domingo, 26 de março de 2017

8 sinais de que caiu na armadilha de um manipulador emocional



Muitas pessoas percebem na hora que estão sendo manipuladas, pois já passaram por isso e conhecem quais sentimentos são provocados. Alguns, no entanto, têm dificuldade de reconhecer esse tipo de armadilha. O Incrível.club reuniu oito sinais para ajudá-lo a entender que caiu na armadilha. Um manipulador emocional:
Os manipuladores emocionais são mentirosos e extremamente talentosos. Insistem que não fizeram algo que você mesmo acabou de ver ou afirmam que disseram algo que você sabe com certeza que nunca mencionaram. O problema é que eles mentem com tanta habilidade que, no final, você começa a duvidar de própria sanidade. Insistir que todos os problemas são fruto de sua imaginação é uma especialidade dos manipuladores.
Os manipuladores emocionais dizem o que você quer ouvir, mas as suas ações são outra história. Eles sempre dizem que vão dizer que te apoiam, mas, quando chega a hora da mão na massa, fingem que todos os seus pedidos não são sensatos.
Os manipuladores emocionais usam o sentimento de culpa em seus interesses. Ao tentar falar sobre os seus problemas, você vai acabar se sentindo culpado de os incomodar. Se não conta nada, sentirá culpado por manter segredos. Eles fazem com que sinta que tudo o que faz está errado e que todos os problemas são culpa sua.
Os manipuladores emocionais nunca têm culpa de nada. Independentemente do tipo de erro que tenham cometido, o culpado sempre é outra pessoa (provavelmente você). Se você está chateado ou triste, a culpa é das suas expectativas elevadas; se o manipulador está triste, a culpa é sua de tê-lo entristecido. Os manipuladores emocionais não se responsabilizam por nada.
Seja em uma relação pessoal ou comercial, os manipuladores emocionais sempre começam a compartilhar coisas importantes muito rápido e esperam o mesmo de você. Eles fingem ser sensíveis e vulneráveis, mas é uma armadilha. Tendem a fazer isso, para que você se sinta especial ou amigo próximo e para que comece a sentir pena dele e responsável por seu estado emocional.
O desejo inicial de se oferecer para ajudar, rapidamente se transforma em queixas e afirmações de que tudo o que está fazendo é extremamente difícil. O objetivo é fazer você se sentir em dívida com o manipulador.
Não importa o tamanho do seu problema, o manipulador sempre estará pior do que você. Os manipuladores nunca se cansam de lembrar que os seus problemas são muito mais graves. Dessa forma você não tem razão alguma para reclamar.
Se você está preocupado com o seu peso, recebe vários comentários sobre o que come ou sobre o tipo de roupa que veste. Se está preocupado com uma apresentação que terá de fazer, o manipulador irá falar justamente sobre os riscos e lembrar casos de insucesso. Facilmente eles leem as suas emoções, mas sabem usar essa habilidade somente para manipular, sem tentar ajudá-lo a se sentir melhor.
Os manipuladores emocionais podem deixá-lo louco com seu comportamento irracional. Não tente vencê-los em seu jogo. Mantenha uma certa distância emocional e não se deixe cair em suas armadilhas.

domingo, 19 de março de 2017

Papelão e substância cancerígena ou exagero? O que se sabe - e o que é dúvida - na Operação Carne Fraca

