sábado, 10 de novembro de 2018

Congresso já armou bomba fiscal de R$ 259 bilhões para Bolsonaro

© REUTERS Congresso já armou bomba fiscal de R$ 259 bilhões para Bolsonaro

No último ano do atual mandato, deputados e senadores armaram para o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), uma bomba fiscal de ao menos R$ 259 bilhões, mostra levantamento da Folha de S.Paulo.

O valor refere-se ao impacto nas contas públicas, nos próximos quatro anos, causado por dez projetos aprovados ou que avançaram no Congresso em 2018.

Apesar de o Orçamento estar sob regência de um teto que barra a expansão de gastos, os parlamentares aceleraram propostas que vão na direção contrária, seja com matérias de autoria do Legislativo, pressão por concessões em projetos editados pelo governo ou derrubada de vetos presidenciais.


As eleições deste ano, que vão deixar a maior parte dos atuais parlamentares sem vaga no Congresso a partir do ano que vem, não impediram a aprovação da chamada bomba fiscal. O resultado das urnas vai promover uma renovação de 51% da Câmara e de 85% das vagas disputadas no Senado.

Nesta semana, os senadores aprovaram aumento de 16% nos salários dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). O reajuste provoca um efeito em cascata que leva a aumentos salariais em todas as esferas do serviço público.

O impacto anual da medida chegou a ser estimado em R$ 4 bilhões, mas novo cálculo da consultoria de Orçamento do Senado diz que o custo será de R$ 5,3 bilhões ao ano.

Aplicada aos quatro anos de mandato de Bolsonaro, essa conta somará R$ 21,2 bilhões. Utilizando a mesma lógica aos outros projetos analisados que geram impactos anuais diversos, essa fatura chega a R$ 259 bilhões.

Também nesta semana, os parlamentares aprovaram a medida provisória do Rota 2030, que estabelece incentivos fiscais a montadoras de veículos. O projeto contraria as ideias da equipe de Bolsonaro, que critica a concessão de benefícios setoriais.

O custo anual será de R$ 2,1 bilhões, mas o texto foi alterado para incluir penduricalhos que vão elevar o impacto.

Benefícios do Reintegra, regime que dá crédito tributário a exportadores, foram ampliados e novos setores foram desonerados. Não há estimativa de custo dessas alterações.

Também foi incluída a prorrogação do regime que concede benefícios a montadoras instaladas no Nordeste. O programa tem custo anual de R$ 4,6 bilhões e terminaria em 2020. Agora, irá até 2025.

Após a aprovação, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), negou que o Congresso esteja produzindo bombas para estourar no governo Bolsonaro.

"Para evitar manchetes de jornal de que estamos produzindo pautas-bombas, quero evitar esse discurso fácil de pauta-bomba. Ao mesmo tempo que se prorroga o prazo [dos benefícios], faz uma redução dos incentivos hoje existentes em 40%", disse na quinta-feira (8).

Entre as medidas aprovadas pelos parlamentares neste ano, está o refinanciamento de dívidas para pequenos produtores rurais. Na tramitação, houve ampliação dos benefícios e do número de agricultores aptos a aderir ao programa, elevando o custo ao Orçamento de R$ 1,6 bilhão para R$ 5,3 bilhões. O texto foi parcialmente vetado e será novamente analisado pelo Legislativo.

O Congresso também entrou em Confronto com o governo depois que Temer editou um decreto que reduziu a alíquota de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de concentrado de refrigerantes de 20% para 4%. Quanto menor a alíquota, menos créditos fiscais são gerados pelo setor.

Primeiro, o Senado aprovou uma medida para derrubar o decreto. O texto aguarda análise da Câmara. Depois, com pressão do setor e de parlamentares, o governo editou novo decreto restabelecendo parte do benefício. O recuo vai custar cerca de R$ 700 milhões aos cofres púbicos em 2019.

