terça-feira, 12 de novembro de 2013

A Polícia Vermelha do Rio Grande do Sul

Sapientiam Autem Non Vincit Malitia - Foto da águia: Donald Mathis
Leituras recomendadas - 57

Denúncia do Major Aviador Cleber Neves JúniorCOMANDO DA AERONÁUTICA
BASE AÉREA DE SANTA MARIAESQUADRÃO DE COMANDO

Parte n.º 037/EC Santa Maria, 01 de agosto de 2001.
Do Comandante
Ao Sr. Comandante da BASM
Assunto: Ocorrência policial
Participo a V. Sa. os fatos ocorridos na noite de domingo, dia 30 de julho de 2001, às 23 h 20 min, dos quais fui vítima de extorsão, abuso de poder e constrangimento ilegal, na presença de familiares e amigos.
1. Ao ser parado por uma Blitz realizada por fiscais do Departamento Municipal de Trânsito de Santa Maria, localizada na Rua Serafim Valandro, altura do nº 1372, fui abordado pelo Agente Municipal de Transito, Sr. André Luiz Gonçalves do Nascimento, RG nº 2055883868, que solicitou-me os documentos pertinentes. Foram-lhe entregues o documento de porte obrigatório, a habilitação e minha identidade militar. De posse destes, o referido Agente passou a fazer uma verificação minuciosa na documentação fornecida e no estado geral do veículo. Após quase dois minutos parado, o Agente me entregou o documento de porte obrigatório ordenando que o mesmo fosse retirado do invólucro plástico transparente, o que foi prontamente atendido sem ressalvas de minha parte.
2. Ao receber o documento de porte obrigatório, o Agente me informou que eu seria autuado por estar com um passageiro sem o cinto de segurança. Fato que gerou grande espanto, inclusive nos passageiros de meu veículo, pois todos estavam usando o referido equipamento de proteção. Nesta ocasião, questionei educadamente sobre quem estaria sem o devido cinto de segurança, até porque iria prontamente chamar a atenção do suposto passageiro no sentido de educá-lo para segurança de sua própria vida. Sempre acreditando que esta seria a principal meta daquela fiscalização. Sem a resposta do Sr André Luiz, o mesmo se dirigiu a outro Agente posicionado a pelo menos oito metros de distância de nossa localização e teve uma breve conversa com o mesmo. Ao retornar, informou que seu colega "achou que tinha visto alguém dentro do carro sem o cinto" e que iria autuar de qualquer maneira. Este fato passou a nítida impressão da total falta de preparo para o serviço, além de grave falha de caráter, na medida em que forjou uma infração tentando justificá-la com a incerteza de outro Agente. Salvo melhor juízo, acredito que a atitude abusiva do Agente, Sr. André Luiz G. do Nascimento, coincide com a tipificação criminal de extorsão.
3. Ainda chocado com o ocorrido, desci do automóvel e perguntei ao Agente quem era o responsável por aquela Blitz, com o intuito de reportar ao mesmo a gravidade da atitude do Agente em tela, ao que fui respondido já de forma desrespeitosa e provocante que "não havia nenhum responsável e que todos eram iguais". Mesmo assim, perguntei novamente ao Agente quem seria o ocupante acusado de estar sem o cinto, com o objetivo de fundamentar meu recurso. Pergunta que foi prontamente ignorada, assim como todas as outras formuladas durante o transcorrer dos fatos.
4. Diante da total falta de respeito e arbitrariedade reinante naquele local, decidi buscar ajuda, ligando de meu Celular para o Delegado de Polícia Civil, Dr. Antônio Firmino de Freitas Neto, com o qual possuo relações funcionais em decorrência de meu cargo, solicitando-lhe orientações face ao desenrolar dos acontecimentos. Neste instante, fui abordado violentamente pelo referido Agente que gritou "...