sexta-feira, 20 de maio de 2016

5 Termos muito úteis que os petistas não querem que você conheça

por Cedê Silva em Artigos

EMPODERAMENTO”, “sororidade”, “micro-agressão”, “discurso de ódio”, “gaslighting” e “falsa simetria” são palavras que você tem visto com frequência na sua timeline. Elas não eram comuns no Brasil até poucos anos atrás, mas estão se multiplicando. Esses conceitos não são neutros: são lentes para uma determinada forma de enxergar o mundo. Notadamente, são termos amplamente usados pela esquerda universitária americana: “empowerment”, “sorority”, “microagression”, “hate speech”, “gaslighting” e “false symmetry”.
A esquerda brasileira tem importado com cada vez maior frequência termos como esses. Com efeito, existem esforços para produzir traduções adequadas para aqueles que ainda estão em inglês (ex. “gaslighting”), pois na língua original eles seriam “elitizantes”. É engraçada essa forma de enxergar o idioma como mero instrumento, como se fosse possível importar termos e traduzi-los sem trazer com eles a visão de mundo correspondente (que é, em grande parte, de um público universitário altamente politizado). A própria língua inglesa é muito mais favorável que a nossa ao portmanteau, daí os termos aparentemente intraduzíveis como “manterrupting”, “bromance”, “brunch”, etc. Muitos portmanteaus usamos em português sem tradução: motel, cheeseburger, sitcom, e-mail, screenshot, cosplay, etc.
A esquerda brasileira também gosta muito de usar um termo – este produto nacional – chamado “indignação seletiva”. Ocorre que eles mesmos são responsáveis por um fenômeno que chamo de “importação seletiva”. Consiste em trazer para o debate brasileiro os conceitos favoritos da esquerda estrangeira e ignorar termos usados por AMBOS os lados do debate “na gringa”, e que, na verdade, ajudam muito a entender o Brasil. Quais termos são esses?
E por que também não foram importados?

Astroturfing

1. Astroturfing. v. A prática de mascarar os verdadeiros patrocinadores de uma causa, mensagem ou política.
Em inglês, chamamos de “grassroots” aqueles movimentos “de raiz”, que se formam de baixo para cima, nas comunidades: com a Dona Maria, o Seu Geraldo, etc. Acontece que “AstroTurf” é uma marca famosa de grama sintética. Portanto, são chamados de “astroturfs” aqueles movimentos políticos que se disfarçam como “de raiz” mas na verdade têm patrocinadores poderosos por trás, como empresas, governos, partidos ou sindicatos. Em português poderíamos chamá-los de movimentos “siliconados” ou coisa assim.
Por que a esquerda brasileira não importa o termo “astroturfing”?
Porque ela é maior usuária e beneficiária da grama sintética. O conceito ajuda você a enxergar, por exemplo, que CUT, MST, MTST e uma misteriosa coisa chamada “Frente Brasil Popular” – todas elas participantes de manifestações pró-PT – são apenas astroturfs do PT. Podemos lembrar também do “Movimento pela Ética na Política”, da “Campanha Jubileu Sul” ou do “Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva” – todos eles frutos do PT. O termo “astroturf” também ajuda você a suspeitar de certos eventos misteriosos, como ataques racistas a profissionais da TV Globo acontecendo nos mesmos dias de Operação Lava Jato,sites com aparência “coxinha” que mobilizam doações para ONGs, e adesivos obscenos e hashtags com palavrão que subitamente estouram no Twitter. Também ajuda você a ler jornal melhor. Veja esta imagem:
São tweets da @folha no dia em que Lula foi conduzido pela Polícia Federal. Observe os quatro “diferentes” atores: Instituto Lula, Governo, PT e Dilma. A estes poderíamos somar Guilherme Boulos, João Pedro Stédile, Marilena Chaui, etc. Com a maior facilidade do mundo, sob diferentes cores de “grama”, a mesma “raiz” PT emplaca várias notícias com o mesmo viés e assim pode “controlar a narrativa”. Falando nisso…
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Spin doctor

