Por Regis Tadeu | Na Mira do Regis
Um dos grandes atrativos em todas as conversas que rolaram para tentar entender as recentes manifestações que ocorreram em junho passado em quase todas as capitais brasileiras foi o papel que a tal “Mídia Ninja” exerceu durante todo o processo.
Para quem não lembra, era um grupo de jovens usando câmeras portáteis e até mesmo smartphones para mostrar o que estava rolando em tempo real nos protestos de rua e, principalmente, documentar possíveis excessos por parte da polícia na hora de conter e reprimir as passeatas. Com isto, ficou claro que uma das intenções desta turma – louvável em um primeiro instante, diga-se de passagem – era mostrar que não era possível confiar na chamada “imprensa tradicional”, que possivelmente estaria ‘vendida’ para favorecer os governos, aquela patuscada toda.
Na época, vi dois de seus mais ilustres representantes aparecerem em programas de TV. Um deles, um sujeito asqueroso chamado Pablo Capilé, é bastante conhecido por quem lida com música por ser o mentor e líder do tal “Fora do Eixo”, uma picaretagem em forma de organização quase messiânica que visa – ou visava, não se sabe – arrumar dinheiro púbico para organizar festivais sem cachês para as bandas e empregar a grana obtida sabe-se lá onde. Em qualquer lugar civilizado, esta turma já teria sido processada por mau uso de dinheiro público, mas isto é uma outra história...
O que quero enfatizar aqui é que tanto Capilé quanto seu comparsa, um tal de Bruno Torturra, cansaram de dar entrevistas prolixas e repletas de desvios nas respostas, como se os dois fossem dois “Rolando Leros” na arte de embromar seus interlocutores com um discurso tão enrolados que fariam o Caetano Veloso parecer o Lemmy em termos de síntese verbal. Os dois e mais alguns “entrevistados mascarados” apregoaram aos quatro ventos que a tal “Mídia Ninja” era a resposta ideal à morte eminente da imprensa tradicional, uma alternativa moderna às tentativas que esta velha senhora vinha fazendo para acompanhar os novos tempos midiáticos dentro de uma inegável revolução digital.
Só que havia um detalhe importante nesta ‘discursaiada’ toda: sempre que eram confrontados com perguntas a respeito de seus interesses políticos por trás de tal iniciativa, os mentores do “Mídia Ninja” ficavam mais ensaboados que salmão subindo corredeira acima. Não negavam, mas não confirmavam. Muito pelo contrário! Sacou?
Se a tal “Mídia Ninja” passou o tempo todo acusando a chamada “grande imprensa” de ser uma fonte de informação parcial e mancomunada com grandes interesses, pressupõe-se que esta turma deveria oferecer, ao longo de sua existência, provas de sua idoneidade e imparcialidade, né?
Pois bem, então eu pergunto: onde estava a tal “Mídia Ninja” na sexta passada, quando gente graúda do partido que governa este País atualmente foi presa? Onde estavam os aguerridos ‘repórteres’ com seus smartphones modernos a documentar e até mesmo mostrar em detalhes mais próximos a prisão de José Dirceu, José Genoíno e sua “capa de super herói” feita com uma toalha de mesa (que coisa patética, meu Deus!) , Marcos Valério e outros ‘peixões’ da corrupção? Cadê esta turma? Convenientemente, sumiu todo mundo, né? Onde estão os tais Capilé e Torturra para coordenarem uma cobertura de um fato tão relevante e mostrar o outro lado destas prisões? Cadê os “links ao vivo” desta cambada? Ué, a imprensa tradicional não é parcial? Então onde está a ‘verdade das ruas’ em relação ao que aconteceu recentemente?
Estas são apenas perguntas do tio velho e ranheta aqui, que quer tentar entender onde termina a imparcialidade e onde começa a hipocrisia...