é bom mesmo chamar este Delegado aqui porque vai precisar...". Nesta mesma abordagem, ainda aos gritos, o referido Agente se aproximou de "peito estufado" a apenas alguns centímetros de minha pessoa e em atitude extremamente provocativa, ordenando aos berros que eu abrisse o porta-malas de meu carro para a verificação dos equipamentos obrigatórios, dizendo ainda que não iria fazer a autuação do cinto mas que iria ver "tudo dentro do carro". Com isto, disse ao Agente que ele poderia ver tudo dentro do carro, mas deveria primeiro informar quem estava sem cinto, e que moderasse a voz porque ele não estava tratando com nenhum moleque e sim com um Major da Aeronáutica. Tudo isto acontecendo ao lado de minha esposa, minha filha de quatro anos de idade e um casal de amigos que permaneciam no carro. Ao dizer isto, todos os outros Agentes envolvidos na Blitz correram ao meu encontro e me cercaram como se fossem partir para a agressão. Neste exato instante, dois soldados da Brigada Militar, de nomes Gustavo e Robson, apareceram do lado de dentro do bloqueio, aos quais prontamente me identifiquei, informando-lhes o que estava acontecendo. Durante este relato, o Agente André Luiz se retirou de minha presença, sacando do talão de multas e começou a preencher uma autuação por "desobedecer as ordens do Agente" e "dificultar a fiscalização". Tudo em flagrante delito de abuso de poder e constrangimento ilegal, forjando uma nova situação mentirosa, visto que em nenhum momento lhe foi negado a verificação dos equipamentos obrigatórios. Fato presenciado pelos soldados da Brigada Militar.
5. Como o meu celular ficou sempre ligado, voltei a falar com o Delegado Firmino sobre os procedimentos a respeito da queixa crime que eu iria apresentar contra o Agente na Delegacia de Polícia da Rua Andradas. Novamente o Agente André Luiz arremeteu contra minha pessoa, ainda mais provocativo, interrogando "você está me ameaçando?...". Pergunta a qual não dei crédito, devido ao absurdo da mesma, além da provocação intrínseca . Apenas me virei de lado e continuei minha conversa ao telefone.
6. Por ter ouvido grande parte do diálogo pelo telefone, e por estar em viagem naquele momento, o Delegado Firmino pediu-me para falar primeiramente com o soldado mais antigo da Brigada e depois com o Agente André Luiz. Em relato do Delegado sobre sua conversa com o Agente André Luiz, este teria lhe dito que "realmente seu colega não tinha certeza sobre ter visto ou não alguém sem o cinto e que não poderia voltar atrás sobre a autuação da desobediência por já ter começado a escrevê-la, senão estaria passível de um processo administrativo", ao que foi respondido que seria muito pior um processo criminal devido a inverdade dos fatos.
7. Fato relevante de mencionar foi a falta de um supervisor naquele local, que poderia certamente ter evitado tamanho abuso e arbitrariedade, além do comportamento hostil dos outros Agentes que, com extremo corporativismo, reforçaram as atitudes de seu colega em flagrante delito. Foram ouvidas frases como: "...esses caras da Base são todos folgados...", " ... aqui fora você não é nada! Tu só manda alguma coisa lá dentro!...". Como formavam uma verdadeira turba, não pude identificar os autores.
8. Ressalto o grande constrangimento pelo qual fui acometido em frente à minha família e amigos, pois todos os Agentes envolvidos naquela Blitz deixaram de continuar com seus afazeres de fiscalização e permitiram um grande ajuntamento de transeuntes que puderam assistir ao grande "show" de abuso, arbitrariedade e autoritarismo contra a minha pessoa e a organização a qual pertenço.
9. Ao receber a autuação, solicitei ao Agente sua identidade funcional para fins de conhecimento dos dados necessários ao preenchimento da queixa crime, o que foi negado de forma desrespeitosa, apenas dizendo "todos os dados que você precisa estão escritos aí....". Sendo assim, solicitei ao soldado da Brigada Militar que conseguisse os dados. O que foi fornecido com certa resistência pelo Agente.
10. De posse destes dados, compareci à Delegacia de Polícia e prestei queixa crime contra o Agente Municipal de Trânsito, o Sr. André Luiz Gonçalves do Nascimento, por abuso de poder e constrangimento ilegal quando do exercício de suas atividades.
Anexos:
– Cópia do Boletim de Ocorrência nº14154/2001, de 30 de julho de 2001; e
– Cópia do Auto de Infração de Trânsito nº 26630, de 30 de julho de 2001.
CLEBER NEVES JUNIOR – Major Aviador
Comandante do Esquadrão de Comando
Endereço eletrônico da vitima da polícia vermelha já implantada no Estado do Rio Grande do Sul clebermax@uol.com.br

