segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Médicos de Santa Maria entre o trabalho e a dor da perda de parentes


Depois da noite de trabalho, diretor clínico do Hospital Universitário percorreu dez velórios de amigos. Profissionais se apresentaram para trabalhar nas emergências

Marcela Donini, de Santa Maria
Cemitério Ecumênico de Santa Maria
Cemitério Ecumênico de Santa Maria - Marcela Donini
Seis pacientes do HUSM ainda respiram por aparelhos. Entre estes, Luis Arthur Resener de Morais, filho da diretora-geral do hospital, Elaine Resener
A expressão de cansaço e os olhos vermelhos do diretor clínico do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), Arnaldo Teixeira Rodrigues, refletiam a atmosfera em que a cidade despertou nesta manhã de segunda-feira. "Estou mais deprimido do que ontem", confessou o médico, no início da manhã. O hospital que recebeu cerca de 110 vítimas da tragédia na boate Kiss ainda tinha 37 vítimas do incêndio internados até o final desta manhã. Depois de passar todo o domingo coordenando o atendimento às vítimas, Rodrigues dormiu menos de quatro horas e, só na manhã desta segunda-feira teve noção mais precisa da dimensão da tragédia. E perdeu amigos. Ele trabalhou até as 2h da madrugada e encaminhou-se para o cemitério Santa Rita, onde acompanhou pelo menos 10 velórios de conhecidos até as 4h. Hoje às 8h já estava de volta ao hospital. "A gente se envolveu tanto no atendimento que não tinha a noção exata do que aconteceu", diz.
Seis pacientes do HUSM ainda respiram por aparelhos. Entre estes, Luis Arthur Resener de Morais, filho da diretora-geral do hospital, Elaine Resener. A médica que inicialmente ajudou nos atendimentos agora foi preservada pelos colegas para acompanhar o estado do filho, estudante de Medicina em Santa Catarina.
Em frente ao hospital, familiares aguardavam informações. Teresinha da Silva Rosa queria visitar o quarto do filho Jean Carlo Rosa de Oliveira, 36 anos. Ele estava ao lado do palco quando o fogo começou, conta o irmão, Gilmar. "Ele andou em direção à porta, mas voltou pra procurar outra saída. Acabou desmaiando, mas foi resgatado". A irmã, Luciana, estava chegando à boate quando começou o tumulto. Tentou sair e, num primeiro momento, foi impedida pelos seguranças. Consegui sair e passa bem. Jean Carlo, que respira por aparelhos, nem sabe que os quatro amigos que o acompanhavam na festa acabaram falecendo.
Ao lado da família de Jean Carlo, uma mãe respirava mais aliviada. A filha de Marli Marquezan, Naiara, 23 anos, estava em melhor estado. Depois te der ido para casa após inalar um pouco de fumaça, teve de ser internada porque apresentou sinais de intoxicação, mas passa bem. A estudante de pedagogia da Federal de Santa Maria já estava fora da boate na hora do fogo, aguardava um táxi. Quando viu o tumulto, entrou de volta para buscar uma amiga. "Ela acabou sendo resgatada pelo namorado, que também salvou sua amiga Denise", conta a mãe.
A solidariedade se repete nos corredores dos hospitais. "Nem foi preciso convocar ninguém. Profissionais de todos os setores se apresentaram para ajudar", destaca o diretor clínico.
by Veja

Tragédia de Santa Maria – Suspeita de adulteração de provas levou polícia a pedir prisões


