sábado, 10 de agosto de 2013

O que é Deep web


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Analogia do iceberg, bastante utilizada para mostrar o tamanho da Deep Web (parte imersa) em relação ao da Surface Web (parte emersa)
Deep Web (também chamada de DeepnetWeb InvisívelUndernet ou Web oculta) se refere ao conteúdo da World Wide Web que não faz parte da Surface Web, a qual é indexada pelosmecanismos de busca padrão.
Não deve ser confundida com a dark Internet, na qual os computadores não podem mais ser alcançados via Internet, ou com a Darknet, rede de compartilhamento de arquivos.
Mike Bergman, fundador da BrightPlanet1 e autor da expressão2 , afirmou que a busca na Internet atualmente pode ser comparada com o arrastar de uma rede na superfície do oceano: pode-se pescar um peixe grande, mas há uma grande quantidade de informação que está no fundo, e, portanto, faltando. A maior parte da informação da Web está enterrada profundamente em sites gerados dinamicamente, a qual não é encontrada pelos mecanismos de busca padrão. Estes não conseguem "enxergar" ou obter o conteúdo na Deep Web - aquelas páginas não existem até serem criadas dinamicamente como resultado de uma busca específica. A Deep Web possui um tamanho muito superior ao da Surface Web.

    Tamanho

    Estimativas baseadas em extrapolações de um estudo feito na Universidade da Califórnia em Berkeley em 20013 especularam que a Deep Web possui 7.500 terabytes de informação. Estimativas feitas por He et al.4 , em 2004, detectaram cerca de 300.000 sites da deep web e, de acordo com Shestakov, cerca de 14.000 destes eram da parte russa da Web em 2006.5 Em 2008, a web chamada “Deep Web”, não ref­er­en­ci­ada pelos motores de busca rep­re­senta 70 a 75% do total, ou seja, cerca de um tril­hão de pági­nas não indexadas.

    Nomenclatura

    Para referir-se aos websites que não estavam registrados em nenhum mecanismo de busca.3 Bergman citou um artigo de janeiro de 1996 porFrank Garcia, no qual ele afirma que estes6

    "Seriam sites projetados propositalmente, mas que não se teve o interesse de registrá-lo em nenhum mecanismo de busca. Então, ninguém pode encontrá-los! Estão escondidos. Eu os chamo de Web Invisível."
    Outro uso antigo do termo Web Invisível foi feito por Bruce Mount e Matthew B. Koll do Personal Library Software, descrevendo a ferramenta da deep Web "@1", na edição de dezembro de 1996.7
    O primeiro uso do termo específico deep Web, agora reconhecido, ocorreu no estudo de 2001 de Berman, mencionado anteriormente.3

    Classificação

    Wikileaks começou nadeep web, logo depois seu conteúdo foi disponibilizado na surface web.
    O conteúdo da deep web pode ser classificado em uma ou mais das seguintes categorias:
    • Conteúdo dinâmicopáginas dinâmicas que são retornadas em resposta a uma requisição ou através de um formulário.
    • Conteúdo isolado: páginas que não possuem referências ou ligações vindas de outras páginas, o que impede o acesso ao seu conteúdo através de web crawlers. Diz-se que essas páginas não possuembacklinks.
    • Web privada: sites que exigem um registro e um login (conteúdo protegido por senha).
    • Web contextual: páginas cujo conteúdo varia de acordo com o contexto de acesso (por exemplo, IP do cliente ou sequência de navegação anterior). Muitos sites estão escondidos e não há possibilidade de acesso, propositalmente.
    • Conteúdo de acesso limitado: sites que limitam o acesso às suas páginas de modo técnico (usandoCAPTCHAs por exemplo).
    • Conteúdo de scripts: páginas que são acessíveis apenas por links gerados por JavaScript, assim como o conteúdo baixado dinamicamente através de aplicações em Flash ou Ajax.
    • Conteúdo não-HTML/texto: conteúdo textual codificado em arquivos multimídia (imagem ou vídeo) ou formatos de arquivo específicos que não são manipulados pelos motores de busca.
    • Conteúdo que utiliza o protocolo Gopher ou hospedado em servidores FTP, por exemplo, não é indexado pela maioria dos mecanismos de busca. O Google, por exemplo, não indexa páginas fora dos protocolos HTTP ou HTTPS.8

    sexta-feira, 9 de agosto de 2013

    'Ele não é ameaça', diz juíza sobre alta do acusado de matar cartunista

    09/08/2013 13h01 - Atualizado em 09/08/2013 18h52


    Justiça autorizou Cadu a ir para casa, após três anos de internação.
    Ele confessou ter matado o cartunista e o filho Raoni, em São Paulo.

