sábado, 16 de março de 2013

Porta-voz faz relato do último dia de Collor 20 anos após impeachment


Contratado para gerir crise, ele seguiu Collor até último minuto no poder.
'Todo o governo estava humilhado, e ele muito mais', afirmou Etevaldo Dias.


Porta-voz do então presidente nos últimos dois meses de governo, o jornalista Etevaldo Dias, 66 anos, permaneceu ao lado de Fernando Collor de Mello até o derradeiro instante antes de ele deixar o Palácio do Planalto, depois de a Câmara ter aprovado o impeachment, em 29 de setembro de 1992. Vinte anos depois, ele fez um relato ao G1 do último dia de Collor no poder.
Dias diz que foi "movido pelo desafio" ao aceitar, em agosto de 1992, "bem no olho do furacão”, o convite de Collor para assumir a Secretaria de Imprensa da Presidência e lidar com a imprensa diante da grave crise que o governo enfrentava. “Eu virei um doutor em crise. Fui apagar incêndio 24 horas durante aqueles 50 e poucos dias de trabalho”, recorda.
(Para relembrar os fatos que levaram à queda do então presidente, o G1 publica nesta sexta, 28, e no sábado, 29, um conjunto de reportagens com depoimentos de personagens relacionados ao episódio, como ministros, políticos e auxiliares de Collor, e apresenta toda a trajetória do impeachment por meio de fotos, vídeos, infográficos e história em quadrinhos.)
O jornalista Etevaldo Dias, porta-voz de Fernando Collor nos últimos dias do ex-presidente no poder, durante entrevista no escritório dele, em Brasília (Foto: Priscilla Mendes / G1)O jornalista Etevaldo Dias, porta-voz de Fernando Collor nos últimos dias do ex-presidente no poder, durante entrevista no escritório dele, em Brasília (Foto: Priscilla Mendes / G1)
Arte impeachment collor 20 anos vale esta (Foto: Arte/G1)
Em 2 de outubro, três dias depois de a Câmara ter aprovado o impeachment (em 29 de setembro), Collor recebeu sua citação de afastamento. A partir daquele momento, ele deixaria o comando do país e seria o “presidente afastado” até 29 de dezembro, quando renunciou – mesmo assim o Senado Federal confirmou o impeachment, e o ex-presidente perdeu os direitos políticos por oito anos.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
Collor deixou o Palácio do Planalto nesse dia sob vaias, mas a aparência confiante e altiva do ex-presidente não se abalou diante das câmeras. “Ninguém pode sair de um mandato com alegria. Ele devia estar emocionalmente bastante arrasado, mas fez questão de não aparentar”, lembra-se Dias. “Mas é óbvio que estava humilhado. Todo o governo estava humilhado e ele muito mais”.
G1 – Como foi aquele 2 de outubro, o último dia em que Fernando Collor despachou no Palácio do Planalto?
Etevaldo Dias –
 Chegamos lá de manhã e ele [Collor] já tinha chegado com a Rosane [Collor, mulher do ex-presidente]. Não havia choro nem ranger de dentes. A gente estava esperando o senador Dirceu Carneiro, que foi levar o comunicado de afastamento para ele. Ficamos no gabinete conversando, as portas abertas, entrava e saía gente, ministros. Daí entrou o senador Dirceu Carneiro, trêmulo. Ele tremia para entregar o comunicado. Ali, na antessala do gabinete, foi montado um pedestal, onde ele assinou.
G1 – Quem estava nessa cerimônia de assinatura? Como era o clima?
Dias –
 Estavam ministros, organizados pelo cerimonial. Eram poucos, seis ou sete ministros. Os outros tinham se mandado. Eu me lembro do Marcos Coimbra (Gabinete Civil), Celso Lafer (Relações Exteriores), Celio Borja (Justiça), Marcílio Marques Moreira (Fazenda), Ricardo Fiúza (Ação Social). Nesse momento, o clima estava emotivo, mas ninguém chorou. Nem a Rosane chorou nem o presidente nem nada. No que ele olhou no relógio e assinou, já terminou a cerimônia. Ele cumprimentou o senador e deixamos [o local], saímos em grupo. Ele desceu pelo elevador presidencial.
G1 – Por que Collor optou por não discursar nessa cerimônia, sua última como presidente?
Dias –
