terça-feira, 4 de maio de 2021

Portaria de Mandetta sobrecarrega ainda mais profissionais de saúde


13 | 04 | 2020 


Troca da identidade de corpos pode ser facilitada por medida publicada no dia 30 de março

O corpo de uma idosa foi trocado com o corpo de um homem com suspeita de contaminação pelo Coronavírus em um hospital de Santo André, na região do ABC, na última quarta-feira (8), em meio à pandemia. A família da idosa só descobriu a troca após o enterro que foi feito com o caixão lacrado, já que o hospital disse que ela tinha morrido com Coronavírus. Mas, na verdade, a causa da morte foi broncopneumonia.

Portaria Conjunta nº 1, do Conselho Nacional de Justiça, sobre hospitais, cartórios e certidões de óAinda não se sabe, mas a troca pode ter sido facilitada pela portaria conjunta nº 1, do Conselho Nacional de Justiça, assinada pelos ministros Dias Tóffoli e Luiz Henrique Mandetta no dia 30 de março. E, tudo indica que a troca citada acima é uma situação que tende a aumentar com o passar dos dias, já que a portaria protege cartórios e sobrecarrega ainda mais hospitais e trabalhadores da saúde.

 Entenda como:

Um dos trabalhos dos cartórios, que são órgãos privados, é emitir certidões de nascimento, casamento e de óbito. E, como se sabe, ser proprietário de cartório é um negócio bastante lucrativo.
Mas, nesse momento de crise, o governo e o judiciário decidiram proteger os cartórios, ao invés de incentivá-los a contratar mais trabalhadores para dar conta da demanda, e jogar toda a burocracia de emitir certidões de óbito para os hospitais, colocando a responsabilidade de tratar e enviar todos os dados dos mortos sobre os profissionais mais cansados do sistema.

Desde o dia 30 de março, data da publicação da portaria, está permitido em todo o território nacional promover o enterro e cremação de corpos sem que um atestado de óbito seja previamente emitido.
A equipe médica deverá anotar os dados de identificação dos pacientes nos prontuários para que estes sejam posteriormente digitalizados e enviados para a corregedoria geral de justiça dos estados.

A combinação de hospitais lotados, pacientes com quadros parecidos e equipes exaustas tende a gerar um menor detalhamento dos prontuários, o que pode acarretar na troca da identidade das pessoas internadas.

A falta de dados nos registros dos pacientes e das declarações de óbito, documento que é emitido pelos hospitais e convertido em atestado pelos cartórios, já vem gerando problemas em alguns lugares pelo Brasil. Em Minas Gerais, uma funerária recebeu mais de 40 corpos num intervalo de dois dias, todos eles foram enterrados sem uma causa mortis estabelecida. O Estado não coletou as informações de maneira correta e, agora, cogita exumar todos os corpos para fazer uma testagem adequada.

É certo que os hospitais não queiram lotar os necrotérios e que o Estado não queira sobrecarregar o IML, mas a solução proposta é absurda e impõe como consequência problemas ainda maiores.

Artigo 1º da Portaria
Autorizar os estabelecimentos de saúde, na hipótese de ausência de familiares ou pessoas conhecidas do obituado ou em razão de exigência de saúde pública, a encaminhar à coordenação cemiterial do município, para o sepultamento ou cremação, os corpos sem prévia lavratura do registro civil de óbito.
Esse era o momento de o governo obrigar uma categoria historicamente privilegiada, os donos dos cartórios, a contratar mais trabalhadores para dar conta da demanda, sem prejuízo de dados públicos. Mas, a opção foi criar um sistema para se livrar de corpos rapidamente, sem os devidos registros burocráticos.

Estamos atentos com o lobo na pele de cordeiro
Hoje, Luiz Henrique Mandetta, atual ministro da Saúde, parece uma voz sensata em meio aos absurdos ditos pelo presidente Jair Bolsonaro. Entretanto, Mandetta é um ex-deputado e foi executivo de plano de saúde por anos.