Por Sérgio Roxo e Flávio Ilha, no Globo, com G1 e Agência RBS:
O empresário Mauro Hoffmann, um dos proprietários da boate Kiss que estava foragido, se entregou à polícia na tarde desta segunda-feira, segundo informações da Agência RBS. Ele foi à delegacia de Polícia de Santa Maria para prestar depoimento e esclarecimentos ao delegado Marcelo Arigony. Hoffman tinha a prisão preventiva decretada desde domingo. Mais cedo, já haviam sido presas outras três pessoas investigadas pelo incêndio que deixou 231 mortos. Logo após a chegada de Hoffmann, o advogado criminalista Marios Cipriane compareceu ao local, mas não quis dar entrevista à imprensa. Segundo o advogado, o empresário estava sumido porque estaria enfrentando problemas de saúde devido à inalação de fumaça tóxica. Além de Hoffmann, foram detidos outro sócio da Kiss Elissandro Sphor, conhecido como Kiko, o vocalista da banda Gurazida Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e Luciano Bonila, que cuida da montagem do palco.
A suspeita de que os donos da boate Kiss e os integrantes da banda Gurizada Fandangueira adulteraram provas levou a Polícia Civil a pedir a prisão dos quatro envolvidos na tragédia. De acordo com a promotora Waleska Agostini, que se manifestou favorável às prisões, durante os depoimentos de testemunhas colhidos pelo polícia surgiram relatos de que os proprietários da casa, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, teriam dado ordens para mexer nas imagens colhidas pelas câmeras do circuito interno e na caixa registradora.
A Polícia Civil foi informada que os sistema de monitoramento da boate não estava funcionando há cerca de dois ou três meses. As imagens poderiam indicar, por exemplo, se os seguranças da casa realmente impediram a saída dos clientes quando começou o fogo. A caixa registradora mostraria quantas pessoas de fato estavam no local. A capacidade era de mil lugares, mas há suspeita de superlotação. Segundo o chefe de Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Júnior, um mandado de busca e apreensão foi emitido para que sejam recolhidas as imagens do circuito de câmeras do interior da boate.
Os dois integrantes da banda presos também teriam poder para adulterar provas. Segundo a promotora, era Marcelo quem dava a ordem para Luciano disparar o artefato pirotécnico que deu origem ao incêndio. As prisões foram decretadas pelo juiz de plantão, Régis Bertolini, ainda no domingo, e valem por cinco dias, podendo ser renovadas por outros cinco. “Inicialmente o crime seria homicídio culposo (sem intenção). Mas se surgirem provas de que houve omissão podemos mudar para dolo (intenção) eventual”, disse o promotor Joel Oliveira Dutra, que também acompanha o caso.
Os três primeiros detidos não estavam em casa no momento da prisão. A polícia precisou fazer diligências para encontrá-los. De acordo com informações do jornal “Zero Hora”, o empresário Elissandro Sphor foi inicialmente atendido por intoxicação em Santa Maria. No entanto, segundo o advogado Jader Marques, Kiko temia permanecer na cidade e buscou atendimento em Cruz Alta, onde foi encontrado.
(…)
O delegado Marcelo Arigony disse, nesta segunda-feira, que já foram tomados cerca de 20 depoimentos. Segundo ele, a polícia vai verificar se a perícia confirma a tese que se tem até o momento: a de que o incêndio começou com um sinalizador e o extintor acionado para apagar as chamas falhou. Outro fator que teria contribuído para o alto número de mortos seria o de que a porta de emergência não teria dado vazão para a saída dos jovens.
Na manhã desta segunda-feira, a perícia na casa noturna foi retomada. Os técnicos iniciaram os trabalhos na boate Kiss por volta de 7h30m. Eles recolheram objetos, como sapatos e celulares, que haviam sido deixados por vítimas e sobreviventes na entrada do estabelecimento. Os objetos foram colocados em um saco e levados pra dentro da boate.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
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7 Comentários