 Aquele momento tinha um caráter provisório. Ele não estava deixando a Presidência. Nem se cogitou discurso. O que tinha era uma carta ao povo brasileiro. Ele não queria falar e eu acho que era justo, porque ele não tinha condições emocionais. Também não adiantava falar naquele momento porque havia um movimento muito forte contra ele. Não havia como reverter isso com uma entrevista.
G1 – Quando Collor apareceu do lado de fora do Planalto, como foi a reação das pessoas que o esperavam?
Dias –
 Quando ele desceu pelo elevador presidencial, o helicóptero estava esperando. Não saiu pela garagem. Ele fez questão de sair no público. Ele e a Rosane ergueram a cabeça. Havia vaias, um pessoal muito próximo que xingava. O pessoal exaltado ali na saída lateral do Palácio. E ele fez questão de sair por lá. Óbvio que ele não saiu pela rampa, mas também não saiu pelos fundos. Saiu por uma porta lateral, em público, foi vaiado, xingado, poucas palmas. O clima era muito de dor. Ele foi para o helicóptero e decolou.
G1 – O Collor já revelou em entrevista que deixar o Palácio do Planalto pela última vez foi o momento de maior tristeza do período em que foi presidente. Aquela altivez com que ele caminhou em direção ao helicóptero seria uma forma de mascarar essa tristeza?
Dias –
 Ninguém pode sair de um mandato com alegria. Então, ele devia estar emocionalmente bastante arrasado, mas fez questão de não aparentar esse abatimento. Ele fez questão de interpretar um ato de "não estou humilhado". Mas é óbvio que estava humilhado. Todo o governo estava humilhado e ele muito mais. Mas aí ele entrou no helicóptero e pediu para o piloto dar uma volta no Ciap (Centro Integrado de Apoio Profissional), e o piloto se recusou dizendo: "Não, não tenho combustível para isso". Aí ele viu que não era mais o presidente. Quando o piloto da Aeronáutica diz "não", embora tenha dado uma desculpa, naquele momento o Collor viu que acabou. Foi para casa. Ali tinha terminado tudo.
G1 – E o sr.? O que fez em seguida? O que sentiu?
Dias –
 Eu peguei a minha pasta e fui embora para minha casa. Mais tarde, na hora do almoço, eu fui à Casa da Dinda. O Collor estava tranquilo, sempre dizendo que iria reverter no Senado. "No Senado vai ser diferente". O Collor, até o último momento, achava que podia reverter, tanto que a renúncia dele foi decidida na véspera, às 7 da manhã. Ele não queria. E à tarde estava eu na minha vida normal. O país respirando normalmente. As coisas numa normalidade assustadora. Não houve nenhuma turbulência, nada.
G1 – O sr. tem o documento original da carta que Collor deixou endereçada ao “povo brasileiro”. Como foi a confecção dessa carta?
Dias –
 Ele assinou essa carta lá no gabinete, no último dia. Eu fiz qualquer comentário do tipo: "Essa é uma carta histórica". Ele disse: "É seu. Você merece", e me deu. Foi uma homenagem que ele me fez. Acabei ficando com a original, mas eu vou devolver para ele ou para um museu.
Isso tem um valor histórico, não precisa ficar comigo. Essa carta foi escrita na Casa da Dinda com um assessor. Eu participei pouco. Eu tinha dado uma sugestão, ele preferiu uma coisa mais formal.
G1 – E para o sr., o que ficou marcado como o momento final daquele governo?
Dias –
 No dia em que a Câmara havia autorizado a abertura do impeachment, em
29 de setembro, eram 21h, 21h30 quando o Collor foi embora do Planalto. Eu subi no gabinete e levei um susto. Abri a porta e tinha umas 20 pessoas da segurança e do administrativo recolhendo tudo dele, as honrarias, os porta-retratos. As coisas pessoais todas saíram.
Parecia um formigueiro. Em minutos, limpavam aquilo e encaixotavam. Quando eu desci, os caixotes estavam na garagem, já na saída do Planalto. Uma coisa me chamou atenção: uma vitrine com as medalhas, com as honrarias do Collor estava na chuva porque, naquela correria para tirar as coisas, ficou lá na chuva esperando o caminhão que ia levar para a Casa da Dinda. A cena do final do governo, para mim, foi aquela.

