sábado, 5 de julho de 2014

O absurdo conflito de interesses no trabalho de Ronaldo como comentarista da Globo

Eles
Eles
 “A Copa do Mundo é um grande negócio e irá deixar legado importante. Vamos mostrar isso para essa minoria que é contra o torneio”.
Este era Ronaldo em fevereiro.
“Eu me sinto envergonhado”.
Este é Ronaldo hoje.
O que mudou?
Nada. Ronaldo é o mesmo. Se alguém já saiu ganhando com a Copa, qualquer que seja o resultado, é ele. De apoiador entusiasmado a crítico contumaz do evento, ele sente como o vento sopra e corre atrás.
O que perde com isso? Por enquanto, nada. Pelo contrário, é chancelado. Ronaldo, sabe-se há um tempo, será comentarista da Globo, num conflito de interesses absurdo. Quando, em circunstâncias normais, um membro do Comitê Organizador Local, órgão ligado à CBF e à Fifa, poderia dar pitacos se é parte interessada?
Sua empresa, a 9ine, agencia Neymar. É nula a possibilidade de um acordo para ele se calar a cada vez que Neymar pegar na bola.
A 9ine representa a Marfinite, que forneceu as cadeiras para o Itaquerão, a Fonte Nova e a Arena Grêmio. O grafite do avião da seleção, feito pelos Gêmeos, também é uma ação da 9ine, que tem a Gol como cliente.
Estes são alguns dos acordos que se tornaram públicos. Certamente há outros.
Jornalistas da Globo não podem — ao menos em tese –, declarar apoio a políticos. Ronaldo, que avisou que estará com Aécio, não precisou obedecer essa norma. A justificativa é a de que Ronaldo é “convidado”. Convidado, portanto, pode tudo.
Sua pretensa indignação, agora, é como a de Joana Havelange. É como se ambos fossem gandulas e não diretores da Fifa. São casos impressionantes de esperteza às avessas.
Ronaldo é ele mesmo um belo quinhão dos problemas que aponta. O casamento com a Globo é o coroamento dessa estratégia macunaímica de sempre se dar bem. É chamar o torcedor de otário na cara dura.
Como diz aquele velho slogan, eles têm tudo a ver.
Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

Nenhum comentário:

Em Alta

Mulher leva morto em cadeira de rodas para sacar empréstimo de R$ 17 mil e pede a ele: 'Assina'

Funcionários da agência bancária, que fica em Bangu, desconfiaram da ação da mulher - que diz ser sobrinha do cadáver - e chamaram a polícia...

Mais Lidas