  1. Anonimo
     - 
    28/01/2013 às 17:54
    SE QUISEREM UMA AJUDA DE MINAS GERAIS,
    CONVERSEM CO O AÉCIO E O ANASTASIA:
    .
    Após a tragédia do Canecão Mineiro, a fiscalização para liberar um alvará de funcionamento de uma casa de show em Minas Gerais agora, é bastante rígida, segundo os bombeiros. Eles garantem que a legislação mudou para todo o estado depois do incêndio que matou sete pessoas morreram e feriu 200.
    .
    Até 2001, cada município tinha suas próprias regras com relação à segurança contra incêndios. Agora, a lei é única e vale para todo o Estado. É o Corpo de Bombeiros quem vistoria as casas de shows e aprova os projetos. A licença dura três anos. Após esse período, o proprietário precisa renovar o documento. A preocupação principal é com as saídas de emergência.
    .
    Segundo a legislação em Minas Gerais, não é permitido o uso de isolamentos acústicos que sejam inflamáveis. O Corpo de Bombeiros recebe também muitas denúncias de estabelecimentos que não atendem às normas de prevenção a incêndio. O local é vistoriado e pode até perder o alvará de funcionamento.
  2. Adilson Minossi
     - 
    28/01/2013 às 17:49
    Reinaldo, repasso pra você e teus leitores o que li hoje no blog do jorn. Vitor Vieira (Videversus) lá de Porto Alegre. Leiam e vejam se não é assim em todo o Brasil….
    Associação de Bombeiros de Pelotas (RS) está fazendo uma grave denúncia
    28 Jan 2013 09:19 AM
    A Associação dos Bombeiros de Pelotas está fazendo uma grave denúncia que precisa ser recebido com toda atenção. Os bombeiros denunciam que a situação na cidade é “degradante”. E afirmam: “Donos de casas noturnas, festas e ou eventos públicos usam jeitinhos para driblar a legislação de prevenção”. E mais, os bombeiros afirmam que esses empresários recebem a ajuda de vereadores para conseguir a liberação de alvarás junto ao Corpo de Bombeiros. Agora, o mais grave: eles avisam que militares, que cumprem a legislação, são retirados da fiscalização pelo Comandante, pois “podem comprometer a tranquilidade do seu reinado”. Resumindo, eles afirmam: “Não, Pelotas não está cumprindo a legislação, pois o prefeito e o comandante do Corpo de Bomberiros simplesmente não se comunicam, não há um trabalho em conjunto para resolver esses problemas, deixando completamente ao acaso a prevenção contra incêndios em Pelotas”. E finalizando, os bombeiros de Pelotas avisam: “uma tragédia local, com certeza, irá acontecer, é só saber a data”. Pelotas, assim como Santa Maria, é um grande centro universitário, reunindo estudantes de todo o Rio Grande do Sul, de outros Estados e do Exterior.
  3. porcaz
     - 
    28/01/2013 às 17:14
    Rapaz, estive dando um giro pela VEJA BH e fiquei extremamente surpreso. A cidade tem mais de 20 casas noturnas com capacidade para mais de 1.000/1.500 pessoas. Fiquei impressionado, eu que não frequento a noite da cidade já faz tempo. São shows, apresentações de bandas, duos, trios, a coisa pega, é o escambau do ziriguidum. Eu fico imaginando, Deus meu, as reais condições de instalações elétricas, áreas de escape, saídas de emergência,enfim,do que deveria ser obrigatório e regiamente fiscalizado e nós sabemos que não é. E ainda tem os botecos, é, BH é a capital mundial dos botecos, centenas, centenas e centenas deles, muitos enormes, sofisticados, cheios de madeiras, palquinhos, áreas vips,só Deus, não tem outra solução…..
  4. DuraLexSedLex
     - 
    28/01/2013 às 16:52
    Caríssimo.
    Ninguem a estas alturas do campeonato está sem orientação de bons advogados. Vão querer que assumam o dolo eventual, com depoimentos desastrados? O dolo eventual deverá ser deduzido e prezumido por fatos e depoimentos de inúmeras testemunhas.
    A imperícia, imprudência e negligência em se tratando de “já fizemos isso inumeras vezes, sem que nada errado acontecesse”, é o bastante para demonstrar que assumiram o risco (o “sem que nada errado acontecesse” prezume que poderia ocorrer.).
    “Artistas”, vocalistas, instrumentistas, não são só “entretenimento”. Devem respeito ao público pagante. Não podem, não devem jamais considerarem-se impunes,por não terem sido flaglados na primeira vez que fazem coisas erradas. Onde a moralidade?
    Vamos ter mais “cesares batistis” na terra de Genro?
  5. Marcos F
     - 
    28/01/2013 às 16:50
    Deus me proteja da Justiça!
    A Preventiva é de só 5 dias? prorrogáveis por mais … cinco dias?
    Ê país durão com os criminosos! “Faça Humor …”, o programa cômico da Globo nos ’70, era mais sério.
    Os criminosos tiveram tempo para levar os computadores e o caixa … Haja!
  6. Anonimo
     - 
    28/01/2013 às 16:46
    deu na internet…
    ,
    “Para Cirineo Anversa, de 74 anos e morador de uma cidade próxima a Santa Maria, é inexplicável que ninguém tenha impedido a casa noturna de funcionar sem um plano contra incêndio.
    “Eu fico admirado. Lá na lavoura, se você faz um armazém, os bombeiros vão lá ver se tem extintor, mangueira de incêndio, tudo certinho. E um clube como esse, que entra 1.500 pessoas, deixam funcionar desse jeito, com porta estreita para sair, sem extintor funcionando. Era isso que eles deviam olhar”, apontou o aposentado.”
    .
    é o brasilzeco, da corrupção desenfreada e da perseguição ao trabalhador honesto, decente e de bem (se for produtor rural, então….coitado!)
  7. tá bom!
     - 
    28/01/2013 às 16:36
    Pronto começou o show de pirotecnia dos politicos para a opiniao publica!
    Vale lembrar que, “so se compra, aquilo que esta a venda!”!!