    Paula ResendeDo G1 GO

    suspeito de matar glauco (Foto: Reprodução/TV Globo)Carlos Eduardo em 2010, quando foi preso no
    Paraná(Foto: Reprodução/TV Globo)
    A juíza Telma Aparecida Alves, que determinou a alta médica de Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, de 27 anos, assassino confesso do cartunista Glauco Vilas Boas e do filho dele, Raoni Vila Boas, afirmou que o acusado correspondeu ao tratamento psiquiátrico para esquizofrenia. "Ele consegue viver como uma pessoa comum, não é uma ameaça. O que gerou o problema foi a doença, que está controlada", declarou a magistrada da 4ª Vara de Execuções Penais de Goiânia, em entrevista ao G1.
    Telma Aparecida explicou que os médicos que acompanham Cadu tinham diagnosticado que ele podia voltar para casa e passar a fazer tratamento ambulatorial. A partir desse parecer, a juíza solicitou perícia da Junta Médica do Tribunal de Justiça de Goiás, que também se manifestou favorável à liberação do paciente, em junho. O acusado ficou internado por três anos, sendo que foi transferido para a capital goiana em outubro do ano passado.
    Ao G1, a Secretaria Estadual de Saúde não informou se Carlos Eduardo já deixou a clínica particular em que foi internado, com supervisão do Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator (Paili). Como o processo corre em segredo de Justiça, o hospital também não comentou sobre a alta do paciente. Já o advogado de Cadu, Gustavo Badaró, está viajando e, segundo a sua secretária, ele não tem como dar entrevista.
    Inimputável
    Acusado de duplo homicídio, Carlos Eduardo não foi julgado porque a Justiça o considerou inimputável, ou seja, incapaz de perceber a gravidade de seus atos. "Quem tem a doença não sabe, não tem noção do que faz. Ele é louco. Ele foi absolvido, é considerado inimputável, não pode sofrer pena. A medida de segurança foi aplicada por conta da doença", ressaltou Telma Aparecida.
    A magistrada reforça que, se uma pessoa não é julgada, não deve ficar isolada da sociedade. "Não justifica absolver a pessoa e prendê-la em um manicômio".
    Telma Aparecida esclareceu que continuará a acompanhar o caso. Inclusive, o acusado pode voltar a ser internado em uma clínica psiquiátrica. "Vamos acompanhar com psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais. Ele [Cadu] deve comparecer à clinica todo mês para avaliação. Se apresentar comportamento agressivo, ele pode ser novamente internado". No entanto, ela pontua que a família de Glauco não tem como entrar com recurso dessa decisão.
    •  
    • Não justifica absolver a pessoa e prendê-la em um manicômio"
    Telma Alves,
    juíza
    A juíza ressalta que a proposta do Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator é o "melhor tratamento". Ela lembra que a maioria das pessoas com problemas mentais tem respondido bem ao procedimento. O Paili ficará responsável pelo monitoramento sistemático e deverá informar todo o processo terapêutico à Justiça.
    Crime
    Glauco e o filho foram assassinados em 12 de março de 2010, no sítio onde o cartunista morava, em Osasco (SP). O rapaz invadiu e atirou contra as vítimas.
    Cadu frequentava a Igreja Céu de Maria, fundada por Glauco, que segue a doutrina religiosa do Santo Daime. No dia do crime, o jovem estaria sob efeito de maconha e haxixe.
    O jovem também foi acusado de três tentativas de homicídio contra agentes federais, roubo, porte de arma com numeração raspada e tortura. Preso na Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu (PR), ao tentar fugir para o Paraguai, acabou indo para o Complexo Médico Penal do Paraná. Em 23 de outubro do ano passado, ele foi transferido para Goiânia.

