quinta-feira, 31 de julho de 2014

Serra Leoa decreta estado de emergência por ebola

Epidemia

País registrou 233 mortes pela infecção desde março. Oeste da África enfrenta a pior epidemia da doença desde a descoberta do vírus, em 1976

Equipe do 'Médicos Sem Fronteiras' entregam comida para os pacientes mantidos em uma área de isolamento no centro de tratamento do Ebola, Serra Leoa. O país registra agora o maior número de casos da doença - 454, superando vizinho Guiné, onde o surto teve origem em fevereiro deste ano
Equipe do Médicos Sem Fronteiras entrega comida para os pacientes mantidos em uma área de isolamento do centro de tratamento do Ebola, em Serra Leoa (Tommy Trenchard/Reuters/VEJA)
O presidente de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, decretou nesta quinta-feira estado de emergência diante da epidemia do vírus ebola que atinge o oeste da África. O país registrou, neste ano, 233 mortes pela doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O surto, o maior da história, também afeta Guiné, Libéria e Nigéria. Juntos, os quatro países já notificaram mais de 1.300 infecções e 729 óbitos por ebola desde março.

Em um discurso transmitido pela televisão, Koroma disse ter decretado estado de emergência para permitir que o governo tome "medidas mais firmes contra a epidemia do ebola". O presidente anunciou que colocará em quarentena as áreas afetadas pelo surto, mobilizará forças de segurança para proteger equipes médicas e proibirá reuniões públicas. Além disso, ele pretende lançar uma busca por possíveis infectados em casas localizadas em regiões endêmicas.

Koroma também anunciou ter cancelado sua viagem na próxima semana à cúpula entre África e Estados Unidos em Washington. Por outro lado, indicou que participará de uma cúpula regional na Guiné para analisar a situação da epidemia junto a representantes de outros países africanos. O presidente ainda declarou que ministros e outros representantes governamentais de Serra Leoa não poderão sair do país, exceto para "compromissos absolutamente essenciais". Segundo Koroma, as medidas anunciadas nesta quinta devem ter duração de 60 a 90 dias.

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África — O governo da Libéria, que já registrou 159 mortes por ebola neste ano, também vem anunciando medidas para conter a epidemia. Nesta quarta, as escolas do país foram fechadas e os servidores governamentais foram obrigados a tirar licença para diminuir o risco de contaminação. No domingo, a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, já havia anunciado o fechamento da maior parte das fronteiras terrestres do país.

O Corpo da Paz dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira a retirada de centenas de voluntários da Guiné, Libéria e Serra Leoa devido ao surto. Uma porta-voz do órgão informou que dois voluntários contraíram o vírus após entrar em contato com uma vítima da infecção. Segundo ele, porém, os americanos não apresentam os sintomas da doença e estão em isolamento sob observação médica. "Quando receberem alta para regressar aos Estados Unidos, trabalharemos com eles para que retornem de forma segura".

Doença — Não existe cura ou vacina para o Ebola. A doença é conhecida por ser altamente transmissível e mortal: a taxa de óbitos entre infectados pode chegar a 90%. O vírus foi descoberto em 1976, ano em que houve 431 mortes pela infecção. Desde então, os principais surtos aconteceram em 1995 (254 óbitos), 2000 (224) e 2007 (224), todos na África. 

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O que é o Ebola?

O vírus Ebola foi descoberto em 1976 a partir de diagnósticos simultâneos na República Democrática do Congo e no Sudão, na África. Ele provoca uma grave doença conhecida como febre hemorrágica Ebola, que pode afetar seres humanos e primatas, como macacos e chipanzés. O surto de Ebola pode chegar a provocar a morte de 90% das pessoas infectadas. Atualmente, não existe vacina e nem cura para a doença.


Como a doença é transmitida?

O Ebola é transmitido de pessoa para pessoa principalmente a partir do contato direto com sangue, secreções e outros fluidos corporais de pessoas infectadas. A transmissão também pode acontecer a partir do contato com ambientes e objetivos contaminados por esses fluidos, como roupas. Segundo a OMS, não há risco de contágio no período de incubação do vírus — ou seja, entre a infecção e os primeiros sintomas. No caso do Ebola, esse tempo pode variar de 2 a 21 dias.

Quais são os sintomas da infecção?

A doença costuma aparecer com quadros de febre, fraqueza e dores musculares, de cabeça e de garganta. Em seguida, surgem sinais como náusea, diarreia, feridas na pele, problemas hepáticos e hemorragia interna e externa. O tempo entre a infecção pelo vírus e o os primeiros sintomas variam de 2 a 21 dias.

Como é o tratamento da doença?

Não existe um tratamento específico para a febre hemorrágica Ebola. Pacientes graves recebem cuidados intensivos, que incluem reidratação oral e intravenosa, e devem ser isolados e receber a visita apenas de profissionais de saúde que seguem todas as medidas de prevenção contra a infecção.

Quem corre maior risco de contrair o vírus?

Segundo a OMS, as pessoas com maior risco de contágio são profissionais de saúde e familiares de pacientes contaminados. A organização considera que as probabilidades de infecção entre turistas que visitam uma área endêmica são baixas.

by Veja

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