Por isso, sem ilusões! Aquele que, hoje, aparece nos boletins diários usando o colete do Sistema Único de Saúde (SUS), recentemente, vestia a camisa da privatização dos serviços públicos. Mandetta foi ferrenhamente contra o programa Mais Médicos e, nesta crise, foi obrigado a lançar edital para reconvocar os médicos cubanos do programa dispensados sob o governo Bolsonaro. Agora, corre contra o relógio para cobrir o buraco na assistência básica deixado pelo desmonte do programa.
A Portaria revela que o governo se importa pouco com os reais afetados pela medida. As famílias poderão ter que esperar até 60 dias por um atestado de óbito para dar entrada em algum tipo de benefício previdenciário. Isso sem falar no processo de luto e despedida, que será negado aos familiares e amigos daqueles que morrerem desacompanhados em hospitais, como pode vir a ser o caso da população em situação de rua e mesmo daqueles que moram em cidades afastadas, sem leitos hospitalares.

Pra que serve o Conselho Nacional de Justiça?

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é fruto de uma suposta reforma do judiciário promovida ainda no governo Lula e foi criado para funcionar como um órgão de controle externo à magistratura. O objetivo era evitar o corporativismo e os mais diversos esquemas de corrupção dentro dos tribunais regionais e estaduais.

Porém, o órgão acabou sendo dirigido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal e apenas seis dos 15 integrantes não são magistrados de carreira.

Mas, mesmo com uma série de limitações, ao que parece, o CNJ teve certo sucesso em democratizar e profissionalizar o sistema judiciário. Com ele, foram criadas metas de produtividade, informatização e o controle de prazos processuais melhorou. Apesar disso, juízes continuam desobedecendo jurisprudências de tribunais superiores sem qualquer fundamentação e seguem impunes.

O CNJ também tem outras atribuições administrativas e uma delas é funcionar como uma agência reguladora do poder judiciário e órgãos correlatos, como os cartórios, por exemplo.

Com informações do podcast Lado B Notícias

Portaria permite sepultamento e cremação sem certidão de óbito durante pandemia




O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Ministério da Saúde estabeleceram procedimentos excepcioneis para sepultamento e cremação de corpos durante a situação de pandemia do Coronavírus no Brasil. A Portaria Conjunta 1/2020, publicada nesta terça-feira (31/3), autoriza estabelecimentos de saúde – na hipótese de ausência de familiares ou pessoas conhecidas do falecido ou em razão de exigência de saúde pública – a encaminhar para o sepultamento ou cremação, os corpos sem prévia lavratura do registro civil de óbito.

O presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF) ministro Dias Tofolli, que exerce interinamente as funções do corregedor Nacional de Justiça, assina o ato com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A portaria determina que, no período da pandemia, o prontuário de internação hospitalar deverá ter especial cuidado com a identificação do paciente e conter os números dos documentos disponíveis, além de cópias e declarações corretas do paciente ou acompanhante.

As medidas buscam atender à necessidade de esclarecer e zelar pela adequada identificação dos mortos cujas mortes ocorrerem no curso da pandemia, bem como resguardar os direitos dos familiares, dependentes e herdeiros da pessoa falecida. As regras também consideram que cartórios de Registro Civil de Pessoas Naturais estão trabalhando em regime de plantão, com suspensão ou redução do atendimento presencial ao público, conforme determina o Provimento no 91/2020 da Corregedoria Nacional de Justiça.

Sobre emissão da Declaração de Óbito (DO) de pessoa não identificada, fica determinado que os serviços de saúde devem anotar a estatura ou medida do corpo, cor da pele, sinais aparentes, idade presumida, vestuário e qualquer outra indicação que possa auxiliar em futuro reconhecimento. Também devem providenciar, sempre que possível, fotografia da face e impressão datiloscópica do polegar. Tais registros deverão ser anexados à Declaração de Óbito e arquivados no estabelecimento de saúde juntamente com o prontuário e cópia de eventuais documentos.

Para posterior averiguação do local do funeral e inclusão da informação do registro civil de óbito, o agente público responsável que receber a via amarela da DO para providenciar o sepultamento/cremação do corpo, deverá anotar, na mesma guia, o local de sepultamento/cremação e devolvê-la, em até 48 horas, ao estabelecimento de saúde responsável pela emissão.

A portaria determina que a lavratura para os registros civis de óbito devem ser realizados em até 60 dias após a data da morte. Aos serviços de saúde caberá o envio, preferencialmente, por meio eletrônico, das declarações de óbito, cópia de prontuários e outros documentos necessários à identificação da vítima para as Corregedorias-Gerais de Justiça dos estados e do Distrito Federal para que providenciem a distribuição aos cartórios competentes para a lavratura do registro civil de óbito.