    Artistas acusam grupo base da Mídia Ninja de estelionato, retenção de cachê e outros crimes

    Denúncias ao Fora do Eixo, liderado por Pablo Capilé, foram impulsionadas pelo depoimento da cineasta Beatriz Seigner

    Raquel Carneiro
     O produtor cultural do grupo Mídia Ninja Pablo Capilé participa do programa Roda Viva, da TV Cultura, realizado na sede da emissora em São Paulo
    O produtor cultural do grupo Mídia Ninja Pablo Capilé no programa Roda Viva, da TV Cultura, realizado na sede da emissora em São Paulo (Alice Vergueiro/Futura Press/Folhapress)
    Usurpação do trabalho de artistas, retenção de cachês, utilização de mão de obra não remunerada, estelionato e até manipulação sexual são algumas das muitas acusações que despontaram na última semana relacionadas ao grupo Fora do Eixo, coletivo cultural liderado por Pablo Capilé e cerne da Mídia Ninja. As denúncias foram impulsionadas pelo depoimento da cineasta Beatriz Seigner, diretora do filme Bollywood Dream – O Sonho Bollywoodiano, postado em sua página pessoal do Facebook na última quarta-feira.
    O longo desabafo relata como a cineasta inicialmente se encantou com o discurso de democratização da cultura do Fora do Eixo, e como mais tarde descobriria que a prática não era assim tão coerente com a teoria. Beatriz aceitou participar de festivais em que seu filme era exibido, alguns possuíam patrocinador e cachê, porém os valores não eram repassados a ela. O descaso com seu trabalho ficou ainda mais claro quando ouviu de Capilé que artistas não mereciam pagamento, e que os mesmos eram apenas 'dutos", "os canos por onde passam o esgoto".
    A indignação levou Beatriz a divulgar os bastidores do Fora do Eixo, o que serviu de inspiração para que outros artistas e ex-colaboradores fizessem o mesmo.  
    Ameaças e cachês simbólicos - Em atividade desde 2005, o grupo é conhecido no cenário da cultura independente e ganhou verniz com a repercussão da Mídia Ninja. Além deste, o Fora do Eixo possui outros braços como uma “universidade livre”, apoiada pela Petrobrás; um selo musical, que possui incentivo do Ministério da Cultura; o embrião de um partido político, chamado de Partido Fora do Eixo; e também casas espalhadas pelo Brasil onde vivem jovens que não pagam aluguéis e trabalham em prol do grupo sem receber salário. No entanto, recebem como remuneração uma moeda virtual chamada de Cubo Card, que pode ser utilizada em troca de serviços de parceiros do grupo.   
    Beatriz Seigner relata que foi informada sobre a existência da tal “moeda”, porém nunca teve acesso aos serviços oferecidos. O mesmo diz Fernanda Popsonic, vocalista da banda Lucy and the Popsonics, que disse ter sido incentivada por Beatriz a contar sua história.
    “Percebi que esse era o momento de falar, a Beatriz me disse que está recebendo ameaças do grupo, mas agora ninguém pode fazer nada conosco”, disse em entrevista ao site de VEJA. Fernanda vive em Brasília e após alguns contatos com o grupo foi convidada, em 2006, para participar do Festival Calango em Cuiabá, no Mato Grosso. O Fora do Eixo prometeu pagar as despesas de viagem como um cachê simbólico. A banda viajou, se apresentou e no fim não recebeu a ajuda de custo prometida. “Recebi um ano depois porque ‘escandalizei’ na internet”, diz Fernanda. “Os artistas independentes entendem quando o produtor não pode pagar. Mas no caso do Fora do Eixo não dá para entender como uma associação que entra em editais, que tem patrocínios de empresas diversas, que recebe dinheiro público do governo não paga os músicos? Isso é trabalho escravo.”
    Desapontada, Fernanda deixou de fazer parcerias com o grupo e contou sua experiência para um jornalista, em 2007. Antes de a reportagem ser publicada, a artista recebeu um telefonema de um integrante do Fora do Eixo que ela prefere não identificar, avisando que se a denúncia fosse publicada, sua banda chegaria ao fim e nenhum festival ou casa de show no país os aceitaria novamente. “Liguei para o jornalista que compreendeu e não publicou minha entrevista, mas agora não tenho mais medo de falar. Não dependo do Fora do Eixo para viver.”
