quinta-feira, 12 de junho de 2014

A Copa sem Fuleco

Faltou tudo no show de abertura da Copa do Mundo: originalidade, criatividade, emoção e senso estético. Até mesmo as veteranas de palco, Jennifer Lopez e Claudia Leite, pareciam amadoras sem talento

FLÁVIA YURI OSHIMA
12/06/2014 22h06 - Atualizado em 12/06/2014 22h08

Cerimônia de abertura  (Foto: AP Photo/Ivan Sekretarev)
O Olodum estava lá. A baiana Claudia Leite também. Até mesmo Jennifer Lopez apareceu. E nada disso fez diferença. O que deveria ter sido um show de abertura não passou de um fiasco. Um desfile de roupas óbvias e coreografias pobres e desencontradas, que não conseguiram representar nada direito. Foi difícil manter os olhos na tela.

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A diretora belga Daphne Cortez, responsável pela coreografia e direção artística da Copa 2014, reproduziu no estádio o olhar estereotipado que muitos estrangeiros têm sobre a nossa cultura. Levou para os gramados  índios, baianas, árvores e gotinhas d'água dançantes. A falta de originalidade poderia passar sem muitos arranhões se, com esses temas, a apresentação tivesse atingido seu objetivo: encantar com som, cores e coreografias. Nada disso ocorreu.

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Não é preciso ser cenógrafo pra saber que em ambientes gigantescos como estádios a quantidade de pessoas, a sincronia dos movimentos e a combinação das cores são indispensáveis para produzir impacto visual em quem assiste. A apresentação da Copa não teve nada disso. Os seiscentos dançarinos (número divulgado pela Fifa), que entraram em campo de forma revezada não conseguiram preencher nem mesmo o núcleo do campo. As tiras gigantes vermelhas, azuis, verdes e pretas colocadas nos quatro cantos do estádio não só não se integraram às cores da apresentação como competiram com elas.
A bola gigante colocada no centro do campo, com a base preta enorme e grosseira, parecia um móvel fora do lugar. Para piorar o que parece ser difícil de ser piorado, os grafismos projetados nela conseguiram ser tão de mal gosto quanto todo o resto.

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Enquanto assistia envergonhada à apresentação, minha esperança era que o show do improvável trio Jennifer Lopez, Claudia Leite e Pitbull salvasse a tarde. Ledo engano. A coerência do mau gosto permaneceu. Veteranas em apresentações para as multidões, Jennifer e Claudia pareciam cantoras amadoras deslocadas dublando um playback fora de sincronia. Nenhuma dica sobre o que o rapper Pitbull fazia ali. Mal se ouvia a música We are one. Na bola gigante transformada em palco (ela se abriu, ó!) os três pareciam estar mais preocupados em não cair do que concentrados no próprio show. Tanto Jennifer Lopez, que veio com um figurino que pode ser acusado por seus conterrâneos de ser muito brasileiro, quanto Claudia Leite exibiram seus quadris avantajados sem nenhum rebolado. O que foi aquilo?
 
O trio da abertura - Pitbull, Claudia Leitte e seus anéis e J-Lo (Foto: Claudia Leitte)
Nem mesmo o mascote da Copa, que costuma ser usado como uma espécie de mestre de cerimônias na abertura, apareceu. Esqueceram o Fuleco em casa. 

O Brasil que faz todos os anos dezenas de desfiles de escolas de samba empolgantes e comoventes, cheios de gingado, técnica e profissionalismo (para ficar em só um exemplo do que somos capazes) não merecia ser tão mal representado. Sobrou amadorismo e faltou todo o resto, principalmente estilo e bom gosto.

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