As Corregedorias-Gerais de Justiça deverão criar, em até 48 horas, e-mail exclusivo para o recebimento eletrônico das DO e informá-lo, no mesmo prazo, às secretarias estaduais e municipais de Saúde.

De acordo com a portaria, mortes por doença respiratória suspeita para Covid-19, não confirmada por exames, deverá ter descrição da causa mortis ou como“provável para Covid-19” ou “suspeito para Covid-19. Caberá às Corregedorias-Gerais de Justiça e às secretarias estaduais e municipais de Saúde a adoção de procedimentos e outras especificidades relativas à execução da portaria. Fonte: Agência CNJ de Notícias

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Acusados de Pedofilia impõem terror e silêncio no Amazonas

Por Kátia Brasil
06/03/2014
A recente passagem da CPI da Pedofilia da Câmara Federal pelo Amazonas revelou que os políticos, empresários, comerciantes e servidores públicos, todos acusados de suposto envolvimento em crimes de abusos sexuais contra crianças e adolescentes nas cidades de Manaus e Coari, estão utilizando de artifícios como ameaças de morte a uma delegada, intimidações às vítimas, compra do silêncio de testemunhas, sumiço de processos, vazamentos de informações e até saques milionários para pagamentos de soltura no intuito de se manterem na impunidade. O cenário das investigações é de terror.

Em Manaus, 20 pessoas, entre eles, o deputado estadual Fausto Souza e irmão do deputado federal Carlos Souza, ambos do PSD, o ex-prefeito do município Jutaí, Asclepíades da Costa (PR), os empresários Waldery Areosa Ferreira, do ramo de educação e turismo, e o empresário do setor de transportes José Roberto Afonso (veja correção abaixo), além de agenciadores de meninas, são réus em uma ação resultada da Operação Estocolmo da Polícia Civil, realizada em 2012. A operação desmontou um esquema de corrupção de menores, favorecimento à prostituição infantil, estupro de vulnerável e rufianismo, que é a obtenção de lucro mediante exploração sexual.

Depois de obter a liberdade por cinco anos e se beneficiar da morosidade do trâmite das ações na Justiça do Amazonas, o prefeito de Coari, Adail Pinheiro (PRP), amplamente apoiado pelo PT, PMDB e PSD, e mais cinco servidores de confiança estão presos há 17 dias em Manaus por acusações de lideraram na cidade um esquema de favorecimento à prostituição infanto-juvenil. O esquema de abusos de menores foi revelado pela Operação Vorax da Polícia Federal, em 2009, durante investigações de desvio de dinheiro público do município pobre de 80 mil habitantes, mas que recebe royalties, R$ 82,5 milhões só em 2013, pela produção de gás natural na região.

Ameaças e compra de testemunhas

Na sexta-feira (21), durante reunião com a presidente da CPI, deputada Érika Kokay (PT-DF), o procurador geral de Justiça, Francisco Cruz, afirmou que a delegada Linda Glaucia de Moraes, que coordena as investigações da Operação Estocolmo, está recebendo ameaças de morte. Ele disse também que a investigação detectou pagamentos para testemunhas mudarem os depoimentos.

“Estamos investigando informações de que a delegada Linda Glaucia está sofrendo ameaças de pessoas influentes. Se confirmar isso, vou requerer prisão preventiva dessas pessoas. Recebemos também informações de depósito bancários para que, possivelmente, testemunhas desfaçam seus depoimentos. Estou analisando e não posso dar mais detalhes pelo segredo da investigação”, afirmou Cruz, destacando que 20 denunciados da Estocolmo serão ouvidos num único dia. “Eu irei fazer essa audiência para imprimir ritmo de celeridade e buscar uma resposta de uma maneira mais efetiva”.

Saques milionários

O procurador geral de Justiça trouxe informações ainda mais preocupantes das investigações com relação ao prefeito Adail Pinheiro. Segundo Francisco Cruz, nas contas bancárias da Prefeitura de Coari (a 370 quilômetros de Manaus) foram detectados saques milionários para iniciar “uma operação de soltura” do prefeito.