REUTERS
Image caption"Eles usam ácidos, outros ingredientes químicos, em quantidades muito superiores à permitida por lei pra poder maquiar o aspecto físico do alimento estragado ou com mal-cheiro", disse o delegado da PF ao deflagrar a operação
Carne com papelão? Vitamina C cancerígena na salsicha? Desde que a Operação "Carne Fraca" da Polícia Federal foi deflagrada na última sexta-feira, as informações se espalharam pela internet e causaram pânico em muitos consumidores.
A BBC Brasil conversou com engenheiros de alimentos e especialistas em carnes para esclarecer o que pode e o que não pode ser adicionado no processamento de carnes e quais as preocupações que a investigação da PF deve despertar no consumidor.
Para alguns deles, a maneira como a operação foi divulgada acabou gerando uma desconfiança "exagerada" sobre a carne brasileira.
"A polícia agiu mal com a maneira como divulgaram tudo. Acho que houve um certo exagero, para precipitar a loucura que foi na imprensa ontem", disse à BBC Brasil o médico veterinário e especialista em carnes Pedro Eduardo de Felício, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp.
A engenheira de alimentos Carmen Castillo, da ESALQ - USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), pontua que alguns ingredientes citados nas acusações, como o ácido ascórbico, são necessários para o processamento dos alimentos e é preciso tomar cuidado para não "demonizá-los".
"Não é problema usar esses ingredientes (em alimentos processados e embutidos), o problema é não respeitar os níveis permitidos na lei", disse à BBC Brasil.
De acordo com a Polícia Federal, esse seria um dos delitos cometidos pelas empresas, que utilizavam ingredientes no processamento de carnes em quantidades acima do que determina a regulamentação.
Salsicha de porco
Image captionCarnes usadas como matéria-prima na produção de embutidos e processados foram a principal fonte de irregularidades encontradas pela PF
"Eles usam ácidos, outros ingredientes químicos, em quantidades muito superiores à permitida por lei pra poder maquiar o aspecto físico do alimento estragado ou com mau cheiro", explicou o delegado da PF responsável pela investigação, Maurício Moscardi Grillo, em entrevista coletiva na sexta-feira.
A operação deflagrada pela PF foi a maior de sua história e revelou que empresas do setor, incluindo as as gigantes JBS e a BRF, adulteravam a carne que vendiam no mercado interno e externo.
A investigação também revelou um esquema de propinas e presentes dados pelos frigoríficos a fiscais do Ministério da Agricultura, que supostamente recebiam para afrouxar a fiscalização e liberar a comercialização de carne vencida e adulterada.
Sobre as acusações, a JBS se manifestou dizendo que "é a maior interessada no fortalecimento da inspeção sanitária no Brasil", ressaltando que "no despacho da Justiça Federal que deflagrou a operação, não há qualquer menção a irregularidades sanitárias ou à qualidade dos produtos da JBS e de suas marcas."
A BRF disse que "apóia a fiscalização do setor e o direito de informação da sociedade com base em fatos, sem generalizações que podem prejudicar a reputação de empresas idôneas e gerar alarme desnecessário na população."

Exagero?

O delegado Grillo explicou os problemas encontrados na carne das empresas investigadas pela operação - que iam desde mudar a data de vencimento e a embalagem de carnes estragadas, que eram usadas como matéria-prima para embutidos, até injetar água em frangos para alterar seu peso e mascarar a deterioração de carnes com o uso de ácido ascórbico.
"São dois anos de análise de fatos, desde utilização de papelão por essas empresas - até essas que já citei de grande porte (JBS e BRF) - para colocar esse tipo de situação em comidas, pra fazer enlatados, e outras coisas que podem prejudicar a saúde humana. (...) Tudo isso mostra que o que interessa para esse grupo é o capitalismo, é o mercado, independente da saúde pública", disse.
"Determinados produtos, cancerígenos até, em alguns casos, eram usados pra poder maquiar as características de um produto estragado ou com cheiro."
Mas alguns especialistas ouvidos pela BBC Brasil avaliam o modo como as informações foram divulgadas como "sensacionalista".
"A divulgação da operação foi muito sensacionalista. Essa é uma questão pontual. Estou nesse mercado, estudando e trabalhando, há 30 anos. Uma das empresas que dirijo importava carne do Uruguai e da Argentinos até 2012. Hoje, 100% da carne que usamos é produzida no Brasil porque melhorou muito a qualidade", afirma Sylvio Lazzarini, dono do restaurante Varanda Grill, em São Paulo.
Já Felício ressaltou a importância da investigação e disse que a operação revela um problema no setor, que "precisa de uma renovação no sistema de fiscalização". Ele destaca, porém, que é preciso esclarecer melhor as informações divulgadas sobre ingredientes comuns na indústria de carnes, como o ácido ascórbico, "que é utilizado no mundo todo".
Tanto Felício quanto Lazzarini apontaram o fato de que, ao anunciar a operação, a PF não explicitou quais infrações foram cometidas por quais empresas, o que facilitaria uma "generalização" do problema.
A BBC Brasil procurou a Polícia Federal, mas não obteve resposta até o fechamento dessa reportagem.
Pata de porco com selo de inspeção brasileiroDireito de imagemREUTERS
Image captionSistema de fiscalização precisa de renovação, mas carne brasileira é de alta qualidade, segundo Pedro Felício

