sábado, 28 de março de 2020

Navio com 35 casos suspeitos de coronavírus ficará em quarentena em Santos

Por G1 Santos
 

Navio Costa Fascinosa está em quarentena após casos de coronavírus — Foto: DivulgaçãoNavio Costa Fascinosa está em quarentena após casos de coronavírus — Foto: Divulgação
Navio Costa Fascinosa está em quarentena após casos de coronavírus — Foto: Divulgação
O navio Costa Fascinosa, que já teve sete tripulantes desembarcados com suspeita do novo coronavírus e tem 35 pessoas monitoradas por suspeita da doença na embarcação, atraca no Porto de Santos neste sábado (28). Porém, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), permanecerá em quarentena, com acesso restrito às equipes de Saúde.
A Anvisa divulgou neste sábado que a embarcação possui 35 tripulantes com sintomas que podem ser de Covid-19. Ao todo, são 757 tripulantes ainda a bordo. A entrada do navio está prevista para as 16h30, e a atracação deve ocorrer às 18h no terminal de passageiros Concais.
Por meio de nota, a Santos Port Authority (SPA) informa que, por solicitação da Anvisa, acionou o Plano de Contingência do Porto de Santos (PCPS) para atracação do navio de passageiros Costa Fascinosa. A medida visa congregar os diversos planos de emergência existentes no complexo portuário santista, fortalecendo a comunicação entre as autoridades intervenientes e auxiliando no planejamento e adoção das ações necessárias para uma gestão eficiente durante incidentes e acidentes que possam impactar total ou parcialmente as operações do Porto Organizado de Santos.
A Guarda Portuária isolou o local de atração do navio para impedir o acesso de pessoas não autorizadas e facilitar a circulação das equipes de Saúde.
A SPA afirma que a atracação será no terminal de passageiros Concais porque o local tem condições para atendimento mais adequadas ao número de pessoas. Os empregados da SPA que vão atuar no atendimento usarão os equipamentos de proteção, mesma recomendação para os membros de todas as equipes.
Segundo a agência reguladora, com as novas suspeitas será necessário aguardar os resultados laboratoriais dos tripulantes desembarcados para avaliar a prorrogação da quarentena.
Imagem mostra navio a caminho do Concais para atracar em Santos, SP — Foto: ReproduçãoImagem mostra navio a caminho do Concais para atracar em Santos, SP — Foto: Reprodução
Imagem mostra navio a caminho do Concais para atracar em Santos, SP — Foto: Reprodução

Costa Fascinosa

Segundo a Costa informou ao G1, esse última viagem da temporada do Costa Fascinosa foi um mini cruzeiro de três noites, que partiu dia 14 de março de Santos, com passagem por Ilhabela e Balneário Camboriú, até o desembarque que também ocorreria na cidade de Santos, no dia 17.
Desde então, o navio permaneceu fundeado na barra do Porto de Santos, sem operar, devido ao encerramento antecipado dos cruzeiros no país. Por conta da confirmação de um caso da Covid-19 em uma passageira que esteve no navio, a embarcação estaria de quarentena até este sábado (28), porém o período foi estendido. Posteriormente a confirmação da passageira com Covid-19, a Anvisa afirma que teve mais duas confirmações de passageiros que estiveram no cruzeiro.
Até a tarde desta sexta-feira (27), a Anvisa informou que sete tripulantes já haviam sido desembarcados do navio e foram hospitalizados. Três deles desembarcaram na sexta para atendimento médico local. Eles foram removidos por um serviço de lancha médica marítima. São de nacionalidade filipina (2) e indiana (1).
Anteriormente, outros quatro tripulantes já haviam desembarcado da embarcação. Foram dois no dia 24, ambos filipinos e mais dois desembarcados no dia 25 (um filipino e um indonésio).
A Costa Cruzeiros confirma o deslocamento do navio Costa Fascinosa da área de fundeio da Barra para o Píer 25, no porto de Santos, conforme notificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O navio segue em quarenta voluntária. Todas as medidas de saúde necessárias, nessas circunstâncias, estão sendo realizadas e respeitadas diligentemente de acordo com as autoridades sanitárias locais. Há um médico a bordo, da Costa Cruzeiros, responsável por avaliar as condições de saúde dos tripulantes. Além disso, a Costa afirma manter os mais altos padrões de higienização e limpeza a bordo.
Equipe da Anvisa entrou no navio atracado no Porto de Santos  — Foto: Rodrigo Nardelli/TV TribunaEquipe da Anvisa entrou no navio atracado no Porto de Santos  — Foto: Rodrigo Nardelli/TV Tribuna
Equipe da Anvisa entrou no navio atracado no Porto de Santos — Foto: Rodrigo Nardelli/TV Tribuna

