domingo, 7 de agosto de 2022

Pseudologia fantástica (mitomania): como tratar a mentira patológica




Você já conheceu uma pessoa que mente com tanta frequência que parece até que a própria pessoa acredita na mentira? Infelizmente, trata-se de um transtorno no qual o hábito de mentir se torna patológico: a mitomania, ou pseudologia fantástica.

Vamos encarar a verdade: mentir nem sempre é prejudicial. Às vezes, é feito por um bom motivo, como para não magoar nossos amigos. É o caso de quando dissemos que o novo corte de cabelo do colega está legal, por mais que não nos agrade muito.

No caso da pessoa com mitomania, há uma tendência de mentir exageradamente, sem que haja qualquer razão aparente ou ganho pessoal através da mentira. Não é que a pessoa usa a mentira para manipular as situações e ganhar alguma vantagem, mas sim que ela tem a necessidade de inventar ou fantasiar histórias. Esse tipo de comportamento está frequentemente ligado a uma necessidade de se sentir aceito, o que pode ser a razão por trás das mentiras.

O nome pseudologia fantástica foi cunhado por Dr. Delbruck, um médico alemão que descreveu esta condição pela primeira vez na literatura médica, no ano de 1891.
Características da mentira patológica

Ainda que algumas mentiras sejam comuns, como mentir que fez um bolo que foi comprado na padaria por falta de tempo, há também uma grande quantidade de mentiras muito bem elaboradas, que seguem ordem cronológica e tem um enredo próprio. Essas pessoas podem criar histórias fantásticas sobre viagens, eventos, entre outros, ou até mesmo fingir ter uma doença grave.

As principais características da mentira patológica são:As mentiras são fáceis de acreditar e contém elementos verdadeiros: Uma pessoa com alguma doença pontual, como um resfriado, pode mentir que seus sintomas são de uma doença mais séria ou até mesmo crônica;
A mentira é mantida por um longo período e não está relacionada a uma pressão imediata: Mentir sobre um caso extramarital ou uma nota ruim na escola são mentiras motivadas pelo desejo de esconder alguma coisa, mas as mentiras contadas por compulsão não têm uma origem assim;
As mentiras têm maior probabilidade de atribuir valores positivos à pessoa: É mais fácil a pessoa mentir sobre ter doado dinheiro para caridade do que sobre ter sido expulsa de um bar, por exemplo;
As motivações das mentiras são internas, não externas: Uma criança pode mentir sobre um comportamento para evitar ser punido pelos pais. Na mentira patológica, este não é o caso, pois não há uma motivação externa (como uma recompensa) clara para a mentira.
Pessoas com mitomania sabem que estão mentindo?



Há uma certa discussão a respeito da consciência desses pacientes a respeito de suas próprias mentiras. Quando confrontadas, algumas pessoas com mitomania podem admitir estar mentindo. Em outros casos, há pessoas que genuinamente não conseguem discernir a realidade da sua ficção. Alguns especialistas acreditam que, neste caso, não se trata de mentira patológica, mas sim de algum outro transtorno delirante.

Existem algumas evidências de que pessoas que sofrem com pseudologia fantástica demonstram sinais de nervosismo e respostas de culpa diante de um detector de mentira. Contudo, não há certeza se essas pessoas têm consciência de que estão mentindo. Ainda assim, há especialistas que acreditam que pessoas com mitomania fazem esforço para acreditar em suas mentiras, a fim de reduzir a sensação de culpa.

Causas da mitomania

Em grande parte dos casos, na raiz da mitomania, está uma criança insegura que não foi muito bem aceita pelos pais e familiares. Desta forma, a criança se viu forçada a criar uma personagem que fosse amável para seus pais, que atendesse às suas expectativas, mesmo que isso significasse mentir para eles.

Embora “mentir é feio” seja uma das primeiras coisas que as crianças aprendem, as respostas positivas dos pais em relação às mentiras contadas pela criança servem de reforço, fazendo com que a criança tenha tendência a repetir esse comportamento.