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

AS 10 PROFISSÕES QUE MAIS (E MENOS) ATRAEM PSICOPATAS

SEGUNDO A PUBLICAÇÃO BRITÂNICA THE WEEK, CEO É A PROFISSÃO QUE MAIS POSSUI PSICOPATAS

The Office Chefe Gestão Chefia  (Foto: Divulgação)
Ter um colega de trabalho psicopata pode ser mais comum do que se imagina e isso não significa que alguém será cortado com uma serra elétrica. Falta de empatia, tendência à insensibilidade, desprezo pelos sentimentos de outras pessoas, irresponsabilidade, irritabilidade e agressividade são as principais características da psicopatia, um transtorno de personalidade antissocial.
A publicação britânica The Week divulgou duas listas: uma com as profissões que mais possuem psicopatas e outra com as que possuem menos psicopatas. Vamos lá:
Profissões com mais psicopatasProfissões com menos psicopatas 
CEOCuidador
AdvogadoEnfermeiro
Profissional de Mídia (TV/Rádio)Terapeuta
VendedorArtesão
Cirurgião Estilista
JornalistaVoluntário
PolicialProfessor
Líder ReligiosoArtista
ChefMédico
10ºFuncionário Público10ºContador
   
















O site da revista justifica o ranking da lista de profissões que possuem menos psicopatas. Segundo a publicação, essas atividades precisam de conexão humana e, por sua própria natureza, os psicopatas não seriam atraídos por elas.
Por outro lado , a maioria das funções que atraem mais psicopatas requerem capacidade de tomar decisões objetivas, sem usar os sentimentos. "Psicopatas seriam atraídos para esses papéis e iriam prosperar", afirma a The Week

Ex-miss Brasil volta ao país e diz que sumiu após ser ameaçada de morte

11/11/2013


Aos 31 anos, Taíza Thomsen afirmou que fugiu com medo do ex-namorado.
Ela voltou ao Brasil em novembro e não pretende retornar à Inglaterra.

Janara NicolettiDo G1 SC

Ex-miss Brasil Taíza Thomsen voltou ao Brasil em novembro e concedeu entrevista em Joinville (Foto: Janara Nicoletti/G1)Ex-miss Brasil Taíza Thomsen voltou ao Brasil em novembro e concedeu entrevista em Joinville (Foto: Janara Nicoletti/G1)

Um período de reclusão, medo, solidão e fuga. É assim que a modelo catarinense e ex-miss Brasil 2002 Taíza Thomsen (coroada em 2003, depois que a titular perdeu o concurso por ser casada, o que vai contra o regulamento), definiu os últimos sete anos e meio. Após quase uma década fora do Brasil, ela voltou para Santa Catarina no início de novembro, quando foi “resgatada pela família”, como afirmou em entrevista exclusiva para os veículos do Grupo RBS. Taíza desabafou sobre o que a fez sair do Brasil e passar vários anos sem dar informações sobre seu paradeiro. Com sotaque carregado, depois de tanto tempo vivendo em Londres, ela afirma que deixou o país de origem temendo ser morta pelo ex-namorado.  Na época, a ex-miss trabalhava como modelo no estado de São Paulo.
“Eu fui pública, eu fui uma miss e tenho que dar satisfação agora”. Essa é a justificativa para acabar com o silêncio sobre o passado. Desde o dia 2 de novembro, quando desembarcou novamente no Brasil, esta foi a primeira entrevista da ex-miss.
Filha mais nova de uma família de dois irmãos, Taíza é natural de Joinville, no Norte catarinense. Aos 14 anos, começou a perseguir a carreira de modelo. Após ser coroada Miss Brasil, morou um tempo no Rio de Janeiro, voltou para a cidade natal e mudou-se para São Paulo em 2005. Alguns meses depois, viajou para Londres, quando tinha 23 anos de idade.

A ex-miss chegou a ser procurada pela Polícia Federal e Interpol, após a família denunciar seu desaparecimento em 2006, depois de um longo período sem dar notícias. Quando descobriu, ela entrou em contato com os investigadores e pediu para não ser incomodada. “Eu falei aquilo porque queria proteger a minha família”, comenta. Notícia que iniciou uma verdadeira caçada. Ela conta que sua foto foi estampada em jornais e revistas de todo o mundo. Em Londres, um tablóide de distribuição gratuita ofereceu recompensa de 50 mil libras na época, para quem encontrasse Taíza.