'Se a gente sair andando todo mundo de uma vez, vai faltar pro rico, pro pobre', diz ministro da Saúde

Por G1
 

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta,atualiza dados em coletiva de imprensa sobre à infecção pelo novo coronavírus no Brasil — Foto: Marcello Casal/ Agência BrasilO ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta,atualiza dados em coletiva de imprensa sobre à infecção pelo novo coronavírus no Brasil — Foto: Marcello Casal/ Agência Brasil
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta,atualiza dados em coletiva de imprensa sobre à infecção pelo novo coronavírus no Brasil — Foto: Marcello Casal/ Agência Brasil
O ministro da saúde, Henrique Mandetta, mudou neste sábado (28) o tom novamente de suas declarações sobre isolamento social. Na terça-feira (24), ele tinha ajustado o seu discurso ao do presidente Jair Bolsonaro, contrário a um isolamento mais geral e favorável ao isolamento apenas de idosos e pessoas de 60 anos e mais.
Neste sábado, Mandetta foi mais enfático na defesa de que as pessoas que podem devem ficar em casa. Ele justificou sua defesa de que as pessoas devem permanecer em casa para que o sistema de saúde não se sobrecarregue, aumentando a letalidade da Covid 19 por falta de leitos e de UTI.
Ele disse que o fato de as pessoas estarem em casa já fez o número de internados por acidentes de trânsito diminuir, o que libera espaço para os que precisam se tratar da Covid:
" Mais uma razão pra gente diminuir bastante a atividade de circulação de pessoas no intuito de diminuir o trauma, que é um efeito também secundário, benefico, além do efeito de diminuir a transmissão", ele disse.
O ministro afirmou: "Mais uma razão pra gente ficar em casa, parado, até que a gente consiga colocar os equipamentos na mão dos profissionais que precisam. Porque se a gente sair andando todo mundo de uma vez vai faltar pro rico, pro pobre, pro dono da empresa, pro dono do botequim, pro dono de todo mundo".

Critérios técnicos

Mandetta disse que vai se pautar por critérios técnicos e pela ciência:
"Nós precisamos ter racionalidade e não nos mover por impulso neste momento. Nós vamos nos mover, como eu disse desde o princípio, vamos nos mover pela ciência e pela parte técnica, com planejamento. Pensando em todos os cenários quando a gente fala de colapso, de sobrecarga, ou de sobreuso no sistema, a gente tá falando disso. Não só de sobrecarga na saúde mas por exemplo na logística."

Desafio inédito

O ministro da saúde enfatizou que o desafio do novo coronavírus é inédito no mundo. E que a doença ataca a saúde, a economia e a sociedade como um todo. E que por esse motivo exige toda a cautela:
"E aí eu volto a repetir: muitas vezes... Hoje está cheio de professor de epidemiologia, cheio de fazedores de conta, de cálculos. Preste atenção: essa epidemia é totalmente diferente da H1N1."
"Não há receita de bolo. Quem raciocinar pensando: nesta aqui foi assim, vai errar feio. Essa não é assim. Essa causou não uma letalidade pro indivíduo, não é esse o nosso problema. Nem daqueles que falam assim: ah essa doença vai matar só 5 mil, só 10 mil. Não é essa a conta", ele disse.
"A conta é: esse vírus ele ataca o sistema de saúde e ataca o sistema da sociedade como um todo. Ele ataca logística, ele ataca educação, ele ataca economia, ele ataca uma série de estruturas, no mundo."

Setores essenciais

O ministro da saúde descartou nesse momento a discussão sobre quarentena vertical - só de idosos - ou horizontal, que pega todas as idades.
Ele disse que o que não pode haver é uma parada de todos, em todo o Brasil. Um discurso compatível com o que vem sendo praticado: fica em casa quem pode para que os trabalhadores de setores essenciais possam trabalhar, entre eles aquele que abastecem as cidades de alimentos e outros insumos:
"Não existe quarentena vertical, horizontal. Existe a necessidade de arbitrar em determinado tempo qual o grau de retenção que uma sociedadade deve fazer", disse o ministro.
"O lockdown - parada absoluta ou total -, pode vir a ser necessário, em algum momento, em alguma cidade. O que não existe é um lockdown ao mesmo tempo, desarticulado. Isso é um desastre que vai causar muito problema pra nós da saúde", ele afirmou.

