma etapa, pois a folha era muito maior do que a boca do buraco, o que fez com que a formiga a deixasse do lado de fora, para entrar sozinha.
Foi aí que disse a mim mesmo: ‘Coitada, tanto sacrifício para nada.’ Lembrei-me ainda do ditado popular: ‘Nadou, nadou e morreu na praia’. 
Mas a pequena formiga me surpreendeu.


Naquele momento saíram do buraco outras formigas, e todas começaram a cortar a folha em pequenos pedaços. Elas pareciam alegres na tarefa e em pouco tempo, a grande folha havia se transformado em pequenos pedaços que eram transportados facilmente para dentro do buraco. 
Imediatamente me peguei pensando em minhas experiências.

Quantas vezes eu desanimei diante do tamanho das tarefas ou dificuldades? Talvez, se a formiga tivesse olhado para o tamanho da folha, nem mesmo teria começado a carregá-la. Invejei a força daquela formiga. 

Transformei minha reflexão em oração e pedi a Deus:

- Que me desse a tenacidade para enfrentar as dificuldades.
- Que me desse a perseverança para não desanimar diante das quedas.
- Que eu tivesse sabedoria para dividir em pedaços o fardo que, às vezes, se apresenta pesado demais.
- Que eu tivesse a humildade para partilhar com os outros o êxito da chegada, mesmo que o trajeto tivesse sido solitário.
- Que eu não desistisse da caminhada, mesmo quando os ventos contrários me fazem cair, transformando em dúvidas as minhas esperanças de sucesso; mesmo quando, pelo tamanho da carga, não consiga ver com nitidez o caminho a percorrer.

A alegria da coletividade que esperava lá dentro pelo alimento fez aquela formiga superar todas as adversidades da estrada. Após meu encontro com aquela formiga, saí mais fortalecido diante dos desafios deste planeta de provas e expiações.”

(Autor Desconhecido)

A Copa da elite vermelha


Os mensaleiros acabaram presos pelo maior representante da elite branca: Joaquim Barbosa

GUILHERME FIUZA
06/07/2014 

A elite branca insultou Dilma Rousseff na abertura da Copa do Mundo. É sempre assim: os companheiros fazem tudo conforme o manual, aí vem a elite branca com grosseria. Como alertou nosso Delúbio, o mensalão era uma conspiração da direita contra o governo popular. Deu no que deu: os mensaleiros acabaram presos pelo representante máximo da elite branca, Joaquim Barbosa. Ao criticar a preparação do Brasil para a Copa, o ex-jogador Ronaldo vocalizava a conspiração da elite branca. O roubo do juiz a favor do Brasil contra a Croácia não foi nada diante do roubo na construção dos estádios da Copa, disse o humorista Helio de la Peña. É um branco azedo.

Isso não vai ficar assim, não. A elite vermelha já iniciou sua reação. A primeira medida de impacto foi tirar Dilma e Lula de lugares públicos, pelo menos durante a Copa. Sábia medida. Como se sabe, os lugares públicos no Brasil estão completamente tomados pela elite branca – e ela é malcriada. A enteada e o filho do Brasil devem circular, nesse período perigoso, apenas pelos espaços democráticos: as assembleias do PT, os gabinetes do Planalto (evitar os corredores) e as cadeias obrigatórias de rádio e TV, lugares seguros, de onde não se ouvem os impropérios da elite branca.

O Supremo Tribunal Federal também está se tornando um lugar democrático e seguro, com a chegada à presidência de Ricardo Lewandowski, gladiador do PT no processo do mensalão. Um presidente amigo é tudo. O clima no STF não poderia ficar melhor com a ascensão de Luís Roberto Barroso à relatoria desse processo inventado pela elite branca. Barroso foi quem decidiu que a quadrilha petista não é uma quadrilha. Ele recebeu a relatoria declarando que “quem está preso tem pressa”. É bonita a preocupação de Barroso com os companheiros da Papuda. Apressemos esse infortúnio. O Brasil e sua elite branca podem esperar sentados pela devolução do dinheiro que os apressados desviaram.

