sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Sobre as misérias do mundo.

Na imagem vemos três meninas que trabalhavam na indústria de conservas, elas abriam ostras na Maggioni Canning Co, uma empresa ainda em operação hoje, na cidade de Port Royal na Carolina do Sul nos EUA, em fevereiro de 1912.

A primeira a esquerda se chamava Josie, que nesta foto tinha apenas seis anos de idade, depois vemos Sophie, também com seis anos, e por último Bertha a mais velha das três com dez.
O trabalho delas consistia em abrir as ostras e retirar sua carne, um trabalho repetitivo e perigoso, já que poderia causar cortes nas mãos e infecções, além disso elas começavam sua jornada de trabalho muito cedo, as 4 horas da manhã.
Esta foto faz parte dos registros da Biblioteca do Congresso , ela foi capturada em fevereiro de 1912 por Lewis Wickes Hine, famoso sociólogo e fotógrafo.
As fotografias de Hine foram fundamentais durante a reforma da lei do trabalho infantil nos Estados Unidos.
Devido aos perigos envolvidos ao levantar o véu sobre o trabalho infantil, expondo grandes nomes da indústria, Hine assumiu muitos disfarces para documentar seu trabalho, se vestindo como vendedor de Bíblias e vendedor de cartões postais.

Fonte: Acervo do Comitê Nacional do Trabalho Infantil, Biblioteca do Congresso, Divisão de Impressos e Fotografias.
Fotógrafo: Hine, Lewis Wickes



sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Discurso de Bolsonaro na ONU será revisado por Valdemar da Costa Neto e marqueteiro

16 de setembro de 2022 | 11:33

BRASIL


O presidente Jair Bolsonaro fará um discurso na abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), na próxima terça-feira (20). Segundo reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo”, o comitê de campanha fará interferência na fala do mandatário. Às vésperas da eleição, a ideia é que Bolsonaro explore a economia e passe uma mensagem de chefe de Estado na principal arena da diplomacia internacional, sem deixar de acenar ao público interno do País.

O texto será revisado pelo marqueteiro Duda Lima e pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Prepararam contribuições ao texto os ministros Paulo Guedes (Economia), Fábio Faria (Comunicações), Ciro Nogueira (Casa Civil) e Carlos França (Relações Exteriores).

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Sobre Ayahuasca




Nenhum som de automóvel ecoa por aqui, a menos que seja alguém convidado ou perdido. Os raios de sol passam tímidos pela densa mata que abriga a comunidade de Céu de São Miguel de olhares curiosos e do caos das cidades.

A aproximadamente 15 km do Centro de Sapiranga, existe uma comunidade religiosa que se baseia nos princípios de amor, caridade e fraternidade, da religião Daimista. As pessoas que aqui residem como Rosa Maria, Alancardino, Alexandre e Eronilda entre outras, são todas praticantes da religião e por isso, tem um estilo singular de vida.

Ao entrar pelo portão simples e branco, logo se pode ver os pés de rainhas, a casa geral, a igreja e as casas sem cercas. Cães e gatos andam tranquilos na estrada de terra, e no topo de grandes árvores às vezes é possível enxergar bugios e pássaros de todas as cores.

Nesse ambiente de paz e natureza, Rosa Maria costura as fardas para o próximo trabalho, já Alancardino, como dirigente, faz a entrevista com pessoas que desejam participar da religião. Alexandre prepara o chá de Santo Daime na casa de feitio e Eronilda varre a igreja e mexe uma grande panela de carreteiro. Chega o meio-dia, todos que vivem na comunidade se reúnem na casa geral para almoçarem juntos, e sempre existe lugar para mais um na mesa. As mulheres sentam com suas saias longas e coloridas, e todos têm expressões tão calmas, como se tivessem acabado de sair de uma meditação. Conversam sobre o que precisa ser feito para os próximos trabalhos e sobre as visões que tiveram com o chá de Santo Daime no último trabalho. Compartilham suas experiências e buscam o significado de suas visões, aplicando os ensinamentos delas para o cotidiano. Mas nem tudo são flores, assim como qualquer convivência social, ocorrem problemas e intrigas, mas elas tendem a ser contornadas mais facilmente pelo fato da comunidade ser religiosa, e as pessoas muito próximas.

A religião que eles praticam se originou na Floresta Amazônica, com o neto de escravos Raimundo Irineu Serra. O Mestre Irineu, como é conhecido por seus seguidores, ao beber o chá recebeu uma doutrina de cunho cristão e eclético, reunindo tradições católicas, espíritas, esotéricas, caboclas e indígenas, ou seja, muito rica culturalmente e que prega a tolerância religiosa. A doutrina de Irineu é tão singular que tem praticamente um vocabulário específico para denominar cada coisa, e por isso todos os termos são explicados ao longo da narrativa.

A doutrina se baseia majoritariamente em crenças cristãs, as quais são passadas por meio dos hinários, que são orações cantadas junto ao som de violão e maracás ao longo de todos os trabalhos. Os trabalhos por sua vez são os cultos da igreja, existem tipos diferentes de trabalhos, e para cada tipo de trabalho, uma farda, que é a vestimenta típica do Daimismo e cada detalhe da farda tem um significado. Todos os moradores têm um papel na comunidade e na administração da igreja, e tudo é regido por regras internas.

Confira a entrevista com Alancardino Vallejos, juiz aposentado e dirigente da comunidade Céu de São Miguel:

Quais são as regras para poder tomar o chá de Santo Daime?

Alancardino – Nossa igreja matriz exige que a pessoa compareça antes a um ritual sem ingerir o Santo Daime, um ritual chamado Oração, onde ele acompanhará por uns 40 minutos um ritual preliminar, poderá fazer perguntas e deverá preencher uma anamnese (perguntas sobre saúde, experiências espirituais, se toma medicamentos, o que pretende ao vir conhecer o Santo Daime). Após isso, no próximo ritual poderá vir e ingerir o Santo Daime. Também recebe instruções de qual indumentária é permitida no salão.

Como ocorre o preparo do Santo Daime e a consumação desse chá?

Alancardino – O chá é feito num local próprio, chamado Casa de Feitio, através do cozimento de 45kg de jagube (o cipó que auxilia na miração – visões que a bebida dá) e 10kg de folha rainha, a folha que possibilita a miração. Existe um Feitor e os homens dedicam-se a cortar, raspar (limpar) o jagube e tirar e pôr as panelas no fogo, e as mulheres dedicam-se especialmente às rainhas, colhendo folhas, limpando as folhas e mandando para o Feitor. Também se responsabilizam pela cozinha geral.

Conte alguma experiência que você teve ao utilizar o Santo Daime e como isso mudou sua vida.

Alancardino – Eu desde cedo reconheci que tinha um pendor devocional, andei por várias linhas religiosas e seitas, mas quando tomei o Santo Daime pela primeira vez vi que era ali que eu tinha que ficar, porque tudo o que eu estudava e meditava sem ter a sensação de ter “tocado” naquilo, com o Santo Daime eu vi, toquei, vivi experiências espirituais marcantes. Como ele abre a consciência de uma forma inusitada, a leitura da Bíblia, por exemplo, se torna viva e a experiência de Cristo, verdadeira. Importante dizer que o Santo Daime é para todos, mas nem todos são para o Santo Daime.

 

 

* Reportagem de Giordanna Benkenstein Vallejos

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