Papelão

Ao anunciar a operação, a PF mencionou que empresas envolvidas no esquema de corrupção "usavam papelão para fazer enlatados (embutidos)".
Em uma das ligações telefônicas citadas no relatório da Polícia, funcionários da BRF falam sobre o uso de papelão na área onde produzem CMS (carne mecanicamente separada, comumente usada na produção de salsichas).
No áudio, é possível ouvir:
Funcionário: o problema é colocar papelão lá dentro do cms também né. Tem mais essa ainda. Eu vou ver se eu consigo colocar em papelão. Agora se eu não consegui em papelão, daí infelizmente eu vou ter que condenar.
Luiz Fossati (gerente de produção da BRF): ai tu pesa tudo que nós vamos dar perda. Não vamos pagar rendimentos isso.
Pedro Felício acredita que a referência ao papelão não foi feita como ingrediente para o processamento da carne. "Acho muito difícil isso ter acontecido. O que acontece é que tem áreas dentro das indústrias que são chamadas de áreas limpas, onde não podem entrar embalagens secundárias, como caixas de papelão", diz.
"Na gravação que ouvi, duas pessoas falavam em entrar com uma embalagem de papelão na área limpa. Evitar papelão nessas áreas faz parte das boas práticas de manufatura, mas não fazer isso não é o mesmo que usar papelão dentro da salsicha."
Em nota, a empresa BRF afirmou que "houve um grande mal entendido na interpretação do áudio capturado pela Polícia Federal".
A empresa afirma que um de seus funcionários falava que tentaria embalar a carne em papelão. O produto é embalado normalmente em plásticos.
"Na frase seguinte, ele deixa claro que, caso não obtenha a aprovação para a mudança de embalagem, terá de condenar o produto, ou seja, descartá-lo", afirma a empresa.
Fachada da BRF em Chapecó, Santa CatarinaDireito de imagemAFP
Image captionBRF diz que Polícia Federal interpretou de maneira incorreta conversa entre funcionários sobre papelão em carne processada

Ácido ascórbico

O ácido ascórbico - a popular vitamina C - também foi citado pelo delegado da PF como algo utilizado para "maquiar" o aspecto da carne.
"Eles usam ácido ascórbico e outras substâncias na carne pra maquiar essa imagem ruim que ficaria se ela fosse expostas dessa forma. Inclusive cancerígenas. Então se usa esses produtos multiplicados cinco, seis vezes pela quantia permitida pela lei para que não dê cheiro, e o aspecto de cor fique bom também", disse Grillo.
A partir daí, muitas pessoas entenderam que o ácido ascórbico é uma substância potencialmente cancerígena.
De acordo com a OMS, ela pode contribuir com distúrbios gastrointestinais, cálculos renais e outros problemas de saúde se for consumida em excesso e por longos períodos de tempo, mas não há evidências de relação direta com o câncer.
Falta saber que substâncias cancerígenas estariam sendo usadas e por quais empresas, de acordo com a investigação da Polícia Federal.
Os especialistas alertam que o uso de ácido ascórbico na carne não é problema.
"O uso dele tem benefícios e não é para mascarar carne adulterada. Ele tem uma função nas carnes processadas como antioxidante, ajuda a melhorar a estabilidade do sabor e reduzir o teor de nitrito residual. O nitrito é um aditivo para realizar a cura, que é uma etapa importante no processamento da maior parte dos produtos processados. Todo ingrediente não cárneo tem função a cumprir no processamento de alimentos", afirmou Carmen Castillo.
Pedro Eduardo de Felício pontua que o ácido ascórbico "evita que a carne fique com uma coloração marrom" e que "isso é feito no mundo todo".
A substância, segundo Felício, conseguiria mascarar a deterioração da carne no princípio, quando ela só tem algumas manchas, mas não quando o estado é mais avançado.
De qualquer forma, ela só deve ser usada somente em produtos embutidos como parte de seu processamento, e não nas carnes que são vendidas como matéria-prima para estes produtos - nem nas carnes compradas no supermercado.
"A carne usada como matéria-prima não deve ter qualquer aditivo, nem o ácido ascórbico. Se a Polícia achou isso, não deveria acontecer", diz.
Processamento de carneDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionBrasil exporta carne para mais de 150 países em todo o mundo, em mercado que movimenta milhões de dólares