Fuga do Brasil
Com sotaque carregado depois de tanto tempo fora do Brasil, Taíza recorda o que a fez deixar o país de origem. Era abril de 2006. Depois de terminar um relacionamento tumultuado, Taíza diz que passou a ser ameaçada de morte pelo ex-namorado. Ela conta que uma amiga, que se dizia vidente, sugeriu que a jovem, com então 23 anos, deixasse o Brasil por cerca de dois meses, para que as coisas se acalmassem. “Ela pagou minha passagem e disse que um amigo me receberia. Ela dizia que se eu ficasse, iria morrer”, conta a modelo que garante ter deixado o país por temer por sua vida e da família.
Ao chegar em Londres, a garota foi recepcionada por um belga que se disse amigo da mulher brasileira. “No começo, ele me tratou bem. Foi um verdadeiro cavalheiro. Eu me envolvi, era jovem e inocente”. Após desembarcar na capital inglesa, a ex-miss conta que foi levada para a Bélgica, onde passou a morar na mesma casa do homem. “Ele não me dava comida, nem água. Eu precisava catar comida no lixo, para matar a fome. Depois, ele começou a me deixar trancada e espancar”, afirma. “Eu descobri a senha do computador dele e vi que ele estava envolvido com prostituição e percebi o rolo em que eu estava. Foi aí que decidi fugir”.

Cerca de dois meses depois, ele a levou de volta a Londres. “Pelo o que eu ouvi ele falar ao telefone, iria me entregar para outra pessoa. Ele me deu cem libras para passar a imigração e eu não devolvi”, relata. Na estação de trem, Taíza conta que conseguiu escapar.
Ela também ressalta que, toda vez que buscava retornar ou buscar ajuda, esta pessoa a aconselhava a desistir. “Ela perguntava se eu preferia ficar ou morrer”.
Pai de Taíza foi buscá-la em Londres (Foto: Janara Nicoletti/G1)Pai de Taíza foi buscar a filha em Londres (Foto: Janara Nicoletti/G1)
Isolamento
Nos sete anos e meio em que morou na Inglaterra, a joinvillense diz ter trabalhado como faxineira, babá, garçonete e lavadeira de pratos em restaurantes. Chegou a ficar escondida sem ver a cor da rua por um ano, depois que passou a ser procurada pelo mundo todo, pela notícia do desaparecimento. Viveu ilegalmente sem quase nenhum contato com a família. Foi ameaçada e agredida, diz ela.

Conta ter sido alvo de boatos e afirmações caluniosas a seu respeito aqui no Brasil. Declarações de que estaria envolvida com prostituição, uso de drogas e em relacionamentos amorosos com políticos da região onde é natural foram veiculadas pela mídia nacional e internacional. Um dos veículos de comunicação que noticiou as primeiras informações a respeito foi processado. O advogado da denunciante pede a retirada da matéria veiculada na internet e a reparação dos danos morais causados a Taíza e à família dela. A audiência de instrução está marcada para o dia 26 de novembro, em Joinville. “Nosso objetivo é garantir à Taíza que ela tenha um respaldo e que possa resgatar a dignidade dela”, comenta o advogado Carlos Adauto Virmond Vieira.
Taíza falou ao lado do pai e do advogado (Foto: Janara Nicoletti/G1)Taíza falou ao lado do pai e do advogado
(Foto: Janara Nicoletti/G1)
Por causa dessas denúncias, ela afirma ter sido agredida por um namorado italiano, ao longo de quase cinco anos. Segunda Taíza, ele viu uma reportagem com a repercussão das notícias divulgadas no Brasil e, a partir de então, passou a ameaçá-la. Em um episódio, ela diz que levou uma martelada na cabeça. “Eu não tive um dia que tive felicidade. Eu olhava no espelho e me perguntava: ‘qual é o motivo para viver?’ Eu me envolvi em uma cilada após a outra e só estou aqui porque meu pai me buscou na Inglaterra”, desabafa a joinvillense que inventou uma nova identidade, para se esconder da imigração, dos boatos e das ameaças. “Eu tinha vários nomes. Fazia anos que não ouvia o meu verdadeiro”.