A lista da pautas-bomba tem a liberação da venda direta de etanol das usinas aos postos de combustível (custo R$ 2,4 bilhões ao ano), benefícios para transportado- ras (R$ 9 bilhões ao ano) e a derrubada de vetos para autorizar o refinanciamento de dívidas de pequenas empresas (R$ 7,8 bilhões em dez anos) e reajuste salarial a agentes comunitários de saúde (R$ 4,8 bilhões).

O governo ainda tenta adiar reajustes de servidores de 2019 para 2020, o que poderia gerar uma economia de R$ 4,7 bilhões. Apresentada em setembro, a medida que trata do tema nem sequer teve comissão instalada pelo Congresso. O texto precisa ser aprovado até 10 de fevereiro de 2019, ou perderá a validade.

Parlamentares pressionam também pela compensação da União aos estados pela desoneração de ICMS na exportação. Projeto sobre o tema, com custo anual de R$ 39 bilhões, foi aprovado em comissão mista e precisa ser votado nos plenários da Câmara e do Senado. 
Com informações da Folhapress.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

De onde veio o Bolsonaro?

by Gustavo Bertoche,
Professor de filosofiao Twitter
Jair Bolsonaro no domingo passado, após a votação: ele conseguiu uma clara vantagem no primeiro turno
 das eleições presidenciais brasileiras (AFP)
Desculpe, amigos, mas não é um "machismo", uma "homofobia" ou um "racismo" do brasileiro. A grande maioria dos eleitores do candidato do PSL não é sexista, racista, homofóbico ou defende a tortura. A maioria deles nem sequer é bolsonarista .

Bolsonaro veio daqui mesmo, do campo da esquerda. Surgiu da nossa incapacidade de fazer a necessária autocrítica . Surgiu da recusa em conversar com o outro lado. Surgiu da insistência na ação estratégica em detrimento da ação comunicativa, que nos levou a demonizar, sem tentar entender, aqueles que pensam e sentem de maneira diferente.

É, até mesmo, o que estamos fazendo agora. Meu Facebook e WhatsApp estão cheios de ataques a "fascistas", aqueles que têm "mãos cheias de sangue", que são "chauvinistas", "homofóbicos", "racistas". Apenas o eleitor médio de Bolsonaro não é nada disso ou se identifica com esses defeitos. As mulheres votaram em Bolsonaro mais que em Haddad. Os negros votaram em Bolsonaro mais do que em Haddad. Um grande número de gays votou em Bolsonaro.

Amigos, estamos errando o alvo. O problema não é o eleitor de Bolsonaro. Somos nós, do grande campo da esquerda .

O eleitor não votou em Bolsonaro porque disse coisas detestáveis. Ele votou em Bolsonaro apesar disso.

A votação para Bolsonaro, não fomos enganados, não foi o voto para a direita: foi o voto anti-esquerda, foi o voto anti-sistema, foi o voto anti-corrupção . Nas mentes de muitas pessoas (aqui e nos Estados Unidos, nas últimas eleições), o sistema, a corrupção e a esquerda estão ligados. Seu voto aqui foi o mesmo voto que elegeu Trump lá. E os pecados da esquerda são os pecados da esquerda aqui.

Bolsonaro tinha os votos que tinha porque evitamos, a todo custo, encarar nossos erros e mudar a maneira como fazemos política. Nós estávamos presos em nomes intocáveis, mesmo quando eles provavam sua falibilidade. Adotamos o método mais podre de conquistar a maioria no congresso e nas assembléias legislativas, por ter preferido o poder à virtude. Nós corrompemos a mídia com anúncios de empresas estatais ao ponto em que a mídia se tornou dependente do estado. E nós expulsamos, ou ostracizam, todas as vozes críticas dentro da esquerda.

O que fizemos com o Cristóvão Buarque?

O que fizemos com o Gabeira?

O que fizemos com a Marina?

O que fizemos com o Hélio Bicudo?

O que fizemos com tantos outros menores?