O Tribunal Superior Eleitoral também se tornou um lugar aconchegante para Dilma e Lula. Quem assumiu a presidência do TSE, logo na corrida presidencial? O menino prodígio Dias Toffoli, que compôs, com Lewandow­ski, a dupla de capa e espada do PT no julgamento do mensalão. Será que o comício eleitoral de Dilma em cadeia obrigatória de rádio e TV na véspera da Copa suscitará alguma punição à presidente?

Santa ingenuidade, Batman... O juiz do jogo foi advogado do PT em três campanhas presidenciais. Só essa elite branca desmiolada não entende para que serve a inoculação de um militante disciplinado no aparelho de Estado. Vá em frente, companheira Dilma! Os pronunciamentos oficiais foram criados justamente para a senhora vender o peixe do seu pessoal, sem ter de ouvir essa burguesia indócil, que infesta os estádios de futebol e as praças públicas.

O Brasil é um país injusto. Lula e Dilma abriram os cofres da nação para a orgia da Copa. Agora têm de ficar se escondendo por aí, acuados pela elite branca. Mas não há de ser nada. Apesar do derrame bilionário nos estádios (superior à soma dos gastos nas Copas da Alemanha e África do Sul), apesar de trocar a chance de investimento sério em transportes por remendos de última hora, que darão para o gasto, o governo popular triunfará. Com sua famosa honestidade intelectual, os companheiros dirão que os pessimistas duvidaram da Copa no Brasil, mas ela aconteceu mesmo assim. A história suja da preparação dessa Copa sumirá sob um brado triunfal qualquer, tipo “somos brasileiros e não desistimos nunca”. O prontuário não deixa dúvidas de que eles não desistem mesmo.

E lá vem notícia ruim na imprensa burguesa golpista: o país volta a cair no ranking de investimento estrangeiro direto. Mas por que, afinal, os investidores fogem do Brasil? Engana-se quem pensa que seja por causa das intervenções populistas desastrosas, do setor elétrico à política econômica (contabilidade criativa), passando pela Petrobras e pelo grande elenco de vítimas do chavismo brasileiro, vizinho de porta do calote argentino. Nada disso.

Os investidores fogem do Brasil com medo da elite branca. Se o dinheiro continuar a ir embora, o jeito será pedir emprestado aos tesoureiros ricos da elite vermelha.

Usuário poderá cancelar serviços automaticamente

06 de julho

Brasília (AE) - A partir de terça-feira, 08, o consumidor poderá cancelar automaticamente serviços de telefonia fixa, móvel, TV por assinatura e internet, sem falar com nenhum atendente. Esse é um dos benefícios do novo regulamento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que finalmente entrará em vigor.

A dificuldade para encerrar contratos com empresas de telecomunicações era uma das principais reclamações que os clientes faziam à central de atendimento da Anatel. Agora, ao telefonar para o call center das empresas, o cancelamento será uma das opções a serem digitadas no menu principal. Na internet, o procedimento será semelhante. Bastará se identificar por meio de um cadastro com nome de usuário e senha para solicitar a interrupção do serviço.

Já no momento do pedido, o usuário será informado se deverá pagar multa ou fatura com valor proporcional aos dias que o serviço foi prestado. A operadora terá dois dias para entrar em contato e tentar convencê-lo a manter o serviço. O regulamento estabelece também normas mais rígidas sobre a validade dos créditos dos celulares pré-pagos. A partir do dia 8, qualquer crédito adquirido terá validade de, no mínimo, 30 dias. Nas lojas próprias e pontos de venda, exceto bancas de jornal, será obrigatório ofertar crédito com validade de 90 e 180 dias.































