terça-feira, 16 de abril de 2024

Mulher leva morto em cadeira de rodas para sacar empréstimo de R$ 17 mil e pede a ele: 'Assina'


Funcionários da agência bancária, que fica em Bangu, desconfiaram da ação da mulher - que diz ser sobrinha do cadáver - e chamaram a polícia.

Por Felipe Freire, Guilherme Santos, Leslie Leitão, Rogério Coutinho, RJ2

16/04/2024 19h07 


Mulher leva morto em cadeira de rodas para sacar empréstimo de R$ 17 mil e pede a ele: 'Assina'

Uma mulher foi conduzida para a delegacia, na tarde desta terça-feira (16), depois de levar um cadáver em uma cadeira de rodas para tentar fazer um empréstimo de R$ 17 mil em uma agência bancária de Bangu, na Zona Oeste do Rio.

Funcionários do banco suspeitaram da atitude de Érika de Souza Vieira Nunes e chamaram a polícia. O Samu foi ao local e constatou que o homem, identificado como Paulo Roberto Braga, de 68 anos, estava morto – aparentemente havia algumas horas. A polícia apura como e exatamente quando ele morreu.

""Ela tentou simular que ele fizesse a assinatura. Ele já entrou morto no banco", explica o delegado Fábio Luiz.", explicou o delegado Fábio Luiz.

Na delegacia, a mulher disse que sua rotina era cuidar do tio, que estava debilitado. A polícia apura se ela é mesmo parente dele.

Conversa com o cadáver
Um vídeo, feito pelas atendentes do banco, mostra que a todo tempo ela tentava manter a cabeça do homem reta, usando a mão e conversa com o suposto parente – que, claro, não responde.

“Tio, tá ouvindo? O senhor precisa assinar. Se o senhor não assinar, não tem como. Eu não posso assinar pelo senhor, o que eu posso fazer eu faço”, afirma a mulher.

Mulher leva corpo em cadeira de rodas para sacar empréstimo no Rio — Foto: Reprodução/TV Globo

Ela mostra o documento e afirma que ele tinha que assinar da forma que estava ali e diz: “O senhor segura a cadeira forte para caramba aí. Ele não segurou a porta ali agora?”, pergunta às atendendes, que dizem não ter visto.
“Assina para não me dar mais dor de cabeça, eu não aguento mais”, completa.

Nesse momento, as funcionárias tentam intervir e uma delas comenta sobre a palidez do homem: "Ele não está bem, não. A corzinha não tá ficando..."

"Mas ele é assim mesmo", responde a suposta sobrinha.

A mulher responde: “Ele não diz nada, ele é assim mesmo. Tio, você quer ir para o UPA de novo?”, questiona ela, sempre sem resposta.

Por volta de 19h, a mulher ainda prestava depoimento na delegacia. A polícia apura se ela cometeu furto mediante fraude ou estelionato.

A polícia quer entender se outras pessoas a ajudaram a cometer os crimes e busca imagens de segurança. O corpo do idoso foi levado para o Instituto Médico Legal.

"O principal é: a gente continuar a investigação, pra gente identificar demais familiares, e saber se quando esse empréstimo foi realizado se ele estava vivo, qual é a data desse empréstimo", explica o delegado.

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Salomão afasta cautelarmente Gabriela Hardt e outros julgadores da Lava Jato

Para corregedor, condutas de Hardt podem configurar crime e desembargadores passaram por cima de decisões do STF. Leia as decisões

JOTA
Corregedor Nacional de Justiça, Ministro Luis Felipe Salomão /Crédito: Rômulo Serpa/Agência CNJ

O corregedor nacional de Justiça, ministro Luís Felipe Salomão, afastou a juíza Gabriela Hardt das suas funções na magistratura federal. A decisão foi tomada nesta segunda-feira, 15, em um documento de 30 páginas assinado por ele. 

Além dela, Salomão também decidiu afastar dois desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região: Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz e Loraci Flores de Lima. O juiz federal, Danilo Pereira Junior, que atualmente chefiava a 13ª Vara Federal de Curitiba, também foi afastado de suas funções. 

Em 2018, Gabriela Hardt substituiu o juiz Sergio Moro na 13º Vara Federal de Curitiba – onde eram julgados os processos da Operação Lava Jato. Moro e Hardt respondiam a uma reclamação na corregedoria, instaurada de ofício, depois de uma correição ter sido feita na vara no ano passado.