Aqueles que não concordaram com nossa vaca sagrada, aqueles que criticaram os métodos das cúpulas partidárias, ficaram em silêncio ou tiveram que deixar a esquerda para continuar tendo voz.

Enquanto isso, nos enganamos com os sucessos eleitorais e nos tornamos um movimento da elite política. Perdemos a capacidade de nos comunicar com as pessoas, com as classes médias, com o cidadão que trabalha 10 horas por dia, e nos enganamos com a crença na idéia de que toda mobilização popular deve ser estruturada de cima para baixo.

A própria decisão de lançar Lula e Haddad como candidatos mostra que não aprendemos nada com nossos erros - ou, o que é pior, que não percebemos que estamos cometendo um erro e colocamos a culpa nos outros. Onde estão as fofas convenções de festas dos anos 80? Onde estão as correntes e tendências lançando contra pré-candidatos? Onde estão os debates internos? Quando a festa aconteceu ter um dono?

Em suma: a esquerda ficou mais velha, enriquecida e esqueceu suas origens .

O que nos restou foi a criação de slogans que repetimos e repetimos até acreditarmos neles. Só esses slogans não entendem na cidade, porque eles não correspondem ao que as pessoas vivem. Não basta chamar o eleitor de Bolsonaro de "racista", quando esse eleitor é negro e decidiu que nunca mais vota o PT. Não basta dizer que a mulher não vota em Bolsonaro pela mulher que decidiu não votar no PT de forma alguma.

Não, amigos, o Brasil não possui 47% de machistas, homofóbicos e racistas. Qualificando os eleitores de Bolsonaro de tudo o que não vai resolver nada, porque o engano não vai pegar. O eleitor médio do tipo não é nada disso. Ele simplesmente não quer que o país seja governado por uma parte que tenha um dono .

E não, não há uma disputa entre a barbárie e a civilização. O bárbaro não disputa eleições . (Ah Hitler jogado, etc. Você já leu Mein Kampf? Eu. Ele é tudo lá, já em 1925. Desculpe, amigo, mas engana piadas e frases NO Mein Kampf. Onde está a sua capacidade hermenêutica?) .

Há uma onda de Bolsonaro, mas pode ser uma onda de qualquer outro candidato anti-PT. Eu suspeito que Bolsonaro surfa nessa onda apenas porque ele é o mais antipático de todos.

E a falha do surgimento dessa onda é nossa, exclusivamente nossa. Não é apenas nossa, como continuará sendo até que alcancemos uma verdadeira autocrítica e levemos de volta ao nosso campo (e para nossos partidos) uma prática verdadeiramente democrática, algo que perdemos há mais de vinte anos.

Nós falamos muito em defesa da democracia, mas não praticamos a democracia em nossa própria casa . Será que esquecemos seu significado e também transformamos a democracia em um mero lema político, em que o que é nosso é automaticamente democrático e o que é do outro é automaticamente fascista? É hora de usar menos vísceras e mais o cérebro, amigos. E slogans falam para bílis, não para razão.

domingo, 30 de setembro de 2018

Casal de pinguins dão um passeio romântico numa praia e tornam-se virais






Um vídeo absolutamente fofo e adorável de dois pinguins viralizou nas redes sociais. E não é pra menos, né? Os dois foram filmados passeando de “mãos dadas” em uma praia. É MUITA FOFURA!

A princípio pode até parecer estranho ver um pinguim em uma praia, né? Porém, na Africa do Sul, esses animais preferem ambientes mais quentes e acolhedores, por isso é normal encontra-los em praias.



Justamente por isso, o vídeo em questão foi filmado numa praia localizada a cerca de 40km do centro da Cidade do Cabo, na Boulders Beach, ou “Praia dos Rocheados”, que é muito conhecida por abrigar uma colonia de pinguins africanos.


No vídeo em questão é possível ver dois pinguins caminhando um ao lado do outro ao longo das areias da praia, até o momento em que eles juntam suas barbatanas, dando a entender que são um belo e feliz casal de pinguins a andar de “mãos dadas” pela praia.