Quando a criança cresce e seu mundo social se expande às amizades, o comportamento de mentir continua. Ele é reforçado pelos novos amigos, que inicialmente não têm motivos para duvidar de suas histórias, e até mesmo pelos pais, caso as mentiras continuem correspondendo às expectativas desses cuidadores.

Pensando assim, há quem acredite que a mitomania não seja um transtorno mental por si só, mas sim um comportamento aprendido. Ela pode ser classificada como um mecanismo de enfrentamento (coping) mal adaptativo — o que significa uma maneira não saudável de lidar com os problemas.

De fato, a mitomania não está presente no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) como um transtorno separado, mas sim como um sintoma de diversas outras condições mentais. Dentre elas estão o transtorno de personalidade antissocial, transtorno de personalidade narcisista, ansiedade, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno afetivo bipolar, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e o transtorno de personalidade borderline. Sendo assim, as mesmas condições que levam uma pessoa a desenvolver qualquer um desses transtornos são capazes de levá-la a desenvolver, também, a mitomania.

Existe uma outra teoria que diz que a pessoa tende a contar as mentiras e acreditar nelas porque a realidade, em contrapartida, é dolorosa e sofrida. Trata-se de uma maneira de se defender dos próprios traumas e problemas existentes em sua vida. No entanto, neste caso, é bem provável que se trate de um transtorno delirante.

Tratamento

Felizmente, existe tratamento para a mitomania, e o paciente pode melhorar significativamente. Contudo, existem alguns fatores que complicam um pouco.

Em primeiro lugar está a idade. Adultos com mitomania podem ter dificuldades no tratamento porque, como já mentem compulsivamente há muito tempo, é difícil acabar com o hábito. Quanto mais cedo esse problema é descoberto, melhor é o prognóstico. Se você é responsável por alguma criança ou adolescente e suspeita que ele(a) sofre com mitomania, é importante contatar um profissional rapidamente para evitar que o hábito fique cada vez mais forte.

Outro problema que dificulta o tratamento é a existência de transtornos associados. No caso de pacientes com transtorno de personalidade narcisista, por exemplo, a procura pelo tratamento é muito baixa, uma vez que a pessoa tende a acreditar que não tem nenhum problema, ou até mesmo que não necessita de tratamento porque “não é louco”.

Esse comentário, impregnado de preconceitos e julgamentos a respeito da saúde mental, infelizmente é muito frequente e impede que pessoas procurem tratamento para problemas que têm solução. Na maioria dos casos, quando pessoas com esse tipo de transtorno procuram ajuda, é porque outras pessoas as convenceram ou porque suas relações sociais ficaram tão complicadas que elas não veem outra opção.

Mais um problema que pode surgir é quando o paciente mente para seu terapeuta. Como as mentiras patológicas não precisam de uma motivação externa para acontecer, é possível que o paciente minta para seu terapeuta repentinamente, inclusive a respeito do seu progresso com o tratamento, o que pode prejudicá-lo gravemente.

Sabendo disso, quais podem ser os possíveis tratamentos?

Terapia cognitivo-comportamental

Tratando-se de um comportamento aprendido ou mecanismo de coping mal adaptativo, a terapia cognitivo-comportamental pode ser de grande ajuda para remover o hábito da mentira do paciente com mitomania.

Levando em conta que a mentira foi um comportamento reforçado ao longo do tempo por consequências positivas, como a aprovação dos pais ou dos colegas, o psicólogo deverá trabalhar ajudando o paciente a deixar de encarar essa aprovação como reforçadores, ou reforçando outros comportamentos que entram em conflito com o comportamento de mentir, como contar uma verdade.

Ainda que tal comportamento esteja enraizado numa tentativa de não sofrer com a realidade, o profissional pode ajudar o paciente a encontrar novos métodos de coping adaptativos (ou seja, saudáveis) para as adversidades em sua vida.

Na teoria, parece bem fácil, mas a prática leva um bom tempo. Felizmente, a terapia cognitivo-comportamental costuma ter efeitos positivos mais rapidamente do que alguns outros tipos de psicoterapias, levando o paciente a uma melhora significativa em pouco tempo.