Impeachment de Collor faz 20 anos; relembre fatos que levaram à queda


28/09/2012 

Há 20 anos, o 1º presidente eleito após o fim do regime militar perdia cargo.
Em 29 de setembro de 92, Câmara aprovou seu afastamento.

Do G1, em Brasília

Um dos principais fatos políticos na história do Brasil, o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, atualmente senador pelo PTB, completa 20 anos nesta semana.
Arte impeachment collor 20 anos vale esta (Foto: Arte/G1)
Em 29 de setembro de 1992, a Câmara dos Deputados aprovou a perda do cargo do ex-presidente, marco do processo que levou à renúncia e perda dos direitos políticos de Collor por oito anos.
(Para relembrar os fatos que levaram à queda do então presidente, o G1 publica nesta sexta, 28, e no sábado, 29, um conjunto de reportagens com depoimentos de personagens relacionados ao episódio, como ministros, políticos e auxiliares de Collor, e apresenta toda a trajetória do impeachment por meio de fotos, vídeos,infográficos e história em quadrinhos.)
Tudo começou em 1989, quando o Brasil realizou a primeira eleição direta após três décadas. Durante a campanha eleitoral para a escolha do primeiro presidente eleito pelo voto popular após a ditadura, Collor se apresentou como "caçador de marajás".
"Vamos fazer do nosso voto, a nossa arma. Para retirar do Palácio do Planalto, de Brasília, os maiores marajás deste país", disse Collor em um comício.
Ele foi eleito com 35 milhões de votos contra 31 milhões recebidos pelo segundo colocado, o então sindicalista e hoje ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Meses depois da posse, em 15 de março de 1990, começaram a surgir denúncias de que o tesoureiro da campanha de Collor Paulo César Farias, o PC Farias, pediu dinheiro a empresários e ofereceu vantagens no governo.
Em 1991, Collor falou publicamente sobre as suspeitas. "Toda e qualquer denúncia tem que ser exemplarmente apurada", afirmou.
Em maio de 1992, uma reportagem da revista "Veja" levou à abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso.
Pedro Collor disse à revista que PC Farias era "testa-de-ferro" do irmão e que o presidente sabia das atividades criminosas do tesoureiro.
Em 20 de junho de 1992, Collor negou relações com PC Farias. "Há cerca de dois anos não encontro o senhor Paulo César Farias, nem falo com ele. Mente quem afirma o contrário."
Diante da pressão da CPI, Collor pediu o apoio da população. "Que saiam no próximo domingo de casa com alguma das peças de roupa nas cores da nossa bandeira. Que exponham nas janelas, que exponham nas suas janelas toalhas, panos, o que tiver nas cores da nossa bandeira. Porque assim nós estaremos mostrando onde está a verdadeira maioria", disse o então presidente.
A estratégia foi mal-sucedida, e os chamados "caras-pintadas" saíram às ruas vestidos de preto e pedindo a saída de Collor da Presidência.
No mesmo mês, Collor sofreu outro revés. A CPI no Congresso concluiu que ele foi beneficiado pelo suposto esquema montado pelo ex-tesoureiro PC Farias.
  •  

O relatório da CPI afirmou que Collor cometeu crime de responsabilidade ao usar cheques fantasmas para o pagamento de despesas pessoais, como uma reforma na Casa da Dinda e a compra de um carro Fiat Elba. Com isso, o caminho para o impeachment estava aberto.
Em 29 de setembro de 1992, ocorreu o principal marco do processo que levou à saída de Collor da Presidência.
A Câmara aprovou o pedido de impeachment. O caso foi ao Senado, que abriu um processo para apurar se houve crime de responsabilidade e que deveria estar concluído em até 180 dias. A comissão de impeachment era presidida pelo presidente do Supremo, ministro Sidney Sanches.
Até lá, Collor ficaria afastado da presidência temporariamente, sendo substituído pelo vice Itamar Franco, o que só aconteceu em 2 de outubro de 1992. Foi o dia em que Collor desceu a rampa do Palácio do Planalto pela última vez.
Em 29 de dezembro, em uma sessão comandada pelo presidente do STF, o Senado decidiu que Fernando Collor era culpado pelo crime de responsabilidade.
Para tentar escapar da possível inelegibilidade por oito ano, o ex-presidente renunciou.
O Congresso entendeu que, mesmo assim, ele deveria perder os direitos políticos. O ex-presidente tentou questionar a inelegibilidade no Supremo, mas o tribunal entendeu que ele deveria mesmo perder os direitos políticos.
Então presidente do Supremo, Sidney Sanches, preside comissão de impeachment no Senado para julgar se Collor cometeu crime de responsabilidade (Foto: Acervo do STF)Então presidente do Supremo, Sidney Sanches, preside comissão de impeachment no Senado para julgar se Collor cometeu crime de responsabilidade (Foto: Acervo do STF)
Área criminal
Depois da derrota política, Collor foi denunciado pela Procuradoria Geral da República por corrupção passiva (receber vantagem indevida). O processo começou a tramitar no Supremo em abril de 1993.
A Procuradoria argumentou que as despesas pessoais apontadas pela Câmara foram pagas com sobras do dinheiro da campanha de 1989.
Para condená-lo por corrupção passiva, era necessário que a Procuradoria provasse que Collor recebeu dinheiro em troca de favores e serviços prestados a corruptores.
Mas o STF entendeu que isso não foi comprovado e absolveu o ex-presidente por cinco votos a três, em dezembro de 1994 (veja no vídeo ao lado reportagem sobre a sessão do STF que absolveu o ex-presidente).
Collor voltou à política em 2002, ano em que perdeu a eleição para o governo de Alagoas. Em 2006, foi eleito senador pelo mesmo estado, cargo no qual permanece até hoje.
Morte de PC
Personagem central das denúncias que levaram à queda de Collor, PC Farias foi preso na Tailândia em novembro de 1993 em razão de um processo pelo qual respondia por sonegação fiscal.
Quase três anos depois, quando estava em liberdade condicional, ele e a namorada foram encontrados mortos em uma casa de praia em Maceió.
A polícia concluiu que PC foi morto pela namorada, que, segundo a versão policial, se suicidou em seguida. As circunstâncias e motivações do crime, no entanto, nunca foram completamente esclarecidas.