    Outro artista que afirma ter sido enganado pelo grupo foi Daniel Peixoto, cantor conhecido pela música Olhos Castanhos, trilha sonora da novela Lado a Lado. Daniel se envolveu com o Fora do Eixo quando ainda fazia parte da dupla Montage, em 2007, e participou de diversos festivais organizados pelo Fora do Eixo.
    Por cada apresentação, a banda recebia cachês simbólicos no valor de 300 reais, quantia que no fim era dividida por seis pessoas. Envolvido no discurso da organização, o cantor afirma que não se importava com o cachê baixo na época, porém se frustrou em 2011, quando lançou seu primeiro CD solo, custeado de forma independente, e mais tarde comercializado pelo Fora do Eixo, que não repassou nenhum valor ao artista.
    “Gastei cerca de 30 mil reais na produção do CD”, conta Daniel ao site de VEJA. “Eu tinha convites para vários selos, mas topei lançar com o Fora do Eixo Discos, pois queria continuar a história que começamos. Minha grande surpresa foi quando recebi as cópias e percebi que não tinham código de barras”, diz o cantor. Segundo Daniel, cerca de mil exemplares do CD ficaram com o Fora do Eixo, e até hoje os mesmos são comercializados em banquinhas montadas nos festivais. “Fui enganado, eles me prometeram uma coisa e fizeram outra”, diz Daniel.
    O caso é ainda mais grave pelo fato de que as músicas do álbum foram registradas pelo IRSC (código padrão internacional de fonogramas) de um selo parceiro da Fora do Eixo no nome de outras bandas, e não pelo cadastro de Daniel. Por esse motivo, o artista não é considerado o “dono” de suas canções e não recebe os direitos autorais delas, até mesmo da música que foi trilha sonora da novela global.
    Por dentro do eixo - Enquanto os depoimentos de pessoas como Daniel, Fernanda e Beatriz começam a circular, indivíduos que apoiam a causa se manifestaram a favor do Fora do Eixo. Entre estas manifestações estão, claro, os depoimentos públicos de Pablo Capilé, que se disse aberto para o debate e para perguntas. O líder da organização chegou a postar, na última sexta-feira, um texto com links de testemunhos felizes de pessoas que são parte do Fora do Eixo. O mesmo post foi apagado por ele duas horas mais tarde. Outro envolvido com a Mídia Ninja, Bruno Torturra, defendeu a organização e o amigo, e se disse “deprimido” com o que estava vendo na rede.
    Nem a depressão de Torturra ou a volubilidade de Capilé ao decidir o que fica ou não em seu mural do Facebook foram suficientes para abafar as diversas acusações feitas na rede, entre elas a de Lais Belini, que morou por 9 meses na Casa Fora do Eixo em São Paulo. No saldo, Laís abandonou a faculdade por causa do Fora do Eixo, chegou a trabalhar 18 horas por dia sem receber salário, era proibida de se relacionar com pessoas de fora do grupo, enfrentou situações abertas de sexismo dentro da casa, além de descobrir que uma das maneiras de “cooptar” pessoas para o trabalho era através de membros escolhidos em reuniões que deveriam se aproximar e demonstrar interesse amoroso no alvo. Lais relatou também a dificuldade que é sair do grupo e que alguns dos que conseguiram precisaram de ajuda psicológica para superar o período vivido ali. “O Fora do Eixo é uma das estruturas mais engessadas que eu conheço na minha vida, ditatorial diria eu”, diz a jovem em um trecho de seu texto.
    A mesma opinião é compartilhada por Fernanda Popsonic, que não entende como um grupo que se diz apoiador da cultura e de uma mídia imparcial e sem laços, pode possuir um líder com vezo autoritário, ter estreito envolvimento com partidos políticos e participar de campanhas eleitorais. “Eles falam sobre serem livres de pensamento, mas não é nada disso. Os debates do Fora do Eixo possuem uma nota só. Todos tem que ter a mesma opinião. Senão você não é bem-vindo”, diz Fernanda.

