sábado, 20 de maio de 2017

Delação da JBS: saiba ponto a ponto o que foi dito sobre Michel Temer


Assista aos vídeos e leia os relatos que levaram o STF a abrir inquérito para investigar o presidente por corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa. Temer diz não ter 'nada a esconder'.

Por G1

O presidente Michel Temer, durante pronunciamento no Palácio do Planalto (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

O Supremo Tribunal Federal liberou, nesta sexta-feira (19), o conteúdo das delações premiadas dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, e do diretor da J&F Ricardo Saud, na Operação Lava Jato.

>>> Saiba abaixo, ponto a ponto, o que foi dito nas delações sobre o presidente Michel Temer e leia, ao final desta reportagem, o que o presidente disse sobre cada acusação


O ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, autorizou a abertura de um inquérito para investigar o presidente por corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa.

O presidente diz que não tem nada a esconder e que não teme nenhuma delação. Ele também nega ter atuado para obstruir a Justiça ou impedir o avanço da Lava Jato.


'Anuência' para propina a Cunha, segundo Joesley


Joesley Batista entregou ao Ministério Público a gravação de uma conversa com o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-presidência, em março deste ano.

O empresário disse aos investigadores que ele e Temer discutiram nessa reunião a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O objetivo era evitar que Cunha fizesse delação.

No pedido ao STF para investigar Temer, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, argumentou que houve "anuência" de Temer ao pagamento de propina mensal para o ex-deputado. 

O trecho do diálogo com referência a Eduardo Cunha é o seguinte (leia e ouça abaixo):

Joesley Batista: Agora... o negócio dos vazamentos. O telefone lá [inaudível] com o Geddel, volta e meia citava alguma coisa meio tangenciando a nós, e não sei o que. Eu estou lá me defendendo. Como é que eu... o que é que eu mais ou menos dei conta de fazer até agora. Eu tô de bem com o Eduardo, ok...
Temer: Tem que manter isso, viu... [Inaudível]


Trecho de áudio de gravação da delação da JBS: "Tem que manter isso, viu?", diz Temer

O executivo da JBS Ricardo Saud ainda acrescentou que a propina a Cunha era tratada por Temer e Joesley com um código, que era "alpiste para os passarinhos". 


Propina entregue a Rodrigo Rocha Loures, segundo Saud


Ex-assessor especial de Temer, o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), foi gravado por agentes federais saindo de uma pizzaria, na zona sul de São Paulo, carregando uma mala com dinheiro que seria de propina (assista abaixo). Ricardo Saud, diretor da JBS, afirmou em delação que tem "certeza absoluta" que o dinheiro foi destinado a Temer.

Segundo a PF, dentro da mala havia R$ 500 mil, que seriam a primeira parcela de uma negociação de propina fechada entre Joesley Batista e Rocha Loures para que o deputado agilizasse um processo junto ao Cade de uma usina termelétrica do grupo J&F.

"O Rodrigo Rocha Loures, ele é o mensageiro desse dinheiro só. Esse dinheiro foi combinado com nós e Michel Temer. Eu tenho a certeza assim, absoluta, que ele [Rocha Loures] nem sabia que esse dinheiro ia existir e tampouco que o dinheiro era para ele.", enfatizou Saud aos investigadores da Lava Jato. 


Filmagem Equipe PF - INQ 4483 - Loures na pizzaria

Ajuda a Cunha com 'um ou dois' ministros do STF, diz Joesley

Joesley Batista afirmou em depoimento que ouviu em conversa com Michel Temer que o presidente poderia "ajudar" Eduardo Cunha junto a dois ministos do STF. A afirmação está em um dos vídeos dos depoimentos do empresário à Procuradoria-Geral da República.

"Ele me fez um comentário curioso que foi o seguinte: 'Eduardo quer que eu ajude ele no Supremo poxa. Eu posso ajudar com um ou dois, com 11 não dá'. Também fiquei calado, ouvindo. Não sei como o presidente poderia ajudá-lo", afirmou Batista.