No documento, Salomão escreve que a ideia de combate a corrupção foi transformada em uma espécie de “cash back” para interesses privados, ao que tudo indica com a chancela e participação de Moro e Hardt.

“É bem verdade que a denominada Operação Lava Jato desbaratou um dos maiores esquemas de corrupção do país (…) No entanto, constatou-se – com enorme frustração – que, em dado momento, tal como apurado no curso dos trabalhos, a ideia de combate a corrupção foi transformada em uma espécie de “cash back” para interesses privados”, escreveu Salomão.

A suposta recirculação de valores apontada por Salomão “caracterizou-se pelo atípico direcionamento dos recursos obtidos a partir da homologação de acordos de colaboração e de leniência exclusivamente para a Petrobras – classificada como vítima universal, desprezando a União e terceiros prejudicados pelo sistema de corrupção – com a finalidade de se obter o retorno dos valores na forma de pagamento de multa pela Petrobras às autoridades americanas, a partir de acordo sui generis de assunção de compromisso para destinação do dinheiro formalmente e originariamente prometido ao Estado Brasileiro – ou seja, dinheiro público – para fins privados e interesses particulares (fundação a ser gerida a favor dos interesses dos mesmos), sem qualquer participação da União”.

“Os atos atribuídos à magistrada Gabriela Hardt, além de recair, em tese, como tipos penais – peculato-desvio, com possíveis desdobramentos criminais interdependentes, prevaricação, corrupção privilegiada ou corrupção passiva –, constituindo fortes indícios de faltas disciplinares e violações a deveres funcionais da magistrada”, completou o ministro, citando possíveis práticas de crimes.

Em fevereiro de 2019, a juíza Gabriela Hardt condenou o então ex-presidente Lula a 12 anos e 11 meses de reclusão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo sobre as reformas do sítio em Atibaia, que teriam sido pagas pelas empreeiteiras Odebrecht, OAS e Schahin pelos contratos assinados com a Petrobras.

Durante o julgamento de Lula, Hardt chegou a usar uma frase para contrapor o réu, que acabou popularizando nas redes sociais e virou estampa na camisa da ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro: “se começar nesse tom comigo a gente vai ter problema”. Em setembro de 2021, o processo acabou sendo anulado pelo STF, que verificou a incompetência da Vara de Curitiba para processar e julgar o caso.

Quanto a Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, Loraci Flores de Lima e Danilo Pereira Junior, Salomão afirmou que, “de forma deliberada”, eles “descumpriram ordem expressa proferida anteriormente pelo Ministro Dias Toffoli” ao julgar a exceção de suspeição em face do juiz federal Eduardo Appio.

As decisões sobre o afastamento dos quatro, assinadas nesta segunda-feira (15/4) pelo ministro Salomão, vão ser analisadas pelo plenário do CNJ nesta terça-feira (16/4).

Os processos tramitam com os números 0006135-52.2023.2.00.0000 e 0006133-82.2023.2.00.0000.

No link abaixo a Integra da Decisão  que afastou juiza e desembargadores

Beba na Fonte 

Projeto Comprova


liberdade de expressão

acesso à informação

PROJETOS

Projeto Comprova

O que é o Comprova?

Criado em 2018, o Comprova foi idealizado e desenvolvido no Brasil pelo First Draft e o Shorenstein Center, da Harvard Kennedy School, com a coordenação da Abraji. A iniciativa foi possível graças a uma parceria da associação com o Projor, a Google News Initiative e o Facebook Journalism Project. Trata-se de um trabalho colaborativo entre jornalistas de mais de 40 veículos de comunicação brasileiros para verificar informações on-line, publicar desmentidos em um site central e ampliar a difusão dos resultados em suas próprias plataformas.

Os veículos parceiros estão unidos no compromisso de investigar – de maneira precisa e responsável – declarações, especulações e rumores que estejam circulando na internet. Ao trabalhar coletivamente para selecionar e apurar textos, vídeos, imagens e gráficos, os jornalistas do Comprova contextualizam e esclarecem conteúdos deliberadamente falsos, enganosos e descontextualizados, buscando minimizar o alcance e o impacto da desinformação. Os conteúdos apurados estão, em sua maioria, ligados a temas como políticas públicas, saúde pública, mudanças climáticas e processos eleitorais.

Três anos após sua criação, o Comprova foi eleito a “Mídia Especializada do Ano”, na 46ª edição do Prêmio Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial). Também venceu o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa de 2021, junto com o Consórcio de Veículos de Imprensa, como forma de reconhecimento da importância do jornalismo e da cooperação entre veículos de comunicação e seus profissionais no combate à pandemia.