 

Símbolo do poder na era Collor, Casa da Dinda não tem mais moradores


29/09/2012

Imóvel fica em setor de mansões do Lago Norte e recebe manutenção diária.
Ex-presidente, hoje senador por Alagoas, mora em apartamento funcional.

Jamila TavaresDo G1 DF

Vista geral da entrada principal da Casa da Dinda, no Setor de Mansões do Lago Norte (Foto: Vianey Bentes / TV Globo)Entrada principal da Casa da Dinda, no Setor de Mansões do Lago Norte (Foto: Vianey Bentes / TV Globo)
Vinte anos após o impeachment, um dos principais símbolos de poder durante o governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, a Casa da Dinda, mansão no Lago Norte, bairro nobre de Brasília, está desabitada, embora receba manutenção diária. O ex-presidente, hoje senador pelo PTB de Alagoas, usa um apartamento funcional como residência na capital federal.
(Para relembrar os fatos que levaram à queda do então presidente, o G1 publica nesta sexta, 28, e no sábado, 29, um conjunto de reportagens com depoimentos de personagens relacionados ao episódio, como ministros, políticos e auxiliares deCollor, e apresenta toda a trajetória do impeachment por meio de fotos, vídeos, infográficos e história em quadrinhos.)
Quando assumiu o mandato no Senado, em 2008, Collor disse que não voltaria a morar na residência da família por receio de que o local trouxesse más lembranças. Foi para lá que ele se dirigiu após assinar a renúncia ao cargo de presidente da República, em 1992.
A Casa da Dinda foi a residência oficial de Collor entre 1990 e 1992. Ele decidiu morar lá porque o Palácio da Alvorada estava em reforma e ele não teria se adaptado à Granja do Torto, outra residência oficial da Presidência da República.
Batizada em homenagem à mãe de Collor, dona Leda, a Casa da Dinda foi comprada pelo pai do ex-presidente, Arnon Afonso de Farias Mello, em 1964.
De acordo com certidão emitida pelo 2º Cartório de Ofício do Registro de Imóveis do Distrito Federal, a casa continua no nome de Arnon de Mello, que morreu em setembro de 1983.
A mansão está em um terreno de 5 mil metros quadrados com heliponto, amplos jardins, cachoeiras artificiais e às margens do Lago Paranoá.
Guarita construída para proteger o então presidente Collor virou depósito de lixo (Foto: Vianey Bentes / TV Globo)Guarita construída para proteger o então presidente
virou depósito de lixo (Foto: Vianey Bentes/TV Globo)
Uma reforma feita entre 1989 e 1992 e orçada na época em US$ 2,5 milhões teria sido paga com cheques de contas fantasmas administradas pelo tesoureiro de Collor, Paulo César Farias.
De acordo com Daniel Dall'Oca, corretor de imóveis especializado no mercado de luxo, um terreno na região onde fica a Casa da Dinda custa até R$ 6 milhões. “Estou negociando um terreno com área de 6 mil quadrados na mesma quadra por R$ 5 milhões. Os lotes ali variam entre R$ 4 milhões e 6 milhões, dependendo do tamanho”, explica Dall'Oca.
O corretor afirma que a região do Setor de Mansões do Lago Norte em que a Casa da Dinda está localizada é muito procurada por pessoas que buscam ter uma segunda moradia, voltada para o lazer, em Brasília. “É onde eles geralmente deixam lanchas e barcos, porque são quadras com acesso ao Lago Paranoá.”
Uso atual
Vizinhos da residência ouvidos pelo G1 afirmam que o local é visitado com frequência, especialmente nos fins de semana, mas não souberam dizer quem costuma ir até a casa.
A reportagem do G1 entrou em contato com a assessoria do senador várias vezes em agosto e setembro, mas Collor não quis falar sobre a casa.
Vista da área da Casa da Dinda feita durante sobrevoo de helicóptero (Foto: TV Globo)Vista da área da Casa da Dinda feita durante sobrevoo de helicóptero (Foto: TV Globo)
Funcionários que não quiseram se identificar disseram que os jardins da residência recebem manutenção diária. Pelos menos dois homens vão ao local todos os dias para aparar a grama e realizar a poda das árvores da casa.
Vista do lado de fora, a mansão não apresenta sinais de abandono. Os lustres estão limpos e, assim como a placa com o nome da residência, foram pintados há pouco tempo. Imagens feitas de helicóptero pela reportagem indicam que a residência tem aparência de bem conservada.
Porém, as guaritas de segurança construídas na área externa, na época em que Collor era presidente, destoam do restante da construção. Estão tomadas por lixo e cercadas de mato alto.
A vigilância da casa é feita atualmente por câmeras de segurança, com monitoramento 24 horas, segundo um funcionário da casa que pediu para não ser identificado
.