Sinceramente, não há palavras que possam descrever tal cena, então segue abaixo o vídeo para vocês se encantarem:
Não atoa, dizem que os pinguins só possuem um único amor em toda sua vida. 
Lindo, né?
By gostariadeir.com.br

sábado, 29 de setembro de 2018

Luiz Inácio, transformou a sala-cela em Curitiba no QG da candidatura de Fernando Haddad ao Planalto. De lá, o petista articula a cooptação de caciques regionais e até entregas de dinheiro por meio de jatinhos


Como Lula opera a campanha da cadeia

Gemano Oliveira

Preso há seis meses numa sala-cela da PF em Curitiba, o ex-presidente Lula está apenas no início do cumprimento de uma pena de 12 anos e 1 mês de cadeia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Teoricamente, o cárcere deveria servir para o réu se regenerar dos crimes cometidos, não voltar a delinqüir e deixar o presídio após o final da pena apto a se reintegrar à sociedade, devidamente recuperado. Mas Lula parece não se emendar. Ao exercer sem qualquer cerimônia ou pudor o papel de coordenador da candidatura do presidenciável Fernando Haddad (PT), o petista transformou a sala-cela num QG da campanha, onde acontecem manobras pouco ortodoxas no vale-tudo para eleger o petista. Sob as barbas das autoridades, Lula vale-se da estrutura carcerária para operar a estratégia eleitoral petista, colocando em prática métodos nada republicanos no esforço para cooptar apoios de partidos como MDB, PR, PP e PDT para o “projeto Haddad”. Conforme apurou ISTOÉ, além de promessas de cargos no futuro governo do PT, Lula articula vantagens financeiras destinadas a irrigar as campanhas dos que se dispõem a serem convertidos a novos aliados. A máquina eleitoral é comandada por meio de bilhetinhos, à la Jânio Quadros, só que de dentro da cadeia, os quais o petista faz chegar às mãos de assessores de altíssima confiança. Integram o time de pombos-correios de Lula o ex-chefe de gabinete Gilberto Carvalho, o advogado Cristiano Zanin, o deputado José Guimarães (PT-CE) e do próprio Haddad, que o tem visitado na condição de advogado. O teor das mensagens é repassado pelos assessores aos políticos aos quais se destinam as determinações.

Nas últimas semanas, o objetivo do ex-presidente tem sido ampliar a vantagem de Haddad no Norte-Nordeste do País. Não à toa, intensificaram-se as mensagens remetidas para caciques da região e velhos parceiros dos tempos da era petista no poder, caso dos senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Eunício Oliveira (MDB-CE), Fernando Collor (PTC-AL) e o ex-senador José Sarney (MDB-MA), que até então marchavam ao lado de Henrique Meirelles (PMDB) ou de Ciro Gomes (PDT). Para que mudassem de lado na atual corrida presidencial, robustecendo o palanque de Haddad, Lula prometeu-lhes participação no novo governo e até compensações financeiras. Outro destinatário preferencial dos bilhetinhos de Lula é o também presidiário Valdemar Costa Neto, que por determinação judicial dorme no Presídio da Papuda, em Brasília, mas está autorizado a sair durante o dia para trabalhar. Apesar de não ser mais o presidente do PR, Valdemar ainda manda e desmanda no partido, que desde o governo Lula transformou o Ministério dos Transportes no seu latifúndio, digamos, mais produtivo. O operador financeiro de Valdemar é o ex-ministro Maurício Quintella, atualmente candidato ao Senado pelo PR de Alagoas. Como Lula sabe que o caixa do PR é poderoso, por comandar grandes obras em rodovias no País, o petista tem acionado Valdemar quando precisa fazer chegar recursos 
às mãos de algum neo-aliado.