    Cineasta rompe o silêncio e denuncia como trabalha o “Fora do Eixo”, a seita que está na raiz da “Mídia Ninja”: ela acusa a exploração de mão de obra similar à escravidão, a apropriação indébita do trabalho alheio e ódio à cultura e aos artistas




    Beatriz Seigner: cineasta rompe o silêncio e denuncia os métodos com os quais operam o Fora do Eixo e Pablo Capilé


    Beatriz Seigner é cineasta (“Bollywood dreams — Sonhos bollywoodianos”). Uma rápida pesquisa no Google indica a sua intimidade com a área. Ela postou no Facebook um impressionante depoimento sobre a sua experiência com o tal “Fora do Eixo” — a ONG (ou sei lá que nome tenha) comandada por Pablo Capilé, o chefão do grupo que está na origem da tal “Mídia Ninja”, que vem sendo reverenciada por alguns bobalhões da imprensa como a nova, moderna e mais aguda expressão do jornalismo.
    O depoimento é longuíssimo, mas vale a pena ler. Beatriz sustenta, e os fatos que ela elenca parecem lhe dar razão, que o tal Capilé é uma espécie de chefe de uma seita. O jornalismo investigativo, se quiser, pode fazer a festa. A Mídia Ninja — que parecia tanger todas as cordas do lirismo, coisa de jovens ousados dispostos a afrontar os limites do conservadorismo —, como se pode depreender do texto de Beatriz, é uma máquina ideológica muito bem organizada, azeitada, que obedece ao comando político de um líder acima de qualquer questionamento: Capilé.
    Em seu depoimento, Beatriz acusa o Fora do Eixo — que não tem existência legal e não pode, portanto, ser acionado na Justiça — de:
    - apropriar-se indevidamente do trabalho dos artistas;
    - de explorar uma forma moderna — ou “pós-moderna” — de mão de obra escrava;
    - de passar a patrocinadores públicos e privados informações falsas sobre a real dimensão do Fora do Eixo;
    - de ameaçar as pessoas que tentam se desligar do grupo.
    Uma seita
    Eu, confesso, ignorava — e não havia lido isso em lugar nenhum — que o Fora do Eixo mantém “casas”, onde, vejam só, moram pessoas mesmo, mais ou menos como essas seitas religiosas que estimulam os jovens a abandonar a família.
    Segundo Beatriz, esses moradores não recebem salário nenhum — vivem com o que lhes fornece o “coletivo” — e se dedicam integralmente ao Fora do Eixo: não têm individualidade, não assinam seus trabalhos, não põem sua marca pessoal em nada. Se deixam a casa, saem sem nada.
    Isso tem explicação. A cineasta acusa Capilé de ter enorme desprezo pela arte e pelos artistas — parece que esse rancor é especialmente devotado aos livros (“uma tecnologia ultrapassada”), em particular aos clássicos. Os abduzidos do Fora do Eixo, que entregam graciosamente a sua mão de obra a Capilé, não têm tempo de usufruir de bens culturais nem acham isso necessário: tudo pela causa.

    Capilé: incentivador da cultura ou chefe de uma seita que explora trabalho similar à escravidão?

