segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Eu sei, mas não devia - Marina Colsanti





Eu sei, mas não devia
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.
E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição.
As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
À luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
À contaminação da água do mar.
À lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Estudo detecta expansão geográfica de bactéria 'come-cérebros' nos EUA

 08:48 17.12.2020

BySputnik
© Foto / Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos EUA / Domínio público

Cientistas dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) norte-americanos registraram mais locais em que havia água contaminada pela Naegleria fowleri ao longo das décadas.

Uma bactéria mortífera ao cérebro endémica aos EUA tem expandido seu alcance no país, de acordo com um estudo publicado no jornal Emerging Infectious Diseases através dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.
A Naegleria fowleri é um organismo unicelular habitualmente encontrado em locais com água doce, tais como lagos ou rios, que infecta o cérebro subindo pelo nariz de uma pessoa. Em seguida, começa a destruir o tecido cerebral, frequentemente levando à morte. A infecção é conhecida como meningoencefalite amebiana primária.

Os pesquisadores analisaram a prevalência da bactéria entre 1978 e 2018, e detectaram um total de 85 casos, a maioria deles, 74, em estados do sul. No entanto, embora o número de casos se mantivesse constante ao longo das décadas, sua dispersão geográfica aumentou para fora dessa área geográfica, com a latitude máxima dos casos aumentando cerca de 13,3 quilômetros por ano.

Esses casos aconteciam durante o uso recreativo da água, como nadar em lagos, rios ou reservatórios.

A equipe científica também descobriu que geralmente as temperaturas dos períodos em torno de cada caso eram superiores à média histórica dos respetivos locais. Os casos foram registrados com temperaturas até 45 graus Celsius, com os cientistas comentando que o aquecimento global pode estar servindo para propagação da Naegleria fowleri.

Devido à inexistência de testes rápidos para água, o portal Live Science recomendou evitar nadar em água quente, ou pelo menos evitar que ela suba ao nariz o mantendo fechado, usar prendedores para o nariz, ou simplesmente manter a cabeça acima da água.

Apesar de tudo, o consumo da água contaminada em si não é um perigo, indicam os CDC.

sábado, 4 de dezembro de 2021

É Black, é Bloc, é o PT no caminho



É Black, é Bloc, é o PT no caminho
É o caos planejado, é o fogo amiguinho
É a quebra do vidro, é mais um... coquetel
É agência bancária, é surra até em coronel
É um braço do Foro, é guerrilha urbana
José... Dirceu... black bloc bacana
É o Estado crescendo, cheio de mensaleiro
Mídia ninja fingindo... que isto é ser brasileiro
É a rua fechada, é o fim do trabalho
É polícia de quatro, é o Gilberto Carvalho
É a mídia afagando, é conversa rasteira
Das trevas da Globo, é mais uma parceira
É a Dilma, é o Lula, é a marcha do crime
Barricadas no chão, todos do mesmo time...
É um tributo a Fidel, é um apoio ao Irã
É o MPL, é o Brasil de amanhã...
São revolucionários fazendo um Cubão
É a certeza de morte da população...





terça-feira, 23 de novembro de 2021

Lei Mari Ferrer, que pune atos contra a dignidade de vítima e testemunha é sancionada

Alvo são advogados que humilhem pessoas ouvidas durante julgamento.



A criação da lei surgiu após o caso da influenciadora digital Mariana Ferrer, que foi alvo de ofensas e humilhações por parte do advogado do acusado. (Foto: Divulgação).

Por: Agência Brasil23 de Novembro de 2021

O presidente Jair Bolsonaro sancionou o projeto de lei que reprime a prática de atos atentatórios à dignidade da vítima e de testemunha durante o julgamento. A nova lei foi publicada no Diário Oficial da União de hoje (23).

A Lei nº 14.245 possibilita, também, o aumento da pena no crime de coação quando praticado durante o processo. O aumento pode variar de um terço da pena até a metade, caso o processo envolva crime contra a dignidade sexual.

De acordo com a Secretaria-Geral da Presidência da República, a iniciativa pela criação desta lei surgiu após o caso da influenciadora digital Mariana Ferrer, que foi alvo de ofensas e humilhações por parte do advogado do acusado durante audiência judicial, em que afirmava ter sido vítima de violência sexual.

“De acordo com a justificativa do projeto, casos como o de Mariana Ferrer podem fazer com que outras vítimas sejam desestimuladas a denunciar agressores por receio de não encontrarem o apoio necessário quando do julgamento”, justificou, em nota, a secretaria.

A nova lei estabelece o dever a todos os envolvidos nos julgamentos processuais no sentido de assegurar a integridade física e psicológica das vítimas de violência sexual, bem como das testemunhas durante as audiências.

Além disso, institui a responsabilização civil, penal e administrativa nos casos em que houver “desrespeito dos direitos da parte denunciante”. Para tanto, confere, ao juiz, a “atribuição de zelar pelo cumprimento da medida”.

Entre as ações previstas pela nova legislação está a de que, nas fases de instrução e julgamento do processo, ficam vedadas a manifestação sobre “circunstâncias ou elementos alheios aos fatos objeto de apuração nos autos, bem como a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a dignidade da vítima ou de testemunhas”.

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