O VELHO FISIOLOGISMO Lula prometeu cargos para raposas
 do MDB num futuro governo (Crédito:Fernando Bizerra Jr)

Foi o que aconteceu no Maranhão. Lula havia recebido informações de que a candidatura de Ciro Gomes ganhava corpo no Estado. Afinal, o governador Flávio Dino (PCdoB), apesar de integrar a base aliada do PT, trabalhava com afinco para empinar a candidatura de Ciro. Até que Dino foi procurado pelo deputado José Guimarães, a quem coube repassar-lhe a orientação de Lula: que ele passasse a se dedicar a Haddad. “Dino tem que deixar de apoiar Ciro”, ordenou o petista da cadeia. Não parou por aí. Ao descobrir que um dos motores da candidatura de Ciro no Maranhão era o deputado Weverton Rocha (PDT-MA), candidato ao Senado, Lula, por meio de Gilberto Carvalho, destinou uma importante mensagem a Valdemar Costa Neto. “Faça chegar dinheiro à campanha de Weverton Rocha”. O deputado, conforme informações colhidas por Lula da prisão, precisava de R$ 6 milhões para deslanchar sua campanha. Com o apoio de Quintella, Valdemar deflagrou a operação para o envio do dinheiro ao Maranhão.


Avião com R$ 6 milhões a bordo caiu em Boa Viagem (CE). Mas os recursos chegaram no destino: a campanha de Weverton Rocha, PDT

Conforme apurou ISTOÉ, um avião experimental Cirrus, da Vokan Seguros, a serviço da empreiteira CLC (Construtora Luiz Carlos), foi quem cuidou do transporte do dinheiro do Ceará com destino a São Luis. A CLC faz um trecho da BR-222, na região de Sobral (CE), uma obra do Ministério dos Transportes. No trajeto, percorrido no dia 14 de setembro, uma quase-tragédia: o avião acabou caindo com o dinheiro a bordo na cidade de Boa Viagem. Os recursos eram escoltados por um policial. Com o acidente, outros agentes foram ao local imaginando que a aeronave pudesse transportar drogas. Coube ao policial a bordo do Cirrus a tarefa de tranquilizar os colegas, dizendo-lhes que não se preocupassem com a ocorrência, pois ninguém havia ficado ferido. O dinheiro, contudo, chegou ao destinatário final, cumprindo os desígnios de Lula: a campanha do pedetista Weverton – convertido a empedernido cabo eleitoral de Haddad.

Mas ainda havia uma ponta solta no novelo da costura feita por Lula no Maranhão. Era preciso atrair para seu arco de alianças o ex-senador José Sarney e sua filha Roseana, candidata do MDB ao governo do Estado contra Flávio Dino. A família Sarney vinha trabalhando pela eleição do presidenciável do partido, Henrique Meirelles, mas a conduta mudou quando Sarney recebeu o recado de Lula, transmitido por meio de Gilberto Carvalho: “Quero a família Sarney na campanha do Haddad”, determinou Lula da cadeia. Os Sarneys fecharam também com Lula. Resultado: Haddad cresceu no Maranhão de 4% para 36% e Ciro estagnou nos 13%.





Em contrapartida, o cacique maranhense conta com a ajuda de eventual governo petista para sacramentar um negócio que envolve a TV Mirante, pertencente à família. Sarney deseja vender a emissora para o grupo Integração, de Minas Gerais.
Lula montou uma estratégia para beneficiar Haddad também em Alagoas. Para isso, contou com os préstimos do senador Renan Calheiros (MDB-AL). Em mensagens transmitidas por Gilberto Carvalho a Renan, candidato à reeleição, Lula pediu para que o senador convencesse o também senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) a desistir da disputa ao governo de Alagoas contra Renan Filho (MDB), candidato à reeleição. Àquela altura, Renanzinho ostentava 46% das intenções de voto e Collor 22%. Os dois rumavam para o segundo turno. A idéia acalentada por Lula era que Renanzinho fosse eleito no primeiro turno, reservando o segundo turno para se dedicar de corpo e alma a Haddad. Em troca, o filho de Renan se comprometeria a aumentar as verbas da mídia do governo dos atuais R$ 300 mil por mês para R$ 800 mil mensais para a TV de Collor em Maceió. O acerto, pelo visto, foi bem azeitado. Collor renunciou, Renanzinho saltou para 65% e deve ser reeleito na primeira etapa das eleições alagoanas.