Em 2022, o Comprova venceu o Best of 2022, prêmio da Google Play Store para o mercado brasileiro, na categoria Melhores apps do bem, em razão do trabalho para elevar a capacidade crítica dos cidadãos ao lidar com a desinformação. Em 2023, o Projeto Confirma 22 fez parte do grupo que recebeu prêmio internacional na categoria projeto colaborativo mais inovador e de maior impacto no Global Fact 10, em Seul, na Coreia do Sul. A iniciativa de combate à desinformação foi uma parceria entre Comprova, Estadão Verifica, Uol Confere, Aos Fatos, Agência Lupa e a empresa Meedan.
Objetivos e princípios norteadores

O objetivo principal do Comprova é identificar e enfraquecer as técnicas de manipulação e disseminação de conteúdo enganoso que surgem em sites hiperpartidários, aplicativos de mensagens e redes sociais. Para isso, o projeto conta com alguns princípios norteadores:Rigor
Integridade e imparcialidade
Independência
Transparência
Responsabilidade ética

Fases do projeto

Em seu primeiro ano de existência, com apenas 20 veículos colaboradores, o projeto se demonstrou fundamental durante as eleições de 2018. Ao final deste ano, 145 checagens haviam sido feitas. Esses textos se transformaram em 1.750 publicações no conjunto dos veículos integrantes da coalizão. Seu bom funcionamento fez com que o Comprova decidisse iniciar sua segunda fase em 2019, quando foram verificados 77 boatos sobre políticas públicas federais.

Em 2020, o Comprova iniciou sua terceira fase dedicada à verificação de conteúdos suspeitos sobre a pandemia de covid-19, o processo eleitoral de 2020 e políticas públicas federais. Para a terceira fase, como parte do projeto +Comunidades, foram agregadas oito iniciativas de jornalismo independente que atuam em comunidades vulneráveis. Os jornalistas receberam treinamento, ajuda financeira para aquisição de equipamentos e remuneração para trabalhar no projeto, graças a um convênio da Abraji com a Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil.

No mesmo ano, foi lançado o Curso Comprova de Verificação, programa de treinamento de jornalistas com uma rede de mentores para apoiar os trabalhos de investigação de conteúdos suspeitos sobre eleições municipais conduzidos por veículos locais no país.

No início de 2021, o Comprova concluiu a sua terceira fase, com 283 conteúdos suspeitos investigados. Nessa etapa, sete em cada dez histórias apuradas estavam relacionadas à pandemia.

Em setembro do mesmo ano, o Comprova começou a seleção dos veículos para integrar o projeto +Redações. Seis organizações de mídia, uma de cada região do país e outra do Distrito Federal, foram selecionadas para receber treinamento e uma bolsa que permitia a um(a) jornalista de cada um dos veículos se dedicar ao Comprova até o final de 2022.

Ainda em 2021, o projeto promoveu a primeira edição do Programa de Residência. Durante dois meses, nove jornalistas, de três regiões do país (Sul, Sudeste e Nordeste) participaram de verificações de conteúdos suspeitos compartilhados em redes sociais e que obtiveram grande alcance. No final dessa fase, o projeto ganhou um formato de verificação: o Comprova Explica, no qual são aplicadas técnicas de jornalismo explicativo, com o objetivo de levar informações verificadas e mais contexto sobre temas que estejam sendo tratados nas redes e que necessitem de esclarecimentos.

A quarta fase do Projeto Comprova foi concluída em dezembro de 2021, com 187 verificações de conteúdos. Desse total, somente 3 conteúdos foram classificados como verdadeiros.

Em 2022, o projeto lançou um aplicativo pelo qual usuários podem acompanhar as verificações do projeto, enviar conteúdos suspeitos e conhecer técnicas de checagem; apoiou projeto de educação midiática para orientar jovens durante as eleições de 2022; realizou o Comprova Day na FAAP, em São Paulo, em agosto, quando reuniu repórteres dos 43 veículos de comunicação que faziam parte do projeto para treinamento com vistas à cobertura das eleições presidenciais.

Nesse mesmo ano, a Abraji criou o Programa Núcleos de Checagem Eleitoral, que possibilitou que mais de 60 jornalistas de 31 veículos formassem núcleos de verificação para checar boatos referentes às eleições estaduais, com apoio, capacitação e mentoria do Comprova. Também em 2022 o Comprova firmou convênio com o Ministério Público de São Paulo para combater conteúdos deliberadamente falsos que circulam na internet sobre as eleições.