Vale lembrar que o psicólogo não é capaz de fazer o paciente parar de mentir por si só. Inclusive, a mentira nem sempre é um comportamento abominável, e não há necessidade de proibir o paciente de mentir. No entanto, se ele realmente quiser parar com a mitomania, o psicólogo será de grande ajuda, oferecendo diversas ferramentas que o paciente pode usar para diminuir a frequência de suas mentiras.

Outros tratamentos

Como a mitomania costuma vir acompanhada de alguns transtornos, o tratamento destes pode acabar com o hábito da mentira. Nestes casos, é importante consultar um psiquiatra para ver se há a necessidade de um tratamento farmacológico (medicamentos), além de fazer o acompanhamento através da psicoterapia.


A mitomania pode ser mais comum do que se pensa. Pessoas que você conhece podem estar sofrendo com este problema, mas é importante ter em mente de que elas só vão melhorar se elas quiserem e buscarem ajuda. Se você acredita que algum amigo ou parente sofre com o problema, converse sobre isso! Se você se identifica, procure um profissional, pois você só tem a ganhar.

Referências

https://psychcentral.com/encyclopedia/pathological-lying/

https://www.bustle.com/p/11-fascinating-scientific-facts-about-pathological-liars-8259837

https://www.goodtherapy.org/blog/psychpedia/compulsive-lying

Movimentos pró-impeachment lavam roupa suja e expõem cenário de drogas e corrupção

Líder do 'Revoltados Online' revela roteiro do esquema de financiamento e de distribuição de dinheiro dos grupos que lideraram a campanha pelo impeachment. Lavagem de roupa suja expõe cenário de processos, corrupção e confissão do uso de drogas. Os que marcharam ao lado desses grupos devem se sentir culpados também


Marcelo Reis, dos Revoltados Online e Carla Zambelli, do Vem Pra Rua (reprodução)

Ela se contrapõe a Olavo de Carvalho. Critica fortemente Janaína Pachoal. Compartilha um meme que diz facilitar a vida das pessoas ao indicar ‘personalidades’ que devem ser bloqueadas: Kim Kataguiri, Reinaldo Azevedo, Fernando Holiday, Gilmar Mendes.
Desce a lenha nos movimentos que arquitetaram o impeachment. Uma “esquerdopata”, certo? Nada disso. Trata-se de Daniela Schwery, uma ativa participante desses mesmos movimentos, que divulgava vídeos dessa essa turma toda e era defensora desse pessoal até ontem. O que está ocorrendo com a direita ‘vencedora’?
Há alguns dias um áudio do revoltado online Marcello Reis vazou e o que se ouviu foi, além de seu característico estilo pouco diplomático, aparentemente alterado, uma lavação de roupa imunda que expõs o estágio atual de guerra declarada entre aqueles que foram às ruas patrocinados por Fiesp e patota, atingiram o primeiro objetivo (expulsar Dilma e o PT), mas que depois não encontraram vaga no camarote.





Reis dirige-se a Carla Zambelli, do “Nas Ruas”, outra ‘expoente’ verde-e-amarela da avenida Paulista, como ‘vaca, filha da puta’ e por aí vai. De quebra, cita Daniela Schwery. Daniela também sai atirando para todos os lados.

“Não deixem não, amiguinhos, esfreguem na carinha deles que o bonitão da família da Carla, o cunhadinho querido, com malas de dinheiro é o DONO da OAS e queria contar com a morosidade da justiça e ministros de bolso para livrar a cara dos companheiros, o que a Carla bota na prática alinhando e aparelhando os protestos aos interesses das empresas ligadas a lava jato, como a Suzano, tendo os Feffers como seu patrocinador – família que está aparelhando a FIESP – contando com a ajudinha do industrial que não tem indústria, o Skaf, que tem seu filho casado com a fefferlandia”, escreveu Schwery nas redes sociais, revelando que ali todo mundo se conhece, tem relacionamento muito próximo. O ‘cunhadinho’ de Carla Zambelli é Bruno Brasil, da empreiteira OAS.