    Neste primeiro post (ainda volto ao assunto), seleciono alguns trechos do depoimento de Beatriz. Leiam. É estarrecedor.
    O primeiro contato com o “Fora do Eixo”
    Conheci um representante da rede Fora do Eixo durante um trajeto de ônibus do Festival de Cinema de Gramado de 2011, onde eu havia sido convidada para exibir meu filme “Bollywood Dream – O Sonho Bollywoodiano” e ele havia sido convidado a participar de um debate sobre formas alternativas de distribuição de filmes no Brasil. Meu filme havia sido lançado naquele mesmo ano no circuito comercial de cinemas, em mais de 19 cidades brasileiras, distribuído pela Espaço Filmes, e o rapaz me contava de como o Fora do Eixo estava articulando pela internet os cerca de 1000 cineclubes do programa do governo Cine Mais Cultura, assim como outros cineclubes de pontos de cultura, escolas, universidades, coletivos e pontos de exibição alternativos, que estavam conectados à internet nas cidades mais longínquas do Brasil, para fazerem exibição simultânea de filmes com debate tanto presencialmente, quanto ao vivo, por skype. Eu achei a ideia o máximo. Me disponibilizei, a mim e ao meu filme para participar destas exibições (…)
    Remuneração?
    Com relação à remuneração eles me explicaram que aquele ainda era um projeto embrionário, sem recursos próprios, mas que podiam pagá-lo com “Cubo Card”, a moeda solidária deles, que poderia ser trocada por serviços de design, de construção de sites, entre outras coisas. Já adianto aqui que nunca vi nem sequer nenhum centavo deste cubo card, ou a plataforma com ‘menu de serviços’ onde esta moeda é trocada. E fiquei sabendo que algumas destas exibições com debate presencial no interior de SP seriam patrocinadas pelo SESC – pois o SESC pede a assinatura do artista que vai fazer a performance ou exibir seu filme nos seus contratos, independente do intermediário. E só por eles pedirem isso é que fiquei sabendo que algumas destas exibições tinham sim, patrocinador. Fui descobrir outros patrocinadores nos pôsteres e banners do Grito Rock de cada cidade. Destes eu não recebi um centavo.
    Os sustos de Beatriz
    Meu primeiro susto foi quando perguntaram se podiam colocar a logomarca deles no meu filme – para ser uma ‘realização Fora do Eixo’, em seu catálogo. Eu disse que o filme havia sido feito sem nenhum recurso público e que a cota mínima para um patrocinador ter sua logomarca nele era de 50 mil reais. Eles desistiram.
    O segundo susto veio justamente na exibição com debate em um SESC do interior de SP, quando recebi o contrato do SESC, e vi que o Fora do Eixo estava recebendo por aquela sessão, em meu nome, e não haviam me consultado sobre aquilo. Assinei o contrato minutos antes da exibição e cobrei do Fora do Eixo aquele valor descrito ali como sendo de meu cachê, coisa que eles me repassaram mais de 9 meses depois, porque os cobrei, publicamente.
    O terceiro susto veio quando me levaram para jantar na casa da diretora de marketing da Vale do Rio Doce, no Rio de Janeiro, onde falavam dos números fabulosos (e sempre superfaturados) da quantidade de pessoas que estavam comparecendo às sessões dos filmes, aos festivais de música, e do poder do Fora do Eixo em articular todas aquelas pessoas em todas estas cidades. Falavam do público que compareciam a estas exibições e espetáculos como sendo filiados a eles. Ou como se eles tivessem qualquer poder sobre este público.
    O mundo do pensador Capilé. Ou: Ele precisa de duto, de esgoto
    Foi aí que conheci pela primeira vez o Pablo Capilé, fundador da marca/rede Fora do Eixo (…). Até então haviam me dito que a rede era descentralizada, e eu havia acreditado, mas imediatamente, quando vi a reverência com que todos o escutam, o obedecem, não o contradizem ou criticam, percebi que ele é o líder daqueles jovens e que, ao redor dele, orbitavam aqueles que eles chamam de “cúpula” ou “primeiro escalão” do FdE.
    (…) Capilé dizia que não deveria haver curadoria dos filmes a serem exibidos neste circuito de cineclubes (…) e que ele era contra pagar cachês aos artistas, pois, se pagasse, valorizaria a atividade dos mesmos e incentivaria a pessoa “lá na ponta” da rede, como eles dizem, a serem artistas e não “DUTO”, como ele precisava. Eu perguntei o que ele queria dizer com “duto”, ele falou sem a menor cerimônia: “Duto, os canos por onde passam o esgoto”.
    Eu fiquei chocada. Não apenas pela total falta de respeito por aqueles que dedicam a maior quantidades de horas de sua vida para o desenvolvimento da produção artística (e, quando eu argumentava, isso ele tirava sarro dizendo “todo mundo é artista”’ao que eu respondia “todo mundo é esportista também”)
    (…)
    Ódio à cultura e aos livros
    E o meu choque, ao discutir com o Pablo Capilé, foi ver que ele não tem paixão alguma pela produção cultural ou artística, que ele diz que ver filmes é “perda de tempo”, que livros, mesmo os clássicos (que continuam sendo lidos e necessários há séculos), são “tecnologias ultrapassadas” e que ele simplesmente não cultiva nada daquilo que ele quer representar. Nem ele nem os outros moradores das casas Fora do Eixo (já explico melhor sobre isso).
    Ou seja, ele quer fazer shows, exibir filmes, peças de teatro, dança, simplesmente porque estas ações culturais/artísticas juntam muita gente em qualquer lugar, que vão sair nas fotos que eles tiram e mostram aos seus patrocinadores dizendo que mobilizam “tantas mil pessoas” junto ao poder público e privado, e que por tanto, querem mais dinheiro, ou privilégios políticos.
    A manipulação