“Na semana passada recebemos a informação de saques vultosos das contas (da Prefeitura) de Coari. Pessoas estariam trazendo valores altos para iniciar uma operação de soltura do prefeito de Coari. Adotamos uma providência e monitoramos o aeroporto e os barcos. Não conseguimos pegar essas pessoas que estariam vindo com o dinheiro, inclusive, dentro de mochilas”, afirmou o procurador Francisco Cruz.

Ele disse que o Ministério Público tentou fazer escutas telefônicas autorizadas pela Justiça nos telefones das pessoas que traziam as remessas de dinheiro para a operação de soltura de Pinheiro, mas os promotores descobriam que o grupo passou a usar rádios transmissores para driblar a investigação.

“Nós entramos com o pedido de escuta também, mas depois disso, não sabemos se houve vazamento. As informações que nos chegaram é que eles não estão usando mais telefones, estão usando rádios transmissores. Então é um confronto de pessoas poderosas, acostumadas com a impunidade. De pessoas que tinham a certeza da impunidade, mas agora o cenário está mudando, estamos com duas prisões preventivas”, afirmou o procurador geral de Justiça, Francisco Cruz.

Sumiço de processo

Ainda na reunião no Ministério Público Estadual, a presidente da CPI da Pedofilia (Comissão Parlamentar de Inquérito que apura denúncias de Turismo Sexual e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes), Érika Kokay, revelou um fato inusitado sobre as diligências na quinta-feira (20) no município de Coari. O processo (nº 0004800-98.2014.8.04.0000) que envolve o prefeito Adail Pinheiro em crime de favorecimento à prostituição contra menores do município, aberto em 2008, e que era dado como sumido pela fiscalização do Conselho Nacional de Justiça, foi encontrado na Justiça Federal de Roraima.

Kokay recebeu informações do reaparecimento do processo do presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas, desembargador Ari Moutinho, que havia negado durante as duas diligências da CPI no Amazonas, em 2013. O processo em questão se resume em dois envelopes contendo fitas de áudio e CDs com as seguintes frases: “Garotas a Mega Model” ou “Garotas do Fabinho”. Os documentos estavam há 50 dias Justiça Federal de Roraima parado. Antes tramitou em Brasília e, em Tefé (município próximo a Coari).

“Fabinho” é o apelido de Fábio Souza de Carvalho, um dos 23 presos da Operação Vorax em 2008 quando a PF apurou um esquema de fraudes em licitações de mais de R$ 50 milhões na administração de Pinheiro. De acordo com as investigações, Fábio Souza de Carvalho era o proprietário da agência Mega Models, em Manaus. Escutas telefones revelaram conversas entre ele e Adriano Salan, homem de confiança do prefeito, para contratação de meninas.

A deputada Érika Kokay disse que com o reaparecimento dos documentos da Operação Vorax, agora, Adail Pinheiro é acusado em seis processos de abusos contra menores, sendo cinco de favorecimento à prostituição infantil e um de estupro de vulnerável. Os julgamentos dos processos estão previstos para o segundo semestre deste ano. “O presidente do Tribunal (Ari Moutinho) nos disse que foi houve um equívoco o processo ser remetido para Roraima. O erro foi detectado e o processo resgatado”, afirmou a parlamentar.

Suspeição de magistrados

Há 17 dias, Adail Pinheiro cumpre duas prisões preventivas por determinação do Tribunal de Justiça do Amazonas. A primeira ocorreu no dia 08 por ordem do desembargador Djalma Martins da Costa em ação penal proposta pelo pedido do Ministério Público Estadual.
Desembargadores do TJ receberam orientação do Conselho Nacional de Justiça (Foto: Divulgação TJ-AM)

Antes, o Conselho Nacional de Justiça já tinha aberto sindicância para investigar a morosidade em ações que tramitavam no tribunal, envolvendo o prefeito. No dia 18 deste mês, na antevéspera da chegada da CPI da Pedofilia, o desembargador e relator do processo criminal deixou o caso justificando suspeição, sem condições de apreciar a ação. Outros dois magistrados se negaram a assumir o caso. O processo (nº. 0003606-63.2014.8.04 .0000) em segredo de justiça e indisponível para leitura, está sem relator.