O consumidor poderá cancelar serviços sem falar com atendente 

Retorno 

As operadoras serão obrigadas a retornar a ligação feita ao call center caso ela caia. O retorno será automático. O cliente antigo também passa a ter direito às mesmas promoções que são ofertadas ao novo assinante. O regulamento também afirma que o período máximo para contratos de fidelização é de 12 meses.

Ao contratar um serviço por telefone, as empresas deverão passar todas as informações sobre o plano. O cliente saberá, por exemplo, se recebeu uma oferta temporária e para quanto a fatura vai subir ao término desse prazo. O consumidor deverá será informado sobre multa de rescisão, reajuste e franquia do serviço. Todos esses dados deverão ser encaminhadas por correio ou e-mail.

Se o assinante questionar o valor ou o motivo de uma cobrança, a operadora terá 30 dias para responder à reclamação. Caso isso não seja feito, a empresa será obrigada a corrigir automaticamente o valor da fatura, se ela ainda não tiver sido paga, ou devolver o valor em dobro, caso já tenha sido feito. O cliente poderá questionar faturas emitidas nos últimos três anos

Para o presidente da Anatel, João Rezende, as novas regras fortalecem o poder de negociação do consumidor. As teles afirmam estar preparadas para as novas normas. Telefônica Vivo, Oi e GVT informaram que vão implantar as mudanças, mas reclamaram do prazo estabelecido pela Anatel, considerado curto e incompatível com o nível de complexidade exigido para adequar seus sistemas. Net, Claro e TIM informaram que estão trabalhando para cumprir as determinações nas datas estabelecidas. A Embratel e a Nextel não se pronunciaram.
O Estado de S. Paulo.

Cuba tem 50 carros vendidos em seis meses e Renault Clio custa R$ 60 mil

02.07.2014 - 16:17

Preços altos impedem cubanos de comprar carros mais novos em mercado local



Ed Ferreira/Estadão


A liberação das transações de compra e venda de automóveis em Cuba sem a necessidade da aprovação do governo abriu novos horizontes para o país. No entanto, os preços elevadíssimos dos modelos oferecidos por lá causaram um óbvio problema. Em seis meses, apenas 50 carros e quatro motos foram vendidos.
O descompasso entre os valores cobrados e o salário médio do cubano é a maior causa das vendas pífias. Um Peugeot 206 ano 2013 é vendido por US$ 91 mil, enquanto um 508 novo chega a custar US$ 262 mil, num país onde não é raro ganhar menos de US$ 20 por mês.

As 11 concessionárias em funcionamento em Cuba conseguiram US$ 1,28 milhões nas vendas, quantidade insuficiente para um investimento sólido no transporte público, uma das premissas do projeto de liberação das vendas. Segundo o governo cubano, 75% do valor das transações será direcionado para melhorar o carente sistema de transporte do país.

Por enquanto, a administração pública não fez nada para que os preços cobrados sejam minimamente ajustados à realidade cubana, deixando o mercado de automóveis limitado a alguns poucos endinheirados.

by Estadão

Três opções ao Chromecast para levar internet para sua TV


Aparelho do Google está à venda no Brasil com preço de 199 reais, mas outras opções com recursos semelhantes estão disponíveis nas lojas

Claudia Tozetto
Divulgação
Chromecast funciona ligado à conexão HDMI da TV e a uma porta USB para receber energia (Divulgação)
As TVs conectadas ganham cada vez mais recursos e, por isso, tornam-se cada vez mais confusas para os consumidores. Quase sempre, essa dificuldade em entender os recursos é um empecilho para investir em um novo televisor com acesso à internet. Para simplificar, fabricantes colocaram no mercado alguns dispositivos capazes de levar a web para qualquer TV com entrada HDMI. O Chromecast, dispositivo fabricado pelo Google, é um deles e chegou ao Brasil na semana passada.
Embora os conteúdos disponíveis nas plataformas das TVs da Samsung, da LG e de outras marcas sejam mais variados, dispositivos como centrais multimídia permitem acessar os principais serviços de TV sob demanda, como o Netflix, e sites de vídeos, como o YouTube. Além disso, alguns deles tornam mais simples a exibição de fotos e vídeos do seu smartphone na TV. Além do Chromecast, que chegou ao país com preço de 199 reais, é possível encontrar no Brasil outras boas opções. Confira abaixo os principais concorrentes do produto do Google:


Três centrais multimídia para conectar a TV à internet

1 de 3

Apple TV

A central multimídia fabricada pela Apple permite assistir filmes e séries de TVs alugados ou comprados por meio da iTunes Store. Além disso, estão disponíveis apps como Netflix, Crackle, YouTube e Vevo. O aparelho permite exibir também fotos e vídeos do iPhone e iPad na TV por meio do AirPlay: basta que os dois aparelhos estejam conectados à mesma rede Wi-Fi para compartilhar conteúdo. O ponto negativo é a falta do cabo HDMI, que deve ser comprado à parte. Preço: 399 reais

Um país inteiro se prepara para migrar antes de ser engolido pelo oceano

A ilha de Kiribati corre o risco de desaparecer nos próximos 20 anos, por causa do aumento do nível do mar. Seu governo comprou parte de uma nova ilha para acomodar seus cidadãos quando isso acontecer

REDAÇÃO ÉPOCA
04/07/2014 18h06 

Kiribati desaparecerá em alguns anos. O governo prepara a evacuação de toda a população (Foto: Divulgação/ Governo da República de Kiribati)
Se pesquisar pelas ilhas Kiribati no Google Imagens, você vai ficar com inveja de seus moradores. Kiribati é um verdadeiro paraíso natural no meio do Pacífico. O lugar é famoso também por estar sempre à frente do resto da humanidade: muito ao leste, em Kiribati o ano novo chega mais cedo, por causa do fuso-horário. Antes de se render ao impulso de fazer as malas e mudar-se para lá, saiba: Kiribati vai desaparecer. Dentro de 20 ou 85 anos (os cálculos variam) a ilha-nação será engolida pelo mar, à medida que o aquecimento global faz subir o nível do oceano. Para abrigar sua população, o governo do país recorreu a uma solução pouco ortodoxa: nesta semana, efetivou a compra de um pedaço de Fiji. Quando Kiribati desaparecer, sua população inteira vai migrar para o terreno comprado no país vizinho.

>>Brasil não é mais o campeão de desmatamento do mundo 
>>Godzilla e o alerta sobre questões ambientais

A ilha adquiriu 20 quilômetro quadrados de floresta para o caso de ter de evacuar seus 103 mil moradores. O terreno foi comprado da Igreja Anglicana por US$8, 8 milhões.  Por enquanto, o governo de Kiribati pretende usar o território para agricultura. “Esperamos não ter de colocar todo mundo nesse pedaço de terra. Mas, se for absolutamente necessário, podemos fazer isso” disse o presidente Anote Tong à agência de notícias Associated Press em 2012, quando as negociações começaram. O governo da ilha ainda precisa discutir com as autoridades em Fiji o que elas acham do plano de migração em massa.

A situação é urgente para Kiribati. O nível do mar ao redor de seus 32 atóis sobe uma média de  1,2 centímetros por ano – 4 vezes mais rápido do que  a média mundial. De acordo com Tong, moradores de alguns vilarejos já começaram a migrar e a água do mar contaminou parte dos lençóis freáticos das ilhas.  A maré que sobe salga as terras cultiváveis do país, dificultando a produção de alimentos. Destrói casas e lojas. O aquecimento global também matou os corais próximos às ilhas. Ao morrer, eles deixaram o ecossistema mais pobre. Os peixes foram desaparecendo.  A situação é tão ruim que alguns cidadãos de Kiribati já fizeram pedido de asilo na Nova Zelândia.