Ainda em 2022, o Comprova lançou, em parceria com o projeto Media Wise, do Poynter institute, a versão em português do minicurso Media Wise for Senior. Oferecido gratuitamente e usando o WhatsApp como plataforma, o treinamento ensinava pessoas com mais de 50 anos a identificar boatos nas redes. O minicurso foi ministrado por Boris Casoy e Lilian Witte Fibe.

Em 2023, o Comprova publicou 220 reportagens e começou a produzir verificações em vídeo para ampliar o alcance das reportagens nas principais plataformas de mídia social. Ampliou também a publicação de reportagens explanatórias com a seção Comprova Explica e criou a Caixa de Ferramentas do Comprova, um guia com recomendações de ferramentas úteis à checagem de conteúdos on-line.

O Comprova retomou as atividades em fevereiro de 2024, ampliando seu escopo para investigar também a desinformação relacionada às mudanças climáticas e deve divulgar em breve o projeto de cobertura das eleições municipais.
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First Draft 

Empresa foi multada por pagar propinas, não por fraudar urnas eletrônicas


Publicações nas redes sociais dizem que Diebold teria recebido punição por fraudar programação de urnas; entenda o caso
Enganoso: São enganosas publicações nas redes sociais que sugerem que a empresa norte-americana Diebold foi multada por fraudar urnas eletrônicas usadas no processo eleitoral brasileiro.

Ela foi realmente multada em 2013 nos Estados Unidos, mas as penalidades aplicadas originam-se de acordos para resolver acusações de suborno e falsificação de contratos na China, Indonésia e Rússia. Nenhuma delas tem relação com a fabricação das urnas eletrônicas usadas nas eleições do Brasil, mas com outros equipamentos fornecidos pela empresa, como caixas eletrônicos.

Conteúdo verificado: Publicações no Facebook e WhatsApp com link para um texto de 2014 que afirma que a empresa Diebold Nixdorf, que fabricava urnas eletrônicas para o Brasil, foi multada nos Estados Unidos por fraude.

São enganosas as publicações que afirmam que a empresa Diebold Nixdorf foi multada nos Estados Unidos por fraudar a programação de urnas eletrônicas. As postagens tomam por base um texto publicado em 2014 e que voltou a circular entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro no Facebook e em aplicativos de mensagens e tem sido usado para questionar a segurança das urnas. Entre 1999 e 2016 a empresa foi responsável por fabricar os modelos utilizados nas eleições brasileiras.

O Comprova encontrou publicações em sites oficiais do governo americano (Departamento de Justiça e FBI) e um artigo da Reuters que tratam das acusações de fraude envolvendo a empresa. Nenhuma cita irregularidades relacionadas às urnas eletrônicas, mas com outros equipamentos fornecidos pela empresa, como caixas eletrônicos.


As duas multas aplicadas — no valor de US$ 25,2 milhões e US$ 22,97 milhões — originam-se de acordos com a Justiça para resolver acusações de suborno e falsificação de contratos na China, Indonésia e Rússia.

A equipe entrou em contato com a Diebold Nixdorf e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para questionar sobre as multas, a relação da empresa com o processo eleitoral brasileiro e a possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas. A Diebold não respondeu às perguntas, mas declarou que “toda e qualquer informação relacionada às eleições deverá ser tratada junto ao TSE”.


Leia mais

O TSE afirmou que, à época dos fatos, pediu esclarecimentos à empresa e recebeu a informação de que estariam contribuindo com a justiça americana e entrariam em um acordo financeiro. Questionado, informou que não acompanhou o decorrer do processo, pois a empresa estava aderente à legislação brasileira e aos termos firmados no contrato.

O TSE também ressaltou que o caso não representou uma preocupação do ponto de vista técnico, porque a arquitetura da urna e dos sistemas eleitorais é de total responsabilidade da Justiça Eleitoral. Dessa forma, não seria possível a Diebold ou qualquer outra empresa fraudar o processo. O órgão detalhou para o Comprova como é feito o processo de auditoria.

O Comprova também entrou em contato com o autor de uma das publicações de maior alcance, que aponta a multa da empresa por suposta fraude nas urnas eletrônicas. Ele disse ser contra a divulgação de notícias falsas e afirmou ter verificado o conteúdo antes de compartilhar.

