quinta-feira, 2 de abril de 2015

"Pensando com cuidado, não será esse ufanismo somente uma demonstração de ingenuidade da nossa esquerda"?

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Num ato de enorme repercussão mundial, Barack Obama, presidente dos EUA, acaba de  assumir a indicação de Lula para secretário-geral da ONU 

Foi em um discurso feito na Casa Branca, em que Obama elogiou Lula em alto e bom som, argumentando em detalhes porque ele seria o político mais adequado para esse cargo, na atual conjuntura histórica.
Imediatamente apareceu nas redes sociais muito brasileiro, e sobretudo gente como nós, da esquerda, tirando o maior sarro dos coxinhas devido a esse fato, numa  reação “ufanista” entusiasmada.
Porém, pensando com cuidado, não será esse ufanismo somente uma demonstração de ingenuidade da nossa esquerda?
De outro lado, a indicação feita por Obama não terá sido somente um hábil “golpe de esperteza” dele?
A mim me parece que Obama pode estar armando uma tremenda “armadilha” em cima de Lula e, em consequência, do Brasil, uma vez que o ex-presidente é hoje o maior político vivo do país.
Qual a nossa esperança, dos setores nacionais que aprovam e aplaudem a linha política seguida pelo PT no plano interno e externo?
Que Lula recuse o cargo agora, orientando-se para permanecer na liderança do PT nestemomento histórico hiper-delicado que Dilma e o Brasil inteiro atravessam e vir a disputar as eleições em 2018.
A eleição para secretário-geral da ONU é algo que pode ser conseguida mais tarde, pois o prestígio alcançado pela própria recusa será inegável. Lula de agora em diante constitui um secretário-geral da ONU “potencial” de prestígio cada vez mais crescente, e não será uma recusa neste instante que irá esvaziar esse prestígio.
O problema interno então é que tem de ser priorizado. O PT está correndo o risco grave de uma grande derrota histórica. Fatalmente o candidato que disputar a presidência do Brasil em 2018, não sendo Lula, amargará uma derrota impossível de se impedir.
Analisemos rapidamente a armadilha que pode estar oculta aí.
Veja-se que a indicação de Lula para o cargo supremo da ONU faz tempo que vem sendo debatida e articulada por vários líderes mundiais. Evo Morales, presidente da Bolívia, já havia falado nisso em 2010, cinco anos atrás.
Habilmente, Obama esvaziou as articulações  em processamento pelas demais lideranças ao sair na frente com sua indicação, tendo por suporte a importância mundial dos EUA.
Nisso se tornará uma espécie de “padrinho” da eleição de Lula, caso venha a ocorrer.
Como funcionará a armadilha?
Se Lula aceitar a indicação feita por Obama cairá nela. E se recusar também cairá.
Aceitando a indicação, Lula ficará com o rabo preso com os EUA e Obama, na medida em que lhes deverá essa ascenção  política. Toda a linha independente frente aos EUA defendida por Lula e o Brasil, por serem peça fundamental dos BRICs, poderá ficar comprometida. Isso tem a ver sobretudo com as manobras de disputa mundial dos EUA com Rússia e China, ambos líderes dos BRICs.
Além disso, haverá o afastamento de Lula da política brasileira, deixando o campo livre para as manobras golpistas dos EUA contra Dilma e PT e para a norte-americanização da Petrobrás e pré-sal. Melhor para eles, impossível.
Lula, com a aguda intuição que lhe é característica, certamente já percebeu isso. E poderá então recusar.
Porém, mesmo que Lula recuse o cargo, Obama e os EUA também poderão sair ganhando, não mais no plano interno do Brasil mas no plano internacional.
Livrando-se de um político com o prestígio mundial de Lula na secretaria-geral da ONU, eles estarão se livrando de alguém que pode conduzir a política  internacional a um rumo fortemente contrário aos seus interesses.
Obama poderá então prosseguir aliviado até o fim do seu mandato sem contestação pesada por parte de alguém de grande porte (como Lula) dentro da condução política da ONU.
Espero que tenham me entendido.
Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
Nesse caso a melhor saída para Lula seria garantir o que já está conquistado, mas que corre o perigo de ser perdido,  e que é ficar mesmo no Brasil e trabalhar pela recuperação do PT, pela consolidação das conquistas sociais e pela manutenção da Petrobrás e pré-sal nas mãos do Estado brasileiro. E de quebra ainda deixar aberta a porta da ONU para uma provável e vitoriosa campanha para o cargo de secretário-geral no futuro, após o terceiro mandato presidencial dele.
Acrescento humildemente que esta minha interpretação pode estar errada e a aceitação de Lula quanto a esse cargo obedecer a uma intuição política muito superior à minha, simples sociólogo de Apiaí que sou, e constituir ao final uma jogada que virará o jogo mesmo dentro do Brasil. Será?
Vamos ficar na torcida.
(Prof. Amir Mirim – jornalista e sociólogo)
by br29.com

Um comentário:

Anônimo disse...

Não há "armadilha", há política, aliás, POLÍTICA.

O que não se vê no Brasil.

Obama é socialista, como os democratas dos EUA o são. Logo, assume a liderança latino-americana ao indicar um líder socialista para a ONU.

Quem indica é MAIOR, logo, assume a liderança socialista na América.

A ONU é sustentada financeiramente pelos EUA, tendo um secretário-geral indicado pelos dólar, assume maior poder político ainda.

Como padrinho da ONU aperta o torniquete financeiro do petróleo no pescoço da Rússia, liberando a Europa de pagar mais caro pelo gás e petróleo russos, abrindo mercado para a competição do petróleo made in USA.

Mas, se o MP pega o Mensaleiro da Silva com a corrupção made in PT, pega o secretário geral da ONU e desarticula politicamente o BRIC.

E o projeto hegemônico comunista gramsciano na América Latina.

Com o petróleo mais barato os países latino-americanos têm recursos para importar o óleo, e o óleo made in USA está mais perto que o árabe e russo.

Com o Mensaleiro indicado os EUA assumem o mercado americano, vencendo as resistências ideológicas.

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