“O presidente do Tribunal (Ari Moutinho) diz que foi é uma questão de foro íntimo. Mas, isso indica o nível de influência e ramificação do seu Adail. Uma pessoa com esse nível de denúncias, estando presa e com evidência de que é um criminoso, é uma pessoa que construiu uma rede de retaguarda. Ele não é o único culpado, temos pessoas que representam instituições e que alimentam essa teia de impunidade”, disse Kokay.

A segunda prisão preventiva do prefeito Adail Pinheiro foi decretada pelo desembargador Rafael Romano, especialista no direito das crianças e adolescentes, com base no processo (nº. 0007428-94.2013.8.04 .0000) que envolve o prefeito em acusação de crime de favorecimento à prostituição. A investigação foi aberta durante a Operação Vorax da Polícia Federal, em 2008. Em 2009 o prefeito foi preso, mas ganhou uma liminar do Supremo Tribunal Federal, o que lhe garantiu a liberdade por cinco anos.

No dia 14 último, o ministro Roberto Barros cassou o habeas corpus de Pinheiro e recomendou a decretação novamente da prisão do prefeito, o que Romano acatou. Agora, o desembargador enfrenta a reação da defesa do político que tenta afastar o magistrado do processo alegando impedimento e suspeição, mas não obtiveram sucesso ainda.

Terror em Coari
Membros da CPI da Pedofilia durante diligência em Coari (Foto: Alberto César Araújo/Aleam)

Para a deputada Érika Kokay, a prisão de Adail Pinheiro ainda não foi suficiente para restabelecer a democracia e a lei em Coari. Na quinta-feira (20) em diligência na cidade ela e a deputada Liliam Sá (Pros-RJ) ouviram depoimentos de nove pessoas ameaçadas de morte. A casa de um conselheiro tutelar foi alvejada por tiros.

“Temos um estado de terror estabelecido no município de Coari. Nós ouvimos uma adolescente ameaçada, que teve que sair de sua cidade. E onde ela continua ameaçada onde está. Temos um conselheiro que está sendo ameaçado por parentes das pessoas que estão presas. São pessoas que têm medo de sair nas ruas. O que percebemos é o Estado Democrático de Direito ameaçado ou rasgado no município de Coari”, afirmou.

A deputada Érika Kokay pediu ao procurador geral de Justiça, Francisco Cruz, que ampliasse a justificativa de um pedido de intervenção no município de Coari, encaminhado ao Tribunal de Justiça do Amazonas pelo MPE na semana passada, para o afastamento de todo secretariado de Adail Pinheiro da prefeitura, inclusive com decretações de prisões. No pedido, o procurador-geral alegou que o prefeito Adail Pinheiro estava interferindo nos trabalhos do Conselho Tutelar.

“Me parece que o objetivo da intervenção é muito pontual, restrito. Nós temos secretários e grupos que se alimentam dos recursos da prefeitura, que ameaçam testemunhas e violam os direitos das crianças e dos adolescentes. Então há a necessidade de trabalharmos juntos nesse processo do MPE”, afirmou a deputada, que recebeu aval de Francisco Cruz para repassar as novas denúncias.

Regalias na prisão

Em 2009, o prefeito ficou preso no mesmo quartel (Foto: Alberto César Araújo)

O prefeito de Coari, Adail Pinheiro cumpre as duas prisões preventivas no Batalhão de Cavalaria da Polícia Militar, na zona oeste de Manaus, por medida de segurança a pedido da defesa dele. Como o portal Amazônia Real adiantou, ele divide a cadeia, com televisor e frigobar, com dois militares acusados de homicídio.

O almoço e jantar do prefeito são levados pela família de restaurantes. Também recebe visitas e usa celular. O Ministério Público Estadual já enviou dois promotores para investigar as denúncias. Mas, como o Batalhão é avisado antes da vistoria acontecer, os promotores só encontram o frigobar, que foi retirado da cela do prefeito. A reportagem apurou que Cao-Crimo (Coordenação da Promotoria de Combate ao Crime Organizado) ainda não foi requisitado por portaria do procurador geral de Justiça, Francisco Cruz, para investigar essas denúncias.

Segundo Érika Kokay, o esquema de Coari continua sendo comandado por Adail. “Como ele comando isso? A população já constatou que malas de dinheiro partem de avião do aeroporto de Coari. Então, a prisão não está sendo um elemento que impeça ele de comandar esse esquema”, disse.