Impeachment se deve a 'meia dúzia de hipócritas', diz ex-ministro Magri


29/09/2012

Antônio Rogério Magri diz que parlamentares 'se aproveitaram' da crise.

Para ele, erro de Collor foi não ter dado 'muita bola' ao Congresso.

Maria Angélica OliveiraDo G1, em São Paulo

O ex-ministro Antônio Rogério Magri credita o impeachment sofrido pelo presidente FernandoCollor de Mello à falta de uma base parlamentar consistente e a “meia dúzia de hipócritas” no Congresso. Em 29 de setembro de 1992, no auge das denúncias de corrupção, Collor teve 441 votos na Câmara dos Deputados a favor de seu afastamento da Presidência da República e 38 contra.
O ex-ministro Antonio Rogério Magri na sede da central Força Sindical, em São Paulo (Foto: Caio Kenji / G1)O ex-ministro Antonio Rogério Magri na sede da central Força Sindical, em São Paulo (Foto: Caio Kenji / G1)
(Para relembrar os fatos que levaram à queda do então presidente, o G1 publica nesta sexta, 28, e no sábado, 29, um conjunto de reportagens com depoimentos de personagens relacionados ao episódio, como ministros, políticos e auxiliares de Collor, e apresenta toda a trajetória do impeachment por meio de fotos, vídeos, infográficos e história em quadrinhos.)
"Alguns parlamentares, de quem nem me lembro o nome hoje, se aproveitaram daquele momento. Alguns, com nome dentro do Congresso, se aproveitaram para pegar o poder, se aproveitaram da fragilidade: ‘Vamos pegar, vamos tomar conta. Tem eleição direta mesmo, vambora’”, analisa.
Duas décadas depois, o ex-ministro do Trabalho e da Previdência, célebre por bordões e frases – como o "imexível" e "cachorro também é ser humano" – lamenta o impeachment e diz que, se fosse de Alagoas, votaria em Collor, hoje senador pelo estado.
“Ele tinha personalidade. É pena que ele só tinha 40 anos. A abertura deste país passou pela mão dele”, afirmou.
Magri é, ele mesmo, exemplo da tese que defende sobre o impeachment. “Se o Collor tivesse montado uma base parlamentar, por exemplo, como o presidente Lula montou, ele não teria caído. Teria distribuído melhor os ministérios, distribuído melhor a força política dele. Não mandava sozinho, teria mais gente pra mandar junto. Provavelmente, não cairia”, afirmou.
'Promessa de palanque'
Funcionário de carreira da Light em São Paulo e sindicalista experiente, ele conta que virou ministro devido a uma “promessa de palanque”, e não por indicação partidária, prática corriqueira hoje e que serve para acomodar interesses de partidos aliados.
O ex-ministro Antonio Rogério Magri, atualmente assessor da Força Sindical (Foto: Caio Kenji / G1)O ex-ministro Antonio Rogério Magri, atualmente assessor da Força Sindical (Foto: Caio Kenji / G1)
A divisão de ministérios entre os partidos muitas vezes serve como moeda de troca pelo apoio dado na campanha eleitoral e por apoio no Congresso durante o governo.
Arte impeachment collor 20 anos vale esta (Foto: Arte/G1)
“Eu estava sem partido nenhum. Coloquei a CGT (Central Geral dos Trabalhadores, que presidia à época) à disposição do Collor e fui para a rua com ele [na campanha]. Um dia, ele subiu no caminhão em frente à fábrica da Monark e disse: ‘Se eu for eleito, meu ministro do Trabalho será um trabalhador, um operário’. Ele simplesmente cumpriu o que prometeu. (...) O presidente me deu dois ministérios e eu não tinha nenhum vínculo partidário”, conta.
Mas foi à distância, em São Paulo, que Magri assistiu à derrocada de Collor. Ele foi exonerado em janeiro de 1992, poucos meses antes de surgirem as acusações de Pedro Collor, irmão do presidente, sobre a influência no governo de Paulo César Farias, o ex-tesoureiro de campanha do presidente.
Magri deixou os ministérios devido a uma gravação em que afirmaria ter recebido US$ 30 mil para intermediar um negócio envolvendo o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O caso rendeu um processo por corrupção passiva que tramita até hoje.
Condenado pela Justiça a dois anos de prisão, ele aguarda o julgamento de um recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e sustenta que a voz na gravação não é dele.
“Voltei dois meses depois [de deixar Brasília] para a Eletropaulo (que sucedeu a Light), e acompanhei pela televisão, pelos jornais, pela rádio. O que fizeram com o Collor foi algo bastante inédito. É só mensurar o mensalão, perto da Elba do Collor, para você ter uma noção clara e transparente do que fizeram com o Collor. As pessoas acabaram votando pelo impeachment muito mais porque o Collor nunca deu muita bola para o Congresso Nacional. Talvez tenha sido um grande erro dele”, diz.
'De irmão para irmão'
O ex-ministro, atualmente assessor político da Força Sindical e filiado ao PDT, também diz que se surpreendeu com as denúncias de Pedro Collor, de quem era amigo, e acredita que as acusações do irmão do presidente foram o episódio mais marcante da crise.
“Tinha uma intimidade grande com o Pedro, ia para Alagoas e ficava na casa dele. Acho que o Pedro deveria ter conversado um pouco mais com o presidente para evitar esse tipo de coisa, falado de irmão para irmão, o que está se passando, por que está acontecendo. Acho que ele foi às vias de fato sem necessidade”, diz. Sobre PC Farias, afirma que nunca chegou a ver o empresário no ministério.
Com o presidente, diz Magri, a relação era “a mais perfeita possível”. “Tive uma relação não só de presidente da República para ministro, mas de amigo para amigo. Éramos faixa-preta, ele de caratê e eu de jiu-jitsu. Tínhamos uma intimidade pelo esporte que torna a amizade bastante sólida", lembra.
"E ela permaneceu até o dia em que ele me chamou e disse: ‘Eu preciso do seu cargo porque estou fazendo uma adaptação com outros partidos e você é meu amigo e eu só pediria para um amigo’. Foi na maior tranquilidade do mundo”, completa
.