Por fim, entramos em contato com a Rádio Planalto, uma emissora de Passo Fundo no Rio Grande do Sul. O link que circula junto das postagens levava a uma notícia publicada no site da rádio em 2014.

A publicação realmente afirmava que a Diebold havia sido multada “por subornar funcionários na Rússia, na Indonésia e na China e fraudar a programação das urnas eletrônicas e de caixas eletrônicos”. Depois do contato, a emissora emitiu uma nota sobre o caso e deletou o conteúdo.

No comunicado, a Rádio Planalto informou que o responsável pela publicação não faz mais parte da equipe e que, ao longo dos anos, o veículo tem feito publicações salientando a segurança das urnas eletrônicas.

O Comprova considera que o conteúdo é enganoso porque usa dados imprecisos e por ser um conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano eleitoral.
Como verificamos?

Em conteúdos compartilhados no Facebook e recebidos pelo WhatsApp do Comprova, os autores alegam que a afirmação de que a Diebold foi multada é verdadeira, pois “está no site do FBI, saiu na Reuters e na Nasdaq”. O primeiro passo, então, foi buscar pelas publicações citadas.

A partir do mecanismo de busca avançada do Google, encontramos as matérias da Reuters e do FBI que tratavam sobre o acordo entre a Diebold e a Justiça Americana. Também foi encontrado um comunicado do Departamento de Justiça dos Estados Unidos sobre o mesmo assunto.

Nenhuma das publicações cita qualquer relação entre as multas e fraude na programação das urnas eletrônicas, como alega o texto que viralizou.

Além disso, entramos em contato com a empresa Diebold, via e-mail, para questioná-la acerca das investigações de fraude. A princípio, se mostrou acessível para esclarecer qualquer dúvida, mas posteriormente preferiu não se manifestar sobre o assunto.

O Comprova também entrou em contato com o TSE, que negou qualquer possibilidade de fraude na fabricação das urnas eletrônicas e explicou como é feito o processo de auditagem. Por fim, procuramos a Rádio Planalto, cujo link para uma publicação de 2014 acompanha parte das publicações investigadas.
Verificação
As multas

Segundo o site do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a Diebold concordou em pagar 25,2 milhões de dólares para resolver acusações de suborno. A empresa era investigada por oferecer vantagens para funcionários de bancos privados e estatais em troca de favorecimento nos negócios.

Além disso, também teria falsificado contratos com um distribuidor na Rússia que, por sua vez, teria pagado propina a clientes da Diebold para obter contratos relacionados a caixas eletrônicos.

Ainda segundo o Departamento, anteriormente, a Diebold havia firmado um acordo semelhante no valor de 22,97 milhões de dólares com a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA. As multas, portanto, não têm relação com fraude em urnas eletrônicas.

O Comprova entrou em contato com a Diebold e questionou sobre a investigação, contudo, a empresa não quis se manifestar sobre o assunto e alegou que “toda e qualquer informação relacionada às eleições deverá ser tratada junto ao TSE”.

Por sua vez, o TSE afirmou que questionou a empresa na época dos fatos e foi informado que a Diebold estava colaborando com as investigações do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que fecharia um acordo financeiro.

O Comprova questionou se o Tribunal acompanhou o desenrolar do processo. Em resposta, o órgão informou que a empresa estava aderente à legislação brasileira e aos termos firmados no contrato, por isso não acompanhou o decorrer da ação.

O TSE também esclareceu que toda a engenharia e o projeto de arquitetura da urna, assim como o processo de votação são de total responsabilidade da Justiça Eleitoral. Portanto, não haveria a possibilidade da empresa agir de má fé para causar dano ou fraudar o processo eleitoral. O caso, então, não representava uma preocupação do ponto de vista técnico, segundo o órgão.
Diebold e a relação com as eleições

A empresa Diebold, citada na publicação, é uma multinacional norte-americana especializada na fabricação, venda e instalação de serviços de autoatendimento. Ela foi contratada pela Justiça eleitoral para fabricar nove projetos de urnas eletrônicas, entre os anos de 1999 a 2016.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os modelos são 2000, 2004, 2006, 2008, 2009, 2010, 2011, 2013 e 2015. Atualmente, presta serviços apenas na manutenção de cerca de 473 mil urnas.

Para prestar serviços ao TSE, as empresas precisam passar por um processo licitatório minucioso de ampla concorrência. Além disso, as vencedoras das licitações não fabricam os projetos das urnas a esmo, mas sim, precisam desenvolvê-las usando o projeto de arquitetura de segurança do TSE, por sua vez coordenado e auditado por uma equipe técnica do órgão.