Daniela Schwery agora se diz ‘empenhada em desmascarar essa gente, em denunciar suas práticas’. Agora quer posar de indignada, que foi enganada. Daniela Schwery, Marcello Reis e companhia limitada creem fielmente que somos idiotas ou eles é que são? Não sabiam de nada?

O áudio de Marcello Reis o contradiz bem rapidamente. Admite conhecer Carla há muito tempo. “Muuuuuito tempo”, ele diz. Admite ter tido um convívio próximo ao cunhado empreiteiro dela durante os anos de luta pelo impeachment de Dilma Rousseff. Cunhado que ele afirma ser quem levava malas de dinheiro (e aí, Polícia Federal, vai chamar o cara para depor?).



Em tempo: Carla Zambelli postou um esclarecimento em sua defesa (que no pedantismo típico desse pessoal ela chamou de ‘Nota Oficial’) afirmando que Bruno Brasil é em ex-cunhado e que não fala com ele ‘desde que começaram as prisões da Lava Jato’.

Agora querem dar uma de inocentes? Não sabiam do rabo preso, das segundas intenções? Agora se referem ao MBL e demais golpistas como ‘bando de moleques’, ‘quadrilhas financiadas’?

“Então podemos considerar como Premissa (sic) de que (sic 2) qualquer um que lute contra o Establishment jamais ganhará popularidade sem o apoio dos senhores do capital?”, pergunta um aturdido seguidor de Daniela Schwery. “Podemos sim, infelizmente”, responde ela em tom misto de Margarida Arrependida com Pedro Bó.



O admirador de Daniela muito provavelmente tenha citado falta de popularidade em referência ao fracasso de Schwery nas eleições. Ela candidatou-se a deputada estadual pelo PSDB e não foi eleita. Obteve míseros 1.101 votos. Ela que sempre foi ligada ao partido tucano, aliada de José Serra, agora publica na internet que o PSDB ‘deveria ser varrido’. Neste ano fez campanha para o Major Olímpio. Melhorou, hein? Daniela é apoiadora dos militares faz tempo.

A ex-tucana se esforça para desgrudar-se do cordão umbilical e está em campanha por uma ‘CPI dos Movimentos Já!’. Diz não sofrer de indignação seletiva e quer investigados o NAS RUAS, o MBL, CUT, MST. “Acompanhando as últimas notícias, vídeos e áudios relacionados aos movimentos sociais ficou claro que tem muita coisa errada e que não se encaixa dentro do contexto político que vivemos. São denúncias que envolvem partidos políticos, empresas envolvidas na lava jato e muito dinheiro. Acredito que os envolvidos devam se pronunciar e colocar tudo em pratos limpos, caso contrário seremos a piada da esquerda”, postou ela e completou: “Não temos bandidos de estimação.”

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É curioso ver a direita se batendo. Além da profundidade típica dos debates ‘políticos’ (se xingam, ameaçam, agridem fisicamente, ofendem, carregam argumentos rasteiros, são reativos emocionais sem um pingo de respeito pelo contraditório) é fundamental, entretanto, saber quais interesses deixaram de ser atendidos para declararem guerra desse jeito.

Como louvaram e idolatraram empresas e pessoas com a ficha tão suja durante tanto tempo e agora vêm com esse mimimi auto-acusatório? É o roto falando do remendado.

Dizer que só descobriu hoje que ‘Janaína Pachoal é uma articuladora para blindar o PSDB’ e que tudo nasceu com o propósito de brecar a Operação Lava Jato é um 171 fajuto demais. Até para a direita golpista.


Por uma CPI dessa pilantragem.

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sexta-feira, 5 de agosto de 2022

os 11 Supremos - Versão Completa


 

Desesperado, Bolsonaro descobre só agora ligação de Moro com doleiro Alberto Youssef


Se fazendo de vítima, Bolsonaro revela só agora a relação de seu ex-ministro com o doleiro. Presidente ainda diz que Dallagnol teria tentado chantageá-lo para ser o PGR.