Tardígrado, o animal mais resistente do planeta





Pensa que já viu de tudo? Conheça o pequeno Tardígrado.


Imortal? Quase. Não seria exagero dizer que esse pequeno animal é de outro mundo. Seu nome? Tardígrado, também chamado de urso d’água ou leitões do musgo. Essas criaturas são na verdade artrópodes aracnídeos (da classe das aranhas), possuindo oito patas, cada pata possui de quatro a oito pequenas garras e seu corpo varia de 0,05 a 1,25mm. Vivem entre os musgos e liquens, podendo ser fortemente pigmentados, indo do laranja avermelhado ao verde oliva.



Esses animais possuem uma anatomia complexa, são recobertos de quitina e não existe sistema circulatório e nem aparelho respiratório, as trocas gasosas são realizadas de forma aleatória em qualquer parte do corpo. A grande maioria se alimenta sugando o conteúdo celular de bactérias ou de algas. São encontrados em todo o planeta, desde o fundo oceânico ao alto do Himalaia. Das mais de 600 espécies conhecidas, cerca de 300 foram descritas no Ártico e na Antártica, também foram catalogadas 115 espécies na Groenlândia.



Em Setembro de 2007, a Agência Espacial Européia realizou uma pesquisa utilizando os tardígrados, colocando-os em uma cápsula espacial, a Foton-M3, e os enviou ao espaço. Resultado? Os bichinhos não só sobreviveram aos raios cósmicos, radiação ultravioleta e falta de oxigênio, mas ainda foram capazes de reproduzirem num ambiente tão inóspito. Para ter uma noção, no espaço, os raios ultravioletas são cerca de mil vezes mais intensos do que os encontrados na Terra. Ainda é um mistério sem explicação ou teoria para o motivo pelo qual estes animais conseguiram sobreviver por tanto tempo sem oxigênio e sendo bombardeado com altas doses de radiação cósmica.