Cobrança ao Amazonas

Durante as diligências em Coari, a deputada da CPI da Pedofilia, Érika Kokay, também confirmou que policiais militares estão ameaçando testemunhas, inclusive menores, e protegendo envolvidos nos crimes. Ela cobrou uma posição do governador Omar Aziz, líder do PSD no Norte. “O governador do Amazonas (Omar Aziz) poderia cumprir uma função mais efetiva e mais clara no enfrentamento a exploração sexual e a situação de Coari. As pessoas que estão ameaçadas serão ouvidas daqui a sete dias na Justiça, e elas relatam dificuldades de registrar ocorrências na polícia. Há muitas denúncias que muitos os boletins fiquem sem providência. Então tem uma falência do Estado, que envolve uma postura dos representantes do Estado com firmeza necessária”, disse a deputada Érika Kokay.

O Amazônia Real errou ao publicar nesta reportagem que o deputado estadual Adjuto Afonso (PP) é irmão do réu José Roberto Afonso no dia 24/02/2014. Segundo a assessoria de imprensa do deputado, não existe parentesco entre o parlamentar e o empresário. A informação errada foi retirada desta reportagem nesta quinta-feira, 06 de março de 2014. Comunicamos a correção do texto aos nossos leitores e republicadores.




Kátia Brasil é jornalista formada pela Faculdade de Comunicação e Turismo Hélio Alonso, no Rio de Janeiro, em 1990. Tem experiência em jornal, rádio, e TV em pautas investigativas de política, economia, direitos humanos e meio ambiente. Em março de 1990 mudou-se para a Amazônia. Em Roraima trabalhou nos jornais O Estado de Roraima e A Gazeta de Roraima, TV Educativa, e no O Globo. No Amazonas, onde reside, trabalhou no Amazonas Em Tempo, TV Cultura, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo Entre os prêmios que ganhou está o Esso de Jornalismo Região Norte com reportagem “Bandeira do Brasil Hasteada na Fronteira”, publicada pelo jornal A Gazeta de Roraima. É cofundadora e editora-executiva da agência Amazônia Real. (katia@amazoniareal.com.br)

domingo, 2 de maio de 2021

Entrevista fictícia de Marcola, chefe máximo do PCC, ao jornalista Arnaldo Jabor: “estamos no inferno”


Numa entrevista fictícia o “capo” supremo do PCC, Marcola, diz profeticamente que não há mais solução para o problema chamado “Brasil”. Dante dizia: “Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno”.

Segue a entrevista irreal, mas mais real que nunca (as notas entre colchetes são minhas):

O Globo:
Você é do Primeiro Comando da Capital (PCC)?

Marcola: Mais que isso, eu sou um sinal dos novos tempos [anúncio profético; posicionamento de profeta]. Eu era pobre e invisível. Vocês nunca nos miraram durante décadas e antigamente era fácil resolver o problema da miséria. O diagnóstico era obvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, discretas periferias. A solução nunca aparecia. Que fizeram? Nada. O Governo Federal alguma vez reservou algum dinheiro para os pobres? [há programas de distribuição de renda no Brasil que estão sendo citados pela ONU, mas a miséria, realmente, continua]. Nós somente éramos notícia nos escombros das favelas nas montanhas ou na música romântica sobre “a beleza dessas montanhas no amanhecer”; essas coisas... Agora estamos ricos com a multinacional da droga. E vocês estão morrendo de medo. Nós somos o início tardio da vossa consciência social.

O Globo: A solução seria...

Marcola: Solução? Não há solução, irmão. A própria ideia de “solução” já é um erro. Você já viu o tamanho das 560 favelas do Rio de Janeiro? Já andou de helicóptero sobre a periferia de São Paulo? Solução? Como? Isso só haveria com muitos milhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento econômico, revolução na educação, urbanização geral e tudo teria que ocorrer sob o comando de uma “tirania esclarecida” que sobrevoasse a paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice. E do Judiciário que impede punições. Teria que haver uma reforma radical do processo penal do país, teria que haver comunicações e inteligência entre as polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos dentro dos presídios até “conference call” entre os presidiários). E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria uma mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução.

O Globo: Você tem medo de morrer?