Entre 14 de abril de 2006 e novembro de 2013, Taíza viveu como imigrante ilegal na capital inglesa. Ela afirma que tinha medo de pedir ajuda às representações brasileiras no Brasil, por causa dos boatos envolvendo seu nome aqui. Falar com a família era raridade, especialmente, porque ela tinha medo de represálias do ex-namorado.
Em meados de 2008, ela conheceu uma família que começou a ajudá-la. Foi então que a jovem retomou o contato com a família e começou a ser encorajada a contar sua história. O reencontro com os pais foi apenas em setembro de 2012, quando eles e um casal de tios foram encontrá-la. “Faz um ano que a gente foi pra lá e marcamos a data para ela voltar”, comenta o pai, Antônio Severina. Ele afirma que o prazo estabelecido foi para a filha se adaptar com a ideia e ganhar forças.

Agora, de volta ao Brasil, ela espera recomeçar a vida. “Eu não pude me defender pelas coisas que aconteceram comigo aqui. Agora quero buscar justiça e recomeçar minha vida”, concluiu a ex- miss Brasil
.
by G1

A fantástica máquina de fazer pobres da dra. Vera


Imaginem um programa social que diminui o índice de internação de crianças doentes em 90%, aumenta a sua frequência escolar em 92% e praticamente dobra a renda familiar dos seus pais. Pois foi isso que três pesquisadores da Universidade de Georgetown encontraram aqui no Brasil, quando decidiram estudar os efeitos a médio e longo prazo do Saúde Criança, uma ONG carioca especializada em transformar miseráveis em pobres, na perfeita definição da sua fundadora. 
Parece um jogo de palavras espirituoso, mas fala de dois universos onde o tudo e o nada seguem rumos separados. A diferença entre a miséria e a pobreza é praticamente intransponível para quem está na miséria; não há horizontes ou esperança nesse mundo. Na pobreza, contudo, já se permitem sonhos e, eventualmente, realizações. Na pobreza há luz no fim do túnel; na miséria, só trens vindos em direção contrária.
Vera Cordeiro descobriu essa fronteira quando trabalhava no Hospital da Lagoa. Crianças eram internadas, tinham alta, iam para casa — e logo estavam de volta ao hospital, em condições ainda piores, num ciclo vicioso que, quase sempre, só terminava com a morte dos pequenos pacientes. Claro: ir para casa significa voltar para as condições insalubres que os tinham feito adoecer. Significava falta de medicação, de cuidados, de comida. Ela chegou à conclusão de que era virtualmente impossível tratar das crianças sem tratar das suas famílias e do seu entorno. E foi à luta.
Trabalhando com voluntárias, correndo atrás de donativos e de parceiros, ela traçou um plano de ação e passou a atacar a miséria em várias frentes: dando remédios e alimento para as crianças, mas também reformando os seus barracos infectos, ensinando um ofício às mães e, muitas vezes, obtendo documentos para famílias inteiras que não existiam oficialmente.
Deu tão certo que hoje o Saúde Criança — que começou como Renascer, mas mudou de nome no meio do caminho para não ser confundido com a famigerada igreja — virou franquia social, e está presente em sete estados brasileiros, sendo que, em Minas Gerais, virou política de governo. A organização ganhou todos os prêmios mundiais do setor, é exemplo no mundo inteiro e chamou a atenção de Muhammad Yunus, o banqueiro bengali que ganhou o Prêmio Nobel da Paz pela concepção do conceito de microcrédito.
Dentro deste quadro de sucesso, faltava calcular, em números concretos, o efeito a longo prazo da atuação do Saúde Criança. Não é segredo para ninguém que a metodologia funciona; afinal, as voluntárias e voluntários ficam ligados às famílias que atendem, e volta e meia têm notícias delas mesmo depois que se desligam do programa. Mas haveria como medir o seu impacto?
Sim, havia. Há três anos, os pesquisadores Daniel Ortega Nieto, James Habyarimana e Jennifer Tobin, da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, passaram a acompanhar e comparar 127 famílias assistidas pelo SC com outras tantas que não foram beneficiadas. O resultado do seu trabalho, divulgado no mês passado, foi surpreendente. O tempo médio de internação hospitalar das crianças caiu de 62 dias por ano para nove. A renda familiar per capita passou de R$ 566 para R$ 1.087. Houve também um aumento notável na porcentagem de adultos empregados, de 54 por cento na entrada para 70 por cento até cinco anos após a participação no programa. Esse índice é atribuído aos cursos profissionalizantes promovidos pelo Saúde Criança.
A percepção de bem-estar das famílias é eloquente: ao entrar no programa, 56 por cento definiam a sua situação como ruim ou muito ruim. Passados três anos, esse índice caiu para pouco mais de 15 por cento — enquanto 51,2 por cento passaram a se achar em situação boa ou muito boa, contra os 9,6 anteriores.
Como disse uma das mães atendidas:
“Quando você chega aqui você está triste, abatida, sem esperança. Aqui eles ensinam a gente a andar com a cabeça erguida.”
Pois é.
Isso também é Brasil, mas no meio de tantas notícias ruins protagonizadas por elementos torpes, nem sempre nos lembramos dos pequenos milagres que acontecem todos os dias, promovidos por brasileiros que honram o seu país.
o O o
E agora, os nossos comerciais: o Saúde Criança está participando do “Skoll Foundation social entrepreneurs challenge”, um desafio internacional para arrecadação de recursos online promovido pela Fundação Skoll, que investe em empreendedores sociais ao redor do mundo.
Entre as 57 instituições escolhidas, há apenas duas brasileiras (a outra é o CDI, o Comitê para Democratização da Informática, muito bem colocado graças à doação de um trabalho do Vik Muniz). O Saúde Criança está em sétimo lugar, e precisa melhorar a posição para garantir uma parte no prêmio de 250 mil dólares que será repartido entre as ONGs que mais arrecadarem.
O desafio termina no próximo dia 22 de novembro. Até lá, é só ir ao site, que fica em crowdrise.com/SaudeCrianca, e fazer a sua doação. Doe o valor de uma manicure, por exemplo, ou de um jantar: não vai fazer falta a você, e vai ajudar muito a uma causa que é nobre e digna de apoio.