Salsicha de peru sem peru

A descoberta de que, no Paraná, alunos da rede pública estadual consumiram salsicha de peru sem carne de peru - preenchida com proteína de soja, fécula de mandioca e carne de frango - deu início à investigação de dois anos.
"Muitas vezes verificou-se a falta de proteína, por exemplo, numa merenda escolar, trocada por fécula de mandioca ou então a proteína da soja, que é muito mais barata do que a carne, então substituía. Muitas vezes até tinha a quantidade de proteína suficiente, mas não era a proteína da carne, era proteína de outro alimento, que não traz as mesmas substâncias pro corpo humano como a carne", afirmou o delegado.
O uso de soja e de fécula de mandioca são comuns na produção de embutidos em todo o mundo, segundo os especialistas, porém é preciso respeitar as quantidades determinadas pela lei.
"É preciso observar as quantidades usadas, porque elas só podem ser usadas dentro dos limites da lei. Senão, você tem um produto de carne que tem predominância de matérias-primas não cárneas", diz Felício.

Injeção de água no frango

Segundo a PF, fiscais teriam descoberto que frangos da empresa BRF, a maior exportadora de frango do mundo, teriam "absorção de água superior ao índice permitido".
"Injetar água no frango é um problemão com o qual o Brasil vive e luta contra há muito tempo. Há oito anos que o Ministério da Agricultura é cobrado pelo Ministério Público que o frango não pode ter mais de 8% de água", afirma Felício.
"É uma luta difícil. Eu não duvido que isso aconteça muito por aí, mas existe um esforço para combater."
A prática não chega a ser prejudicial à saúde, mas altera o peso da carne. "É uma fraude econômica", diz o engenheiro.
CarneDireito de imagemREUTERS
Image captionMais de 20 empresas estão sendo investigadas pela PF, incluindo as gigantes do setor, JBS e BRF, que negam irregularidades

Cabeça de porco

O uso da carne de cabeça de porco ou de boi em linguiças é discutido em uma das ligações interceptadas entre os sócios do frigorífico Peccin e é proibido no Brasil. "Usavam cabeça de porco, animal morto, tudo para fazer esse tipo de produtos, principalmente esses derivados, salsicha, linguiça, e outros produtos", afirmou Grillo.
A utilização de cabeça de porco é admitida em outros países, segundo Felício. "Não será a melhor linguiça do mundo, mas não é prejudicial à saúde. Será um produto comestível, mas de categoria inferior."
"No Brasil, essa carne é considerada como matéria-prima nas formulações de embutidos cozidos, como mortadela, mas não em linguiças, que são cruas."

O consumidor deve se preocupar?