Marcola: Vocês são os que têm medo de morrer, eu não. Ou melhor, aqui no presídio vocês não podem entrar e me matar, porém, eu posso de dentro do presídio mandar matá-los aí fora. Nós somos homens-bombas. Nas favelas existem milhares de homens-bomba. Estamos no centro do insolúvel mesmo. Entre o bem e o mal, no meio, está a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma nova “espécie”, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão, em uma cama, por um ataque cardíaco. A morte para nós é a comida diária, atirados [os corpos] em uma fossa comum. Vocês intelectuais não falam em luta de classes, de ser marginal, ser herói? Então, nós chegamos! Eu leio muito; li 3 mil livros e leio Dante, porém, meus soldados são estranhas anomalias do desenvolvimento errado do país. Não existem mais proletários, ou infelizes, ou explorados. Existe uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivada no barro, educando-se no mais absoluto analfabetismo, diplomando-se nos presídios, como um monstro Alien escondido nos rincões da cidade. Já surgiu uma nova linguagem. Isso. É outra língua. Você está diante de uma espécie da post-miséria. A post miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes.

O Globo: O que mudou nas periferias?

Marcola: Dinheiro. Agora nós temos dinheiro. Você acredita que quem tem 40 milhões de dólares, como o Beira Mar, não manda? Com 40 milhões de dólares a prisão se torna um hotel, um escritório. Qual é o policial que vai queimar essa mina de ouro. Entende? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se o funcionário vacila, é despedido e “colocado no microondas” [daquele tipo que vimos no filme Tropa de Elite]. Vocês são o estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos, burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós estamos bem armados. Vocês têm um calibre 38. Nós estamos no ataque. Vocês na defesa. Vocês nos transformaram em “super stars” do crime. Nós temos vocês como palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produtos vêm de fora, somos “globais”. Nós não nos esquecemos de vocês, são nossos “clientes”. Vocês nos esquecem quando passa o susto da violência que provocamos.

O Globo: Porém, que devemos fazer?

Marcola: Vou dar uma ideia para vocês, ainda que seja contrária aos meus interesses. Agarrem “os barões da cocaína”! Há deputados, senadores, empresários, há ex-presidentes no meio da cocaína e das armas. Porém, quem vai fazer isso? O Exército? Com que dinheiro? Não tem dinheiro nem para a comida dos recrutas. Estou lendo “Sobre a guerra”, de Klausewitz. Não existe perspectiva de êxito. Nós somos formigas devoradoras, escondidas nos rincões. Temos até mísseis anti-tanque. Se vacilam, vão sair uns Stinger. Para acabar conosco, somente uma bomba atômica nas favelas da miséria. Já pensou nisso? Ipanema radioativa?

O Globo: Porém, não haverá solução?

Marcola: Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a “normalidade”. Não existe mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Devem ser francos, sérios, na moral. Estamos todos no centro do insolúvel. A diferença é nós vivemos dele e vocês não têm saída. Só a merda! Nós já trabalhamos dentro dela. Entenda-me, irmão, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema.



O internauta Roberto Motta postou em seu Twitter uma sucinta linha do tempo de como a "pandemia" foi tratada e abordada pela OMS e MIDIA. Fará parte de meu acervo. Obrigada Patriota!


by Roberto Motta
@rmotta2

Para quem ainda não se convenceu de que a pandemia foi tratada com uma mistura inacreditável de incompetência, populismo e obscurantismo por líderes incapazes e ideologizados, e por uma mídia leviana, vamos relembrar alguns FATOS. Vejam o que disseram a OMS e a mídia:

8:21 PM · 2 de mai de 2021·Twitter Web App


-OMS: Vírus Não é Transmissível Entre Humanos (23/01/20) [https://is.gd/r1jkn8] -Vírus é Transmissível Entre Humanos (04/02/20) [https://is.gd/IVDp3l]


OMS ainda não considera novo coronavírus como pandemia [04/02/2020]
A OMS (Organização Mundial da Saúde) estimou hoje que a epidemia de pneumonia viral que su...
noticias.uol.com.br


-OMS: Não Fechem Fronteiras! (31/01/20) [https://is.gd/SiyPOp] -Europa fecha Fronteiras. (16/03/20) [https://is.gd/2Ui7Cn]


