sábado, 16 de março de 2013

Tropa de Choque. (Olha quem encontramos por aqui.)



Esquema PC e Operação Uruguay



by G1




Collor, Familia e Funcionários






by G1

Porta-voz faz relato do último dia de Collor 20 anos após impeachment


Contratado para gerir crise, ele seguiu Collor até último minuto no poder.
'Todo o governo estava humilhado, e ele muito mais', afirmou Etevaldo Dias.


Porta-voz do então presidente nos últimos dois meses de governo, o jornalista Etevaldo Dias, 66 anos, permaneceu ao lado de Fernando Collor de Mello até o derradeiro instante antes de ele deixar o Palácio do Planalto, depois de a Câmara ter aprovado o impeachment, em 29 de setembro de 1992. Vinte anos depois, ele fez um relato ao G1 do último dia de Collor no poder.
Dias diz que foi "movido pelo desafio" ao aceitar, em agosto de 1992, "bem no olho do furacão”, o convite de Collor para assumir a Secretaria de Imprensa da Presidência e lidar com a imprensa diante da grave crise que o governo enfrentava. “Eu virei um doutor em crise. Fui apagar incêndio 24 horas durante aqueles 50 e poucos dias de trabalho”, recorda.
(Para relembrar os fatos que levaram à queda do então presidente, o G1 publica nesta sexta, 28, e no sábado, 29, um conjunto de reportagens com depoimentos de personagens relacionados ao episódio, como ministros, políticos e auxiliares de Collor, e apresenta toda a trajetória do impeachment por meio de fotos, vídeos, infográficos e história em quadrinhos.)
O jornalista Etevaldo Dias, porta-voz de Fernando Collor nos últimos dias do ex-presidente no poder, durante entrevista no escritório dele, em Brasília (Foto: Priscilla Mendes / G1)O jornalista Etevaldo Dias, porta-voz de Fernando Collor nos últimos dias do ex-presidente no poder, durante entrevista no escritório dele, em Brasília (Foto: Priscilla Mendes / G1)
Arte impeachment collor 20 anos vale esta (Foto: Arte/G1)
Em 2 de outubro, três dias depois de a Câmara ter aprovado o impeachment (em 29 de setembro), Collor recebeu sua citação de afastamento. A partir daquele momento, ele deixaria o comando do país e seria o “presidente afastado” até 29 de dezembro, quando renunciou – mesmo assim o Senado Federal confirmou o impeachment, e o ex-presidente perdeu os direitos políticos por oito anos.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
Collor deixou o Palácio do Planalto nesse dia sob vaias, mas a aparência confiante e altiva do ex-presidente não se abalou diante das câmeras. “Ninguém pode sair de um mandato com alegria. Ele devia estar emocionalmente bastante arrasado, mas fez questão de não aparentar”, lembra-se Dias. “Mas é óbvio que estava humilhado. Todo o governo estava humilhado e ele muito mais”.
G1 – Como foi aquele 2 de outubro, o último dia em que Fernando Collor despachou no Palácio do Planalto?
Etevaldo Dias –
 Chegamos lá de manhã e ele [Collor] já tinha chegado com a Rosane [Collor, mulher do ex-presidente]. Não havia choro nem ranger de dentes. A gente estava esperando o senador Dirceu Carneiro, que foi levar o comunicado de afastamento para ele. Ficamos no gabinete conversando, as portas abertas, entrava e saía gente, ministros. Daí entrou o senador Dirceu Carneiro, trêmulo. Ele tremia para entregar o comunicado. Ali, na antessala do gabinete, foi montado um pedestal, onde ele assinou.
G1 – Quem estava nessa cerimônia de assinatura? Como era o clima?
Dias –
 Estavam ministros, organizados pelo cerimonial. Eram poucos, seis ou sete ministros. Os outros tinham se mandado. Eu me lembro do Marcos Coimbra (Gabinete Civil), Celso Lafer (Relações Exteriores), Celio Borja (Justiça), Marcílio Marques Moreira (Fazenda), Ricardo Fiúza (Ação Social). Nesse momento, o clima estava emotivo, mas ninguém chorou. Nem a Rosane chorou nem o presidente nem nada. No que ele olhou no relógio e assinou, já terminou a cerimônia. Ele cumprimentou o senador e deixamos [o local], saímos em grupo. Ele desceu pelo elevador presidencial.
G1 – Por que Collor optou por não discursar nessa cerimônia, sua última como presidente?