O Tribunal esclareceu que a Diebold era responsável somente pela confecção da urna, “como ocorre com qualquer outro equipamento eletrônico, em que os componentes são reunidos em uma fábrica e a partir disso é montada a urna para que esteja pronta e apta para o uso do eleitorado brasileiro.”

Toda a engenharia e o projeto de arquitetura é totalmente concebido, coordenado, supervisionado e auditado pela Justiça Eleitoral. Dessa forma, segundo o TSE, a segurança do equipamento é preservada, independentemente de quem a fabrique. “Importante deixar claro que os processos exigidos pelo Tribunal no edital de licitação impedem que a fabricante engane a segurança da urna”, pontuou, em nota.

Além disso, o sistema eletrônico de votação não utiliza rede de internet, mas sim, possui os próprios meios criptografados de comunicação e transmissão de dados. Isso dificulta a atuação de invasores ou roubo de informações.

“Em mais de 20 anos de trajetória, o sistema foi reiteradamente testado e comprovadamente isento de quaisquer formas de manipulação, de fraude na totalização de votos ou de quebra do sigilo do voto”, reforçou o órgão público.

Sendo assim, a Diebold não seria capaz de fraudar o processo eleitoral brasileiro.
Auditoria das urnas

Como explica o TSE, são 30 camadas ao todo que protegem as urnas eletrônicas de qualquer tipo de invasão. Para hackear o sistema, seria necessário ultrapassar todas essas barreiras no momento da votação. Mesmo que fossem violadas, a inteligência do sistema bloqueia o acesso às informações quando identifica um invasor e a urna trava.

O processo de auditagem começa um mês antes das eleições. Os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) de cada estado nomeiam uma Comissão de Auditoria de Funcionamento das Urnas Eletrônicas em uma sessão pública.

A Comissão precisa ser composta por um juiz de direito e seis servidores da Justiça Eleitoral, no mínimo. Depois, o procurador regional indica ainda para compor a equipe um representante do Ministério Público; dos partidos políticos; coligações; Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); Congresso Nacional; Supremo Tribunal Federal (STF); Controladoria-Geral da União (CGU); Departamento de Polícia Federal; Sociedade Brasileira de Computação (SBC); Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). Por fim, representantes de departamentos de Tecnologia da Informação de universidades também podem ser indicados para acompanhar o grupo.

A 20 dias para o pleito, os TREs informam, tanto à população quanto aos partidos, o local onde será feita a auditoria das urnas na véspera das eleições. Aos partidos, também é encaminhado ofício com horário e o local da auditoria no dia da eleição, informando sobre como seus representantes podem participar.

Um dia antes das votações, a Justiça Eleitoral sorteia de três a cinco seções eleitorais em cada estado, durante audiência pública. Então, as urnas sorteadas são substituídas, e depois instaladas nos TREs em salas monitoradas por câmeras.

A Comissão distribui cédulas para simular uma “votação paralela” no domingo, que são preenchidas por representantes dos partidos políticos e coligações, e devem ser completadas com os números dos candidatos, votos nulos, votos de legenda, além de cédulas com votos em branco. A quantidade de cédulas corresponde entre 75% e 82% do número de eleitores registrados em cada seção eleitoral sorteada.

Já no dia da eleição, a votação de auditagem começa no mesmo horário da votação oficial. Todos os votos preenchidos pelos representantes dos partidos no dia anterior são digitados nas urnas e em um sistema paralelo, enquanto as câmeras filmam todo o processo.

Quando a votação acaba, a urna imprime um Boletim de Urna (BU), e o sistema auxiliar também emite um boletim. Ambos os dados são conferidos pela Comissão, assim é possível verificar se a urna apresentou falhas e se computou exatamente todos os votos registrados nas cédulas.

Esse processo é acompanhado pela equipe nomeada em audiência pública, mas também pode ser acessado por qualquer pessoa interessada em checar a veracidade do processo eleitoral. Em alguns estados, inclusive, a auditagem é transmitida pelos canais oficiais dos TREs no YouTube.
As publicações

Inicialmente, o Comprova identificou três postagens que compartilhavam um texto publicado em 2014 no site da Rádio Planalto, intitulado “EUA multa empresa das urnas eletrônicas usadas no Brasil por fraude”. No início de fevereiro, a publicação voltou a circular entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro no Facebook.