Jair Bolsonaro (Reprodução/Facebook Jair Bolsonaro)

Escrito en POLÍTICA el 12/12/2021 · 11:39 hs

Desesperado com o desempenho nas pesquisas, vendo a aproximação de Sergio Moro (Podemos) e a possibilidade cada dia maior de Lula (PT) vencer a disputa presidencial no primeiro turno, Jair Bolsonaro (PL) atacou Deltan Dallagnol, recém filiado ao Podemos, em suas redes sociais e indicou um vídeo em que um youtuber aliado mostra só agora a relação entre o ex-juiz da Lava Jato e o doleiro Alberto Youssef.


Fazendo-se de vítima, Bolsonaro faz um apelo aos apoiadores para assistirem ao vídeo, que mostra algo que é conhecido e divulgado - inclusive pela defesa do ex-presidente Lula - desde 2015 como se fosse uma grande novidade.

"Você tem que assistir e repassar para você entender de vez o que eu passo, a minha função e o que querem para o nosso Brasil", diz.

Bolsonaro ainda sinaliza que teria sido vítima de uma tentativa de chantagem de Deltan Dallagnol que, segundo ele, buscava ser alçado à Procuradoria-Geral da República (PGR).

"Uma das passagens que não está ali [no vídeo]. Estava em 2019, há poucas semanas para eu indicar o PGR para o Senado e um ajudante de ordem trouxe o telefone e falou: 'Deltan Dallagnol quer falar contigo'. Eu falei: 'eu não vou falar com ele'. Por que eu não queria falar com ele? Nunca tinha falado antes… Por um motivo muito simples. Ele queria uma audiência comigo porque ele era, no momento, cotado nas mídias sociais como ir para o PGR, né? (SIC) A pessoa certa para o PGR, como naquele momento também a pessoa certa para o Supremo seria Sergio Moro. E se eu tivesse audiência com ele, com toda a certeza, eu não iria indicá-lo para a PGR, mas iria sair uma história pronta, como eles faziam por ocasião de alguns depoimentos da Lava Jato: escreviam o depoimento e chamavam o cara para assinar. E ia falar que eu fiz uma proposta indecorosa para ele, para salvar um amigo, um parente. Como ele não aceitou, Deltan Dallagnol iria me acusar de parcial", acusa.

No início do vídeo, no entanto, Bolsonaro diz que "em grande parte sabia tudo aquilo que eu vivia como presidente", mas ressalta que "obviamente não tinha como agir".
Yousseff, Moro, Álvaro Dias e o conluio na Lava Jato

O vídeo do youtuber bolsonarista, que está sendo turbinado nas redes de apoio pelo próprio presidente, conta uma história que já é conhecida desde 2015 e em grande parte foi confirmada pelo advogado Tacla Duran e pelo próprio Alberto Youssef até mesmo em depoimento na Câmara dos Deputados

Anunciado pelo presidente como novidade, o conluio que, entre outros blindou o senador Álvaro Dias (Podemos), já foi amplamente divulgado.

Embora soubesse de tudo - já que era deputado - antes mesmo das revelações da Vaza Jato, Bolsonaro calou até o momento pois sabe que se beneficiou diretamente da omissão do fato pela mídia liberal em sua eleição à Presidência.

A divulgação acontece no momento em que o seu ex-super ministro da Justiça se apropria de parte do eleitorado ultraconservador que o elegeu e que se mostra decepcionado com seu governo.

Entenda na série de reportagens da Fórum sobre o caso

Bolsonaro diz não saber se recebeu dinheiro de Youssef


Às vésperas de o procurador-geral da República revelar lista de parlamentares envolvidos com o doleiro Alberto Youssef, deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) declara que não sabe se ele recebeu dinheiro sujo
Por Helena Sthephanowitiz

Publicado 18/02/2015 - 17h10
Arquivo ABr

Bolsonaro é defensor de financiamento privado de campanhas

“O Alberto Youssef já disse que no meu partido (PP) só sobrariam dois que não receberam. Eu não sei quem são os dois, mas, se eu recebi algum dinheiro, o partido não levou meu voto para o Executivo”, diz Bolsonaro à coluna Poder Online, do Portal IG. Deputado dizer que não sabe o que os outros fizeram pode ser verdade, afinal quem participa de esquemas mantém segredo entre os participantes. Agora, dizer que não sabe se ele próprio fez uso do dinheiro que ele mesmo tem falado que é de corrupção, já é um pouco demais.