Segundo Sylvio Lazzarini, as irregularidades encontradas pela Polícia Federal devem ser punidas, mas não representam a totalidade dos produtos feitos no Brasil e vendidos em supermercados e restaurantes.
"A carne brasileira evoluiu muito nos últimos anos e é muito segura. Senão o Brasil não exportaria para os países asiáticos, e muito menos para os EUA, que tem um dos maiores controles fitossanitários do planeta", diz Lazzarini.
Para o empresário, "irregularidades desse nível existem em todo o mundo porque bandidos existem em todo lugar".
O Ministério da Agricultura divulgou nota também para acalmar os ânimos dos consumidores.
"O Serviço de Inspeção Federal é considerado um dos mais eficientes e rigorosos do mundo. Tem um quadro de 2.300 servidores e inspeciona 4.837 unidades produtoras habilitadas para exportação para 160 países. Foi com este Serviço que construímos uma reputação de excelência na agropecuária e conseguimos atender às exigências rigorosas de diferentes nações", afirma a pasta.
CarneDireito de imagemREUTERS
Image captionSegundo delegado da PF, consumidores podem ter comprado produtos de qualidade inferior ao que deveria ser fornecido.
O delegado da PF chegou a ser questionado na coletiva de imprensa se seria correto afirmar que "quase nenhum produto no mercado hoje está 100% livre dessas possíveis fraudes". Ele respondeu com cautela, mas não escondeu sua preocupação.
"É possível que a gente tenha consumido alimentos de baixa qualidade, no mínimo, com qualidade inferior do que deveria ser fornecido."
"Hoje é realmente complicado. Tenho ido ao mercado e passeio um bom tempo até escolher um produto, mudou esse aspecto na minha vida. É difícil porque a confiança que a gente tem nas empresas, pelo menos da minha parte, mudou muito. São empresas que a gente considerava corretas, então assusta. Obviamente deve ter empresas sérias, corretas, mas na investigação foi assim, foi aparecendo uma, depois outra. Acho que a gente pode dizer que todas as empresas que a gente teve o azar ou a sorte de investigar tiveram problemas sérios. Foram quase 40."
Para evitar problemas, Pedro Eduardo de Felício afirma que os consumidores devem conferir se os estabelecimentos de onde compram carne vendem produtos com certificação de origem e de inspeção, mesmo após as acusações de corrupção de inspetores federais.
"Este escândalo é de desvio de conduta de 33 funcionários, que foram afastados, entre mais de quatro mil inspetores. E o Ministério da Agricultura estar tomando atitudes para corrigir o problema. A partir de agora, todo mundo vai ficar alerta."
"Os erros que foram cometidos devem ser comprovados e punidos, com certeza. Mas eu não acredito que essas acusações possam ser generalizadas, acho que esse foi problema localizado e o governo terá que resolver", diz.

Maggi diz que PF deveria ter consultado governo sobre Carne Fraca

Segundo ministro da Agricultura, alguns fatos apontados como irregulares pela Operação Carne Fraca são, na verdade, práticas do setor



Ministro da Agricultura, Blairo Maggi (Moreira Mariz/Agência Senado)



Brasília – O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, criticou neste domingo, 19, a “narrativa” da Operação Carne Fraca pela Polícia Federal. Maggi reclamou que o Ministério da Agricultura não foi consultado e disse que poderia ter esclarecido pontos que foram considerados irregulares pela PF, mas são práticas do setor. “Em função da narrativa é que se criou grande parte dos problemas que temos hoje”, afirmou. Após a entrevista, Maggi disse que não ficaria “batendo boca” com a PF via imprensa.
Ele citou um áudio sobre papelão e disse que ficou claro que se tratava de embalagem, e não que o material seria misturado à carne, como indicou a polícia. “É uma idiotice. As empresas gastaram milhões de dólares para conquistar mercados, e vão misturar papelão?”, questionou.
Maggi também citou outro áudio que mostra um dono de frigorífico adquirindo carne de cabeça de porco para usar em linguiça. “Carne de cabeça de porco pode ser utilizada em determinados porcentuais, em determinados produtos. Está no regulamento”, completou.
Maggi disse que o governo respeita as investigações, mas que questionou a PF porquê de o Ministério da Agricultura não estar presente nas investigações. “Por que não estávamos presentes para dizer que cabeça de porco pode ser utilizada ou que ácido ascórbico é vitamina C?”, afirmou. De acordo com o ministro, a PF explicou que a Agricultura era parte da investigação, por isso não foi consultada, mas que a investigação agora terá o apoio técnico da pasta.
Maggi disse estar preocupado com a repercussão da operação em relação aos mercados importadores. “Uma atuação forte de países impedindo o recebimento de mercadorias significaria crise muito grande, por isso nosso apelo a embaixadores e os esclarecimentos de que estamos trabalhando muito fortemente para resolver esses assuntos”, acrescentou.
De acordo com o ministro e representantes do Itamaraty, não houve suspensão de importação por nenhum país e não houve referência a isso na conversa com os embaixadores. O presidente Temer também não abordou a questão na conversa com o presidente dos EUA, Donald Trump, ontem por telefone.
O Ministério da Agricultura se comprometeu a informar os nomes de empresas investigadas que exportaram nos últimos meses, quais os produtos e por onde as mercadorias circularam. “Os levantamentos iniciais que nós temos é que pouquíssimas empresas tiveram movimentação nos últimos 60 dias”, completou.
Maggi disse ainda que serão verificados os motivos para trocas de fiscais em determinadas plantas, apontadas pela PF como indicativos de corrupção. Uma das acusações é que fiscais que começavam a “apertar” a fiscalização eram trocados de locais. De acordo com o ministro, há mais de um ano já não é possível trocar os fiscais sem cumprir uma série de regras.
Outro ponto que será verificado é saber se toda a cadeia ligada aos frigoríficos suspeitos está sendo alvo de fiscalização e se todos os procedimentos estão sendo cumpridos. “Poderíamos tomar medida mais drásticas de interditar todas as plantas, mas o efeito na cadeia seria muito grande”, afirmou.