Os moradores de Kiribati, a procura de um novo lar, fazem parte de uma nova categoria de migrantes: os refugiados climáticos. Eles ainda são poucos, mas devem aumentar nas próximas décadas. Estimativas atuais avaliam que devem chegar a ser 700 milhões até 2050.
RC

O maior prejudicado até agora pelas denúncias contra a Petrobras


A história do homem que ganhou um contrato de R$ 443 milhões com a Petrobras, foi cercado de benesses, perdeu tudo e hoje anda de ônibus

DIEGO ESCOSTEGUY
04/07/2014

DIFERENTE Vladimir Magalhães, sócio da Ecoglobal. Ao contrário dos outros investigados poderosos, ele não  fugiu nem se escondeu.  Foi o único cujo contrato, considerado suspeito, foi cancelado pela Petrobras (Foto: Andre Arruda/ÉPOCA)
Às 6 e meia da manhã do dia 11 de abril, o engenheiro carioca Vladimir Magalhães acordou com a Polícia Federal à sua porta, num apartamento de classe média em Copacabana, no Rio de Janeiro. Vladimir é um senhor de 67 anos. Mora com a mulher e a filha. Os policiais cumpriam mandados da Operação Lava Jato. Estavam atrás de documentos que ligassem a empresa de Vladimir, a Ecoglobal, ao esquema liderado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef. Tinham ordens de levar Vladimir para depor. Também foram à sede da Ecoglobal no Rio e à filial da empresa em Macaé, onde a Petrobras concentra boa parte de suas operações de exploração de petróleo. Acabaram indo até a Petrobras, como logo se soube, para espanto do país. “Podem vasculhar à vontade”, disse Vladimir, tentando acalmar a família. Estava irritado, mas compreendia por que os policiais estavam lá.
Semanas antes, a PF descobrira um documento suspeito num dos endereços do doleiro Youssef. Era uma proposta de sociedade, assinada em setembro do ano passado, entre a Ecoglobal de Vladimir e empresas de laranjas de Youssef e Paulo Roberto. Pelo documento, Youssef e Paulo Roberto poderiam se tornar sócios da Ecoglobal, que vencera meses antes uma licitação para prestar serviços altamente especializados à Petrobras. Era um contrato de R$ 443 milhões por quatro anos. Ao lado da proposta, a PF encontrou balanços da Ecoglobal, além de outros documentos internos. Os investigadores haviam, ainda, interceptado e-mails sobre as negociações dessa proposta, trocados entre pessoas próximas a Vladimir e, posteriormente, reenviados a Youssef. Somados, os documentos sugeriam uma sociedade oculta entre a turma de Paulo Roberto e a empresa de Vladimir.