Europa fecha fronteiras por 30 dias para conter avanço do coronavírus | GZH
A União Europeia (UE) vai proibir a entrada de todos os estrangeiros por ao menos 30 dias, como medida de combate à pandemia de coronavírus. A medida, anunciada nesta segunda-feira (16), engloba os...
gauchazh.clicrbs.com.br


-Prefeito de Florença lança a campanha "Abrace um chinês” [https://is.gd/Fv8U58] -Especialista recomenda evitar abraços e beijos [https://is.gd/HvOCPI]


Coronavírus: especialista recomenda evitar 'abraços e beijos'
Segundo John Oxford, da Universidade Queen Mary de Londres, o novo coronavírus é um 'vírus social'; alerta coincide com proximidade do Dia de São Valentim (Dia dos Namorados) e ocorre depois de...
g1.globo.com


-OMS rebate governo do Brasil: Não Precisa Declarar Pandemia (03/03/20) [https://is.gd/uQyfE7] -OMS declara pandemia (11/03/20) [https://is.gd/4fcmtF]


OMS declara pandemia de coronavírus
Diretor-geral da OMS disse que declaração não muda o que a Organização e os países devem fazer para 'detectar, proteger, tratar e reduzir a transmissão' do novo coronavírus (Sars-Cov-2), causador da...
g1.globo.com


-OMS: Isolamento Social: Fechem Tudo! (13/03/20) [https://is.gd/JWl6PS] -OMS: Pessoas Precisam Trabalhar (30/03/20) [https://is.gd/sNaWkp]


ONU afirma que pessoas precisam trabalhar e novamente Bolsonaro tem razão.
Diretor-geral da OMS diz que lockdown fará pessoas passarem fome pela crise econômica e desemprego
msconservador.com.br


-OMS recomenda: Não Vá a Manifestações (16/03/20) [https://is.gd/vJuS6X] -OMS diz: Vírus Não Se Transmite Pelo Ar (31/03/20) [https://is.gd/TIRdZc] -O Vírus Se Transmite Pelo Ar (28/04/20) [https://bit.ly/2BPeorq]


Estudo chinês diz que ar-condicionado pode espalhar coronavírus [19/04/2020]
Um novo estudo feito por cientistas chineses mostra que a ventilação realizada por aparelh...
noticias.uol.com.br


-OMS: O Vírus É Transmitido por Superfícies (27/02/20) [https://is.gd/CUu35M] -OMS: O Vírus Não Se Transmite por Superfícies (18/05/20) [https://is.gd/hj3DUZ]


OMS: vírus pode não ser transmitido através de superfícies e objetos | MAISFUTEBOL
«Contágio com uma superfície ambiental contaminada não estava conclusivamente relacionado», refere a agência
maisfutebol.iol.pt


-OMS: Não Precisa Usar Máscara (06/04/20) [https://is.gd/SNcTpG] -OMS: Usem Máscara! (05/06/20) [https://is.gd/h8uExi]


OMS revisa orientações e manda todo mundo usar máscaras
População de regiões com transmissão comunitária ativa, como a América Latina, deve usar o equipamento no transporte público e lojas
noticias.r7.com


-OMS: Hidroxicloroquina Assassina, (25/05/20) [https://is.gd/Y0pWlN] -OMS: Hidroxicloroquina Pode Funcionar (05/06/20) [https://is.gd/msK857]


OMS se desculpa por controvérsias em pesquisas sobre hidroxicloroquina – Jovem Pan
A Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu desculpas nesta sexta-feira (5) pela controvérsia gerada com o posicionamento da entidade em relação a pesquisas sobre a eficácia da hidroxicloroquina no...
jovempan.com.br


-Assintomáticos São os Maiores Responsáveis Pela Disseminação ! #FIQUEEMCASA
 
(18/03/20) [https://is.gd/5163kB] -OMS: Assintomáticos Não Transmitem o Vírus (08/06/20) [https://is.gd/7TAnBC]


Covid-19: Pacientes assintomáticos não contribuem para a propagação do
Pacientes infectados com a Covid-19, que não apresentam sintomas, não estão a contribuir para a propagação do vírus.
executivedigest.sapo.pt


Você decide se é só incompetência ou algo mais.


***Roberto Motta é Engenheiro, executivo e autor de 3 livros. Suplente de deputado federal e de vereador. Ex-consultor do Banco Mundial e ex-Secretário de Estado. Criador do Novo.

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