Exame

quarta-feira, 8 de março de 2017

Qual é o jogo do PT?




POR LUIS FELIPE MIGUEL*

Não sou petista, nunca fui. Mas, como qualquer brasileiro de esquerda, olho com atenção o que acontece no PT, já que ele ainda é, apesar de todo o desgaste, a principal legenda do campo popular no país.

Com o PT no governo, criticava-se a política tímida, a acomodação à ordem, a baixa intensidade utópica, o enfrentamento insuficiente dos privilégios históricos. Seus defensores diziam que era o preço a pagar para conquistar avanços seguros – e não me encontro entre os que julgam que tal argumento não merece atenção. Mesmo assim, o governo caiu. Caiu apesar de tanta cautela ou por causa dela? Uma boa discussão, que ainda vai ser travada por muitos anos.

Mas, enquanto travamos essa discussão, há outro ponto que não pode ser descuidado, que é a resistência ao golpe. É aí que o PT, ou parte dele, está emitindo sinais estranhos. A infeliz entrevista de Humberto Costa foi só o mais gritante deles.

Não sei em nome de quem o senador falou. Acho improvável que um líder político, mesmo sendo o Humberto Costa, vá dar uma entrevista daquela sem medir as consequências e sem se sentir lastreado para tanto. Nem é o componente simbólico de ter falado à Veja ou o brado por autocrítica pela corrupção, que pode ser razoável em abstrato mas tem sentido claro no concreto. O ponto é a clara sinalização em favor da “responsabilidade”, da “união”. O que se lê na entrevista é: vamos superar as mágoas, vamos esquecer o golpe, vamos nos dar as mãos para “salvar o Brasil”. Um discurso que podia ser do Temer.

Esse é o jogo do PT? A entrevista foi um ponto fora da curva, ma non troppo. Em dezembro, quando se abriu a crise entre Senado e STF, o senador Jorge Viana deixou claro que não queria ocupar a presidência da casa, que não queria se colocar em posição de atrapalhar a tramitação da PEC que congelou o investimento social. Há menos de um mês, a escolha das mesas tanto da Câmara quanto do Senado expôs o fato de que, para boa parte das bancadas, a luta contra o golpe está longe de ser prioridade. A direção do PT tem vacilado, mas algumas vezes é empurrada pela militância e faz – suaves, é verdade – esforços para impedir que os parlamentares saiam demais da linha.

Tem oportunismo, tem covardia. Mas parece que parte do PT se converteu mesmo ao pensamento único. Acha mesmo que tem que cortar gasto social, cortar direitos, endurecer as regras da previdência. Quem sabe até privatizar a água, como mostrou hoje um dos quatro deputados estaduais petistas do Rio. É uma parte que parece estar vendo no PT pouco mais do que um rótulo de fantasia para a disputa política.

Lula também emite sinais ambíguos. É alvejado pelos golpistas dia sim, dia também, mas parece que aquele troço de “paz e amor” entranhou nele. Aqui, faz um discurso aguerrido contra o golpe; ali, solta seu beneplácito para negociações de bastidores com os apoiadores de Temer. É o candidato dos pesadelos da direita para 2018, mas até agora não sinalizou, nem uma única vez, que entendeu que, se voltar à presidência, não poderá repetir a política de apaziguamento que colocou em marcha nos seus dois mandatos.