Depoimento de Joesley Batista - Termo 2 - INQ 4483 / AC 4315 - 00002-2-07-04-2017


Recebeu R$ 15 milhões e 'guardou 1 milhão', diz Ricardo Saud


Michel Temer teria recebido, segundo Saud, R$ 15 milhões do Partido dos Trabalhadores para financiar a campanha dele à Vice-presidência, em 2014, mas decidiu "guardar" para ele mesmo R$ 1 milhão (veja abaixo).

O R$ 1 milhão que Saud afirma ter ficado com Temer foi, segundo o delator, entregue na sede da Argeplan Arquitetura e Engenharia, na Vila Madalena, em São Paulo. A empresa pertence a João Baptista Lima Filho, amigo de Temer.



Ricardo Saud, diretor da JBS, relatou ao Ministério Público Federal que o grupo pagou R$ 15 milhões a Michel Temer para sua campanha à Vice-Presidência em 2014, com dinheiro que saiu de uma 'conta de propina' do PT, abastaecida com recursos do BNDES; segundo o delator, Temer acabou ficando com R$ 1 milhão


Pediu para retirar ação no TSE para cassar chapa, diz Aécio


Em conversa gravada entre Aécio Neves Joesley Batista, o tucano conta ao empresário que o presidente Michel Temer pediu a ele que retirasse a ação contra a chapa Dilma-Termer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) depois que Dilma Rousseff sofreu impeachment.

"A Dilma caiu, a ação continuou, e ele quer que eu retire a ação. Cara, só que, se eu retirar, e não estou nem aí, eu não vou perder nada, o Janot [procurador-geral da República] assume, o Ministério Público assume essa merda", diz Aécio na conversa gravada por Joesley. 

Ouviu relatos de crimes em reunião fora da agenda e não demonstrou reação negativa.

Na conversa que gravou com Temer, Joesley Batista relata uma sequência de crimes que vão de obstrução à Justiça, suborno de procuradores e compra de informações privilegiadas. A gravação mostra até tentativa de ter influência em órgãos que regulam e fiscalizam as atividades do grupo empresarial.

Ao longo do encontro, Temer ouviu tudo e não condenou os relatos de crimes do empresário em nenhum momento.


Temer ouve do dono da JBS relatos de crimes em série, revelam gravações

Atuou em conjunto com Aécio para barrar Lava Jato, diz Janot

Com base no que foi dito pelos delatores da Lava Jato, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que o presidente e Aécio Neves atuaram em conjunto para impedir o avanço das investigações da Operação Lava Jato.

"Verifica-se que Aécio Neves, em articulação, dentre outros, com o presidente Michel Temer, tem buscado impedir que as investigações da Lava Jato avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio de controle de indicação de delegados de polícia que conduzirão os inquéritos", afirma Janot. 

Propina semanal por 25 anos, segundo Saud

Em depoimento ao Ministério Público Federal, Ricardo Saud, da JBS, afirmou que, no mês passado, se reuniu com o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor e amigo do presidente Michel Temer, para discutir o pagamento semanal de propinas da JBS para Rocha Loures e Temer pelos próximos 25 anos.

A "aposentadoria", como chamou Saud no depoimento, seria uma retribuição a uma decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre o preço do gás boliviano, que beneficiou a empresa. 







Michel Temer faz pronunciamento na tarde desta quinta (18) dizendo que não renuncia


"Ao cumprimentá-los, eu quero fazer uma declaração à imprensa brasileira. E uma declaração ao país.

E, desde logo, ressalto que só falo agora dos fatos de ontem porque tentei conhecer primeiramente o conteúdo de gravações que me citam. Solicitei, aliás, oficialmente ao Supremo Tribunal Federal acesso a esses documentos. Mas até o presente momento não o consegui.