2. Spin doctor. s. Um profissional cujo trabalho é tentar controlar a forma com que uma notícia é descrita ao público, de forma a influenciar o que elas pensam a respeito.
Você já ouviu falar bastante sobre a “imprensa que manipula”, mas não chegou no Brasil o termo que descreve exatamente o responsável por essa prática. O termo foi cunhado nos anos 80, em um editorial do New York Times sobre um debate presidencial, para se referir aos assessores de imprensa que tentam influenciar o trabalho dos repórteres. “Doctor” não significa apenas “doutor” ou “médico”: o verbo “to doctor” pode significar “falsificar”.
Por que a esquerda brasileira não importa o termo “spin doctor”?
Por vários motivos. Em primeiro lugar, a noção de um “spin doctor” traz uma responsabilidade individual que a esquerda não enxerga. A “imprensa golpista” e a “mídia manipuladora” são forças super-estruturais, mas um “spin doctor” é uma pessoa. Além disso, a noção de “spin doctor” gira o holofote na direção oposta: os doctors em geral são assessores de imprensa, publicitários, blogueiros, etc. que informam a posição dos jornalistas, e não os próprios jornalistas, que são os verdadeiros vilões na narrativa da esquerda sobre a imprensa.
O termo “spin doctor” ajuda você a enxergar vários fenômenos muito importantes para a esquerda que ela quer que você ignore. Por exemplo:
– uma presidente demite vários ministros envolvidos em corrupção. Em vez de ela ser responsabilizada por ter contratado tantos corruptos, o spin doctor transforma isso em “faxina ministerial” e a presidente sai do episódio com boa imagem.
– milhões de pessoas vão às ruas espontaneamente, em um domingo, com cartazes improvisados, pedir o impeachment. Depois, em dia útil, uns tantos apaniguados, muitos deles vindos de ônibus fretados de cidades do interior, todos uniformizados e portanto bandeiras e balões, se pronunciam contra. O spin doctor declara com confiança: “o País está dividido!”.
– milhões de pessoas etc. etc. pedem impeachment. O spin doctor produz uma afronta à inteligência: a frase “não vai ter golpe”, deslocando totalmente a questão. Quem retrucar que “impeachment não é golpe” já caiu na armadilha do doctor: expliquei isso em Petistas Magros Não Lutam Sumô.

Dog whistle

3. Dog whistle. s.m. A divulgação de mensagens políticas que têm um significado para o público em geral e outro (subentendido) para a militância.
Você já reparou que em determinados momentos seus amigos petistas nas redes sociais ficam quietos? Quando o noticiário não favorece a agenda do partido, eles param de postar ou então passam a falar de seriados, flores… Isso acontece porque estão aguardando o “dog whistle”, o sinal do Comando Central para tentar emplacar uma pauta. Em 1º de abril deste ano, por exemplo, a Lava-Jato deflagrou a fase Carbono 14, que lançou luz no caso Celso Daniel. Este tema está vetado da agenda petista. Mas no dia seguinte a IstoÉ lançou uma capa com o título “explosões nervosas da presidente”. Os influenciadores da rede petista – os blogueiros, artistas, etc. de sempre – repercutiram a capa com grande ênfase. Não houve qualquer discussão sobre a VEJA do mesmo fim de semana. Por quê? Porque VEJA trazia uma capa sobre Celso Daniel…
O público “comum” entendeu que a repercussão sobre a capa da IstoÉ era o que parecia ser: um repúdio ao machismo, uma defesa da imagem da então presidente, etc. Mas a militância entendeu o som agudo do apito: ao falar de Dilma, a ordem era para sufocar qualquer repercussão da Lava Jato ou do caso Celso Daniel naquele fim de semana.
Por que a esquerda brasileira não importa o termo “dog whistle”?
Porque ela é a maior usuária do apito, e na verdade a esquerda funciona quase inteiramente assim: criando uma cultura, uma moda, e despertando nas pessoas o medo de não se adaptar à regra, ao que é aceitável, legal, descolado, politicamente correto. Esse medo não pode ser ostensivo, mas sutil: se você não participar de compartilhamentos suficientes, se não mudar seu sobrenome no perfil, se não trocar seu avatar, se “curtir” esta ou aquela página, você será mal-visto, e muita gente faz questão de publicar isso (“não quero como amigos gente que…”).
Em novembro de 2015, Lula pediu à militância que criasse “uma corrente de boas notícias”. O resultado foi a onda das fanfics de esquerda.
Em janeiro de 2016, Flávio Renegado postou uma capa de uma IstoÉ de abril de 2013 e pautou as timelines daquela semana – o post de uma revista velha teve mais de 11 000 compartilhamentos. O texto que acompanha a foto: “Ótimo jeito de começar a semana”.