O PT mudou muito ao longo da sua história. O PT que chegou ao poder já era muito diferente daquele que tinha sido fundado pouco mais de 20 anos antes. Mas parece que agora uma grande parte dele não consegue mais se transformar. O partido que pode somar para a resistência democrática certamente não é o mesmo que exerceu o poder. A parte do PT que não entende isso trabalha objetivamente contra, e não a favor do movimento popular.

Espero que a militância do PT, que está entendendo o sentido do golpe muito melhor do que muitos de sua liderança, predomine dentro do partido.


* Luis Felipe Miguel é professor da UnB

sexta-feira, 3 de março de 2017

10 músicas dos Mamonas Assassinas que seriam censuradas nos tempos atuais


By Marcelo Faria -
Há 20 anos os integrantes de uma das bandas mais irreverentes, engraçadas e politicamente “incorretas” que já existiram no Brasil, os Mamonas Assassinas, sofriam um acidente fatal que entristeceu todo o país. Em uma época onde havia mais respeito pela liberdade de expressão e menos mimimi por qualquer coisa que fosse contra a lógica dos “justiceiros sociais” da esquerda, os Mamonas tocavam em todos os lugares: em televisões, rádios, festas de aniversário infantis, escolas e toda sorte de local se ouvia um “Sabão Crá Crá” ou um “mina, seus cabelo é da hora”.
A existência, hoje, de uma banda como os Mamonas Assassinas seria praticamente impossível. Os movimentos pseudo-sociais – uma minoria estridente financiada por partidos políticos irrelevantes que vivem às custas do dinheiro dos pagadores de impostos – formaram um punhado de chorões que reclamam (e são ouvidos pela grande mídia, tomada pelos mesmos partidários da esquerda) por absolutamente qualquer coisa que fuja do que desejam ou do que consideram ideal: de regras privadas (aceitas voluntariamente no momento da matrícula por pais e filhos) numa escola que impedem o uso de shortinhos até nomes de operações da Polícia Federal.
Pensando na diferença de liberdade de expressão daquela época (1995-1996) para hoje, fica claro que praticamente todas as músicas da banda seriam censuradas – muito provavelmente pela Justiça Brasileira, que entende o conceito de liberdade de expressão tão pouco quanto a esquerda mimimista. Dessa forma, reuni 10 músicas dos Mamonas Assassinas que seriam censuradas se a banda estivesse nos palcos hoje:
1406
“Preconceito com os pobres”, “incentivo à opressão capitalista”, “objetificação das mulheres” e “racismo” seriam apenas alguns dos argumentos que seriam usados para censurar esta música. Frases como “a pior de todas é a minha mulher, tudo o que ela olha a desgraçada quer” e “se der uma chuva de Xuxa, no meu colo cai Pelé” seriam estampadas na capa da Carta Capital para mostrar como a elite-branca coxinha-fascista pensa.
Vira-Vira
O movimento femimimista iria a loucura com a música, protestando com diversos textões no Facebook. Onde já se viu uma música “incentivar” as mulheres a irem para surubas, terem suas tetas arrancadas por negões e receberem mãos na bunda? O movimento negro também faria sua nota de repúdio informando que negões não arrancam tetas de mulheres.
Pelados em Santos
Um “homi” desejar que estivesse “pelados em Santos” e quer que as mulheres se casem, viajem para o Paraguai e compartilhem “feijão com jabá”? E ainda por cima falar para milhões de pessoas que a mulher te “deixa doidão”? Movimento “chega de fiu fiu” e processinho neles!
Chopis Centis
A xenofobia implícita da música com os nordestinos levaria a ações da OAB e discursos inflamados de políticos locais. Trechos como “eu prefiro aipim” e “a minha felicidade é um crediário das Casas Bahia” seriam temas de vídeos de Tico Santa Cruz e artigos de Gregório Duvivier sobre a opressão do povo do Sudeste por meio da música. Marxistas fariam longas teses que ninguém lê sobre a “fetichismo da mercadoria” implícito na música, o qual obriga os mais pobres a comprarem com crediário nas Casas Bahia.