A declaração de Bolsonaro mostra que, para financiar campanhas e se eleger, o deputado conviveu bem melhor do que se imaginava com o dinheiro da corrupção. Na melhor das hipóteses, fechando os olhos para a real origem do dinheiro que financiava suas campanhas.

Desde 1993, Bolsonaro é filiado ao PP (a sigla já mudou de nome algumas vezes), com um intervalo entre 2003 e 2005, quando integrou o PTB de Roberto Jefferson, e de uma brevíssima passagem pelo PFL, retornando ao PP ainda em 2005.

Durante todo esse tempo, Bolsonaro conviveu muito bem com Paulo Maluf, José Janene, entre outros nomes de seu partido envolvidos em escândalos. Só se manifesta contra a corrupção, ou a suspeita de, quando atinge seus adversários políticos.

Sua dissidência dentro do PP se limita a atacar o governo petista em discursos e os partidos de esquerda cujos parlamentares são engajados em causas dos direitos humanos e das minorias. Mas não se vê Bolsonaro atacando casos suspeitos de aliados que o ajudaram a se eleger deputado pela sétima vez. Também sempre ficou na zona de conforto de manter-se no PP durante todo o tempo em que este partido participou de governos que ele criticava. Curioso que em 2003 ele migrou para o PTB quando este partido já compunha a base governista e estava em crescimento recebendo muitos adesistas fisiológicos que não queriam ficar na oposição.

Esse benefício de se aproveitar de uma estrutura partidária incoerente com seu discurso se estendeu a quatro parentes. Sua ex-mulher já foi vereadora no Rio de Janeiro, quando ainda eram casados. Seus filhos, Flávio Bolsonaro e Carlos Bolsonaro, são deputado estadual e vereador no Rio de Janeiro, ambos pelo PP. Outro filho residente em São Paulo, Eduardo Bolsonaro – aquele que apareceu com uma pistola na cintura sobre um caminhão de som em manifestação pedindo golpe militar, em novembro –, se elegeu deputado federal, este pelo PSC.

Só agora Jair Bolsonaro diz defender que seu partido expulse os envolvidos na Lava jato. Isso quando lideranças de seu partido se perguntam se o próprio partido sobreviverá. Parece mais o que se chama “jogar para a plateia”, além de instinto de sobrevivência política para salvar a própria pele.

Em seu blog, em 2012, Bolsonaro também defendeu o financiamento privado de campanhas, a raiz da corrupção. Alega que “quanto menos o governo gastar com o financiamento público, melhor ficará junto à opinião pública”, como se o povo não pudesse mudar de opinião quando esclarecido através de um debate amplo. Diz que o caixa 2 continuaria existindo (um argumento estúpido, como se leis não pudessem ser feitas porque alguém não iria cumpri-la), mas se esquece de dizer que a corrupção também continuará correndo solta enquanto empreiteiras, bancos, planos de saúde, fabricantes de armas, empresas de comunicação patrocinarem bancadas corruptíveis no Congresso.




Vamos aguardar agora o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ajudar o deputado Jair Bolsonaro a descobrir o que ele próprio fez na eleição passada.

Denunciado.

O mais recente arroubo autoritário de Bolsonaro, para quem não lembra, levou a vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, a denunciá-lo por incitar publicamente a prática de crime de estupro. A denúncia foi protocolada em 15 de dezembro, no Supremo Tribunal Federal (STF), e será analisada pelo ministro Luiz Fux.

Em entrevista ao jornal gaúcho Zero Hora, ao ser questionado sobre a declaração de que não iria estuprar a deputada federal Maria do Rosário porque ela não mereceria, ele reiterou a afirmação. De acordo com Ela Wiecko, “ao dizer que não estupraria a deputada porque ela não ‘merece’, o denunciado instigou, com suas palavras, que um homem pode estuprar uma mulher que escolha e que ele entenda ser merecedora do estupro”.

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