Empty suit

4. Empty suit. adj. Uma pessoa – em geral político, acadêmico ou colunista – que posa de importante mas não tem qualquer conteúdo, e – em especial – emite opiniões sem ter o “dele” na reta.
“Empty suits” são exatamente “ternos vazios”: pura imagem, zero conteúdo. Mudam de opinião com grande facilidade, já que não arcam com qualquer responsabilidade pelo que dizem. Mangabeira Unger, por exemplo, escreveu que “o governo Lula é o mais corrupto de nossa história nacional” e logo depois virou ministro do Lula. Kátia Abreu assinou texto sobre os perigos do gramscismo e das milícias do pensamento e depois virou ministra de Dilma (e sua mais firme defensora no ministério).
Por que a esquerda brasileira não importa o termo “empty suit”?
Exemplo 1)
Exemplo 2)
Exemplo 3) Delfim Netto, Cristovam Buarque, Marina Silva, Alberto Carlos de Almeida, etc. etc.

Newspeak

5. Newspeak. s.f. “Novilíngua”, a linguagem ambígua e enganosa promovida por um regime (ou partido) com o objetivo de reduzir o horizonte de consciência das pessoas.
A “newspeak” foi criada por George Orwell no romance 1984, mas ele já enxergava na União Soviética o fenômeno de controle pela linguagem quando escreveu o livro.
Por que a esquerda brasileira não importa o termo “newspeak/novilíngua”?
Ao controlar seu vocabulário o regime limita o que você consegue pensar. Dessa forma, as suas opiniões importam muito pouco. É irrelevante votar no partido A ou B se no final das contas esses partidos estão comprometidos com a mesma casta e com as mesmas ideias (assim, o PSDB pode ser um partido “de direita” e o PSOL pode dizer que faz “oposição” ao PT). Com o avanço da novilíngua e o estreitamento do seu vocabulário e da sua imaginação, todas as suas “opiniões” ficam cada vez mais restritas ao espaço discursivo demarcado pelo regime (este espaço do aceitável é chamado em outra literatura de “Janela de Overton“).
Notem que no Brasil…
– ser “a favor de X” quase sempre implica “ser a favor de que X seja fornecido pelo governo federal de graça”.
– a palavra “golpe” contaminou o debate sobre impeachment.
– com enorme facilidade, debates importantes e delicados são sufocados porque interlocutores podem ser chamados de “machistas”, “racistas”, “homofóbicos”, etc, não porque o comportamento deles tenha sido assim avaliado, mas porque emitem opiniões “atrasadas”, “retrógradas”, etc.
– a turminha do DCE não consegue se opôr a ideias diferentes, não apenas porque nunca ouviram falar nelas, mas porque não conseguem sequer concebê-las.
– a turma que ridicularizava os panelaços promove os “vomitaços”.
– a palavra “fascista” é usada hoje para significar “aquele que não concorda comigo”.

Para pensar
Reparem que estes cinco termos preteridos pela “importação seletiva” da esquerda brasileira têm algo em comum: todos servem para detectar malandragem. Com efeito, são termos decontra-malandragem, que ajudam a enxergar o que é falso, exagerado, distorcido e – principalmente – as pessoas responsáveis por essa malandragem.
Em oposição, os termos preferidos pela “importação seletiva” (“mansplaining”, “falsa simetria”, etc.) servem todos eles para enxergar a opressão, a desigualdade, etc. Que espécie de visão de mundo está sendo construída com essa novilíngua, em especial quando os termos que ajudam a ter uma visão crítica dela não são importados? Adoraria ouvir vocês nos comentários.…

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