Havia, portanto, razões consistentes para as buscas. Vladimir foi à PF e disse que não conhecia Youssef e Paulo Roberto. Admitiu que conhecia dois personagens capitais no enredo da Operação Lava Jato: Pedro Storti e Marcos Lauria, amigos de Paulo Roberto com influência na Petrobras. A dupla tinha negócios na estatal e se aproximara de Vladimir quando a Ecoglobal conquistara o contrato de R$ 443 milhões. Vladimir teria pouco mais de um ano para levantar o dinheiro necessário para subcontratar fornecedores e importar peças. No jargão dos grandes contratos da Petrobras, é o “período de mobilização”. À PF, Vladimir disse que Storti e Lauria queriam virar sócios na Ecoglobal e ajudar na capitalização da empresa. Disse ainda que, quando descobriu que Youssef estava por trás da proposta de setembro de 2013, desistiu do negócio.
Naqueles dias de abril, em que se descobriam evidências fortes de envolvimento de dezenas de empreiteiras e multinacionais no esquema de Paulo Roberto, o comportamento de Vladimir destoou. Ele não se escondeu. Não contratou advogados. Foi ao Jornal Nacional dizer que era honesto e nada fizera de errado. Nenhuma outra empresa ou executivo fizera algo semelhante. O comportamento da Petrobras com Vladimir também destoou. Há semanas, ela cancelou o contrato de R$ 443 milhões com a Ecoglobal, sem dar maiores explicações. Seria um exemplo de rigor diante das suspeitas da PF. Seria, não fosse um fato: a Petrobras cancelou apenas o contrato da Ecoglobal. Não cancelou os contratos das empreiteiras e gigantes do petróleo sobre as quais pesam evidências mais fortes de corrupção.
Vladimir contara à PF e à imprensa apenas o que legalmente podia. Uma cláusula de confidencialidade o obrigava a não revelar quem eram, na verdade, todos os seus parceiros na Ecoglobal. Agora, meses depois, destruído financeira e emocionalmente, resolveu contar a ÉPOCA tudo o que afirma saber. Apresentou dezenas de documentos. Os papéis, em larga medida, corroboram suas palavras. Revelam que, se o caso da Ecoglobal precisa ser investigado, Vladimir não é o único obrigado a dar explicações. Não há evidências, até o momento, de que Paulo Roberto ou Youssef fossem seus sócios na Ecoglobal. Mas sobram provas de que, no dia em que a PF o acordou em Copacabana, seus parceiros na empresa eram uma constelação de renomados executivos, grandes bancos e os maiores fundos de pensão do Brasil. Entre eles: Rodolfo Landim, ex-diretor da Petrobras; Demian Fiocca, ex-presidente do BNDES e amigo do ministro da Fazenda, Guido Mantega; a Caixa Econômica Federal e o banco Santander; e Previ, Funcef e Petros, sem contar outros quatro fundos de pensão. Todos haviam se comprometido a investir na Ecoglobal. Todos haviam assinado com Vladimir o mesmo tipo de proposta que levara a PF à porta dele. E haviam assinado a proposta também com Storti e Lauria, a dupla ligada a Paulo Roberto. A constelação já ajudava a tocar a empresa e havia até um codinome para o negócio: “Projeto Vermelho”.
 