Dias –
 Aquele momento tinha um caráter provisório. Ele não estava deixando a Presidência. Nem se cogitou discurso. O que tinha era uma carta ao povo brasileiro. Ele não queria falar e eu acho que era justo, porque ele não tinha condições emocionais. Também não adiantava falar naquele momento porque havia um movimento muito forte contra ele. Não havia como reverter isso com uma entrevista.
G1 – Quando Collor apareceu do lado de fora do Planalto, como foi a reação das pessoas que o esperavam?
Dias –
 Quando ele desceu pelo elevador presidencial, o helicóptero estava esperando. Não saiu pela garagem. Ele fez questão de sair no público. Ele e a Rosane ergueram a cabeça. Havia vaias, um pessoal muito próximo que xingava. O pessoal exaltado ali na saída lateral do Palácio. E ele fez questão de sair por lá. Óbvio que ele não saiu pela rampa, mas também não saiu pelos fundos. Saiu por uma porta lateral, em público, foi vaiado, xingado, poucas palmas. O clima era muito de dor. Ele foi para o helicóptero e decolou.
G1 – O Collor já revelou em entrevista que deixar o Palácio do Planalto pela última vez foi o momento de maior tristeza do período em que foi presidente. Aquela altivez com que ele caminhou em direção ao helicóptero seria uma forma de mascarar essa tristeza?
Dias –
 Ninguém pode sair de um mandato com alegria. Então, ele devia estar emocionalmente bastante arrasado, mas fez questão de não aparentar esse abatimento. Ele fez questão de interpretar um ato de "não estou humilhado". Mas é óbvio que estava humilhado. Todo o governo estava humilhado e ele muito mais. Mas aí ele entrou no helicóptero e pediu para o piloto dar uma volta no Ciap (Centro Integrado de Apoio Profissional), e o piloto se recusou dizendo: "Não, não tenho combustível para isso". Aí ele viu que não era mais o presidente. Quando o piloto da Aeronáutica diz "não", embora tenha dado uma desculpa, naquele momento o Collor viu que acabou. Foi para casa. Ali tinha terminado tudo.
G1 – E o sr.? O que fez em seguida? O que sentiu?
Dias –
 Eu peguei a minha pasta e fui embora para minha casa. Mais tarde, na hora do almoço, eu fui à Casa da Dinda. O Collor estava tranquilo, sempre dizendo que iria reverter no Senado. "No Senado vai ser diferente". O Collor, até o último momento, achava que podia reverter, tanto que a renúncia dele foi decidida na véspera, às 7 da manhã. Ele não queria. E à tarde estava eu na minha vida normal. O país respirando normalmente. As coisas numa normalidade assustadora. Não houve nenhuma turbulência, nada.
G1 – O sr. tem o documento original da carta que Collor deixou endereçada ao “povo brasileiro”. Como foi a confecção dessa carta?
Dias –
 Ele assinou essa carta lá no gabinete, no último dia. Eu fiz qualquer comentário do tipo: "Essa é uma carta histórica". Ele disse: "É seu. Você merece", e me deu. Foi uma homenagem que ele me fez. Acabei ficando com a original, mas eu vou devolver para ele ou para um museu.
Isso tem um valor histórico, não precisa ficar comigo. Essa carta foi escrita na Casa da Dinda com um assessor. Eu participei pouco. Eu tinha dado uma sugestão, ele preferiu uma coisa mais formal.
G1 – E para o sr., o que ficou marcado como o momento final daquele governo?
Dias –
 No dia em que a Câmara havia autorizado a abertura do impeachment, em
29 de setembro, eram 21h, 21h30 quando o Collor foi embora do Planalto. Eu subi no gabinete e levei um susto. Abri a porta e tinha umas 20 pessoas da segurança e do administrativo recolhendo tudo dele, as honrarias, os porta-retratos. As coisas pessoais todas saíram.
Parecia um formigueiro. Em minutos, limpavam aquilo e encaixotavam. Quando eu desci, os caixotes estavam na garagem, já na saída do Planalto. Uma coisa me chamou atenção: uma vitrine com as medalhas, com as honrarias do Collor estava na chuva porque, naquela correria para tirar as coisas, ficou lá na chuva esperando o caminhão que ia levar para a Casa da Dinda. A cena do final do governo, para mim, foi aquela.