    Vejam que esperto: se Pablo Capilé disser que vai falar num palanque, não iria aparecer nem meia-dúzia de pessoas para ouvi-lo, mas se disserem que o Criolo vai dar um show, aparecem milhares. Ou seja, quem mobiliza é o Criolo, não ele. Mas, depois, ele tira as fotos do show do Crioulo, e vai na Secretaria da Cultura dizendo que foi ele e sua rede que mobilizou aquelas pessoas. E assim, consequentemente, com todos os artistas que fazem participação em qualquer evento ligado à rede FdE. Acredito que, como eu, a maioria destes artistas não saiba o quanto Pablo Capilé capitaliza em cima deles e de seus públicos.
    As planilhas
    [Capilé] diz que as planilhas do orçamento do Fora do Eixo são transparentes e abertas na internet, sendo isso outra grande mentira deslavada — tais planilhas não se encontram na internet, nem os próprios moradores das casas Fora do Eixo as viram ou sabem onde estão. Em recente entrevista no Roda Viva, Capilé disse que arrecadam entre 3 e 5 milhões de reais por ano. Quanto disso é redistribuído para os artistas que se apresentam na rede? O último dado que tive é que o Criolo recebia cerca de 20 mil reais para um show com eles, enquanto outra banda desconhecida não recebe nem 250 reais, na casa FdE São Paulo.
    Os patrocinadores
    Mas seria extremamente importante que os patrocinadores destes milhões exigissem o contrato assinado com cada um destes artistas, baseado pelo menos no mínimo sindical de cada uma das áreas, para ter certeza de que tais recursos estão sendo repassados, como faz o SESC.
    A seita tem “casas”. Ou: Trabalho similar à escravidão?
    Depois desse choque com o discurso do Pablo Capilé, ainda acompanhei a dinâmica da rede por mais alguns meses (foi cerca de 1 ano que tive contato constante com eles), pois queria ver se esse ódio que ele carrega contra as artes e os artistas era algo particular dele, ou se estendia à toda a rede. Para a minha surpresa, me deparei com algo ainda mais assustador: as pessoas que moram e trabalham nas casas do Fora do Eixo simplesmente não têm tempo para desfrutar os filmes, peças de teatro, dança, livros, shows, pois estão 24 horas por dia, 7 dias por semana, trabalhando na campanha de marketing das ações do FdE no Facebook, Twitter e demais redes sociais.
    E como elas vivem e trabalham coletivamente no mesmo espaço, gera-se um frenesi coletivo por produtividade, que, aliado ao fato de todos ali não terem horário de trabalho definido, acreditarem no mantra “trabalho é vida” e não receberem salário — e, portanto, se sentirem constantemente devedores ao caixa coletivo, da verba que vem da produção de ações que acontecem “na ponta”, em outros coletivos aliados à rede — faz com que simplesmente, na casa Fora do Eixo em São Paulo, não se encontre nenhum indivíduo lendo um livro, vendo uma peça, assistindo a um filme, fazendo qualquer curso, fora da rede. Quem já cruzou com eles em festivais nos quais eles entraram como parceiros sabem do que estou falando: eles não entram para assistir a nenhum filme, nem assistem/participam de nenhum debate que não seja o deles. O que faz com que, depois de um tempo, eles não consigam falar de outra coisa que não seja deles mesmos.
    (…)
    Expropriação do trabalho
    (…) reparei que aquela massa de pessoas que trabalham 24 horas por dia naquelas campanhas de publicidade das ações da rede FdE não assinam nenhuma de suas criações: sejam textos, fotos, vídeos, pôsteres, sites, ações, produções. Pois assinar aquilo que se diz, aquilo que se mostra, que se faz, ou que se cria é considerado “egóico” para eles. Toda a produção que fazem é assinada simplesmente com a logomarca do Fora do Eixo, o que faz com que não saibamos quem são aquele exercito de criadores, mas sabemos que estão sob o teto e comando de Pablo Capilé, o fundador da marca.
    Sem existência legal
    (…) a marca do fora do Eixo não está ligada a um CNPJ, nem de ONG, nem de Associação, nem de Cooperativa, nem de nada — pois, se estivesse, ele [Capilé] seguramente já estaria sendo processado por trabalho escravo e estelionato (…) por dezenas de pessoas que passaram um período de suas vidas nas casas Fora do Eixo e saem das mesmas ao se deparar com estas mesmas questões que exponho aqui, e outras ainda mais obscuras e complexas.
    Os escravos
    (…) o que talvez seja mais grave: os que moram nas casas Fora do Eixo abdicam de salários por meses e anos — e, portanto, não têm um centavo ou fundo de garantia para sair da rede. Também não adquirem portfólio de produção, uma vez que não assinaram nada do que fizeram lá dentro – nem fotos, nem cartazes, nem sites, nem textos, nem vídeos. E, portanto, acabam se submetendo àquela situação de escravidão (pós)moderna simplesmente porque não veem como sobreviver da produção e circulação artística fora da rede.
    Capilé incentiva que se abandone a universidade
    Muitas destas pessoas são incentivadas pelo próprio Pablo Capilé a abandonar suas faculdades para se dedicarem integralmente ao Fora do Eixo. Quanto menos autonomia intelectual e financeira estas pessoas tiverem, melhor para ele.
    Medo da retaliação: o poder de Capilé
    E, quando algumas destas pessoas conseguem sair, pois têm meios financeiros independentes da rede FdE para isso, ficam com medo de retaliação, pois veem o poder de intermediação que o Capilé conseguiu junto ao Estado e aos patrocinadores de cultura no país, e temem ser “queimados” com estes. Ou mesmo sofrer agressões físicas. Já três pessoas me contaram ouvir de um dos membros do FdE, ao se desligarem da rede, ameaças tais quais “você está falando demais, se estivéssemos na década de 70 ou na Faixa de Gaza, você já estaria morto/a.” Como alguns me contaram, “eles funcionam como uma seita religioso-política, tem gente ali capaz de tudo” na tal ânsia de disputa por cada vez mais hegemonia de pensamento, por popularidade e poder político, capital simbólico e material, de adeptos. Por isso se calam.
    (…)
    Por Reinaldo Azevedo