A publicação, que citava como fonte o site Folha Centro Sul, afirmava que a Diebold havia sido multada “por subornar funcionários na Rússia, na Indonésia e na China e fraudar a programação das urnas eletrônicas e de caixas eletrônicos”. Depois do contato do Comprova, a emissora emitiu uma nota de esclarecimento. Na nota, o departamento de jornalismo da rádio informa que o conteúdo “foi retirado do ar e que o colaborador, na época, responsável pela publicação em nossas plataformas não integra atualmente a equipe das nossas emissoras”. A nota diz também que ao longo dos últimos anos várias publicações foram feitas nas mídias sociais da emissora salientando a segurança das urnas eletrônicas.

Uma das publicações investigadas é de Ranieri Marchioro, cirurgião dentista e militar da reserva do Exército. Nas eleições de 2020, ele foi candidato à prefeitura de Foz do Iguaçu pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB). Outra postagem foi compartilhada em uma página de apoiadores de Bolsonaro no Facebook. O Comprova também recebeu pedidos de leitores, por meio do WhatsApp, para verificação do conteúdo.

Todas as publicações levam a mesma legenda em tom de cobrança ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso.

O Comprova entrou em contato com Raniere Marchiori, autor de uma publicação realizada em 11 de janeiro deste ano, que aponta a multa da empresa por suposta fraude nas urnas eletrônicas. A postagem, com 410 compartilhamentos e quase mil interações em um todo, afirma que a notícia não é falsa.

“E agora Ministro BARROSO, justifique-se! ‘Em 2014 o Governo Americano multou a empresa DIEBOLD fornecedora das urnas eletrônicas usadas no Brasil por fraude.’ Não adianta falar que é Fake, está no site do FBI, saiu na Reuters e na Nasdaq”.

Questionado sobre sua publicação, Marchiori disse ser contra a divulgação de notícias falsas e afirmou ter verificado o conteúdo antes de compartilhar.

“Sou totalmente contra a divulgação de notícias falsas tanto quanto tentar ocultar as notícias verdadeiras do público”, informou
Por que investigamos?

O Comprova tem o compromisso de investigar conteúdos suspeitos que tenham relação com a pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições. A equipe tem como foco as publicações virais, que tiveram grande alcance nas redes sociais e podem causar desinformação.

O post desta reportagem teve quase mil interações no Facebook e trouxe à tona uma informação antiga, de 2014, como se fosse atual. Em ano eleitoral, é comum surgirem ataques à veracidade das urnas eletrônicas, informações falsas que comprometem a integridade do processo eleitoral brasileiro.

O conteúdo investigado pelo Comprova foi alvo também de uma verificação do MonitorR7, publicada em 15 de janeiro, e que apresenta a mesma conclusão.


Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Investigado por Correio do Estado e Metrópoles. Verificado por Jornal do Commercio, O Dia, CBN, Estadão, SBT e SBT News

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Relator no STF tomou mais de 6 mil decisões em 2023 sobre 8 de janeiro


Balanço elaborado pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes detalha ações mês a mês e informa que mais 146 réus devem ser julgados até abril de 2024.

07/01/2024
Supremo Tribunal de Justiça 


Relatório elaborado pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes informa que foram tomadas mais de 6 mil decisões relacionadas aos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro ao longo do ano de 2023. Entre as decisões, 255 que autorizaram busca e apreensão em mais de 400 endereços, 350 quebras de sigilo bancário e telemático que levaram a mais de 800 diligências (coleta de provas), além de decisões sobre prisões, liberdades provisórias ou renovação de prisões (cumprindo os requisitos legais que indicam a necessidade de reavaliação das prisões preventivas).

O material apresenta um balanço de todas as providências imediatamente adotadas desde a invasão às sedes dos Três Poderes, como a prisão da cúpula da segurança pública no Distrito Federal; o afastamento do governador a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU); a dissolução total dos acampamentos em frente aos quarteis e em quaisquer vias públicas; bloqueios e apuração sobre os ônibus utilizados; além de bloqueios a perfis e canais em redes sociais que continuavam a estimular os atos violentos.