Longevidade é uma das grandes características; podem viver até os 120 anos, um recorde para um animal com um tamanho tão pequeno. Como se não bastasse possuírem fantástico poder reparador, os Tardígrados simplesmente “desligam” seu metabolismo quando existem condições adversas como extrema seca. Possuem também a inacreditável capacidade de reparar o seu DNA de danos causados por radiação. Achou pouco?

Mais de 75 mil atmosferas é a quantidade de pressão que ele suporta, isso equivale a dezenas de vezes a pressão enfrentada pelos animais dos locais mais profundos do oceano, nas zonas abissais. Suportam também imersões durante alguns minutos em temperaturas de 200 ºC (duas vezes mais quente que a água fervente da sua chaleira). Solventes como o álcool etílico a 96% ou éter não fazem nem cócegas neles.

Se os seres humanos forem expostos a 100 grays de radiação, ocorre à morte devido à falência do sistema nervoso central, o que resulta em perda da coordenação motora, distúrbios respiratórios, convulsões, estado de coma e finalmente a morte que pode ocorrer em cerca de um ou dois dias após a exposição. Já os “imortais” tardígrados suportam nada mais e nada menos que 5700 grays de radiação. Dá para acreditar?

by .jornalciencia

Um raro direito de resposta concedido. A Leonel Brizola, em video postado em 2009. by Deise