Jumento Celestino
Aqui a xenofobia da “elite branca paulista” em relação aos nordestinos fica explícita. Leonardo Sakamoto faria longos textos sobre a escravidão do trabalho de boia fria e artistas que vivem às custas do dinheiro dos pagadores de impostos de todo o país, incluindo os nordestinos, fariam um abaixo assinado no Avaaz para que a música fosse censurada por discriminar os migrantes nordestinos.
Uma Arlinda Mulher
Com mais uma óbvia depreciação das mulheres, o movimento femimimista iria à loucura e lançaria o movimento “Vai ter mulher com cabelos no suvaco sim”, com Lola Aronovich encabeçando o movimento. O movimento negro entraria com uma ação na justiça requerendo a retirada do trecho “cabelo pixaim”. A Associação Internacional de Proteção às Borboletas do Afeganistão requereria os direitos autorais sobre a música por ter sido mencionada, enquanto 40 consumidores recorreriam ao Conar para retirar o “merchandising” da música.
Mundo Animal
Os defensores dos animais chamariam a Luísa Mel para fazer uma reportagem repudiando o incentivo à zoofilia no duplo sentido de “comer tatu é bom, que pena que dá dor nas costas”. O National Geographic faria um especial sobre o sexo dos elefantes enquanto o Greenpeace protestaria na porta de um show da banda contra a caça às baleias. O Conselho Tutelar tentaria impedir que a música fosse tocada para menores de 18 anos por conter a expressão “pinto dos elefantes”.
Robocop Gay
Associações de defesa dos LGBTs fariam amplas notas de repúdio sobre a música e beijaços nos shows da banda. Jean Wyllys ficaria um ano falando sobre preconceito contra os gays. O lançamento da música impulsionaria a aprovação do projeto que tornaria homofobia crime hediondo punível com pena de morte e toda a banda seria assassinada pelo próprio Jean Wyllys, vestido de Che Guevara.
Sábado de Sol
Os diretórios acadêmicos controlados pelo PSOL / PSTU / PT fariam maconhaços em diversas universidades, em um sábado de sol, para mostrar à população que os “maconheiros não querem comer feijão”.
Lá Vem o Alemão
O movimento femimimista explicaria como o Mamonas odeia as mulheres fazendo protestos com os seios de fora contra a objetificação das mulheres no trecho “só porque ele é lindo, loiro e forte, com dinheiro e um escort, como um Modess você me trocou”. Os defensores do direito dos animais retirariam suínos de fazendas privadas para mostrar como suínos devem ser tratados.
Brinde: a própria banda
O movimento negro invadiria salas de aula para dizer como o Mamonas Assassinas representava a elite branca que deve ser exterminada enquanto lutaria por cota para negros na banda. O Ministério Público entraria com uma ação na justiça para proibir crianças e adolescentes de entrarem nos shows dada a quantidade de palavrões e o fato de Dinho às vezes cantar de cueca. Luciana Genro falaria sobre como o grande capital financeiro de Guarulhos estaria atuando para acabar com o politicamente correto no país. E o Fantástico faria uma matéria de trinta minutos sobre a relação das músicas do Mamonas Assassinas com o aumento dos casos de xingamentos, bullying nas escolas, machismo, racismo e homofobia usando dados do IPEA.
Para concluir
Os liberais defendem a liberdade de expressão completa e irrestrita, até mesmo daquilo que discordamos. Os Mamonas Assassinas representavam um mar de liberdade de expressão politicamente “incorreta” que foi se perdendo ao longo dos anos no Brasil. Quanto mais restringimos a liberdade das pessoas falarem o que quiserem, mais restringimos a própria vida de milhões de pessoas às regras de um punhado de pessoas que acreditam que podem definir o que todas as outras podem ou não falar. Hoje pode ser censurado aquilo que você não gosta, mas e quando aquilo que você gosta – ou você mesmo – for censurado? Pense nisso.
Marcelo Faria
Presidente do ILISP e empreendedor.

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