PROJETO Rodolfo Landim,  ex-diretor da Petrobras.  Ele era sócio de Vladimir  e buscava recursos para a Ecoglobal. Depois, sumiu (Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo)
Rodolfo Landim,  ex-diretor da Petrobras.  Ele era sócio de Vladimir  e buscava recursos para a Ecoglobal. Depois, sumiu (Foto: reprodução)
“Projeto Vermelho” era um chiste com o passado de Vladimir. Na juventude, ele pegara em armas contra a ditadura. Considerava-se marxista, até que viu um amigo ser morto pela polícia política. Sobreviveu incólume, ao menos fisicamente, a uma semana de prisão nos porões. Fez carreira na Eletrobras. Há 20 anos, após se aposentar, resolveu aprender algo novo. Virou capitalista. Nascia o embrião da Ecoglobal, uma empresa que começou modesta. Prestava pequenos serviços de limpeza de detritos nas plataformas. Nacionalista, orgulhava-se de descobrir pequenas empresas de tecnologia estrangeiras, com quem fazia intercâmbios, e de adaptar o que aprendia  às necessidades da Petrobras.
Aos poucos, Vladimir conquistava mais contratos e tentava entrar na área de exploração e produção, a mais lucrativa e concorrida da indústria do petróleo.  É aquela área que, como uma vez definiu o ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti, quando tentava indicar um afilhado para a Petrobras, “fura poço e acha petróleo”. No Brasil, nossos valiosos hidrocarbonetos estão em águas profundas. Isso torna ainda mais cara para a Petrobras – e rentável para os fornecedores – a tarefa de furar poço e achar petróleo. Uma tarefa, historicamente, para grandes multinacionais, como a americana Halliburton ou a francesa Schlumberger.
Elas dominam as principais tecnologias para extrair o petróleo em alta profundidade, transportá-lo até a superfície e analisar a qualidade dele. Essa análise, conhecida como “well testing”, ou “avaliação de formações”, é estratégica. Descobrem-se o volume de petróleo disponível, quanto cada poço poderá produzir, a melhor maneira de extraí-lo e, finalmente, quanto custará transformá-lo num produto economicamente viável. A soma dessas informações compõe uma espécie de tomografia da região a explorar. No caso da Petrobras, que opera sobretudo nessas águas profundas, constitui também um raio X da própria empresa. Sabendo quanto uma petroleira tem de petróleo, e quanto poderá conseguir, pode-se calcular quanto ela valerá no futuro próximo. São informações de imenso valor econômico e geopolítico.
Parece incompreensível que uma empresa de tintas nacionalistas como a Petrobras, tão orgulhosa de ser o combustível do desenvolvimento do Brasil, deixe que empresas estrangeiras façam esse tipo de serviço e que possam deter esse tipo de informação. Mas é o que acontece. A Petrobras depende muito dessas multinacionais. “Se a Halliburton e a Schlumberger acordarem um dia e resolverem ir embora, a Petrobras para”, diz um técnico da área. Foi esse contrato que a Ecoglobal ganhou. Pela primeira vez, uma empresa nacional faria esse tipo de serviço. Dividiria a tarefa com as duas multinacionais. Os contratos da Halliburton somavam cerca de R$ 2 bilhões; os da Schlumberger, R$ 1,5 bilhão.
Não é preciso ser um especialista em petróleo para perceber o potencial econômico da Ecoglobal. O contrato de R$ 443 milhões prometia ser o primeiro de muitos, de uma empresa que poderia virar uma gigante. “Não sou vítima. Meu erro foi ter confiado nas pessoas erradas”, diz Vladimir.  Ele se refere à aproximação da dupla Storti e Lauria, que prometia capitalizar a Ecoglobal. “Sabia da relação com Paulo Roberto, mas não tinha ideia de quem era Youssef. Nunca paguei um centavo para político ou para gerente da Petrobras. Prefiro morrer com dignidade.”
Após o episódio com os laranjas de Youssef, em setembro do ano passado, os amigos de Paulo Roberto prosseguiram em negociações para levantar dinheiro para a Ecoglobal. Tiveram reuniões com o banco BTG Pacutal, entre outros grandes investidores. Até que chegaram a Landim e Fiocca, donos da Mare Investimentos. Ao lado deles, ao banco Santander, por meio da Mantiq. Essa turma geria dois fundos destinados a investir em petróleo. O dinheiro vinha dos fundos de pensão e de alguns investidores particulares, cuja identidade é mantida em sigilo. A Caixa administrava os investimentos. Pelo regulamento desse tipo de investimento, Landim e Fiocca não poriam apenas dinheiro na Ecoglobal. Participariam da gestão da empresa. “Achei uma excelente ideia”, diz Vladimir.