sexta-feira, 15 de março de 2013

DIEBOLD PROCOMP: UM MONSTRO CHAMADO GERÊNCIA DE INVESTIGAÇÕES




A história da Diebold Procomp, fabricante das urnas eletrônicas, soma tecnologia com fraudes e toda espécie de ilegalidades. Tanto que foi a idealizadora de um verdadeiro monstro que se chama Gerência de Investigações.
No final de 2004, depois que Mauro Princiotti obteve uma  declaração do técnico em informática Ricardo dos Santos Lima (clonador de dados de cartão bancário e outras fraudes), conhecido como Gordo ( RG 30.560.472-7), o presidente da Diebold Procomp  não perdeu tempo vendo e aproveitando naquele momento para criar um setor especifico dentro da empresa para investigar fraudes em seus produtos (caixas eletrônicos e urnas).
Tão logo foi criada a gerência, o todo poderoso João Abud Júnior, enviou comunicado aos  funcionários e colaboradores por meio de Nestor de Mattos Cunha Junior, onde  informava a todos que Mauro Princiotti dos Santos teria posição de destaque na Gerência de Investigações.
Esse departamento criado por Abud com a colaboração de Nestor nada mais é do que um monstro com força e poderes bem acima de vários órgãos públicos. Por exemplo, para se grampear telefones é necessária autorização judicial, mas para a Gerência de Investigações  não precisava desse aparato judicial. Da mesma forma que as autoridades atuais não usam métodos de tortura para arrancar confissões, o setor de investigações da Diebold que usava e abusava desses métodos.
Na realidade o monstro fabricado por Abud e Nestor nada mais era do que uma KGB criada por uma empresa americana, partindo do princípio de alguns filmes de espionagem, já que o principal protagonista era Cesar Augusto Furtado, um espião ou X9 a serviço da Diebold. Foi esse monstro que passou a devorar funcionários e terceiros sem nenhuma piedade.
Coincidentemente o criador do monstro, João Abud, de vida pregressa questionável, seguindo é lógico o raciocínio de Mauro Princiotti, sua criatura, que informou ao judiciário que Zildo Heleodoro, ex-delegado de polícia tem vida pregressa questionável em virtude de sua citação na CPI dos Bingos, tal qual Abud, onde a sua empresa aparece atrelada a diversos, e onde aparece também o nome do ex-ministro Palocci. A Diebold é apontada em depoimento e investigações como uma das “colaboradoras” que bancavam a casa, além é lógico de se beneficiar em licitação.
A matéria foi publicada na Folha de S. Paulo, de19/03/2006, em reportagem de Mario Cesar Carvalho, mostrando  o Escândalo do Mensalão/ Palocci em apuros.
Diretor da Diebold está  ligado a “república de Ribeirão”
O mais desconhecido dos integrantes da chamada república de Ribeirão Preto, o engenheiro Ruy Barquete Santos, trabalha numa empresa de informática que venceu uma das maiores concorrências da história da Caixa Econômica Federal. Ruy é diretor da Diebold Procomp, que, em consórcio com o Bradesco, fornece os 25 mil terminais que estão sendo instalados em 9 mil lotéricas no país. A Caixa pagará R$ 212,9 milhões pelo arrendamento das novas máquinas por 48 meses.
Ruy é irmão de Ralf Barquete Santos, secretário da Fazenda de Ribeirão Preto, à época em  que Antonio Palocci estava à frente da prefeitura pela segunda vez (2001-2002) e assessor da presidência da Caixa até junho de 2004, quando morreu de câncer. Ralf foi o assessor designado por Palocci para receber a mesada mensal de R$ 50 mil que a empreiteira Leão Leão pagava ao PT, segundo o advogado Rogério Buratti. O ministro negou com veemência que tenha recebido a propina. Foi Ralf também que alugou a casa em Brasília usada pelo grupo de Ribeirão Preto para fazer negócios e festas.
Ruy desempenhou um papel importante na república de Ribeirão e ganhou um novo contorno depois do depoimento do motorista Francisco das Chagas Santos, que prestava serviços para o grupo. Segundo o motorista, ele era um dos freqüentadores mais assíduos da casa que o grupo alugou em Brasília.
Em uma conversa telefônica entre Buratti e o economista Vladimir Poleto, gravada pela polícia com autorização judicial, sugere que Ruy e o ministro Palocci podem ter se encontrado. No dia 29 de junho de 2004, Poleto diz que Ruy tem um encontro com o “chefão”. Chefe e chefão eram os codinomes usados pelo grupo para designar Palocci.
Um empresário desse grupo contou à Folha de S Paulo, sob a condição de que seu nome não fosse revelado, que Ruy fazia lobby para a Diebold Procomp junto a bancos federais, como o Banco do Brasil, e para órgãos do governo.
A Diebold Procomp tem ampla inserção no mercado privado (detém cerca de 60% do segmento de automação bancária, segundo a própria empresa) e tem negócios importantes com o governo. Ela fornece equipamentos para o Banco do Brasil e a Caixa e fabrica as urnas eletrônicas usadas nas eleições.
A CPI dos Bingos reuniu indícios de que a Diebold Procomp teve algum papel no processo de renovação do contrato de R$ 650 milhões da Caixa com a Gtech, ainda não esclarecido. Entre fevereiro de 2002 e fevereiro de 2003, o presidente da Diebold Procomp, João Abud Júnior, e Ralf trocaram 161 telefonemas, conforme dados da comissão. Em depoimento à PF, em novembro de 2005, Abud Júnior disse que não teve relação com o contrato da GTech.
Os terminais do consórcio Diebold Procomp/Bradesco vão substituir a rede montada em lotéricas pela GTech, empresa investigada pela CPI dos Bingos sob a suspeita de ter pago propina para renovar um contrato de R$ 650 milhões com a Caixa, em 2003.
Ralf também indicou Buratti, segundo ele próprio, para negociar com a GTech quando notou que a empresa mantinha negociações com Waldomiro Diniz, ex-assessor do então ministro José Dirceu, da Casa Civil.
Na interpretação de Buratti, Ralf não suportou a ideia de presenciar, como assessor da presidência da Caixa, as abordagens que o grupo de José Dirceu fazia para que a GTech conseguisse renovar um contrato de R$ 650 milhões. Dirceu integrava um grupo de oposição a Palocci até ser afastado da Casa Civil do governo Lula, em junho do ano passado.
Mas foi Palocci, de acordo com Buratti, quem vetou interferências do seu protegido nas negociações.
Numa guerra de versões, a GTech diz que Buratti tentou extorquir R$ 6 milhões da empresa, enquanto o advogado afirma que a empresa americana ofereceu de R$ 500 mil a R$ 16 milhões pela renovação do contrato.
A Caixa queria desmembrar os serviços que a GTech presta (terminais para as lotéricas, sistema de transmissão de dados e manutenção, entre outros). Assim, só em setembro de 2004, com uma vitória no STJ (Superior Tribunal de Justiça), o governo conseguiu remover os empecilhos que impediam a divisão da concorrência. Vale observar que muitas das datas se coincidem com a criação dessa Gerência de Investigações, em 2004.
Mas foi Abud quem teve todos os seus telefones grampeados pelo próprio setor que ele criou segundo denúncia no MPT de São Paulo e na Polícia Civil. Será que os deputados federais impedirão a instalação de uma CPI para investigar as inúmeras denúncias que envolvem a Diebold? Ou o lobby da empresa norte-americana silenciará os nobres parlamentares brasileiros? A conferir.
by Publicado por: 

Em Alta

Atualização.

                                               

Mais Lidas