Impeachment de Collor faz 20 anos; relembre fatos que levaram à queda


28/09/2012 

Há 20 anos, o 1º presidente eleito após o fim do regime militar perdia cargo.
Em 29 de setembro de 92, Câmara aprovou seu afastamento.

Do G1, em Brasília

Um dos principais fatos políticos na história do Brasil, o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, atualmente senador pelo PTB, completa 20 anos nesta semana.
Arte impeachment collor 20 anos vale esta (Foto: Arte/G1)
Em 29 de setembro de 1992, a Câmara dos Deputados aprovou a perda do cargo do ex-presidente, marco do processo que levou à renúncia e perda dos direitos políticos de Collor por oito anos.
(Para relembrar os fatos que levaram à queda do então presidente, o G1 publica nesta sexta, 28, e no sábado, 29, um conjunto de reportagens com depoimentos de personagens relacionados ao episódio, como ministros, políticos e auxiliares de Collor, e apresenta toda a trajetória do impeachment por meio de fotos, vídeos,infográficos e história em quadrinhos.)
Tudo começou em 1989, quando o Brasil realizou a primeira eleição direta após três décadas. Durante a campanha eleitoral para a escolha do primeiro presidente eleito pelo voto popular após a ditadura, Collor se apresentou como "caçador de marajás".
"Vamos fazer do nosso voto, a nossa arma. Para retirar do Palácio do Planalto, de Brasília, os maiores marajás deste país", disse Collor em um comício.
Ele foi eleito com 35 milhões de votos contra 31 milhões recebidos pelo segundo colocado, o então sindicalista e hoje ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Meses depois da posse, em 15 de março de 1990, começaram a surgir denúncias de que o tesoureiro da campanha de Collor Paulo César Farias, o PC Farias, pediu dinheiro a empresários e ofereceu vantagens no governo.
Em 1991, Collor falou publicamente sobre as suspeitas. "Toda e qualquer denúncia tem que ser exemplarmente apurada", afirmou.
Em maio de 1992, uma reportagem da revista "Veja" levou à abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso.
Pedro Collor disse à revista que PC Farias era "testa-de-ferro" do irmão e que o presidente sabia das atividades criminosas do tesoureiro.
Em 20 de junho de 1992, Collor negou relações com PC Farias. "Há cerca de dois anos não encontro o senhor Paulo César Farias, nem falo com ele. Mente quem afirma o contrário."
Diante da pressão da CPI, Collor pediu o apoio da população. "Que saiam no próximo domingo de casa com alguma das peças de roupa nas cores da nossa bandeira. Que exponham nas janelas, que exponham nas suas janelas toalhas, panos, o que tiver nas cores da nossa bandeira. Porque assim nós estaremos mostrando onde está a verdadeira maioria", disse o então presidente.
A estratégia foi mal-sucedida, e os chamados "caras-pintadas" saíram às ruas vestidos de preto e pedindo a saída de Collor da Presidência.
No mesmo mês, Collor sofreu outro revés. A CPI no Congresso concluiu que ele foi beneficiado pelo suposto esquema montado pelo ex-tesoureiro PC Farias.
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O relatório da CPI afirmou que Collor cometeu crime de responsabilidade ao usar cheques fantasmas para o pagamento de despesas pessoais, como uma reforma na Casa da Dinda e a compra de um carro Fiat Elba. Com isso, o caminho para o impeachment estava aberto.
Em 29 de setembro de 1992, ocorreu o principal marco do processo que levou à saída de Collor da Presidência.
A Câmara aprovou o pedido de impeachment. O caso foi ao Senado, que abriu um processo para apurar se houve crime de responsabilidade e que deveria estar concluído em até 180 dias. A comissão de impeachment era presidida pelo presidente do Supremo, ministro Sidney Sanches.
Até lá, Collor ficaria afastado da presidência temporariamente, sendo substituído pelo vice Itamar Franco, o que só aconteceu em 2 de outubro de 1992. Foi o dia em que Collor desceu a rampa do Palácio do Planalto pela última vez.
Em 29 de dezembro, em uma sessão comandada pelo presidente do STF, o Senado decidiu que Fernando Collor era culpado pelo crime de responsabilidade.
Para tentar escapar da possível inelegibilidade por oito ano, o ex-presidente renunciou.
O Congresso entendeu que, mesmo assim, ele deveria perder os direitos políticos. O ex-presidente tentou questionar a inelegibilidade no Supremo, mas o tribunal entendeu que ele deveria mesmo perder os direitos políticos.
Então presidente do Supremo, Sidney Sanches, preside comissão de impeachment no Senado para julgar se Collor cometeu crime de responsabilidade (Foto: Acervo do STF)Então presidente do Supremo, Sidney Sanches, preside comissão de impeachment no Senado para julgar se Collor cometeu crime de responsabilidade (Foto: Acervo do STF)
Área criminal
Depois da derrota política, Collor foi denunciado pela Procuradoria Geral da República por corrupção passiva (receber vantagem indevida). O processo começou a tramitar no Supremo em abril de 1993.
A Procuradoria argumentou que as despesas pessoais apontadas pela Câmara foram pagas com sobras do dinheiro da campanha de 1989.
Para condená-lo por corrupção passiva, era necessário que a Procuradoria provasse que Collor recebeu dinheiro em troca de favores e serviços prestados a corruptores.
Mas o STF entendeu que isso não foi comprovado e absolveu o ex-presidente por cinco votos a três, em dezembro de 1994 (veja no vídeo ao lado reportagem sobre a sessão do STF que absolveu o ex-presidente).
Collor voltou à política em 2002, ano em que perdeu a eleição para o governo de Alagoas. Em 2006, foi eleito senador pelo mesmo estado, cargo no qual permanece até hoje.
Morte de PC
Personagem central das denúncias que levaram à queda de Collor, PC Farias foi preso na Tailândia em novembro de 1993 em razão de um processo pelo qual respondia por sonegação fiscal.
Quase três anos depois, quando estava em liberdade condicional, ele e a namorada foram encontrados mortos em uma casa de praia em Maceió.
A polícia concluiu que PC foi morto pela namorada, que, segundo a versão policial, se suicidou em seguida. As circunstâncias e motivações do crime, no entanto, nunca foram completamente esclarecidas.


 

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