quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ala de Rei. E é só.

      “Xadrez Dojo” um blogue a não perder!


Cruzei-me com um blogue de que nunca tinha ouvido falar – Xadrez Dojo. É seu autor o jovem brasileiro, Daniel Brandão, de 20 anos.




Fiquei agradavelmente surpreendido. Para dizer a verdade não é com frequência que encontro um blogue de um xadrezista que fala de si próprio e da sua forma como aborda o tabuleiro, além de outros comentários, bem interessantes por sinal.
Escreve de forma despreocupada e serena, revelando uma maturidade acima da mediania que nos rodeia, própria do ambiente que pretende trespassar, desde logo pela escolha do próprio título do blogue – Xadrez Dojo.
A escolha, para cabeçalho, do interior de um templo budista japonês não é, por isso, estranha. Apresenta o tabuleiro interior do ser humano, onde as emoções precisam de ser sublimadas num equilíbrio harmonioso. Seja ele praticante ou não do budismo zen, Daniel descobriu que o equilíbrio passa pela harmonia dos contrários e não pela utilização da força.
É interessante anotar que tenho conhecimento de um conjunto significativo de xadrezistas que começam a abordar o xadrez pelo lado zen. Não como uma prática religiosa, mas uma disciplina interior que controla a mente. A meditação é um bom exemplo do que acabo de afirmar.
Permito-me remeter os leitores para o blogue e descubram o seu

autor e os
seus textos, não sem sugerir a leitura atenta do artigo A importância do xadrez. Para mim, o mais importante deste texto não são os aspectos relevados do livro de Rubens Filguth, mas dois parágrafos bem elucidativos onde comenta a “sua visão” do xadrez. Escreve Daniel,

Escolhi um trecho do livro para publicar aqui e, embora seja um tanto lugar-comum, enumera precisamente as habilidades cognitivas aprimoradas pela prática do xadrez. Ao ir mais além no livro acreditei facilmente nas conclusões dos estudos, mas não fica claro uma circunstância muito importante: para que haja um real desenvolvimento por meio do xadrez é preciso haver competição.(…)
Há alguns meses fui chamado para uma entrevista no Colégio Catarinense de Jurerê, para atuar como professor de xadrez. Na verdade, certamente o que o colégio queria era um professor que fingisse que ensinasse xadrez para vender a tal aula para os pais dos alunos, pois a aula consistia em um reforço às aulas de matemática (?), não em parte da educação desportiva dos alunos. Até agora não li nada que afirmasse isso no livro, mas afirmo sem dúvida alguma: o xadrez só traz benefícios em proporções significativas quando é usado em ambiente competitivo. Como jogo, que expõe o jogador à dor da derrota e oferece a satisfação da vitória, o xadrez estimula o praticante a tornar-se cada vez mais hábil e preparado (psicologicamente) para as difíceis situações de competição.(…)
Nenhuma dessas habilidades é específica do xadrez, mas elas são, todas, parte do jogo. A beleza do xadrez como ferramente pedagógica é que estimula as mentes infantis e as ajuda a construir essas habilidades enquanto estão se divertindo [para mim, o que faz a diversão do jogo é justamente a subversão do velho e inadequado lema "o importante é competir" (?). O importante é vencer - porém sem deixar de lidar com os resultados dignamente. É competindo pra valer que o jogo é realmente divertido, e é com essa visão que faz-se possível desenvolver altas habilidades no xadrez - D.B.]. Como resultado, as crianças se tornam pensadoras mais críticas, resolvem melhor os problemas e produzem decisões mais independentes.”

E este outro comentário no artigo Pensar menos e viver mais,


Tantas teorias, tantas palavras rebuscadas, tantas verdades… pra quê? Na hora de fazer as coisas acontecerem essas teorias só servem pra ficar, desgraçadamente, retumbando na minha cabeça e tirando minha concentração. Minhas idéias sobre a força de um jogador, por exemplo, talvez não sejam ruins e podem até servir para se orientar como treinador ou professor, mas não tem nada de valor prático. Conhecê-las não muda em nada a capacidade de conseguir o que se quer, o que praticamente anula meu esforço em sua formulação.
Depois do último torneio não me senti derrotado, mas sim ridículo por falar em teorias mirabolantes sobre a realidade das coisas e ser incapaz de seguí-las, defendê-las ou ser um modelo de sucesso. Me senti ridículo por ter a pretensão de dominar a grande verdade das coisas no xadrez, mais ridículo ainda por acreditar que teorizar tudo pode ser útil pra alguma coisa e insuportavelmente ridículo por minhas idéias parecerem ter sido tiradas de algum manual de auto-ajuda. Se idéias assim não forem mais lidas aqui no blog, não é mero acaso…

Uma agradável surpresa. Daniel continua a escrever e não te preocupes com a popularidade porque o caminho – a Via – que escolheste não é fácil nem popular.


Para aqueles que não querem pensar existe o alimento dos templos.

(Ditado popular tibetano)

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