Quero deixar muito claro dizendo que meu governo viveu nesta semana seu melhor e seu pior momento. Os indicadores de queda da inflação, os números de retorno do crescimento da economia e os dados de geração de empregos criaram esperança de dias melhores. O otimismo retornava e as reformas avançavam no Congresso Nacional.

Ontem, contudo, a revelação de conversas gravadas clandestinamente trouxe de volta o fantasma de crise política de proporção ainda não dimensionada.

Portanto, todo o imenso esforço de se tirar o país de sua enorme recessão pode se tornar inútil. Nós não podemos jogar no lixo a história tanto trabalho feito em prol do país.

Ouvi realmente o relato de um empresário, que por ter relações com um ex-deputado, auxiliava a família do ex-parlamentar. Não solicitei que isso acontecesse e só tive conhecimento deste fato nesta conversa que tive com este empresário.

Repito e ressalto, em nenhum momento autorizei que pagassem a quem quer que seja para ficar calado. Não comprei o silêncio de ninguém. Por uma razão singelíssima exata e precisamente porque não tenho relação.

Não preciso de cargo público e nem de foro especial. Nada tenho a esconder. Sempre honrei meu nome, na universidade, na vida pública, na vida profissional, nos meus escritos, nos meus trabalhos.

E nunca autorizei, por isso mesmo, que utilizasse o meu nome indevidamente. Por isso, quero registrar enfaticamente: a investigação pedida pelo Supremo Tribunal Federal será território onde surgirão todas as explicações. E no Supremo, demonstrarei não ter nenhum envolvimento com estes fatos.

Não renunciarei. Repito. Não renunciarei. Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos.

Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro.

Essa situação de dubiedade ou de dúvida não pode persistir por muito tempo. Se foram rápidas nas gravações clandestinas, não podem tardar nas investigações e na solução respeitantemente a essas investigações.

Tanto esforço e dificuldades superadas, meu único compromisso, meus senhores e minhas senhoras, é com o Brasil. E só este compromisso que me guiará. Muito obrigado e muito boa tarde a todos".

Além do pronunciamento, Temer foi procurado pelo G1 para comentar sobre todos os pontos citados acima. Foram enviadas as seguintes respostas:

Ajuda a Cunha: "O presidente diz na gravação que não ajudou. Basta ouvir". Em outra nota: "No diálogo com Joesley Batista, o presidente Michel Temer diz que nada fez pelo ex-deputado Eduardo Cunha. Isso prova que o presidente não obstruiu a Justiça. Michel Temer não recebeu valores, a não ser os permitidos pela Lei Eleitoral e declarados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Portanto, não tem envolvimento em nenhum tipo de crime."

Ação no TSE: "Isso não ocorreu".

Dinheiro a Rocha Loures: "O presidente Michel Temer não pediu nem recebeu dinheiro ilegal."
Recebeu R$ 15 milhões e guardou R$ 1 milhão: "O presidente não pediu nem recebeu dinheiro ilegal."

Ouviu relatos e não agiu: "O presidente Michel Temer não acreditou na veracidade das declarações. O empresário estava sendo objeto de inquérito e por isso parecia contar vantagem. O presidente não poderia crer que um juiz e um membro do Ministério Público estivessem sendo cooptados."
Atuação para impedir Lava Jato: "O presidente nunca atuou para impedir o avanço da Lava Jato".


Na noite de quinta-feira (18), Temer também falou com Gerson Camarotti, colunista do G1:

"Não estou comprando o silêncio de ninguém, isso não é verdade. Os áudios comprovam isso."
"Essa é a tese que alicerça esse inquérito, de que eu avalizei a compra do silêncio do Eduardo Cunha. O que alicerça esse inquérito é que ele [Joesley Batista] teria dito que eu teria concordado com a compra do silêncio, o que não existe."
"O que ele [Joesley] disse e que eu concordei é que ele estava se dando bem com Eduardo Cunha, por isso falei 'mantenha isso."

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