    Laudo internacional, afirma que, ferimentos encontrados no pescoço de Isabela Nardoni, comprovam que foram feitos durante a queda. E não por mãos humanas, como inicialmente divulgado.

    Edição do dia 09/08/2013
    09/08/2013 10h26 - Atualizado em 09/08/2013 10h26

    Perito da defesa diz que Isabella 



    Nardoni não foi estrangulada



    Um novo laudo encomendado pela defesa garante que as marcas no pescoço de Isabella, morta em março de 2008, não são de mãos humanas.


    A defesa do casal Nardoni apresentou um novo laudo sobre o assassinato da menina Isabella, encontrada morta há cinco anos. Segundo um perito contratado pela defesa, a menina não foi estrangulada por nenhum dos dois condenados pelo crime.
    Isso pode mudar a sentença. Para o promotor do caso, é muito difícil que isso aconteça. O casal Nardoni está preso desde 2010 cumprindo pena pela morte da filha Isabella.
    A novidade no caso Nardoni veio cinco anos depois da morte da menina Isabela Nardoni. O novo laudo de 65 páginas foi encomendado pela defesa ao diretor do Instituto de Engenharia Biomédica da Universidade George Washington. Ele garante que as marcas no pescoço de Isabela Nardoni não são de mãos humanas.
    "O laudo é muito claro em dizer não foram produzidos nem pelas mãos de Anna nem de Alexandre e muito menos por qualquer coisa que se assemelhe a mãos, não é uma mão", declara Roselle Soglio, advogada de defesa.
    O que teria causado o ferimento? "Me parece ter sido da queda, tão somente da queda”, diz Reselle.
    O perito apresentou uma animação, com os desenhos das mãos de Anna Carolina Jatobá, madrasta de Isabela, e de Alexandre Nardoni, o pai. A conclusão é a de que elas não são compatíveis com os ferimentos encontrados no pescoço da menina. 
    Isabela foi encontrada em março de 2008 no jardim do prédio onde moravam Alexandre e Anna Carolina. Em 2010 eles foram condenados pelo crime, e recorrem da sentença na cadeia. 
    A perita que coordenou os exames do caso criticou o laudo apresentado pela defesa. 
    “Essas agressões não são aquelas que nós imaginamos que estão ali. Os dez dedos bonitinhos que nós podemos identificar, todos eles. Então às vezes encontramos três, dois dedos”, diz Rosangela Monteiro, perita criminal.
    O promotor do caso na época diz que um laudo, feito sob encomenda e com base em fotografias, não acrescenta novas provas ao processo. 
    “E de repente vem uma pessoa do outro lado do mundo, que não teve contato algum com o caso Isabella, pago, contratado para isso, e vem tentar desmoralizar uma prova que foi feita por três legistas sérios, que trabalharam sobre o corpo da menina e tiveram seu trabalho todo apreciado pelo poder judiciário", declara Francisco Cembranelli, procurador de Justiça.
    Um recurso apresentado pela defesa de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá deve ser julgado no dia 15 de agosto, semana que vem. Ele corre em segredo no STJ, o superior Tribunal de Justiça, em Brasília.
    by G1

    Em Alta

    O significado de Amor Fati: estoicismo e o amor ao destino

    "Aceite as coisas às quais o destino o prende e ame as pessoas com quem o destino o une, mas faça isso de todo o coração." - Marcu...

    Mais Lidas