Os dados indicam que, no dia 8 de janeiro, foram presas em flagrante 243 pessoas na Praça dos Três Poderes ou nos prédios invadidos. Entre os dias 8 e 9 de janeiro, mais 1.929 pessoas que estavam em frente aos quarteis foram conduzidas à Academia Nacional de Polícia, sendo que 775 foram liberadas no mesmo dia em virtude da idade, por terem filhos melhores ou apresentarem comorbidades. Ficaram detidas 1.397 pessoas, inicialmente, que passaram por audiências de custódia, que envolveram 72 magistrados do TJDFT e da Justiça Federal. Após as audiências, o ministro Alexandre de Moraes analisou todos os casos e 459 presos receberam liberdade provisória mediante cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar e outras medidas.

O relatório mostra a atuação mês a mês do gabinete do ministro. Ao longo de 2023, 81 pessoas foram presas em operações policiais a partir das investigações da Polícia Federal. Mensalmente, uma série de prisões passou a ser reavaliada ou liberdades provisórias passaram a ser concedidas mediante cautelares. Em março, por exemplo, foi mantida a prisão de Marcelo Fernandes Lima, que furtou uma réplica da Constituição de 1988 do edifício-sede do tribunal. Já no mês de junho, foi renovada a prisão de Debora Rodrigues, presa em março por ter pichado a Estátua da Justiça com os dizeres “Perdeu Mané”.

Os dados indicam que, em dezembro de 2023, 70 pessoas ainda seguiam presas por conta dos atos golpistas, sendo quatro pessoas presas no próprio mês de dezembro.

Ao longo do período, foram recebidas 1.345 denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que acusou os envolvidos diretamente nos atos de vandalismo de associação criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; tentativa de golpe de Estado; dano qualificado contra o patrimônio da União; e deterioração de patrimônio tombado.

Aqueles que estavam em frente aos quarteis foram acusados de incitação ao crime e associação criminosa. Para estes que cometeram crimes menos graves, a ação penal foi suspensa para que a PGR analisasse a possibilidade excepcional de Acordos de Não Persecução Penal (ANPP). Até o mês de dezembro de 2023, 38 acordos foram homologados com acusados pelos crimes menos graves (aqueles que estavam em frente aos quarteis). Nesses acordos, os réus admitiram os crimes e se comprometeram a pagar multas e a fazer curso sobre a democracia, por exemplo.

Em agosto, a PGR denunciou a cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; tentativa de golpe de Estado; dano qualificado contra o patrimônio da União; deterioração de patrimônio tombado; e violação de deveres a eles impostos. A denúncia, para deliberação de abertura ou não de ação penal, deve ser analisada pelo STF na segunda semana do mês de fevereiro de 2024.

Das ações penais abertas até dezembro de 2023, 30 pessoas foram julgadas e condenadas pelos crimes mais graves a penas que chegaram a até 17 anos de prisão. Outras 29 ações penais tiveram julgamento iniciado em dezembro e as análises devem ser concluídas após o retorno dos trabalhos do Judiciário, em fevereiro de 2024. Conforme o relatório, outras 146 ações penais já têm data prevista de julgamento em 10 sessões virtuais que acontecerão até o mês de abril de 2024.

Veja abaixo os principais dados do balanço:

- 6.204 decisões proferidas a respeito do dia 8/1 em 2023, sendo 255 decisões de busca e apreensão em 400 endereços e 350 quebras de sigilo bancário e telemático resultando em 800 diligências (coleta de provas);

- 243 pessoas detidas em flagrante na Praça dos Três Poderes e 1.929 conduzidas dos quarteis para a Academia Nacional de Polícia, sendo que 775 foram liberadas no mesmo dia;

- 1.397 audiências de custódia realizadas, com análise dos flagrantes e realização de exames de corpo de delito, sendo que 459 pessoas obtiveram liberdade provisória e 938 tiveram o flagrante convertido em prisão preventiva;

- 81 prisões em operações policiais ao longo do ano, sendo que, entre os inicialmente presos, os detidos depois e os condenados por decisão definitiva do STF, seguiam presos 70 investigados em dezembro de 2023;

- 1.345 denúncias recebidas pelo colegiado do STF;

- 232 audiências de instrução de ações penais realizadas, além de 719 oitivas para coleta de depoimento de testemunhas de acusação e 386 para testemunhas de defesa;

- 30 réus condenados pelos crimes mais graves, 29 julgamentos iniciados em dezembro de 2023 para conclusão em fevereiro de 2024 e mais de 146 ações penais previstas para julgamento até abril de 2024;

- Cerca de mil ações penais suspensas – apenas para os crimes menos graves, de acusados de incitar golpe em frente aos quarteis – para análise de Acordo de Não Persecução Penal, sendo que 38 acordos, nos quais o réu reconheceu o crime, foram homologados.

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