Quem sabe, faz a hora. Agora, o PT espera que Renan Filho cristianize Meirelles em favor de Haddad. Há, no Estado, quem diga que isso já aconteceu. Na última semana, Haddad subiu de 2% para 28% em Alagoas. Avalista do acerto, Renan sonha em voltar a comandar o Senado, a partir de 2019, com o apoio de Lula.


    FANTOCHE Haddad, ao lado de Manuela D`Ávila, faz campanha  pelo país, mas quem dá as              cartas é Lula (Crédito:Mauro Pimentel)

No mapa eleitoral que estende sobre a solitária mesinha de sua cela na PF, Lula vislumbra que Haddad reúne chance de se eleger presidente se obtiver uma ampla vantagem no Nordeste, onde detém o apoio de quase 35% do colégio eleitoral brasileiro (mais de 50 milhões de eleitores). Foi graças à expressiva votação no Norte/Nordeste que Dilma Rousseff conseguiu superar Aécio Neves (PSDB) na disputadíssima corrida eleitoral de 2014. Lula espera repetir a dose. Desde que ativou o QG eleitoral na cadeia, há um mês, os resultados já se fizeram sentir. Haddad ascendeu nas pesquisas de intenção de voto de 4% para 22%, índices impulsionados pelo duplo twist carpado empreendido pelo petista na região, onde atingiu 34% – o dobro de Jair Bolsonaro. O avanço vermelho no Nordeste, operado por Lula da cadeia, acabou por minar a candidatura de Ciro Gomes. O pedetista chegou a ter mais de 20% na região, com tendência de alta, mas recuou.

Valdemar teria oferecido R$ 2,4 milhões para que candidatos a deputado pelo PR apoiem Haddad

O esforço de Lula no sentido de solapar, da sala-cela em Curitiba, candidaturas adversárias de seu poste ousou beliscar o ninho tucano no Piauí. Lá, o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, que apoiava oficialmente a candidatura do tucano Geraldo Alckmin, virou casaca depois de receber um bilhete de Lula levado pelo deputado José Guimarães. “Ciro Nogueira tem que trocar Alckmin por Haddad”, determinou Lula. A intervenção do petista fez com que Haddad subisse de 6% para 38% no Piauí e Alckmin estacionasse no Estado. Até o Ceará, dominado pelo ex-governador Ciro Gomes, sentiu a mão pesada de Lula. O emissário também neste caso foi José Guimarães, um de seus maiores interlocutores no Nordeste. Por meio do aliado, Lula mandou um recado furioso ao governador Camilo Santana (PT), que fez coligação com o PDT no Estado. Camilo pedia votos também para Ciro no Ceará. Lula determinou, então, que se bandeasse para Haddad. Paralelamente, articulou com o senador Eunício Oliveira (MDB-CE), seu desembarque da candidatura de Meirelles, em prol do candidato do PT ao Planalto. Não para a surpresa de quem lê, a estratégia montada por Lula no Estado também envolve muito dinheiro – e , nesses casos, quem se apresenta para jogo é Valdemar Costa Neto. Para fazer Haddad decolar no Ceará, Valdemar estaria oferecendo R$ 2,4 milhões, recurso do fundo partidário do PR, para cada candidato da legenda a deputado federal. No meio penitenciário, policiais costumam dizer que os presos, por não trabalharem, utilizam o tempo ocioso para arquitetar novos crimes. Costumam repetir a velha máxima: “mente vazia, oficina do diabo”. E é o que parece que Lula está fazendo na cadeia: articulando estratégias suspeitas de novos ilícitos eleitorais. Para dizer o mínimo.

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