Articulação

O ministro disse que, enquanto um acordo nacional não sai, os governadores devem seguir os parâmetros que adotaram até aqui:
"Agora não é hora de sobrecarregar o sistema de saúde seja em nome do que for. Agora é hora de aguardar, vamos ver como essa semana vai se comportar, e nós vamos ter nessa semana a discussão dentro da Saúde para achar os parâmetros, aqueles que tomaram medidas de acordo com a sua localidade sem o parâmetro, usou o parâmetro próprio, utiliza o seu parâmetro que nós vamos construir um consenso para nós podermos andar."
A entrevista foi precedida por uma reunião na manhã de hoje entre o presidente Jair Bolsonaro e outros ministros. Isso gerou novamente boatos de que o ministro seria demitido por discordar do presidente na questão do isolamento na atual fase da pandemia. Mandetta comentou os rumores:
"Eu sei que hoje, essa semana, todo mundo ficou 'mas e o ministro? ele sai? ministro não sai?'. Eu volto a repetir: vou ficar aqui junto com vocês, enquanto o presidente permitir, enquanto eu tiver saúde e não puder sair. E digo mais, aqui no fundo do Ministério da Saúde tem um lugarzinho pra uma creche, tem um quarto, se toda a equipe aqui estiver com gripe e tiver tudo bem, inclusive eu, nós vamos ficar no quartinho ali, pra gente ficar perto pra pelo menos a gente ficar conversando"
"Ou na hora que não for mais necessário nós estarmos aqui, na hora que falarmos 'olha, cumprimos o nosso dever', e tá encerrada a nossa participação no Ministério da Saúde. E vamos trabalhar com essa equipe e vamos terminar com essa equipe."
O ministro criticou aqueles que querem convocar protestos pelo fim do isolamento:
"Fazer movimento assimétrico, de efeito manada, agora nós vamos daqui duas semanas, três semanas, os mesmos que falam 'vamos fazer uma carreata de apoio' os mesmos que fizerem vão ser os mesmos que vão estar em casa. Não é hora agora. "

Jovens em casa e comércio

Mandetta explicou por que o comércio não pode reabrir e também por que os jovens têm de ficar em casa, apesar de terem apenas sintomas leves em sua maioria:
"Por que se suspendem aulas? Se todas as crianças e jovens, como vocês viram, se têm a doença e são assintomáticos e são sintomas leves, por que a gente os tira da aula? Muitas vezes é o que fala: 'Deixa as crianças e adolescentes'. É porque eles são assintomáticos e não sabem, só transmitem. Como voltam para casa e casa tem comodo, temos déficit habitacional enorme, pode contaminar cinco, seis pessoas. Quando a gente diminui a mobilidade, cada um positivo contamina dois. Quando deixa todo mundo andando, cada um contamina seis, e isso faz progressão geométrica, faz essa curva super rápida."
"Se eu deixar a movimentação social contínua eu não estou preparado para hora da periferia sobrecarregar em bloco o sistema de saúde. Todo comércio diz: eu quero abrir, eu quero abrir. Calma porque vamos ter que fazer isso. Uma regrinha para saberem. Vou abrir assim: faço teste com funcionário, menos mesa, não pode ter fila de espera, buffet, fila um atras do outro. Algumas coisas que vamos colocar para serem pontos de referência. Para não falar que está tratando assim ou assado."
E, pouco antes do fim da entrevistas, o ministro elogiou a preocupação do presidente Bolsonaro:
"Espero que tenhamos tranquilizado todos vocês, Vamos trabalhar, essa semana a gente encerra, começa amanhã domingo com trabalho no Ministério da Saúde e vamos ver se conseguimos fazer um plano mínimo que compatibilize saúde e economia. Esse é nosso trabalho de fim de semana junto com a equipe econômica. Como ir, como voltar, o que funciona, o que é essencial, o que pode rodar a economia. O presidente está certíssimo quando fala que a crise econômica vai matar as pessoas. As pessoas não aguentarão a fome. Está certíssimo. E estamos 100% engajados em achar a solução junto com a equipe da economia, mostrar a fórmula para o Ministério da Economia. Vamos aumentar, vamos melhorar. Precisa de um grande pacto para que possamos sair do outro lado", disse Mandetta.
Casos de coronavírus no Brasil — Foto: Arte G1Casos de coronavírus no Brasil — Foto: Arte G1
Casos de coronavírus no Brasil — Foto: Arte G1
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