(O Globo, Segundo Caderno, 7.11.2013)

Ativista que se acorrentou a portão do Instituto Royal é encontrada morta

11/11/2013 às 11h30 (Atualizado em 11/11/2013 às 14h46)
Polícia investiga o caso e evita adiantar hipóteses, mas há a suspeita de suicídio


Ativista Julia Colle se acorrentou ao portão do Instituto Royal dias antes da invasão do local, no mês passadoMontagem/Reprodução Facebook

Uma 
ativista que esteve acorrentada a portão do Instituto Royal dias antes da invasão do local, ocorrida no dia 18 de outubro, foi encontrada morta neste domingo (10) em São Roque, no interior de São Paulo. Julia Colle era conhecida pelo seu ativismo em favor dos animais e, segundo a polícia, a principal suspeita é de suicídio.
Com base no boletim de ocorrência, ao qual a reportagem do R7 teve acesso, Julia, o namorado e uma amiga passaram a noite de sábado (9) em uma festa em Cotia, da qual retornaram na manhã de domingo. Já em São Roque, teriam feito “uso de bebidas alcóolicas e drogas”. Ainda de acordo com a polícia, as testemunhas foram dormir em seguida e Julia teria ficado acordada.
Horas mais tarde, por volta das 16h, o namorado da ativista recebeu uma mensagem pelo celular, na qual Julia dizia que faria uma besteira. O rapaz então seguiu para a casa, onde estava a ativista e uma amiga. Ambos foram ao quarto de Julia, onde estava o corpo dela. O boletim de ocorrência aponta que a ativista “estava enforcada com uma gravata presa à janela”.
O corpo foi enviado para exames em Sorocaba e deve ser velado ainda hoje em São Roque ou Mairinque. A localização ainda aguarda definição da família da ativista. Nas redes sociais, amigos de Julia e a própria mãe da jovem suspeitam da tese de suicídio.
A reportagem do R7 procurou o delegado Marcelo Sampaio Pontes, responsável pelas investigações, mas ele preferiu não falar em linhas de investigação neste momento. O namorado e a amiga que estava com Julia na casa já foram ouvidos e outras testemunhas devem ser convocadas a depor sobre o caso.
by R7

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