 

Para deixar de cabelos em pé até o mais cético dos ateus.





Foto tirada no interior da boate Kiss - 
rostos de Hitler, Bin Laden, Hannibal Lecter, entre outros.



Centro de comunicação social nao tem nome, sobrenome, RG ou patente. Por assinar Centro, indica vários. QUEM ASSINA A NOTA em nome da PMSC? by Deise


PM divulga nota sobre morte de homem após ser atingido com arma de choque, em Florianópolis


A Polícia Militar de Santa Catarina divulgou nota na tarde deste domingo sobre a morte de Marcos Antonio Clarinda, 48 anos, após perseguição policial em Florianópolis, na noite de sexta-feira.

Marcos não parou a abordagens da PM e morreu depois de receber disparos de pistola Taser de policiais e duas injeções de socorristas do Samu.

Confira abaixo a nota na íntegra:
POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
NOTA PARA A IMPRENSA
Em referência a ocorrência policial atendida na noite do último dia 26 de janeiro de 2013, na Capital, em que o suposto autor dos crimes de desobediência, direção perigosa, tentativa de homicídio e direção sob influência de álcool acabou vindo a óbito, a Polícia Militar de Santa Catarina informa que:
1. O Comando-Geral da Polícia Militar prima pelo princípio da transparência, e por isso tem o maior interesse que a verdade dos fatos seja do conhecimento da sociedade catarinense;
2. As ações dos policiais militares envolvidos na ocorrência encontram-se todas registradas da seguinte forma:
a. Gravação de áudio das ligações telefônicas para a Central de Emergência 190 e relacionadas ao evento;
b. Gravação de áudio das comunicações via rádio entre as viaturas e entre elas e a Central de Emergência 190;
c. Gravação de vídeo de parte considerável da ocorrência, registrando a atuação dos policiais militares e dos agentes do SAMU; e
d. Relatórios oficiais das autoridades sobre o caso.
3. De posse desses registros, e verificando-se o "resultado óbito", o Comando-Geral determinou a instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM) para verificar se o uso progressivo da força, bem como se o emprego de armas não-letais — como a pistola de eletrochoque — ocorreram dentro dos padrões estabelecidos em nossa doutrina operacional e de acordo com a legislação vigente.
4. Especificamente sobre as imagens produzidas pela própria Polícia Militar, verifica-se o seguinte registro, em sequência:
a. a retirada do detido da viatura policial, pois o mesmo se debatia, machucando-se;
b. os disparos de pistola "taser" — como é conhecida vulgarmente a pistola de eletrochoque;
c. as ações de tentativa de imobilização e de imobilizaçao propriamente dita do detido pelos policiais militares;
d. o trato dispensado pelos policiais militares na tentativa de contenção e pedidos insistentes para que o mesmo se mantivesse calmo até a chegada da equipe de resgate;
e. a chegada das equipes do SAMU, encontrando o detido agitado e consciente;
f. a atuação das equipes do SAMU para acalmar e sedar o homem detido no local da ocorrência, ou seja, no logradouro público; e
g. a constatação de ausência de sinais vitais do mesmo, o que se deu de forma instantânea ao estado de agitação antes verificado.
5. As ações investigativas das Polícias Judiciárias Civil e Militar fornecerão os indícios que serão encaminhados ao Poder Judiciário, cabendo somente a este último a decisão final sobre a existência de responsabilidade ou não diante do caso em tela. Portanto, toda e qualquer ilação prematura visando determinar a causa-mortis, nesta fase inicial da apuração, não será endossada pela Corporação policial militar.
6. As armas usadas na ação, as seringas utilizadas para a medicação, bem como a viatura em que o Senhor Marco Antônio Clarinda ficou detido foram apreendidas pelas Autoridades de Polícia Judiciária Civil e Militar, instruindo as peças investigativas, que após concluídas, serão encaminhadas ao Poder Judiciário.
Quartel do Comando-Geral em Florianópolis, 27 de janeiro de 2013.
CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

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