Após meses de negociação, depois de revirar os balanços da Ecoglobal, a turma de Landim resolveu virar sócia da Ecoglobal. Acordos e mais acordos foram assinados, à medida que as tratativas avançavam. Landim e Fiocca, com a ajuda de economistas do Santander, passaram a cuidar da Ecoglobal. Como o início do contrato com a Petrobras se aproximava, negociavam com fornecedores e se empenhavam em conseguir mais investidores para o negócio. Entre janeiro e fevereiro, Landim e Fiocca chegaram a participar de duas reuniões na Petrobras, em que explicaram como investiriam cerca de R$ 80 milhões, inicialmente, na Ecoglobal. Fizeram isso para acalmar o gerente de Construção de Poços da Petrobras, Virmondes Alves Pereira, responsável pelo contrato com a Ecoglobal e as multinacionais. Virmondes dizia temer que a Ecoglobal não seria capaz de cumprir o contrato. “Virmondes sempre agiu, não sei por que razão, criando dificuldades. Esperou meses até assinar o contrato. Constrangia nossos fornecedores. Para a Halliburton e a Schlumberger, não havia nenhuma cobrança”, diz Vladimir.
TODOS JUNTOS 1. Documento mostra  que Landim e Fiocca acertam investimentos para a Ecoglobal 2. O contrato é assinado por Landim, Fiocca, Vladimir e os amigos de Paulo Roberto: Storti e Lauria (Foto: reprodução)
2. O contrato é assinado por Landim, Fiocca, Vladimir e os amigos de Paulo Roberto: Storti e Lauria (Foto: reprodução)
Em março, pouco antes da Operação Lava Jato, Vladimir assinou com a turma de Landim uma proposta. Os amigos de Paulo Roberto também assinaram. Todo mundo assinou. Por esse tipo de documento, os fundos tinham três meses para depositar o dinheiro na Ecoglobal, desde que Vladimir e os demais cumprissem sua parte. “De nossa parte, fizemos tudo. Nem quando a PF bateu na minha casa quebrei minha palavra”, diz Vladimir. Quando o nome da Ecoglobal foi parar no noticiário, diz Vladimir, todos sumiram. “Fiquei sozinho. Ninguém atendeu mais o telefone.”
No mês passado, Vladimir tomou um susto quando recebeu a carta, de apenas uma página, em que a Petrobras rescindia o contrato. “Aquilo me quebrou. Já havia feito todos os pedidos aos fornecedores. Não tenho como pagar. Demiti todos os funcionários. Fali”, diz. Também o chocou o autor da carta: o gerente Virmondes. No mesmo dia em que Vladimir foi depor, Virmondes também foi obrigado a falar à PF; ele assinara o contrato com a Ecoglobal e as demais empresas. Apesar de ser investigado pela PF, ele continua no cargo. Um de seus filhos, o engenheiro Henrique Machado, trabalha na Halliburton. Outra filha, uma geóloga, já trabalhou na Petrobras. Agora, trabalha na Queiroz Galvão Exploração e Produção, que tem negócios com a Petrobras. O genro de Virmondes trabalha na Siem Offshore, que também presta serviços para a Petrobras. Agora, a Petrobras está em via de repassar os serviços que seriam feitos pela empresa de Vladimir à Halliburton e à Schlumberger.
A Mare Investimentos e a Mantiq Investimentos afirmam que contactaram diretamente representantes da Ecoglobal no fim de 2013, após tomar conhecimento, por meio de um banco internacional, da existência de uma oportunidade de investimento. Em 7 de março de 2014, Mantiq e Mare afirmam que formalizaram sua proposta de investimento à Ecoglobal, então representada por executivos apresentados como seus acionistas. A proposta, dizem as empresas, estava condicionada ao atendimento de exigências. As duas gestoras de fundo informam que, em 6 de junho, vencido o prazo para o cumprimento delas, e seguindo critérios técnicos que pautam todas as suas decisões, comunicaram formalmente à Ecoglobal que o investimento não seria efetivado. A Halliburton informa que não fornece detalhes sobre funcionários ou contratos. A Queiroz Galvão Exploração e Produção afirma que contratou a geóloga Fernanda Cardia “em processo seletivo, pelo qual passam todos os colaboradores que ingressam na companhia”. Ela foi procurada, mas não respondeu aos recados deixados por ÉPOCA. A Petrobras, como desde o início da Operação Lava Jato, não quis se manifestar.
“Só não me mato porque verifiquei que meu seguro de vida não cobriria minhas dívidas”, diz Vladimir, baixinho, após dias de conversa. Suas mãos tremem enquanto fala. Alterna a angústia da culpa com a raiva pelo abandono de quem ele julgava lhe dever lealdade. “Meu tempo passou. Só restou meu nome, que preciso passar limpo para minha família”, diz. Ele vendeu o carro e não pagou a conta dos cartões de crédito. Em nossa última conversa, não conseguiu pagar a conta. “A vida é assim. Um erro e você pode acabar. Nunca soube julgar as pessoas. Errei, e acabou”, disse, antes de se despedir e subir num ônibus.

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